Professor reclama de piora no atendimento em farmácia-escola da UFSC

Enviado por Fernando J.

Depois dos ministros Alexandre Padilha e Arthur Chioro, o Ministério da Saúde foi loteado e entregue ao PMDB pelo sistema “porteira fechada”, sem qualquer tipo de preocupação com a preservação dos cargos de segundo escalão. O novo ministro Marcelo Castro, um médico psiquiatra afastado há mais de 30 anos do exercício da medicina, toma como primeira medida colocar no cargo da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, seu amigo pessoal Valencius Wurch, notório adversário da Reforma Psiquiátrica e ex-diretor da “Casa de Saúde Dr. Eiras”, substituindo o nome de Roberto Tykanori que estava à frente da coordenação. Um tapa na cara dos que militam na luta antimanicomial desde os anos 1980. 
 
Pelo jeito, é só o começo. Do Facebook do professor Nilson Lage
 
Tive hoje uma experiência triste.
 
Há alguns anos, recebo, todo mês, na farmácia-escola mantida pela Universidade Federal de Santa Catarina e pela Prefeitura de Florianópolis, um medicamento de uso contínuo por doença da velhice.
 
Ciente de que direito não é caridade, foi sempre com muito orgulho que vivi a experiência de participar do atendimento do Estado brasileiro a pessoas com moléstias graves e pacientes terminais.
 
Porque me orgulhava, doeu bastante.
 
O processo, ali, era correto e humano, os remédios entregues, mediante laudo e receita, com hora marcada, por estudantes bolsistas. Serenamente, no horário.

 
Devem ter mudado a direção. Assumiu, decerto, um desses arrogantes sujeitinhos que se consideram donos do serviço público e transferem ao usuário o quanto podem de seu trabalho e responsabilidade.
 
Em suma, sem aviso, voltou a ser favor, estilo “sopa dos pobres”.
 
A hora deixou de ser marcada. O doente ou procurador deve chegar até às 14 horas, apanhar uma senha e esperar – provavelmente três horas ou mais, porque o expediente se encerra às 17 horas.
 
“Quem chegar depois terá que voltar outro dia”, avisa o burocrata.
 
Um cartaz dá conta do horário – 8h às 17 – mas um asterisco conduz à ressalva misteriosa. “menos às quartas-feiras”.
 
Outro aviso notifica que o espaço exíguo passou a ser usado cumulativamente para o atendimento (não se especifica bem qual) de clientes por “alunos de Farmácia”.
 
Há um daqueles aparelhos provedores de senhas, mas, na esculhambação implantada, perdeu utilidade.
 
As pessoas se acumulam na porta, aparvalhadas.
 
Finalmente, colada na parede, uma lista que jamais existiu – a dos remédios “em falta”, inclusive o meu. Segundo me informa um conhecido que trabalha no Ministério da Saúde, trata-se de problemas com a licitação de compra, motivados pela ação – inocente, talvez; a experiência me diz que não – daqueles conhecidos moleques que emperram a máquina do serviço público alegando que tiram a areia.
 
O prejuízo foi de uns R$200 que paguei na farmácia comercial do bairro. Ao contrário de muitos outros dependentes de drogas como essa – e outras bem mais caras – , gente doente e aflita, posso pagar.
 
Mas minha cidadania está seriamente comprometida.
 
Talvez seja esse o objetivo.
Redação

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