Antigos e atuais gestores da Unimed Paulistana serão ouvidos em CPI

Da Rede Brasil Atual

CPI vai fazer acareação entre atuais e antigos gestores da Unimed Paulistana
 
Ex-presidente defendeu hoje, durante CPI dos Planos de Saúde, que reduziu dívida tributária de R$ 1,3 bilhão para R$ 264 milhões e atribuiu responsabilidade pela ‘quebra’ à atual diretoria
 
por Sarah Fernandes

A antiga gestão da Unimed Paulistana, que esteve à frente da cooperativa médica de 2011 a março deste ano, defendeu hoje (13) que reduziu as dívidas bilionárias da operadora de saúde e responsabiliza a atual diretoria pela falência do plano, determinada para Agência Nacional de Saúde (ANS) em 2 de setembro. A ex-diretoria foi ouvida no começo da tarde na CPI dos Planos de Saúde na Câmara Municipal de São Paulo. No próximo dia 27 haverá uma acareação entre os atuais e os antigos gestores.

O ex-presidente da Unimed Paulistana, Paulo Leme, defendeu veementemente que se as estratégias econômicas iniciadas em sua gestão tivessem sido mantidas, assim como o modelo de negociação adotado com a ANS, a operadora de saúde estaria em melhor situação financeira e não teria sido obrigada a transferir sua carta de clientes.

“No início da gestão a dívida tributária era de R$ 1,3 bilhão. Nós fizemos todo o equacionamento através de parcelamentos e deixamos em aberto um valor de R$ 264 milhões, que seriam quitados em 60 meses dentro dos programas de parcelamento. Existiam outras dívidas, do ponto de vista administrativo, que também estavam sendo equacionadas”, disse. “Começamos nossa gestão muito pior do ponto de vista tributário e entregamos a situação melhor. Certamente se tivéssemos continuado já estaria muito melhor”.

Leme afirmou que solicitou informações econômicas para a nova gestão da Unimed Paulistana, mas elas foram negadas. “Não posso dizer se a posição da ANS foi arbitrária porque ela é fruto do que atual gestão fez. O que eu acho é que infelizmente esse fruto está causando transtornos muito grandes. Eu como médico fico muito sensibilizado nessa situação, principalmente por causa dos clientes”, defendeu.

“Percebemos que existe uma transferência de responsabilidade”, afirmou a presidenta da CPI, vereadora Patrícia Bezerra (PSDB). “Ficou claro que houve uma tentativa de saneamento das finanças na gestão que foi ouvida hoje e que de fato houve uma diminuição da dívida, mas não foi dado andamento a essa política. O que precisamos levantar é qual a responsabilidade da ANS nesse processo todo, porque ela esteve presente dentro da Unimed Paulistana desde 2009. O que aconteceu do dia para a noite que quebrou uma empresa desse tamanho?” A agência já foi convocada para depor, mas negou o pedido, uma possibilidade para os órgãos federais em CPIs municipais.

Em setembro, a ANS determinou que a Unimed Paulistana teria até 2 de outubro para repassar toda a sua carteira de clientes, composta por 745 mil vidas, para outras operadoras. Para a agência, a cooperativa apresentava, desde 2009, “anormalidades assistenciais e administrativas graves”. “As irregularidades são alguns valores contábeis que não atingidos pela empresa. Um deles é o patrimônio líquido. Porém, fazer a análise de patrimônio líquido de uma cooperativa é diferente de uma análise junto a uma S.A”, rebateu o ex-presidente em seu depoimento.

Diante da falta de interessados em assumir a carta de clientes, foi assinado um termo de ajustamento de conduta (TAC) no último dia 25 entre o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado de São Paulo, ANS, Fundação Procon de São Paulo, Central Nacional Unimed, Unimed do Estado de São Paulo e Unimed do Brasil, determinando que as três últimas operadoras deveriam assumir os usuários da Unimed Paulistana. Até agora apenas 300 mil usuários conseguiram fazer a migração, segundo dados apresentados hoje na CPI.

A vereadora Patrícia Bezerra afirmou que tem recebido denúncias de antigos funcionários, afirmando que pelo menos 3 mil deles não receberam direitos trabalhistas e que a Unimed Paulistana atendia em São Paulo clientes de outras Unimeds sem cobrar pelos serviços. As denúncias estão sendo averiguadas pela CPI. Ela lembrou que existem dois inquéritos abertos para investigar supostos crimes cometidos pelos antigos diretores da Unimed, entre eles um de lavagem de dinheiro.

O ex-presidente rebateu dizendo que só há um inquérito, no Ministério Público Federal, movido por um ex-cooperado por motivos políticos, para prejudicar sua chapa durante as eleições. “Nós já respondemos tudo e mostramos todos os documentos que nos foram questionados.”

Leme ressaltou ainda que a cooperativa foi prejudicada pela proibição da venda dos planos, decretada pela ANS pela primeira vez em 2012 por problemas no cumprimento dos contratos, e pela concorrência gerada por outras operadoras do próprio grupo Unimed, em especial a Unimed Seguros. Uma das saídas foi conceder três aumentos aos médicos cooperados em 2014 para reduzir os custos com procedimentos nos pronto-socorros, que são mais caros para a operadora.

“Fazia parte das nossas metas a serem atingidas. Uma vez que se remunera melhor o médico cooperado, se faz com que o custo do atendimento na rede de hospitais seja menor. O valor desse tipo de atendimento gira em torno de R$ 300 enquanto pagávamos R$ 80 nas consultas. Isso também é melhor para o paciente, já que ele fica sendo acompanhado por um médico de referência.”

 

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Indignada com a decisão dos Ministro do STJ.

    Não esrou conseguindo escrever, o meu coração está palpitando e estou choranco amargamente. Depois eu comento o que houve e vou fornecer o nº do processo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador