Justiça pede prisão de militares envolvidos na greve do ES

Justiça Militar decretou detenção de quatro, entre eles o ex-deputado e militar Assumção, que fugiu após voz de prisão

Jornal GGN – A justiça Militar do Espírito Santo decretou a prisão de quatro militares, acusados de coordenar a motim e greve dos policiais militares no Estado, dentre eles o ex-deputado federal e militar da reserva chamado de capitão Assumção que conseguiu escapar após receber voz de prisão.

Dos outros militares que tiveram prisão decretada, apenas o tenente coronel Carlos Alberto Foresti foi detido, após se apresentar pessoalmente a uma unidade policial de Itaperuna, Rio de Janeiro, de onde foi encaminhado para o presídio da PM do Espírito Santo, em Vitória.

Em entrevista ao Estadão, o secretário de Controle e Transparência do ES, Eugênio Ricas afirmou também que o Estado enfrenta um quadro de “terrorismo digital”. Segundo ele, 80% das mensagens nas notícias relacionadas à greve compartilhadas nas redes sociais teriam partido de pessoas que estão fora do Estado.

O governo também acusa os militares que coordenaram a greve de extremistas e aliados ao deputado federal, Jair Bolsonaro. Ontem, domingo (26) o político divulgou na sua página do Facebook que só se manifestaria da acusação se o assunto fosse gravado em vídeo e abordado ao vivo.

Estadão

Com prisão decretada, ex-deputado foge de cerco policial no ES

Capitão Assumção e outros três militares são acusados de incitar motim em Vitória; secretário estadual fala em ‘terrorismo digital’

Adriana Fernandes e Leonêncio Nossa

A Justiça Militar do Espírito Santo decretou neste sábado, dia 25, a pedido do Ministério Público Estadual, a prisão de quatro policiais por envolvimento no motim dos policiais militares do Estado. Eles são acusados de incitar o movimento e de aliciamento de outros policiais com a divulgação de áudios e vídeos em redes sociais.

A polícia tentou prender os quatro em suas casas, mas não os encontrou. Um deles, o ex-deputado federal e militar da reserva conhecido como capitão Assumção, foi encontrado mais tarde no 4º Batalhão da PM, em Vila Velha. Os policiais da Corregedoria da PM chegaram a detê-lo, mas ele escapou.

Segundo agentes da equipe que tentou prendê-lo, Assumção, que é aliado do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), conseguiu fugir em meio a um tumulto criado por um grupo de colegas e de mulheres de policiais amotinados, que se manifestava em frente ao quartel. Houve troca de empurrões e o ex-deputado escapou depois de receber voz de prisão.

Dos quatro militares que tiveram a prisão decretada, apenas o tenente coronel Carlos Alberto Foresti havia sido detido até a conclusão desta edição. O oficial se apresentou no sábado na unidade da Polícia Militar de Itaperuna, no Rio de Janeiro, e foi encaminhado para o presídio da Polícia Militar do Espírito Santo, em Vitória.

A Polícia Militar informou que está adotando medidas para cumprir as ordens de prisões dos demais policiais. Segundo o coronel Ilton Borges, as investigações apontaram que o tenente coronel Foresti, que trabalhava no centro de despacho de viaturas, desde o início do movimento, fez manifestações de apoio aos policiais com divulgação de vídeos nas redes sociais.

Já o capitão Assumção teve participação presencial nas entradas dos quartéis e divulgação de mensagens de apoio nas redes sociais.

No sábado, o Estado mostrou que o motim contou com o apoio de um grupo aliado de Bolsonaro no Espírito Santo. O secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo, Eugênio Ricas, disse que há indícios claros de que o movimento foi de “fachada” motivado por interesses políticos e econômicos.

‘Terrorismo digital’. Sem citar nomes, o secretário afirmou que o Espírito Santo viveu um quadro de “terrorismo digital” por meio da disseminação de informações falsas e boatos com o objetivo explícito de colocar a população em pânico, paralisar o transporte público e fechar o comércio. Segundo Ricas, 80% das mensagens partiram de pessoas e redes de fora do Estado.

“O que se espera de um movimento como esse que toda a movimentação seja do Estado, principalmente dos policiais, mas não foi o que aconteceu”, disse. O secretário informou que há indícios robustos dos interesses políticos e econômicos por trás do movimento. Dados pessoais do secretário e de seus familiares foram invadidos e disseminados por e-mail durante o fim de semana. “Fica evidente a ousadia desse grupo e o que eles são capazes”, afirmou. Na sua avaliação, pode ter havido crime contra as leis de Segurança Nacional e de Terrorismo.

O movimento supostamente controlado pelas mulheres dos militares perdeu a força após 21 dias de paralisação. No sábado, o governo estadual aceitou fechar mais um acordo com o grupo, estabelecendo um encontro para discutir reivindicações da categoria no dia 2 de março. Ficou decidido que não haveria mais punições de militares.

Uma equipe de especialistas em comunicação digital ajudou a reportagem a rastrear o movimento de apoio nas redes sociais ao motim da PM. Bolsonaro publicou ontem em sua página no Facebook a mesma resposta que deu ao Estado, informando que só se manifestaria sobre o assunto ao vivo e desde que a conversa fosse gravada em vídeo. A defesa dos envolvidos não foi localizada.

Redação

2 Comentários

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  1. Eugênio Coutinho

    Eugênio Coutinho Ricas

    Secretário

    Graduou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte/MG em 1999. Foi delegado de polícia no Estado do Mato Grosso de 2002 a 2003, onde atuou no Grupo de Combate ao Crime Organizado. Em 2003 tomou posse como Delegado de Polícia Federal, tendo sido lotado nas cidades de Ilhéus, Vila Velha (onde atuou de 2003 a 2009), São Luis/MA e Belo Horizonte/MG. É pós-graduado em Ciências Criminais pela Universidade do Amazonas e em Inteligência de Segurança Pública pela Universidade de Vila Velha. Em 2012, foi o único brasileiro, dentre mais de 260 chefes de polícia de todo o mundo, a cursar a sessão número 251 da National Academy do FBI, em Quantico, Virgínia, Estados Unidos, onde pós-graduou-se com nota máxima nas matérias Ética, Liderança e Tomada de Decisões, Inteligência e Contra-Inteligência, Estratégias de Combate e prevenção às Drogas, Terrorismo e Contra-Terrorismo e Técnicas de Interrogatório e Entrevistas. É tutor da cadeira Ética na Atividade Policial da Academia Nacional de Polícia do Departamento de Polícia Federal em Brasília/DF e mestrando em Gestão Pública pela Universidade Federal do Espírito Santo.

     

  2. Isto tudo é o produto da briga do poder na direita.

    Neste momento está se travando uma grande luta na direita, por enquanto só nas redes sociais, mas com o tempo para onde pode ir ninguém sabe.

    É uma briga entre os neoliberais contra o que eles chamam a direita bruta, seria melhor denominá-los fascistas I versus fascistas II.

     

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