Laboratórios farmacêuticos tentam impedir produção de genéricos na Índia

Enviado por Stanilaw Calandreli

Do RT

Os grandes laboratórios farmacêuticos querem reprimir a produção, na Índia, do genérico patenteado.

As poderosas multinacionais farmacêuticas estão pressionando o governo dos Estados Unidos, para desencorajar a Índia de produzir e vender medicamentos genéricos, a preços acessíveis, que ainda estão sobre a proteção das patentes, de acordo com fontes internas, próximas ao assunto.

De acordo com dois altos funcionários, um comitê do governo indiano está analisando os medicamentos patenteados de empresas estrangeiras, na tentativa de criar produtos derivados, de baixo custo, as versões genéricas. As drogas, escolhidas para análise, são as utilizadas no tratamento de câncer, diabetes, hepatite e HIV, disse a fonte à Reuters.

Como em outras economias emergentes, China e África do Sul, um rápido crescimento de usuários na Índia ameaça a capacidade do governo em manter os custos de saúde num nível adequado, enquanto cresce o consumo dos medicamentos que salvam as vidas.

E onde quer que haja “mercados emergentes” – com declínio nas vendas de medicamentos patenteados(no ocidente) – haverá os conglomerados multinacionais buscando  “extraírem” seus lucros. Empresas farmacêuticas ocidentais como a Pfizer Inc., Novartis AG, e outros estão declaradamente frustradas, com os esforços da Índia em aumentar o acesso a estas drogas para tratamentos vitais, em um país onde apenas 15 por cento dos 1,2 bilhões de pessoas possuem seguro de saúde.

E agora, liderados pelo grupo da indústria e comercio – Pesquisa e Produção de Fármacos da América (PhRMA )- essas empresas estão pressionando por uma reação mais forte do governo dos EUA, sobre o qual eles já exercem uma influência substancial.

A Índia, por exemplo, já está na “Lista de Prioridade das Nações Vigiadas” do governo dos EUA – os países que são monitorados de perto, por nem sempre respeitarem a linha da propriedade intelectual, de acordo com os padrões de Washington. Nesta classificação temos Argentina, China, Egito, Paquistão e Rússia, entre muitos outros.

O PhRMA acredita que os EUA devem ameaçar a Índia de rebaixá-la para o Priority Foreign Country, onde estão as “piores” nações, que desrespeitam  os limites de propriedade intelectual. Atualmente, apenas a Ucrânia é considerada membro desta categoria exclusiva.

“As multinacionais tentam todas as opções possíveis – desde cortar seus investimentos no país, até forçar os EUA a executar algumas ações”, disse uma fonte em Nova Deli, que, conforme informou a Reuters, está diretamente envolvido na situação.

“As empresas sentem que algo deve ser feito, o mais cedo possível, para checar as violações de suas propriedades intelectuais no país. Eles querem pressão de governo para governo a fim de mudar a situação”, disse a fonte.

“O PhRMA envia propostas ao governo dos EUA a cada ano para questões comerciais, mas neste ano, ele, realmente, pretende aumentar a pressão sobre a Índia”, disse o executivo de uma empresa de drogas.

Reuters diz que o PhRMA pretende apresentar ao governo dos EUA, até sexta-feira(7/02), uma lista de preocupações sobre os países que acredita estarem relacionados ao Special_301_Report – o relatório anual das barreiras comerciais enfrentadas pelas empresas americanas offshore, do “Office of the United States Trade Representative”.

Apesar do poder de influência que exerce nos EUA e no mundo, as farmacêuticas precisam “maneirar” quando tentam influenciar nas represálias contra um país como a Índia, onde uma grande porcentagem da população vive em situação de pobreza, disse o representante de uma das empresas à Reuters.

“Eu não acredito que haja necessidade de uma postura mais agressiva. Esta é uma situação onde o acordo construtivo é o melhor caminho”, disse o presidente da GlaxoSmithKline, Andrew Witty.

Embora, o mercado de drogas da Índia é esperado atingir de 22 a 32 milhões US$ em 2017, tornando-o no 11º maior do mundo, segundo o IMS Health, alguns acreditam que se a Índia se valer, excessivamente, das licenças compulsórias para medicamentos alternativos, as empresas farmacêuticas devem diminuir seus gastos em pesquisas e desenvolvimentos no país.

A empresa AstraZeneca, por exemplo, encerrou suas operações de pesquisa e desenvolvimento em Bangalore, no mês passado, alegando ser uma ação dentro de sua estratégia global.

“Se as autoridades estão ficando malucas e procurando proibir todas as licenças obrigatórias, nesse caso, vão perder a credibilidade como sistema, na Índia”, disse à Reuters, Ameet Hariani, sócio-gerente da firma de advocacia, Hariani & Co, com sede em Mumbai.

“Nós veremos muitas demandas sobre esta questão. Muitos estarão relutantes em introduzir novas drogas no mercado”, disse ele. “Você não deve esperar para ver um novo medicamento pelo preço de uma aspirina”.

Em 2012, a Índia concedeu sua primeira licença compulsória para a empresa nacional, Natco Pharma Ltd.

Redação

4 Comentários

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  1. vaquinhas

    Percebe-se tragicamente que a ONU em seletivamente apontar o Vaticano e os devios de sacerdotes com pedofilia como tentativa em desviar dos problemas maiores apontados pelo Francisco, primeiramente a perpetuação da pobreza fruto da ganância sem limítes daquele 1%, em seguida a saúde como business, continuando as guerras contra sei lá quem para desobstruir os armazéns. As guerras locais africanas que somente são noticias mundo afora quando com mais de hum milhão de vitimas e onde a ONU devia ser atuante….. sempre de ferias em Zurique ! É verdade que o maior financiador da ONU precisa ditar a pauta, precisa tirar a mascara ou falar claramente como no caso daquela representante dos Estados Unidos sobre a UE: fuck UE.

    1. ONU

      Infelizmente não vejo muita esperança tratando-se de ONU. Todos sabem que ela é uma pentarquia aprisionada pelo 5 países membros do Conselho de Segurança, que não abrem mão de sua força política e financeira. Somente com maior representatividade, ela terá forças para mudanças mais profundas mundo afora.

  2. Absurdo

    Enquanto a medicina for tratada como objeto de lucro, o sofrimento da população, especialmente dos países mais pobres, continuará. A ganância impera. Sabemos que a saúde demanda enormes investimentos em pesquisa, mas daí explorarem a sociedade com remédios caríssimos e tratamentos eternos, vai uma grande distância.

  3. Genéricos

    Os medicamentos genéricos são muito mais baratos e tem a mesma composição dos que são produzidos por empresas cujo o principal objetivo é o lucro. É um absurdo empresas “maiores” fazerem pressão sobre a Índia para que ela não use/produza medicamentos genéricos. Um país como a Índia, cujo a população é de maioria pobre e a saúde não é tão boa, temos uma situação onde o Governo acaba fornecendo os remédios. Com o fornecimento desses remédios não genéricos os gastos do Governo são muito maiores, porque a Índia tem um índice populacional muito grande e os preços dos remédios são altos. Os EUA é uma grande potência mundial e, tem influência sobre todos os países, fazendo com que países mudem sua forma de agir .Sabendo disso, as grandes empresas de medicamentos pedem que os EUA faça pressão sobre a Índia, o que é ridículo, porque não se deve atrapalhar um país economicamente e a saúde só causa de interesse em lucrar. A Índia deve-se manter firme diante da decisão de produção de genéricos e não deve simplesmente aceitar as decisões do EUA. Tudo hoje em dia é lucro, mas além de tudo temos que pensar nas pessoas que morrem esperando os remédios, porque nem todos tem condições de comprá-los.

     

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