Dilma pede desculpas aos profissionais cubanos hostilizados em Fortaleza

Sugerido por Marco St.

Gesto Nobre

A presidenta Dilma pediu desculpas oficiais ao(s) médico(s) cubanos vaiado(s) por médicos e estudantes imbecis de Fortaleza. Um grande gesto de humildade que recoloca as coisas em seu devido lugar.

Do Uol

Padilha afirma que “corredor da xenofobia” não representa brasileiros

Durante cerimônia para sancionar a lei que institui o programa Mais Médicos, nesta terça-feira (22), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se dirigiu ao médico cubano Juan Delgado, que foi hostilizado durante uma manifestação contra o programa federal no Ceará em agosto, e afirmou que a atitude não representa a população brasileira.

“O corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro, nem da maioria dos médicos que trabalham pelo SUS”, afirmou Padilha ao profissional durante o evento, realizado em Brasília.
 
A presidente Dilma Rousseff também pediu desculpas em nome do povo brasileiro ao médico cubano.
 
Também estavam presentes na cerimônia o vice-presidente Michel Temer, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves e ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e mais 600 médicos estrangeiros que fazem o curso preparatório pelo programa em Brasília.
 
O programa, encarado como a maior bandeira política para a reeleição de Dilma, foi implantado subitamente em agosto, dias depois de o país viver o ápice das manifestações contra o governo que tomaram as ruas entre junho e julho. 
 
O viés eleitoral do programa também foi reforçado à medida que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, passou a ser considerado o potencial candidato petista ao governo de São Paulo.
 
Desde o início do programa até sua sanção, duas levas de médicos de diferentes nacionalidades já chegaram ao país, na maioria cubanos – estes que vieram ao país por meio de um acordo firmado entre o ministério e a Opas (Organização Pan-americana de Saúde). O médico do programa recebe uma bolsa de R$ 10 mil, que pode ser paga mensalmente, por no máximo, seis anos.
Segundo o Ministério da Saúde, dos 1.232 médicos que estão em atividade nos municípios, 748 são brasileiros e 484 são profissionais com diplomas do exterior com registro do Conselho Regional de Medicina. Outros 196 ainda não têm o documento. A maioria desses profissionais, que foram selecionados na primeira etapa do programa, atua nas regiões Norte e Nordeste.
 
O Ministério da Saúde estima que os 2.597 médicos selecionados na segunda etapa do programa comecem a atuar ainda em outubro, fazendo com que o total de brasileiros beneficiados pelo programa chegue a 13,3 milhões de pessoas.
 
A meta do governo é trazer ao país pelo menos 12 mil médicos até abril de 2014.
 
O Ministério da Saúde estima que os 2.597 médicos selecionados na segunda etapa do programa comecem a atuar a partir de 28 de outubro, fazendo com que o total de brasileiros beneficiados pelo programa chegue a 13,3 milhões de pessoas.
 
Médicos x governo
 
Os médicos selecionados pelo programa passam por um treinamento de três semanas que inclui aulas de português, aulas sobre o sistema público de saúde brasileiro e uma prova. O fato de não precisarem revalidar o diploma de medicina para atuarem pelo programa causou revolta das entidades médicas que juntas começaram a fazer uma intensa campanha contra o programa e contra o próprio governo de Dilma nas ruas e nas redes sociais.
 
Uma forma de impedir a viabilização do programa foi deixar de emitir os registros profissionais provisórios que permitem os médicos intercambistas de trabalhar no país.
 
Em casos mais extremos, médicos recepcionaram os estrangeiros nos aeroportos com protestos e ofensas. Em Pernambuco, os médicos cubanos foram chamados de escravos.
 
Diante da negativa dos conselhos em colaborar com o programa, o governo solicitou a AGU (Advocacia Geral da União) para obrigar a emissão de registros por meio de pareceres. Como nem todos eles tinham caráter de lei, muitos conselhos ainda deixaram de emiti-los, fazendo com o que atrasasse o início do programa em várias cidades.
 
Ministério emitirá registros
 
A manobra escolhida pelo governo para acabar com o impasse foi votar no Plenário da Câmara um novo texto que passava ao Ministério da Saúde o poder de emitir os registros. Depois de passado pelo Congresso, a Medida Provisória 621/2013 foi aprovada em 16 de outubro no Senado com o mesmo texto votado na Câmara.
 
Com as alterações e a sanção presidencial, os registros provisórios dos médicos estrangeiros passarão a ser feitos pelo Ministério da Saúde, e não mais pelos Conselhos Regionais de Medicina.
 
O texto que passou pela sanção de Dilma determina ainda que depois de três anos no país, os médicos selecionados pelo programa serão obrigados a revalidar os diplomas se quiserem continuar trabalhando.
 
Os estrangeiros ficam proibidos de exercer medicina fora das atividades do programa e estarão sujeitos à fiscalização dos conselhos. A medida provisória permite ainda para que os médicos aposentados participem do  programa.
 
O relator-revisor da MP, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), ressaltou logo depois da votação no Plenário do Senado que o problema da falta de médicos no país é antigo e que a aprovação da MP acontece com atraso.
 
“Tenho 44 anos de formado. E quando eu me formei esse problema da falta de médicos nas regiões do interior, ou mesmo na periferia das capitais, já existia. Então nós estamos aprovando aqui uma medida emergencial até com muito atraso, mas que na verdade pode se tornar uma política de Estado para realmente garantir a presença do médico onde é necessário”, afirmou.
 
-x-x-

Pacientes se assustam com visita de médico estrangeiro em casa

Telma foi atendida pelo cubano Jorge Alberto Gil de Monte Santana e gostou do serviço. “Ele foi muito atencioso, me passou um remédio na hora e melhorei”, diz ela. Diariamente, de 300 a 400 pacientes procuram por um dos cinco médicos do posto, de acordo com a gerente da unidade, Fabrícia Víncola. Mas nem a alta procura impressionou Santana, que tem 32 anos de idade e sete de profissão.
 
Além do atendimento no posto, ele atua no Programa de Saúde da Família (PSF) e fez duas visitas a residências da comunidade. “Assustaram um pouco porque as pessoas não estão acostumadas com um médico ir à casa delas”, disse. Santana ficou surpreso com a falta de informação dos pacientes. “Tive de mostrar onde devem pôr o lixo, explicar que devem beber água fervida e que devem evitar contato com água de esgoto”, afirmou.
 
Telma foi atendida pelo cubano Jorge Alberto Gil de Monte Santana e gostou do serviço. “Ele foi muito atencioso, me passou um remédio na hora e melhorei”, diz ela. Diariamente, de 300 a 400 pacientes procuram por um dos cinco médicos do posto, de acordo com a gerente da unidade, Fabrícia Víncola. Mas nem a alta procura impressionou Santana, que tem 32 anos de idade e sete de profissão.
 
Além do atendimento no posto, ele atua no Programa de Saúde da Família (PSF) e fez duas visitas a residências da comunidade. “Assustaram um pouco porque as pessoas não estão acostumadas com um médico ir à casa delas”, disse. Santana ficou surpreso com a falta de informação dos pacientes. “Tive de mostrar onde devem pôr o lixo, explicar que devem beber água fervida e que devem evitar contato com água de esgoto”, afirmou.
 
 
Redação

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Mais médicos

    Continuo com o mesmo pensamento basicamente:

    1) Este Programa é improvisado, mambembe, capenga, feito às pressas, chegou atrasado, e já era necessário há décadas. Deveria ter sido planejado com maior organização, o que não houve. Que bom que veio agora, pressionado pela população, manifestações, etc. Mas está atrasado…e mal ajambrado…

    2) A atitude agressiva e xenofóbica dos médicos (uma minoria não representativa, diga-se, vi uns trinta ou quarenta no máximo) que hostilizaram os estrangeiros e brasileiros do Programa foi lamentável, vergonhosa e desnecessária.

    3) Concordo com a parte da população que critica o Programa pela falta de estrutura, hospitais e, aparelhos e medicamentos, e que só mais médicos não resolvem, mas quero ouvir também os que estão e serão atendidos pelos profissionais, porque até agora só escuto a parte que não precisa do “Mais Médicos”. É interessante saber se houve mudança, com informações que venham “de baixo” também.

    4) O programa tem viés “eleitoreiro” (ou eleiçoeiro como querem alguns). Acho que sim. Mas qualquer iniciativa que algum governo tome vai ter este perfil também, e daí ? Nos umtimos anos não governar ? Não ter iniciativa ? Só para parecer “neutro” ? Nenhum governo tem de ser neutro, ao contrário, deveria supostamente ser muito engajado na luta pelo bem público.

    Em suma, o negócio está mal planejado, mal arrumado, eu critico também. Mas a falta dele é ruim da mesma forma, portanto, se não houvesse alguma atitude eu iria criticar mais ainda. Espero que melhore com o tempo, com aquela esperança de brasileiro meio cético, meio esperançoso.

    1. Maneira de forçar melhorias

      Luiz Antonio, não sei se você já trabalhou na ára pública. 

      Eu já, e gostaria de complementar o que você disse.

      Mais de uma vez, percebi que  é eficaz tomar decisões que coloquem pressão no sistema, que forcem a tomada de decisões complementares. Ainda mais quando se trata de saúde.

      Por exemplo: a ida de médicos estrangeiros a esses locais rejeitados pelos médicos brasileiros certamente irá demandar melhorias nas estruturas de trabalho. Os próprios médicos demandarão isto, tenha certeza.

      Haviam milhões de pessoas sem nenhum médico para atendê-las. Não é justificável que se ficasse discutindo quem deveria vir primeiro (médicos ou estrutura) enquanto a população espera para ser atendida, e quando se sabe que muitas ações preventivas e de acompanhamento médico podem ser realizadas mesmo sem estrutura. A simples presença de um médico numa comunidade carente pode prevenir aspectos de saúde e encaminhar tratamentos para vários tipos de doenças.

      Além disso, concordo totalmente que qualquer iniciativa pode ganhar essa pecha de “eleitoreiro”. Mas isso não justifica a falta de iniciativa, certo. Eleitoreiros mesmo são aquelas ações superficiais, de alcance limitado e clientelista, adotados apenas para ganhar votos. Definitivamente, esse não é o caso do Mais Médicos. 

       

      1. Mais Médicos

        Concordo, Claudio. Mais de uma vez em minha vida, bastou conversar com algum especialista em qualquer área médica para me tranquilizar sobre um determinado assunto. Só a assistência de um profissional já faz uma diferença enorme.

        E acredito também na pressão. As manifestações de junho, que não eram inicialmente dirigidas ao governo federal, diga-se de passagem, começou com um protesto pelo aumento da tarifa de transporte em São Paulo e depois ampliou-se pelo Brasil e incorporou outros temas, forçou o governo a apressar este programa que já estva planejado. Agora a pressão para melhorar os meios de trabalho dos profissioais pode surtir efeito também.

        Creio que temos um deficit muito grande, foram quinhentos anos de um modelo colonial escravista de explioração, onde havia senhores e súditos. Agora estamos tentando queimar etapas para formar dirigentes públicos e cidadãos. Sei que não é mole.

  2. eh verdade.
    Mas a dilma vai

    eh verdade.

    Mas a dilma vai ajambrar isso melhor pra voce. Ela não é de fazer pela metade.

    seis anos de prazo está bom?  No meio desse prazo o povo acostuma com coisa boa, já devidamente  ajambrada, e exige mais.Ai vai estar ‘assim’ de  governadores e prefeitos de todas as cores, exigindo medicos como esses.

    E renovaçao do contrato.

  3. e se fosse medico chileno?

    a presidente da republica não tinha que pedir desculpas, isso deveria ser o papel do ministro das relações ou mesmo o da saude!  presidentes não se desculpam!  

    1. O pedido de desculpas

      Quem representa todos nós brasileiros,é a Presidenta da República, daí o pedido de desculpas para amenizar o vexame protagonizado por alguns médicos, que na minha concepção não passam de criaturas vís, que vivem em suas bolhas sociais e, que definitivamente, não conhecem o seu país.

      Com essa postura, cada vez mais Dilma se consagra por sua honradez e o senso de humanidade que deve prevalecer nas verdadeiras pessoas do bem!

  4. Sabem de quem me lembrei. Da

    Sabem de quem me lembrei. Da Yoane Sanches descendo no aeroporto em Salvador e sendo hostilizada por militontos defensores de Cuba em pleno saguão.

    A presidenta não pediu desculpas… né? (Seria porque a manifestação é livre neste país?)

    1. Troll é fogo mesmo

      Compara coisas completamente diferentes, mal trato a médicos que vieram NOS PRESTAR SERVIÇO, E CONVIDADOS, com uma ativista que veio por conta própria difundir seu blablablá. Isso sim nao é assunto de Estado. O outro caso é, já que o agredido estava aqui a serviço de um programa governamental. 

    2. Comparação esdrúxula

      Comparar um um médico que sai de seu país, para com dignidade e trabalho, vir atender aos mais necessitados a pedido de nosso governo, com uma blogueira cujo afffair é desconstruir  seu próprio país, é uma insensatez!

  5. Belíssimo gesto. Mas leitores

    Belíssimo gesto. Mas leitores do UOL jamais terão a mesma sorte. Nunca que esse orgão da Falha vai desculpar-se por enxertar clichês golpistas em uma simples matéria informativa.

    O programa não foi implementado “subitamente”. Esse problema de falta de médicos no interior já vem sendo objeto de estudo faz muito tempo.

    A importação de médicos já era um programa em elaboração. Claro que logo depois da tal “jornada de julho’ foi a época ideal para lançar o programa, com a pressão “das ruas” para que o Congresse aprovasse a medida. Já que mais saúde era umas das bandeiras das multidões

    É assim que a democracia funciona. A sociedade reinvindica, a governo responde com um projeto específico para essa demanda, e o Congresso pressionado pelos que são contra ou a favor da medida, aprova ou não.

    Mas para a folha é tudo eleitoreiro, sujo. Para quem criminaliza a política não é de se espantar

  6.  
    Tem gente só se sentiria

     

    Tem gente só se sentiria “honrado” como cidadão,  se Dilma pedisse desculpas aos terrorristas mundiais (usa), por terem espionado o Brasil. Não dá pra acreditar que uma criatura possa comparar uma desertora, financiada pelo inimigo do seu país, com médicos que vem salvar vidas. Para a direita, fofoca, mentira, individualismo, mesquinharia, é ter honra. To falando que não há cérebro, não há coração, há apenas uma “estação repetidora” dentro de certos “seres humanos”.

    1. Mais Médicos

      Concordo. Esse tipo de comparação é mesquinha, fora do contexto, uma “forçada de barra” para misturar duas coisas que não tem nada em comum. O Programa mais médicos tem defeitos e não é perfeito, mas é urgente e necessário para uma parcela da população desassistida, já veio tarde e espero que se aperfeiçoe com o tempo, e para mim, sinceramente estou pouco me lixando se os médicos são de Cuba, da China, dos Estados Unidos, Nigéria, Barbados. Eu preferia que fossem brasileiros, pela adequação cultural, mas minha xenofobia pára por aí.

      Se faltam médicos brasileiros, que por razões pessoais, não querem ou não podem atender essa parcela da população das periferias urbanas, temos de entender, e respeitar suas decisões. Mas daí, não há como ser contra a vinda de médicos interessados que sejam de outro país. Essa comparação (com a tal blogueira) é grotesca e me parece “mimimi” de perdedor, porque o programa, que de princípio estava fadado ao fracasso (segundo parte da mídia tradicional), de repente adquiriu força inesperada, em parte por conta de manifestações grotescas e fora de propósito de uma (pequena) parcela de médicos que não se interessavam pelos postos de trabalho.

      Aquela foto de capa da Folha de São Paulo foi um golpe mortal na xenofobia “facebookiana”, não entendi até agora como deixaram passar, levando em conta o veículo.

  7. Nassif, você já viu ou ficou

    Nassif, você já viu ou ficou sabendo de mais um capítulo nojento da nossa “elite” médica nessa guerra suja contra a democratzação do atendimento? Estão espalhando na rede, especialmente no facebook, receitas médicas com prescrições absurdas e atribuindo aos profissionais de outros países! Não sei o que me espanta/horroriza mais: o ato sórdido em si ou a estutície cheia de má fé de quem acredita e dissemina isso por aí. 

  8. Do ponto de vista simbólico,

    Do ponto de vista simbólico, foi a resposta mais completa à direita raivosa, elitista e racista.

    Dilma, você é dez!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador