Estado de pausa mental, por Matê da Luz

por Matê da Luz

Não sei se você já passou por isso mas de repente você olha pra vida e ela parece um filme em slow motion mas ao mesmo tempo abarrotada de atividades que parecem não ter fim – por mais que você insista em editar as listas de afazeres do dia por ordem de prioridade, parece que tudo é pra ontem e nada parece ir pra frente de fato, de tanta pendência que você tem. Ufa! Acho que este é o pior tipo de consumidor de energia, um carburizador mesmo, porque além de todas as coisas e sensações do que você simplesmente tem que fazer, fica a falta de realização que só o comprometimento com o passado é capaz de trazer à tona. 

Por acaso você já se comprometeu com algo que está no seu sonho? Alguma coisa que você mal consegue enxergar mas que move seu dia a dia, move suas vontades e escolhas rotineiras e, então, por mais coisas e tarefas que você tenha, por mais degraus que precise galgar, por mais energia e tempo que isso te tome – parece que a energia se multiplica, vem não sei de onde, aparece, é trocada nos encontros e reencontros que a vida nos dá. 

Agora, experimenta fazer alguma coisa porque você tem dívida. Por exemplo, preciso trabalhar neste freela porque há muito tempo fiz uma besteira enorme no meu cartão de crédito e, agora, preciso acertar as contas, literalmente. Ave Maria, coitado do freela, parece que carrega uma carga de milhares de toneladas, um peso que sequer é dele, mas que, enfim, acaba caindo pro seu lado. É isso o que eu chamo de compromisso com o passado e que, enquanto escrevo, vai se modificando na minha cabeça, olha só que coisa mais bacana que é externar o que a gente pensa, ainda mais em troca com quem a gente mal conhece (as pessoas que nos conhecem acabam por ter opiniões muito formadas sobre nós, não há muito espaço pra transformação de pensamento assim, na mesma velocidade, entende?). 

Acabo pensando e começando a sentir que este compromisso com o passado pode – e quem sabe, deva… – ser alterado para que, enfim, este peso seja abrandado e, voilá!, a atividade consiga ser de fato cumprida. No mesmo exemplo, posso pensar que, puxa vida, que besta que eu fui mantendo esta dívida do cartão de crédito mas que, neste momento, tenho a oportunidade de reorganizar esta conta e seguir em movimento positivo para uma vida mais livre, inclusive livre de dívidas.

Dá até uma tonturinha porque ao mesmo tempo tá cheio de gente por aqui e acolá que diz que a gente reclama com muito privilégio na vida, né, e é bem capaz que assim seja mesmo: que eu esteja reclamand oe psicologizando um tanto de tudo e que devesse ou pudesse ou quem sabe fosse muito mais simples se eu não pensasse tanto ou se não quisesse ressignificar tanta coisa por aqui. Mas não é assim que funciona e, no mais, eu acho, é muito legal externar o que a gente pensa ainda mais assim, em troca com quem a gente mal conhece. 

Mesmo que essa seja apenas uma pausa bem pequenininha. 

Seguimos. 

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