Brasil quer parceria com os EUA para instaurar polêmico controle migratório

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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No último ano, Trump adotou ápice de restrições sobre imigrantes, com perseguição a quem consideram “risco” ao país
 
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Centro de Cooperação Policial Internacional criado para a Copa do Mundo – Foto: ABr
 
Jornal GGN – O Brasil quer importar a tecnologia de controle migratório das fronteiras dos Estados Unidos, no ápice das mais duras políticas restritivas do país, durante a gestão de Donald Trump, em que as bandeiras de combate a tráfico de drogas e de armas foram usadas para impor, na verdade, impactos diretos sobre a entrada de imigrantes.
 
Feita por interesse da Polícia Federal brasileira, a intermediação junto ao “Diplomatic Security Service” visa receber técnicas de controle dos cidadãos que entram e saem dos Estados Unidos e aumentar a parceria para um sistema de controle continental, nas mãos do Departamento de Estado americano.
 
Se o chamativo para atrair parcerias de cooperação visa explorar o combate a crimes transnacionais, na prática os dados oficiais do Serviço de Imigração (ICE) mostram que 143.470 imigrantes foram presos no último ano, com 92% dos casos se referindo a pessoas em situação irregular. Em visão geral, as autoridades migratórias norte-americanas prenderam 42% a mais no último ano em comparação a 2016. 
 
No ano passado, a Patrulha Fronteiriça interceptou 310.531 pessoas, a grande maioria impedidas de ingressar na fronteira com o México, onde Donald Trump deu ordens para a construção de um muro. A quantia de capturas de imigrantes tentando entrar no país pela Patrulha Fronteiriça foi 23,7% inferior ao ano anterior. 
 
O resultado, aparentemente positivo, é reflexo das políticas migratórias antecipadas por Trump, que proibiu a entrada nos Estados Unidos de imigrantes do Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália, Chade e Coreia do Norte, além de alguns servidores da Venezuela, revelando apenas um recorte das intenções objetivas do governo.
 
Nesta semana, o presidente norte-americana decidiu reforçar a Patrulha e a Segurança Nacional, contratando 15 mil novos agentes migratórios para atuaresm no Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) e para o Escritório de Alfândegas e Fronteiras (CBP).
 
O objetivo declarado é uma perseguição a imigrantes ilegais, a imigrantes acusados de crimes e também a imigrantes que “possam representar risco para a segurança pública e segurança nacional”, na visão apenas do agente de imigração.
 
E é parte dessa “tecnologia” que a Polícia Federal brasileira quer importar, ampliando ainda o poder de controle sobre o que os Estados Unidos consideram crime, nas mãos do país. Isso porque entre os aspectos acordados estão a troca de listas de procurados internacionais. 
 
Os Estados Unidos já fazem algo similar no Canadá e no Panamá, oferecendo o suporte com o envio da tecnologia. Entretanto, no caso do Brasil, o interesse é ainda maior, uma suposta “proteção” dos norte-americanos no continente.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. Poderiam passar direto para

    Poderiam passar direto para um referendo.

    A gente poderia escolher qual o país que o Brasil deve ser colônia, província ou sei lá o que…

  2. Sob a CAPA de comabte a

    Sob a CAPA de comabte a qualquer coisa se introduz qualquer interesse. O Acordo de Cooperação Judiciaria Brasil-EUA de 2001 foi assinado visando combater o trafico de drogas e o terrorismo e serviu para processar a PETROBRAS no Departamento de Justiça e arrancar bilhões de dolares de empresas estatais e privadas brasileiras, como a EMBRAER sob alegação de corrupção fora dos EUA.

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