Ministro da Saúde critica formação de médicos no Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “Os 11.361 médicos cubanos foram para os mais de 3 mil municípios para onde nem os profissionais brasileiros, nem os médicos dos demais países tiveram interesse de ir”, disse o ministro da Saúde Arthur Chioro para os deputados que questionaram o programa Mais Médicos.

Junto com as declarações e esclarecimentos, Chioro entregou uma cópia do termo de cooperação entre Brasil e Cuba, intermediado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), para os parlamentares da bancada de oposição que se queixavam da falta de informações sobre o sistema de contratação dos médicos cubanos.

As principais críticas da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara vieram do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Para ele, a Organização é uma forma de burlar direitos trabalhistas, apresentando que o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) não é transparente na destinação dos valores do contrato com o país.

“A Opas é ‘gato’, é navio negreiro. Ela é uma forma de fugir da transparência”, questionou Caiado.

Em resposta, o ministro afirmou: “os funcionários públicos do Estado cubano são pagos diretamente pelo governo deles. É assim em qualquer país, e esta contratação, via Opas, é perfeitamente legal com base em leis aprovadas pelo Congresso Nacional”, também anunciando que o salário desses profissionais [cubanos] será reajustado para R$ 3 mil.

Sobre as divulgações de insatisfações dos médicos de Cuba, Arthur Chioro apresentou os dados: de todos os profissionais que deixaram o Mais Médicos, 79 são brasileiros e somente 7 cubanos – representando uma desistência de 0,09% em relação ao total.

O ministro da Saúde também informou que tráfico de pessoas não é o caso dos profissionais cubanos no programa, e abordou sobre a realidade da saúde e da formação de médicos brasileiros: “em anos como professor, tive um aluno negro e cinco filhos de operários. Se sou de uma aldeia ou do interior, tendo mais a voltar lá para promover uma mudança social”, disse Chioro.

Também nesse aspecto de graduação, Chioro defendeu que todos os formandos em medicina sejam obrigados a fazer um ano de residência em medicina da família, antes das demais especializações, para que conheçam melhor a realidade da população.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Eu estou encantado pelo “nível” das falas do deputado

    R. Caiado:

    ““A Opas é ‘gato’, é navio negreiro. Ela é uma forma de fugir da transparência”, questionou Caiado.”

    Que beleza! Agora entendi por que a veja é tão vulgar: ela se adequou á clientela!

    1. “R. Caiado:
      ““A Opas é

      “R. Caiado:

      ““A Opas é ‘gato’, é navio negreiro. Ela é uma forma de fugir da transparência”, questionou Caiado””:

      Bom saber que ele tem tanto empregado fantasma!

  2. Engraçado, se esses senadores

    Engraçado, se esses senadores e deputados estão tão preocupados com trabalho escravo deveriam olhar para o proprio quintal, aqui mesmo no nosso país varonil, e em cidades grandes, trabalho escravo é o que não falta, desrespeito as leis trabalhistas é o que não falta, tinha um parente meu que trabalhava quase 12 horas por dia e não recebia horas extras, tinha que assinar o ponto no horario normal e continuar trabalhando, eu mesmo vivi essa situação quando trabalhei num banco, o gerente queria que assinasse o ponto e continuasse trabalhando o que não aceitei; outro fato engraçado é de parlamentares que chiam contra os gastos da copa se calam com as mordomias excessivas do cargo em que ocupam, aí ficam na moita.

    1. E as fundações…

      Naldo, acrescento que deveriam olhar tambem as fundações, as entidades pilantrópicas, e uma série de “gatos” que só servem pra sonegar e comer recursos públicos.

  3. De novo o ministro da Saude

    De novo o ministro da Saude defendendo que o estudante de Medicina faca um ano de residencia em Medicina da Familia para aprender a realidade do pais. E uma ideia bonita, mas que de novo nao resolve nada. Quisesse implementar uma politica real de recursos humanos em saude, o ministro fomentaria com o ministerio da Educacao a criacao de mais vagas de residencia medica em Medicina da Familia e Comunitaria. Isso formaria o profissional medico que e necessario nos programas de saude da familia. Ja foi tambem mostrado que o profissional medico tende a se estabelecer na regiao onde fez residencia medica, mais que na regiao de origem. Entao, que essas vagas de residencia em Medicina de Familia e Comunitaria sejam criadas em cidades de medio e pequeno porte em regioes proximas a areas carentes de medicos.

  4. O que irrita  é a hipocrisia 

    O que irrita  é a hipocrisia  dos médicos e principalmente desses “falsos” médicos, que nada mais são que fazendeiros e/ou burocratas dos CRMs.  Sem ter mais  como falar mal da formação , principalmente dos cubanos, como fizeram logo de início, agora se arboram em “defensores” dos seus direitos trabalhistas. Mas os direitos do povo a ter um profissional em sua cidade,  nunca são  lembrados por nenhum deles. Aliás, a nossa oposição só pensa em termos de prejudicar a presidência, jamais em propor algo de bom p/ a população. Politicagem rasteira e vulgar é o que desejam.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  5. Nunca vi o Ronaldo Caiado

    Nunca vi o Ronaldo Caiado criticar o dono da Empresa Aérea GOL, Constantino, sobre o trabalho escravo que esse desenvolve nas suas fazendas no Pará outras unidades da Federação.

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