Traficantes de Jesus: Contra a territorização evangélica de qualquer lugar

Imagens retiradas do YouTube – Os vídeos podem ser buscados por ‘traficantes de jesus’

Sugestão de Almeida

da Caros Amigos

Contra a territorização evangélica de qualquer lugar

Por Fábio Py

As cenas de traficantes da região da Ilha do Governador, do Morro do Dendê, no Rio de Janeiro, que gravaram um vídeo mandando o povo de terreiro destruir seus próprios símbolos são para amedrontrar. Formam imagens e sons de uma apologética de medo patrocinada pela arma na mão. Sobre isso não se pode relativizar.

Mesmo com as muitas das muitas imagens e mais imagens de violências que chegam pelos noticiários, pelas mídias, a ação dos traficantes armados mandando os próprios povos de terreiros a destruir seus templos e apetrechos religiosos de matriz africanas são simbólicas e também mostram uma perspectiva de higienização territorial dessa nova onda de evangélicos. 

Não basta destruir os espaços religiosos. Devem obrigar com os fuzis em riste os próprios membros das religiões afro que destruam seus símbolos, seu centro do mundo. No ato se tem uma violência dobrada, quiçá triplicada: uma entre as muitas expressões do sadismo territorial-religioso que os fundamentalismos trajados na linguagem da batalha espiritual atualizam para o ambiente nervural das favelas. 

Ora, mesmo com a confusão da quantidade de imagens e notícias penso que deve-se dizer que como cristão, de corte protestante evangélico, um ato como esse de violência extrema pouco tem a ver com o seguimento de Jesus. Para isso lembro um pouco das Escrituras Sagradas: Jesus não era cristão. Ele era judeu! Logo, assim, para época, não construía uma religião “pura”, “sem-mancha”. Seu seguimento sempre dialogou com os demais ritos e culturas ao redor.

 

 
Redação

9 Comentários

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  1. Em nome de Jesus se

    Em nome de Jesus se mata…

    Em nome de Jesus se destroi

    Em nome de Jesus se nega

    Em nome de Jesus se faz o bem.

    Em nome de Jesus….

    Meu Deus!

  2.  autor acerta em umas e erra

     autor acerta em umas e erra em outras. 

    Se os traficantes publicassem um video no qual obrigam os membros dessa religião a guardarem drogas e armas dentro dos seus ídolos seria tão grotesco quanto terem publicado um video no qual obrigam a destruir esses ídolos. Aliás, quando traficantes ordenam que a população local faça isso ou aquilo, que o comercio feche, etc; não merecem postagens criticando a stuação em que vivem “os povos da comunidade”. Bastou os idiotas travestirem sua já normal violência e descaso com os outros de uma capa religiosa, para começar a gritaria; como se fossem aas igrejas evangélicas a darem tais ordens, o que me parece, o autor não apresentou nem argumentos nem provas sobre isso.

    Não tendo, consideraria correta a critica contra a violência dos traficantes, se ela se estendesse aos demais hábitos dos mesmos. E isso não significa que o que fizeram foi correto. Na verdade se é possivel tornar um ato execrável mais ainda; é usarem o Cristo como desculpa para violência. Cristo não andava com criminosos. O que mais se aproximou disso, do ponto de vista dos judeus foi Mateus que era cobrador de impostos e Zaqueu. Fico a imaginar o que ele pensa de ver seu nome associado a traficantes (uma idiotice copiada da mania de alguns grupos associarem esportes a religião, como “surfistas de cristo, pra ficar em um exemplo).

    Na questão em si, sempre é bom lembrar, os locais de adoração são protegidos por lei, independentemente se voce considera todas as religiões corretas ou não so ponto de vista teológico.

    Mas daí, a começar pelo título, fazer uma critica de uma vertente religiosa porque marginais e criminosos a usaram como roupagem para cometer crimes, me parece um erro.

    É bom lembrar que o islamismo “sofre” do mesmo mal, já que é notóriamente comum, grupos politicos usarem a religião para o cometimento de crimes, de terrorismo ao simples assassinato de cristãos, homossexuais, e pessoas que ousaram mudar de religião. E no entanto, é raro, pra falar a verdade, não lembro de nenhuma postagem criticando essas situações, que felizmente, ainda não ocorrem aqui. Aliás, sempre tem um estúpido a lembrar das cruzadas quando essas carnificinas são veiculadas na mídia.

    Por fim, Cristo era judeu de fato. Sua mensagem, para quem lê os evangelhos sem filtros ideológicos, era o cumprimento e o entendimento real dos mandamentos de Deus, dados a Moises que acabaram sendo invalidados pelas doutrinas de homens, Cristo em nome de uma harmonia que não faria sentido existir, não se refreou de chamar de viboras, assassinos e mentirosos os líderes religiosos judeus que exigiam demais do povo mas eles mesmos não se exigiam tanto. E nem por isso, Cristo criou milicias para lavar com sangue os erros teológicos dos outros. Sua arma era o discurso e a prática do mesmo. 

    Logo é perfeitamente possivel, conviver com religiões diferentes e sem prostituir suas próprias crenças, entender e defender que essa ou aquela crença ou código de crenças está errado do ponto de vista biblico e ao mesmo tempo, não criar embaraços e obstáculos para a vida do sujeito que entende o contrário.

    O estado democrático e de direito nao exige uma harmonia de pensamento no qual o ecumenismo seja o ápice da religião de uma democracia. O estado democrático e de direito não pode impedir que eu defenda minhas crenças com o discurso e a prática do mesmo, desde que, ambos não defendam para tanto a prática do ílicito. Por fim, o estado democrático e de direito possui mecânismos que protegem as crenças e a prática dessas crenças.

    Erram os marginais quando misturam o Cristo com atos criminosos. Erra o autor quando critica uma vertente religiosa porque um criminoso usa a capa da religião para o crime. Erram todos ao silenciar quando essas práticas são utilizadas por outras religiões e deixam de barato quando milhares de cristãos são mortos por religiões organizadas sob a égide de estados nacionais.

    1. Marco A, evitei postar os vídeos com as cenas deprimentes.

      Então, vou deixar apenas endereços abaixo, para quem se dispor a assisti-las no U2B. Vai lá e confirme que os vídeos são de canais de evangélicos, que parecem concordar com os feitos do “traficante de cristo”. Além disso, não vi nenhum dos malafaias da vida, nem o prefeito evangélico do Rio, foi na cidade dele que isto aconteceu, irem até o local ou fazerem ato de solidariedade e repúdio público à intolerância religiosa. São os evangélicos, ou deveriam ser, a parte que tem obrigação de tomar a iniciativa, a mais interessada em desfazer o equívoco. Calaram-se, logo, estão consentindo com isto:

      https://www.youtube.com/watch?v=SHfjUC6Iecw

      https://www.youtube.com/watch?v=93L4Bf90qIU

      1. Iniciativas

        Somente os evangélicos abominam a “idolatria” e as “práticas de feitiçaria”.

        É a primeira obrigação do crente manter-se à distância dos incrédulos e dos idólatras.

        Todo filho de crente que nasce na igreja e recebe essa educação, tome o rumo que tomar na vida

        vai assimilar esse conceito.

        Quebrar santos, destruir terreiros, mais que direito, é obrigação dos servos do senhor

        A prática,  quando não  fortemente incentivada dentro dos templos   é publicamente  apoiada pelos evangélicos.

  3. Sobre o perdão divino

    Se eu tiver que confiar em alguém, que seja um ateu.

    Esse não tem nenhum deus para perdoar-lhe as burradas.

    Ou ele acerta ou se vê de frente com a própria consciência,

    que costuma ser impiedosa.

    Os religiosos,  querem mesmo é licença pra sacanear o próximo,

    já que tudo é permitido em nome da “divindade”.

     

     

  4. É territorialização , nao

    É territorialização , nao territorização. Nao existe este conceito na geografia. No mais, viva a diversidade de crenças e religoes ou a falta delas. 

  5. A ausência da polícia…

    Certa vez, vi comentários no blog defendendo o ” fim da polícia militar “, pois era ” muito violenta “, etc.

    Eu argumentei em um comentário resposta ( que foi duramente atacado por outros comentaristas do blog ) que acabar com a policia militar não acabaria com a violência de forma alguma, apenas trocaria a truculência da polícia pela truculência de outros poderes muito mais tirânicos ainda.

    Aqui, neste post se comprova o que eu disse. Com a ausência do poder público e da polícia militar em certos territórios, instaura-se um ” estado paralelo ” onde reinam outras leis e regras, algumas muito mais severas do que as nossas, outras de cunho fanático e fundamentalista, um pesadelo tenebroso.

    A polícia militar, por mais violenta que possa ser, tenta respeitar a Constituição, dificilmente impediria manifestações religiosas e menos ainda obrigaria ninguém a quebrar imagens.

    O negócio não é extinguir a polícia militar, mas sim, pacificá-la, com treinamento e técnicas não violentas, como a arte marcial do aikido, e muitas outras mais.

    Sem o poder público e sem a polícia militar, o país retorna á barbárie, á idade média, onde cada feudo fazia as suas leis conforme achasse certo.

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