Da Folha
Já no período de transição, em meio a greves e locautes, que alimentavam os confrontos de rua, os dois presidentes, Fernando Henrique e Lula, mantiveram estreita coordenação com o objetivo de evitar uma conflagração de grandes proporções naquele país vizinho.
Lula enviou a Caracas aquele que viria a ser assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, com quem eu, já indicado para as Relações Exteriores, mantinha contato desde Londres. Nas primeiras semanas de governo, o Brasil tomou a iniciativa de propor a criação de um “grupo de amigos” que deveria ajudar o então secretário-geral da OEA, César Gaviria, na difícil tarefa de encontrar uma solução pacífica, democrática e pela via eleitoral para a crise venezuelana.
O “grupo de amigos” logo assumiu um papel central nos esforços de conciliação e apaziguamento da crise na Venezuela. A criação do grupo exigiu muita negociação, que envolveu isolar os elementos radicais de um lado e de outro. Afinal, durante um encontro de presidentes, por ocasião da posse de Lucio Gutiérrez como primeiro mandatário no Equador, a ideia foi aprovada, apesar das resistências.
Criado o grupo, este teve que se voltar para a situação interna na Venezuela, que caminhava para o impasse. Os opositores de Chávez, com algum apoio da OEA, pressionavam pela realização imediata de um plebiscito ou pela antecipação das eleições. Ambas as sugestões eram consideradas ilegais e inconstitucionais pelo governo venezuelano.
Hugo Chávez, entretanto, admitia outra solução, esta sim, prevista na Constituição venezuelana, que consistia na convocação de um “referendo revogatório”, desde que fossem respeitados os ritos e os prazos estabelecidos.
A grande questão que se colocava, em face da crise que opunha as duas correntes políticas (pró e antigoverno), de dimensões muito semelhantes, era a de garantir que o pleito tivesse credibilidade, não só interna, como externa, avalizando o trabalho do grupo de amigos e evitando o isolamento de Caracas.
Depois de um considerável esforço de persuasão, impulsionado pelo Brasil, Chávez terminou por aceitar a presença da OEA, cuja missão foi chefiada por um brasileiro, o embaixador Valter Pecly.
Em todo esse processo, desde a criação do grupo de amigos até a apuração dos votos no referendo, o papel do Centro Carter, cuja neutralidade estava acima de qualquer dúvida, foi fundamental. Mantivemos com seus integrantes, inclusive com seu fundador e presidente, Jimmy Carter, contato constante.
No mesmo dia em que os votos estavam sendo computados, além do nosso embaixador, aconselhei-me com o Centro, antes de conversar com o secretário-geral da OEA, para persuadi-lo da importância de proclamar logo o resultado, a confirmação de Hugo Chávez na Presidência, já que as irregularidades eventualmente encontradas não eram de porte a alterá-lo. Venceu-se, assim, uma etapa crucial da crise venezuelana, ainda que suas raízes mais profundas permaneçam vivas.
Alguns anos depois, o presidente Jimmy Carter visitou o Brasil, acompanhado de sua mulher, Rosalynn. Ambos foram recebidos em audiência pelo presidente Lula, mas coube a mim, juntamente com minha mulher, Ana, homenagear o casal com um almoço no Itamaraty.
Na ocasião, falamos de assuntos como Cuba, Palestina e muitos outros. Ao final desse diálogo, marcado por grande concordância de opiniões, confirmando o que Carter ouvira de Lula, o ex-presidente norte-americano disse: “Sabe de uma coisa, a política do Centro Carter é igual à política externa do Brasil”.
Foi, pois, com tristeza que soube, lendo esta Folha, que uma instituição tão ativa na busca da paz, do diálogo e da conciliação, e tão respeitada por sua imparcialidade, não vá estar presente acompanhando de perto nas eleições parlamentares na Venezuela.
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Caros debatedores,
ué, que
Caros debatedores,
ué, que estranho?
Será verdade isso mesmo?
Pra mim, a venezuela “bolivariana” , contrária à liberdade, inclusive de imprensa, é uma “ditadura” daquelas!
O diplomata deve estar sonhando não?
Ora, basta v. pegar qualquer “jornal” do bão! aqui no Brasil, para ver que o diplomata está inventando essa estorinha.
E olha que eu estou “bem informado” heim diplomata!? Leio “jornais”.
Aliás, antes que eu me esqueça: Fora Dilma!
Saudações
IHHH! Dessa vez a direira vai
IHHH! Dessa vez a direira vai poder roubar. Com ajuda da NSA. Os senadores patetas, liderados por Aécio caga nas calças Neves, também vão lançar uivos estridentes por aqui.
“Sabe de uma coisa, a
“Sabe de uma coisa, a política do Centro Carter é igual à política externa do Brasil”.”
hahahaha, já era; a confissão que faltava: o Centro Carter é “bolivariano”!… rsrsrs…
Assim como o Fundação Ford e o New York Times são “anti americanas”, segundo o Olavo de Carvalho e seu séquito de malucos, rsrsrs