O chanceler José Serra tem deixado a desejar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Folha faz balanço dos 100 primeiros dias de Serra como ministro de Relações Exteriores indicando que tudo o que o tucano fez até agora foi atacar governos bolivarianos e criar embaraços

Jornal GGN – Neste domingo (28), a Folha de S. Paulo decidiu lançar luz sobre os atos de José Serra (PSDB) como chefe do Ministério das Relações Exteriores para produzir uma análise sobre os 100 primeiros dias de gestão do primeiro chanceler não diplomata nos últimos 14 anos. O resultado do balanço mostra que Serra tem deixado a defesar.

Solidária, a Folha tratou de ouvir um especialista em política externa que justificou os resultados tímidos – se não desastrosos – da política de Serra para o MRE: a questão é que o tucano é um “ministro interino”. Enquanto o impeachment de Dilma Rousseff não tiver um desfecho, disse Alberto Pfeifer, coordenador-adjunto do Gacint (grupo de análise da conjuntura internacional) da USP, não dá para Serra “ser saliente lá fora”.

Pfeifer foi a única fonte ouvida pela reportagem e, curiosamente, não jogou confete em Serra. O especialista, inclusive, disse que atacar governos bolivarianos – um dos poucos atos expressivos de Serra – é algo que dá mídia e é muito fácil de fazer. Difícil é sair da negação de tudo que está aí e definir um novo – e melhor – rumo para a política externa brasileira, apontou.

Atacar o papel da Venezuela no Mercosul foi a primeira missão encampada por Serra no MRE, seguida de atos pouco diplomáticos, como fazer piada sexista com a chanceler mexicana e classificar como “besta” um pedido de esclarecimento sobre o impeachment feito pela Organização dos Estados Americanos.

Mas as digitais de Serra no MRE não param por aí. O ministro interino também mudou o perfil do Itamaraty alegando que “não existe política externa desvinculada da política interna”. Serra passou a usar o gabinete do Ministério para tratar de assuntos alheios à pasta. “Boa parte de sua agenda foi ocupada, nos primeiros três meses, por encontros com representantes de associações de produtores brasileiros de diversos setores, além de diretores de grandes empresas exportadoras”, descreveu a Folha.

O jornal ainda fez um levantamento a partir das agendas oficiais divulgadas por Serra e por seu antecessor, Mauro Vieira, nos cem primeiros dias no posto, mostrando que “enquanto apenas 18% dos compromissos de Vieira eram encontros essencialmente políticos ou sobre questões comerciais, a proporção subiu para 45% com Serra.” Isso, segundo Pfeifer, está diretamente relacionado ao fato de Serra não ser um diplomata de carreira, mas um político com claros interesses domésticos. O tucano é pré-candidato a presidente da República.

Também por isso, de acordo com o jornal, diplomatas disseram em off que acreditam que Serra tentará fazer com o Itamaraty o que fez com o Ministério da Saúde sob FHC: imprimir sua marca, de olho nas urnas. “Uma opção seria um avanço expressivo na promoção comercial sob a tutela do Itamaraty. Outra, a coordenação de uma ação regional contra o narcotráfico e o contrabando.”

Enquanto isso não ocorre, o tucano vai mexendo na casa com remanejamento de cargos avalizados por Michel Temer. Só agora a Folha abordou que Serra nomeou para o MRE dois comissionados que o acompanham há décadas: um assessor citado em escândalos envolvendo Daniel Dantas e um ex-policial militar arrolado como réu no massacre do Carandiru.

O GGN publicou as informações, em primeiro mão, no início do mês.

Leia mais: O aparelhamento do MRE por José Serra

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. Industria interna de propina a todo vapor:

    “Serra passou a usar o gabinete do Ministério para tratar de assuntos alheios à pasta. “Boa parte de sua agenda foi ocupada, nos primeiros três meses, por encontros com representantes de associações de produtores brasileiros de diversos setores, além de diretores de grandes empresas exportadoras””:

    Alias, o que eh que sao as “grandes empresas exportadoras” do Brasil ha mais de um seculo mesmo?

    1-MINERIOS e 2-PETROLEO (agora, certamente, nao existia antes).

    E o que mais?????

    Vai ver o saldo da filha dele na conta do exterior esta temporariamente “empobrecido”, nao eh?

  2. Enquanto o impeachment de

    Enquanto o impeachment de Dilma Rousseff não tiver um desfecho, disse Alberto Pfeifer, coordenador-adjunto do Gacint (grupo de análise da conjuntura internacional) da USP, não dá para Serra “ser saliente lá fora”.

    Se o Serra vai ficar ainda mais “saliente” depois do impeachment, o Brasil vai entrar em guerra com meia dúzia de países.

  3. Serra, Çerra,

    Será que alguém com cabeça não sabia o que esperar dele ? O Temer o conhece muito bem, mas ….. em agradecimento ao PSDB, escolheu o pior deles, já que não tem nenhum conhecimento de como vai “tocar” o país, e muito menos se importando c/ isso.

  4. Promete o que não tem

         Que Serra é trapalhão e “só pensa naquilo “, todo mundo sabe, mas é esperado que ele pelo menos na parte comercial, afinal ele exigiu a APEX sob seu comando, ele fornece-se algum norte para os empresários exportadores, mas as primeiras manifestações dele sob o tema, foram promessas sem sentido, inviaveis, como as relativas ao Irã e negociações com a India , mercados dificeis nos quais nossa penetração resume-se a quase nada, na republica islamica os europeus e russos lideram em todas as areas, já na India dependemos do acordo que está parado no Mercosul, o qual graças a Serra e outros, esta sem presidência e na maior bagunça.

  5. certos especialistas não sabem o que é ter dificuldade…

    nem certos reveladores de segredos

    muito do que divulgam é apenas petisco………………………………………..

    se até o inexpugnável dos estados unidos não resistiu

    imagina o do Brasil saliente

    1. a questão não é saber como se deslocam nestas paradas…

      a questão é saber como cada um se fez mapa

      isto sim é dificuldade

      e acredito que já sabem

  6. Narco & Contrabando ?

         Só pode ser uma “boutade tucana “, estas areas quando para cooperação internacional, são sob a égide do MinJustiça, no máximo o MRE participa destes acordos em seu inicio, na parte diplomática, e mesmo com relação as possiveis ações de inteligência, estas são seara exclusiva da ABIN, e creio que Zé Serra não irá querer confrontar Alê Moraes ou Etchegoyen.

          Muito menos indispor-se com as FFAA, que detestam a possibilidade de servirem como combatentes de traficantes e contrabandistas, pois não consideram que esta seja sua missão, realtiva a segurança de nossas fronteiras, este trabalho é constitucionalmente e operacionalmente de duas instituições, o MJ/DPF e MF/SRF.

  7. Há uma certa similaridade

    Há uma certa similaridade entre José Serra e o nazista chefe das SS e da Gestapo Heinrich Himmler no que tocante a absoluta falta de atributos pessoais objetivos para chegarem aonde chegaram.

    Medíocres no sentido forte do termo, os dois alpinistas políticos se utilizam, cada um a seu tempo e circunstâncias, do jogo baixo, das jogadas de bastidores, da conquista de Poder e espaço via dossiê difamatórios, fazendo intrigas de bastidores e enganando acerca de atributos que não possuem.

    A bem da verdade, em todas as épocas e lugares sempre surgem personagens do tipo. 
     

     

  8. Serra, o puxa-saco

    Numa linguagem bem popular, o Serra é, no mínimo, um grande puxa-saco dos EUA. Aliás, ao que indica a história deste homem, este é o habitat no qual ele se acostumou a viver desde os anos 80, sempre puxando-saco ou fazendo coisas pra lá de pequenas para sobreviver politicamente. Mesmo quando está à frente de um governo, não tem luz própria e a marca que deixa é sempre a da pequenez, da mesquinharia profunda e patológica. Não se poderia esperar nada além disso de Serra, seja como Senador seja como isso que agora ele é, nome que nem ouso citar porque ele amesquinha o posto. Claro, por trás de todo este jogo pra lá de pequeno que ele empreende na política internacional deve haver uma grande dose de desequilíbrio psicoemocioal: ninguém muda tanto e tão radicalmente ao longo da vida, e pra pior, sem uma grande dose de amarguras acumuladas, não resolvidas e que tenham destruído totalmente qualquer nobreza dentro de si. Sem mais delongas, Serra me lembra uma música do Zeca Pagodinha que, aqui, deixo em homenagem aos 100 dias do seu mandato de interino à frente da diplomacia brasileira… OBS: os diplomatas não mereciam esta humilhação. De nada adiantou ter evitado Joaquim Barbosa.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=HY80tdkoUZM%5D

    1. Serra é um “Presente” de São

      Serra é um “Presente” de São Paulo PAra o Brasil !!! É um lesa-pátria e traidor , assim como seus eleitorews… quem vot em Serra tem profundas deficiências de caratér e é desperdício de comida e oxigÊnio.

  9. Otavinho morreu e ninguém me

    Otavinho morreu e ninguém me avisou?

    A Folha falando mal de Serra?

    Olha só a minha cara de crédulo na honestidade dessa matéria!

  10. serra-entrega…

    o patético ser escalado para fazer o país passar mais vergonha, ainda, internacionalmente.

    É lamentável ver essa pessoa comandar algo que se não desconhece de todo, pelo menos não entende nadica de nada. Sua falta de tato e habilidade aliada a uma sutileza de elefante em loja de cristais, cobre de vergonha o legado de Rio Branco e todos aqueles, como o brilhante Amorim, que buscaram trazer reconhecimento para um país que buscava uma posição de destaque no mundo independente de sua extensão territorial e de recursos minerais.

    É um pária que se arvora a entender de tudo, quando , pelo visto, não sabe de nada.

    Vá de retro puxa saco de americano.

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