Jornal GGN – A Diretora de Programas do Instituto Igarapé e co-autora do livro ‘Segurança Pública para virar o jogo’, Melina Risso desvenda as entranhas das políticas proteção e combate a violência no Cai Na Roda deste sábado, 27 de fevereiro, exibido na TV GGN.
Em cerca de uma hora de entrevista às jornalistas do GGN, Risso – que também foi i diretora do Instituto Sou da Paz, Oscip dedicada a reduzir a violência no país – falou sobre a complexidade da Segurança Pública, comentou a flexibilização das armas pelo governo de Jair Bolsonaro, lamentou a letalidade das polícias brasileiras, o papel regional sobre essas corporações, além de desenhar opções para uma melhor atuação policial.
O todo para combater a violência
Para entender a complexidade da Segurança Pública, Risso destaca que é preciso entender os diversos tipos de violência e quais são as causas dessas violências, uma vez que nem toda violência é crime.
“Nós temos vários tipos de violência e muitas causas associadas a essas violências. Portanto, entender exatamente as causas e atuar sobre elas faz muita diferença, então precisamos olhar para uma série de fatores, por exemplo, a renda da população e o desenho urbano. Só quando um crime acontece que começamos a trabalhar nas agências de Segurança Pública, como a polícia, o sistema de justiça e penitenciário. Mas, falta no Brasil esse investimento de antes do crime acontecer. Na segurança Pública importa cuidar do urbanismo, da iluminação pública, do sistema de moradia, da educação, porque tudo isso reduz as chances das pessoas entrarem em uma trajetória criminosa”, explica.
Risso aponta, no entendo, que após um cidadão cometer um ilícito “o sistema precisa funcionar, com a polícia, um sistema de justiça eficiente e racional e um sistema prisional que não pense só sob a perspectiva da punição, mas de como reverter e incidir nessa trajetória, para que essas pessoas voltem para a sociedade com uma possibilidade diferente de inserção”, contínua.
“A Segurança Pública é responsabilidade de todo mundo (…) Segurança pública não é sinônimo de polícia e precisamos entender a Segurança Pública dentro desse contexto, porque neste contexto toda parte da cidade tem uma responsabilidade e não é fazendo guarda, mas trabalhando com as políticas de inserção, como assistência social, educação, urbanismo e moradia de qualidade”, completa.
Bolsonaro e a flexibilização do porte de armas de fogo
Desde o ínicio de seu governo, Jair Bolsonaro já assinou cerca de 30 decretos que facilitam o uso e a compra de armas de fogo, em uma sociedade que “Em uma sociedade democrática o uso da força deveria ser controlado pelo estado, se ele 70% dos homicídios são cometidos com esse tipo de objeto. Risso faz duras críticas a estas mazelas.
“Em uma sociedade democrática o uso da força deveria ser controlado pelo estado, se ele não tem 100% do controle da força, pelo menos ele precisa entender a quem ele está dando esse controle e é neste contexto que entra a concessão do estado em relação a arma de fogo e ao controle de quem tem o poder de uso da força”, explica.
“No Brasil a arma de fogo é um fator de risco a violência muito grande, se olharmos para os homicídios que ocorrem no país e que ano a após ano bate recorde, o principal instrumento utilizado no cometimento desses crimes é a arma de fogo, estamos falando que 70% dos homicídios”, relata.
Ainda, segundo Risso, a arma de fogo “mas ela torna uma sociedade que é muito violenta e conflitiva em uma sociedade letal”.
A letalidade da polícia
Isso também comenta a gravidade da atuação das polícias, que é autora de 30% dos crimes violentos intencionais o estado no país. “Este cenário é muito grave e produtor de desigualdades. Nós sabemos quando é a população prioritária e vitima dessa violência. A polícia não é arbitrária com qualquer população, ela tem endereço, cor e gênero.
“No momento em que esse debate passa a ser acirrado e, de alguma forma, legitimado pela autoridade máxima do país este é um problema, porque quando a polícia usa de muita violência é porque o comando não tem controle das suas tropas, uma polícia profissional não é uma polícia que necessita utilizar da violência”, completa.
Participaram desta edição do Cai na Roda as jornalistas Lourdes Nassif, Cintia Alves, Patricia Faermann e Tatiane Côrrea. Assista:
Sobre o Cai Na Roda
Todos os sábados, às 20h, o canal divulga um novo episódio do Cai Na Roda, programa realizado exclusivamente pelas jornalistas mulheres da redação, que priorizam entrevistas com outras mulheres especialistas em diversas áreas. Deixe nos comentários sugestão de novas convidadas. Confira outros episódios aqui:
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