Saiba o que é verdade e o que é boato sobre o Zika vírus

Jornal GGN – Mulheres com Zika podem amamentar, o vírus não é transmitido para o bebê por meio do leite materno. A vacina da rubéola, produzida com o vírus atenuado, também não é capaz de provocar microcefalia, mesmo que esteja vencida. Esses e outros boatos são explicados na nota à seguir, da Agência Brasil.

O matéria confirma, no entanto, que o vírus Zika pode desencadear a Síndrome de Guillain-Barré, uma reação rara que provoca fraqueza muscular e paralisia dos músculos e, ainda, que mais de 80% das pessoas infectadas pelo Zika, não apresentam os sintomas da doença.    

Agência Brasil

Saiba o que é boato e o que é verdade sobre o vírus Zika

Aline Leal – Repórter da Agência Brasil

Com a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que 4 milhões de pessoas sejam infectadas pelo vírus Zika no continente americano em 2016 são muitas as dúvidas sobre a doença, recém-chegada ao Brasil.

Conhecido pela medicina desde o fim dos anos 40, o Zika passou a ser assunto nos lares brasileiros depois da associação do vírus a diversos casos de microcefalia em recém-nascidos.

Por enquanto, a certeza é que o vírus é transmitido pelo Aedes aegypti, mas outras formas de transmissão estão sendo pesquisadas.

>> Saiba o que é boato e o que é verdade sobre o vírus Zika:

– Mulheres com Zika não podem amamentar

Boato. Embora já se tenha identificado o vírus no leite materno, não houve, até o momento, relatos de transmissão do vírus Zika para o bebê na amamentação. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que, por conta de todos os benefícios que o leite materno traz ao recém-nascido, incluindo o aumento da imunidade, a amamentação deve ser encorajada e incentivada mesmo em áreas endêmicas para o vírus zika.

A Organização Mundial da Saúde também reforça que as mães devem continuar amamentando normalmente seus filhos e ressalta que esta deve ser a única fonte de alimentação do bebê até os seis meses de vida.

– O aumento de casos de microcefalia foi causado por vacinas contra rubéola vencidas

Boato. O Ministério da Saúde diz que nenhuma vacina com vírus atenuado, como é o caso da vacina contra rubéola, é aplicada em gestantes. Além disso, não há registro na literatura médica nacional e internacional sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia.

Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde confirmou que a infecção por Zika em gestantes é capaz de provocar microcefalia. Desta forma, a chegada do vírus no Brasil foi o que causou o aumento inesperado do nascimento de crianças com a malformação.

– O vírus Zika pode desencadear a Síndrome de Guillain-Barré

Verdade. A Síndrome de Guillain-Barré é uma reação muito rara a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, entre eles o Zika. Os sintomas são fraqueza muscular e paralisia dos músculos. Eles podem apresentar diferentes graus de agressividade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o vírus Zika também pode causar outras síndromes neurológicas como meningite, meningoencefalite e mielite.  

– A infecção é mais perigosa para crianças com até 7 anos

Boato. Circularam em mensagens no Whatsapp áudios mencionando que crianças menores de 7 anos e idosos estariam mais vulneráveis a sintomas neurológicos decorrentes do vírus Zika. Segundo a Fiocruz, essas informações não têm fundamentação científica.

A fundação esclarece que, assim como outros vírus, a exemplo da varicela, do enterovírus e da herpes, o zika poderia causar, em pequeno percentual, complicações clínicas e neurológicas em adultos e crianças, sem distinção de idade.

– Você pode ter sido contaminado pelo Zika e não saber

Verdade. Mais de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não apresentam sintomas. Isso dificulta a contabilização dos casos pelo governo brasileiro. Para o restante dos infectados os sintomas são febre leve e manchas vermelhas pelo corpo com coceira. Muitas vezes a pessoa também apresenta conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.  

– O vírus pode ser transmitido pelo sêmen

Não há resposta conclusiva. O vírus Zika foi encontrado no sêmen humano, porém, há apenas um caso relatado na literatura científica de transmissão do vírus Zika por relação sexual. A OMS diz que são necessárias mais evidências para assegurar que o vírus pode ser transmitido sexualmente.

Até que as pesquisas sejam concluídas, a OMS aconselha que homens e mulheres que vivam ou que estejam retornando de um país onde o vírus Zika circula, principalmente mulheres grávidas e seus parceiros, se protejam usando preservativo.

– O Zika pode ser transmitido pela saliva ou pela urina

Não há resposta conclusiva. A Fiocruz divulgou recentemente resultado de estudo que mostra a presença do vírus zika ativo, ou seja, com potencial de provocar a infecção, em amostras de saliva e de urina. A fundação ainda pesquisa a possibilidade de a saliva e a urina serem meios de transmissão.
Edição: Lílian Beraldo

 

Redação

7 Comentários

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  1. Vacina de rubéola não é dada para grávidas?

    Eu tomei a vacina de sarampo rubéola no dia 05 de fevereiro de 2016. Ninguém me perguntou se eu estava grávida nem me disse que eu não devo engravidar nos próximos 3 meses. Isso é Brasil…

  2. Pobres de nossas crianças

    Sofreremos propaganda avassaladora sustentando que a microcefalia é consequência do vírus Zika que, por sua vez, é transmitido pelo mosquito da Dengue, embora haja evidências robustas de que a microcefalia é causada pela adição de um larvicida na água potável fornecida à população.

    Prevalecendo “tese” de que a microcefalia é causada pelo vírus Zika, as famílias e os bebês alcançados pela tragédia serão vistos e tratados, não como vítimas de crime (talvez até doloso), mas como pessoas que deram o azar de serem picadas pelo mosquito infectado, talvez, até, por culpa delas mesmas.

    Há denúncias de que o lóbi do cartel químico mundial está fortemente incrustado nos ministérios da saúde sul-americanos, na organização pan-americana de saúde e na Organização Mundial de Saúde (OMS), cuja diretora-geral se apressa a vir ao Brasil.

    Se prevalecer a tese furada de que o mosquito contaminado com o vírus Zika é causa indireta da microcefalia, os prováveis culpados pelo crime cometido contra milhares de nossos bebês continuarão a ganhar muito dinheiro vendendo larvicida, além de se safarem das indenizações e despesas médicas a que as crianças e famílias vítimas desse crime de consequências horrendas fazem jus.

    Tenha a certeza de que o lóbi a favor da “tese do mosquito” vai pegar pesado por aqui, lóbi que inclui a turma do MS, da Organização Pan-Americana de Saúde e da OMS (que já está a chegar por estas bandas).

    Às vezes, dá vontade de vomitar.

    1. Prezado Ramalho,

      Concordo com suas preocupações. Só quero fazer uma observação ao seu texto.  No quarto parágrafo onde está escrito que o “vírus Zika é causa indireta” penso que deveria ser usada a palavra direta, não?

      1. Prezado José Muladeiro

        Pretendi dizer que o mosquito (contaminado com o vírus Zika) é causa indireta, mas não consegui expressar a ideia corretamente. Ficou parecendo que o vírus Zika seria causa indireta. Você tem razão, obrigado. Com nossas observações sobre o parágrafo, o sentido deve ter ficado claro. Mais uma vez, obrigado.

        É preciso que este assunto receba mais atenção, Concordo com seu comentário “Ser ou não ser…”, pois não é razoável um órgão do Estado da importância de um ministério da saúde oficializar prática afetando milhões de pessoas, prática cujas consequências não foram suficientemente validadas cientificamente: estudaram os efeitos nos mosquitos, mas não nas pessoas. Parece que populações brasileiras inteiras estão sendo usadas como cobaias com o aval do MS.

        Abraço e, mais uma vez, obrigado.

  3. Larvicida e microcefalia

    Prezada Matê da Luz,

    Tento atender em parte seu oportuno pedido. Esta questão, especialmente a suscitada por suas últimas perguntas, tem de ser debatida. Para mim, neste momento, suas perguntas mais importantes são as seguintes: “Será mesmo que é o mosquito que transmite? E o pesticida, o que tem de fato a ver com isso? E as vacinas?”

    Se o vírus Zika causar a microcefalia, caberia produzir vacina e combater o mosquito capaz de portar o vírus. Se não for o vírus Zika o causador da microcefalia, a vacina, do ponto de vista da saúde pública, é desimportante bem como o combate, especialmente químico, aos mosquitos.

    Para as crianças com microcefalia, talvez haja pouco a fazer. Contudo, se a causa do vírus for o larvicida, cabem processos judiciais para que sejam garantidas assistência financeira e médica às crianças e suas famílias vítimas da horrível tragédia. A empresa que produziu o larvicida e o Estado que o aplicou sem ter conhecimento de seus efeitos têm de garantir correta indenização e assistência aos prejudicados.

    Tudo leva a crer que a causa da microcefalia é o larvicida. De se notar que embora haja ocorrência de mosquitos potencialmente portadores do vírus Zika em quase todo Brasil, as ocorrências de microcefalia se deram onde o larvicida foi aplicado.

    Traduzi um texto (parte) de GMWATCH (ver aqui) que tem argumentos muito fortes sustentando que a microcefalia é causada pelo larvicida usado pelo Estado brasileiro para combater os mosquitos (grifei algumas partes do texto traduzido).

    **********

    Médicos argentinos e brasileiros acusam larvicida como causa potencial da microcefalia

    Um relatório da organização de médicos argentina, Médicos nas Cidades Pulverizadas por Pesticidas, desafia a teoria de que a epidemia de vírus Zika no Brasil é a causa do aumento da microcefalia entre recém-nascidos.

    O aumento deste defeito de nascença no qual o bebê nasce com cabeça anormalmente pequena e frequentemente tem danos cerebrais foi rapidamente associado ao vírus Zika pelo ministério da saúde brasileiro. Contudo, de acordo com a Médicos nas Cidades Pulverizadas por Pesticidas, o ministério esqueceu-se de reconhecer que, na área onde a maioria das pessoas doentes vive, um larvicida químico que produz malformações em mosquitos foi adicionado ao abastecimento de água de potável em 2014. Este veneno, Pyriproxyfen, é usado em um programa controlado pelo Estado que visa a erradicação de mosquitos transmissores de doença.

    A Médicos acrescentou que o Pyriproxyfen é produzido pela Sumitomo Chemical, uma “parceira estratégica” japonesa da Monsanto. Pyriproxyfen é inibidor do crescimento de larvas de mosquito que altera o processo de desenvolvimento da larva a pupa e a adulto, gerando assim malformações nos mosquitos em desenvolvimento, matando-os ou incapacitando-os. Ele atua como hormônio juvenil de inseto ou juvenóide, e tem o efeito de inibir o desenvolvimento das características do inseto adulto (por exemplo, asas e genitália externa madura) e o desenvolvimento reprodutivo. É um diruptor endócrino e é teratogênico (causa defeitos de nascença), de acordo com a Médicos.

    A Médicos comentou: “as malformações detetadas em milhares de crianças de mulheres grávidas vivendo nas áreas onde o Estado brasileiro adicionou Pyriproxyfen à água potável não são coincidência, apesar do ministério da saúde culpar diretamente o vírus da Zika pelo dano.”

    Eles também observaram que o Zika tem tradicionalmente sido considerado uma doença relativamente benigna que nunca antes foi associada a defeitos congênitos, mesmo em áreas onde infecta 75% da população.

    Larvicida o culpado mais provável pelos defeitos de nascença

    Pyriproxyfen foi introduzido há relativamente pouco tempo no ambiente brasileiro; o aumento da microcefalia é fenômeno relativamente novo. Assim, o larvicida parece ser fator causativo plausível da microcefalia – por muito mais do que mosquitos GM [geneticamente modificados], que alguns têm culpado pela epidemia Zika e, portanto, pelos defeitos de nascença. Não há evidência sólida para suportar a noção promovida por algumas fontes de que mosquitos GM podem causar Zika, os quais por seu turno causariam microcefalia. De fato, de 404 casos confirmados de microcefalia no Brasil, somente 17 (4,2%) testaram positivo para vírus Zika.

    Especialistas em saúde brasileiros concordam com que Pyriproxyfen é o principal suspeito

    O relatório do Médicos argentino, que também aborda a epidemia da Dengue no Brasil, concorda com os achados de relatório separado sobre o surto Zika da organização de médicos e pesquisadores de saúde públicos brasileira, a Abrasco.

    A Abrasco também nomeia o Pyriproxyfen como a causa provável de microcefalia. Condena a estratégia de controle químico dos mosquitos portadores de Zika, que diz estar contaminando o ambiente bem como as pessoas e que não está reduzindo o número de mosquitos. A Abrasco sugere que esta estratégia é de fato orientada por interesses comerciais da indústria química, que, diz ela, está [a indústria química] profundamente integrada nos ministérios latino-americanos de saúde, bem como na Organização Mundial de Saúde e na Organização Pan-Americana de Saúde.

    A Abrasco indica a companhia britânica Oxitec de inseto GM [geneticamente modificado] como fazendo parte do lóbi empresarial que está distorcendo os fatos sobre o Zika para adequá-los à sua própria agenda de promoção de lucro. Oxitec vende mosquitos GM projetados para serem estéreis e os comercializa como produto de combate à doença – estratégia condenada pela argentina Médicos como “um fracasso total, exceto para a companhia fornecedora dos mosquitos”.

  4. Ser ou não ser, eis a questão.

    Para um homem de Ciência, a coisa mais importante é saber dizer “eu não sei”  ou “é provável”.  Algumas poucas vezes ele afirma que “isto é uma verdade”.  E quando afirma é porque está amparado por um conjunto de provas irrefutáveis, isto é , irrefutáveis até que venha alguém e destrua suas verdades. Suas provas devem ser passíveis de reprodução por outros pesquisadores, e outras soluções possíveis precisam ser categoricamente descartadas.  Pode até ser que o virus Zika seja diretamente responsável pela microcefalia, mas, só  para dar mais uma hipótese,   seu efeito poderia estar sendo potencializado pela presença do larvicida. Isto explicaria porque ele é conhecido há tanto tempo, tem infestado grandes populações em várias partes do mundo e nunca se constatou sua relação com a microcefalia.  Hipóteses há muitas, o desafio do pesquisador é comprovar uma ou mais.

    O que mais espanta é a celeridade e convicção com que as autoridades sanitárias brasileiras estão afirmando isto. Ela, estas autoridades, não deixam margens a dúvidas. No mínimo eles podem estar se condenando ao inferno, pois estão redondamente enganados se pensam que a comunidade científica mundial vai aceitar o que dizem, e não pesquisar seriamente o caso.  Mais cedo ou mais tarde a verdade virá à tona, e todos poderão ser ridicularizados. Caso o larvicida seja a causa direta ou indireta, dificilmente a empresa que o fabrica conseguirá esconder isto, por mais dinheiro que tenha, pois há muitos pesquisadores e governois que terão o interesse numa séria pesquisa sobre isto.

    O Governo deveria ouvir as vozes dissonantes e por precaução parar com o uso do larvicida, pelo menos parar de o adicionar à água potável das comunidades carentes. É um absurdo que diante desta trágédia o ministro da saúde afirme que vai passar a adicionar o larvicida a carros pipas. 

    Em comentário anterior eu disse que a companhia que fabrica este larvicida não dizia claramente que ele pode ser adicionado à água potável.  Eu errei, pois pude ler em sua página da web que ela recomenda isto expressamente. Por precaução fiz um print da página caso  ela venha a modificar sua opinião. Penso que mais pessoas deveriam fazer o mesmo.

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