Caso do padre que abusou de uma jovem em São Gonçalo

Do O Globo

Menor conta que padre mantinha relações sexuais com ela e depois celebrava missas: ‘Eu sentia nojo’

Advogado admite que sacerdote fez sexo com ex-coroinha: ‘a carne é fraca’

RIO — O padre Emilson Soares Corrêa, de 56 anos, acusado de abusar de uma jovem quando ela era menor de idade, foi indicado por estupro de vulnerável nesta terça-feira. A vítima, hoje com 19 anos, contou ao jornal Extra o drama que começou viver aos 13 anos.

– Eu sentia nojo. Ele nunca deveria ter feito isso comigo. O pior é que ele mantinha relações sexuais comigo e depois celebrava missa, dava hóstia na boca dos outros – conta a jovem.

Ao tentar justificar a postura de seu cliente, Emilson Soares Côrrea, o advogado Roberto Vitagliano chegou a dizer que “a carne é fraca. O padre também é um ser humano”. Segundo Roberto Vitagliano, Emilson admite que manteve relações com a garota, ex-coroinha, quando ela tinha 18 anos – e não 13, como denunciado pela família.

As relações começaram quando Emilson era pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Cubango, em Niterói. Depois, quando ela se mudou para a casa da mãe, em São Gonçalo, o padre também foi transferido para uma paróquia próxima, a Nossa Senhora do Amparo, no bairro Antonina.

Era nas casas paroquiais das duas igrejas que o padre abusava dela, sua afilhada de batismo. Para convencê-la a ficar com ele, o padre oferecia presentes:

– Logo depois do meu batizado, quando eu tinha 13 anos, ele começou os abusos. Passava a mão no meu corpo, me oferecia vários presentes, tomávamos banhos juntos… O ato sexual começou quando eu tinha uns 15, 16 anos. Ele dizia que ia me dar uma moto, depois um carro, arrumou a minha casa…

Emilson Soares Corrêa foi indiciado pelo estupro da irmã da jovem, que decidiu desabafar. A menina, hoje com 10 anos, foi abusada quando tinha 7 anos.

Quanto à denúncia de abuso da irmã da jovem – que teria começado quando ela tinha 7 anos -, o padre nega.

– Ele manteve sim relações (com a jovem) desde o ano passado. É uma moça lúcida, bonita e insinuante. Sabia o que estava fazendo – disse o advogado.

O Extra teve acesso a um vídeo, feito pela vítima mais velha, que mostra Emilson fazendo sexo com uma adolescente em plena casa paroquial. Segundo a vítima, que armou a situação para denunciar o padre, a garota teria 15 anos.

A denúncia foi levada à delegacia pelo pai das meninas. Segundo ele, foi sua ex-mulher que flagrou a filha mais velha discutindo com o padre. Na ocasião, ela revelou à mãe que se relacionava sexualmente com o padrinho.

– Quando soube que minha filha mais velha estava sendo abusada, perguntei à mais nova se havia ocorrido algo com ela. Ela disse que durante um passeio a um sítio, quando tinha 7 anos, o padre tocou em suas partes íntimas – contou ele.

Sacerdote é suspenso pela Arquidiocese

Diante da denúncia, a Arquidiocese de Niterói informa que decidiu pela “suspensão temporária do sacerdote”. Atualmente, o padre não é responsável por nenhuma paróquia. O órgão também alegou, em nota, que a acusação está sendo investigada e que “o próprio sacerdote levou a denúncia ao conhecimento do Ministério Público, para que apure a veracidade ou não da mesma”.

A delegada Marta Dominguez disse que só aguarda um depoimento do pai das vítimas para encerrar o inquérito. O padre foi procurado em quatro números de telefone – inclusive aqueles citados em seu depoimento – mas não foi encontrado.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador