Sequenciamento de DNA pode chegar ao SUS

Jornal GGN – Um tipo específico de sequenciamento de DNA conhecido como sequenciamento completo de exoma, mais enxuto e barato que o tradicional, pode chegar ao SUS (Sistema Único de Saúde). O procedimento pode permitir a descoberta de doenças genéticas com bastante antecedência, permitindo a redução de gastos públicos com tratamentos. Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) iniciaram, em agosto, um estudo de viabilidade que só deve terminar 2017, mas acreditam que terão dados mais concretos em dois anos.

O sequenciamento de exoma corresponde a 2% do sequenciamento tradicional, mas é feito nos genes conhecidos como éxons, responsáveis por codificar os aminoácidos. É nesses trechos do DNA onde acontecem a maior parte das mutações causadoras de doenças como malformações cerebrais, distúrbios metabólicos e problemas como epilepsia e até mal de Parkinson. Caso o estudo da Unicamp reafirme as estimativas de viabilidade de custo-benefício, o poder público poderia deixar de gastar grandes somas de dinheiro público com tratamentos para doenças já em estado avançado, já que os tratamentos iniciariam antes da manifestação dos problemas.

O sequenciamento de exoma não permite a descoberta de novas mutações, mas identifica problemas já conhecidos pela medicina. Enquanto o primeiro, completo, por paciente, custa cerca de R$ 1.700, o tradicional chega atualmente à marca de R$ 30 mil. Mas, apesar das estimativas prévias de uma eventual redução de gastos com a sofisticação do diagnóstico pelo SUS, os pesquisadores afirmam que só terão dados concretos sobre a realidade brasileira em 2015, quando o estudo estiver na metade do previsto.

Políticas públicas

“Acredito que em dois anos teremos dados suficientes para apontar se esse estudo de viabilidade, custo-benefício, é realmente como pensamos. Os dados que tenho preliminarmente me fazem acreditar que sim, que há viabilidade. Mas apenas o andamento da pesquisa vai garantir”, afirma a Iscia Lopes-Cendes, chefe do Departamento de Genética Médica e coordenadora do Laboratório de Genética Molecular da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp. A pesquisadora diz ainda que, até pela fase preliminar do estudo, não há nenhum conversa ou interlocução adiantada com o Ministério da Saúde.

Somente após a conclusão da pesquisa, com sua posterior publicação como artigo científico, é que a equipe ficará aberta a convites do governo federal para apresentar seus dados. Caberia ao poder público, por meio do Ministério da Saúde, usar o projeto como política pública ao inserir o sequenciamento completo do exoma no SUS. Esse processo já existe no Brasil, mas é oferecido exclusivamente pelas redes privadas. O que motivou a pesquisa é justamente a não existência de projetos similares para levar esse sequenciamento mais barato, enxuto e eficaz ao sistema público gratuito, universalizando o acesso à população.

Redação

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