Transplante de medula óssea cresce no Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O transplante de medula óssea vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Ele pode ser usado no tratamento de algumas doenças relacionadas à produção das células do sangue, como leucemia, anemia, linfoma, entre outras. A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos e o transplante consiste na troca da medula óssea doente por outra saudável visando a reconstituição da antiga.

O transplante pode ser feito com células troncos do próprio paciente, chamado de transplante autogênico, ou através de um doador, que é o alogênico. O transplante alogênico é o mais complicado porque necessita de um doador vivo e com medula compatível com a do paciente. O primeiro passo é ver se o irmão ou irmã tem a compatibilidade necessária para o transplante – chamado de alogênico aparentado. Caso contrário, será preciso procurar um doador fora da família, que é o alogênico não aparentado.

“As chances de um irmão de mesmo pai e mãe ter a medula compatível é de 25%. Se não tiver irmão compatível, achar um doador fora da família é muito difícil”, confirma o médico hematologista Gustavo Bettarello, do Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), que realizou o 1º transplante de medula óssea no Distrito Federal, realizado neste ano.

Apesar da dificuldade em encontrar doadores compatíveis, esse tipo de transplante tem crescido significativamente nos últimos 10 anos no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o diretor do Centro de Transplantes de Medula Óssea do Instituto do Câncer (Inca), que é vinculado ao Ministério da Saúde (MS), Luis Fernando Bouzas, o crescimento médio do transplante não-aparentado de 20 a 30% ao ano, desde 2003, pode ser atribuído, principalmente, ao aperfeiçoamento do Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome).

“Esse aumento de transplantes veio com o crescimento do registro de doadores. Na medida em que aumentamos a chance de achar doador, aumenta a chance de transplantes”, explica Bouzas. Ele lembra que, até 2003, o registro era pouco efetivo e contava com 30 a 40 mil doadores, hoje estão cadastrados 3,3 milhões de pessoas dispostas a doarem medula óssea. É o terceiro maior registro do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Alemanha. “Até 2003 tínhamos uma média de 30 transplantes não aparentados por ano, este ano estimamos fazer entre 280 e 300 transplantes desse tipo”, conta Bouzas. Desses, 95% são realizados pelo SUS.

Carolina Tonioli, 30 anos, descobriu que tinha Leucemia Mielóide Aguda e começou a fazer quimioterapia. Após um ano de tratamento, o médico de Carolina achou melhor fazer o transplante de medula óssea para evitar definitivamente a volta da doença. Essa leucemia é um câncer que se caracteriza pela proliferação de células anormais que se acumulam na medula e interferem na produção do sangue. Carolina completou 9 meses do transplante e está satisfeita com o resultado. “Estou super feliz porque a médica tirou toda a medicação e algumas restrições, pois não podia tomar sol, nem entrar na piscina. Estou mais próxima de conseguir a vida normal”, comemora Carolina.

Ela teve que fazer o transplante não aparentado porque suas irmãs não tinham a medula compatível. Ao buscar no cadastro achou 26 doadores parcialmente compatíveis e 13 doadores 100% compatíveis, sendo considerado um número alto de prováveis doadores. “Tive muita sorte em ter tantos doadores compatíveis. E hoje a chance da doença voltar, segundo os médicos, é algo em torno de 15%”, afirmou Carolina.

Além do aperfeiçoamento do Redome, que passou a contar com os hemocentros espalhados por todo o País para cadastrar doadores, o aumento das equipes especializadas também foi responsável pelo crescimento nos transplantes, em especial os não aparentados. “Até 2003 nós tínhamos apenas 2 centros que faziam transplantes não aparentado e hoje são 24. Os centros credenciados para todos os tipos de transplante de medula eram 17 no Brasil e hoje são 72”, comenta o diretor do Centro de Transplantes de Medula do Inca, Luis Bouzas.

Como doar

Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. É coletada uma amostra de sangue para testes que determinam as características genéticas que são necessárias para descobrir a compatibilidade entre doador e paciente. É fundamental que ao mudar de endereço ou trocar de contatos o doador sempre atualize o cadastro no Redome. Saiba maiores detalhes para se tornar um doador.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Umas verdades

    Estrategia para salvar uma vida é boa, mais acho que as pessoas devem saber toda a verdade:

    1. orgão transplantado tem prazo de validade, durando entre 10 a 15 anos, apos esse periodo o paciente morre devido a rejeição do orgão.

    2. os remedios usados contra a rejeição provocao cancer.

     

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