Negros representam 68% das vítimas de homicídio em 2013

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Um relatório divulgado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que os dados sobre homicídios e população carcerária ainda refletem os problemas sociais que atingem os negros, principalmente a parcela que se encaixa na faixa etária da juventude. Essa categoria já é alvo da maioria dos casos de homicío em 2013.

No Brasil, negros são os mais encarcerados e a maioria das vítimas de homicídio

Do Brasil de Fato

De 2009 a 2013, cresceu o número de homicídios no Brasil, de 44.518 mil para 53.646 mil. Das vítimas fatais do ano passado, 36.479 eram negras. O valor corresponde a exatamente 68% do total. A maioria das vítimas (53,3%) tinha entre 15 e 29 anos e eram homens (93,8%). Os dados apresentados são do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgado nesta terça-feira (11) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Outro dado apontado pelo relatório é o número de presos no Brasil. Segundo o FBSP, o país já possui 574.207 pessoas encarceradas – cerca de 23 mil a mais que em 2012. Deste total, 307.715 são negros, 61,7% a mais que brancos. A maioria das pessoas – 75% – se encontra privada de sua liberdade por tráfico de drogas e crime contra o patrimônio.

Outro dado alarmante levantado pelo relatório é o número de presos provisórios, que estão aguardando julgamento, que chega a 215.639 pessoas, ou seja, 40,1% do total de presos no sistema penitenciário, que não inclui os que estão sob custódia das polícias.

Diante desses números, Fábio de Sá e Silva, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e pós-doutorando no centro de profissões jurídicas da Harvardu University  Schooloflaw, avalia que o crescente encarceramento, com ênfase em jovens, negros e por crimes associados a entorpecentes e o aumento do número de presos em situação provisória explicam por que o Brasil caminha resoluto para alcançar posições de destaque entre os países que mais encarceram.

De acordo com ele, a publicação dos dados do relatório coincide com o início de um novo ciclo governamental, no qual a política prisional terá de ser profundamente repensada.

“Um primeiro investimento deverá ser feito na retomada do vínculo entre a política prisional e a política criminal, com a avaliação dos efeitos do atual arcabouço jurídico-penal sobre os níveis de encarceramento e uma apreciação crítica dos próximos movimentos a serem adotados”, explica no relatório.

Fábio ainda ressalta que é fundamental o governo investir na ampliação do repertório punitivo, de modo que a prisão deixe de ser a única ou a principal resposta de que o Poder Público dispõe para dar conta da violência e da criminalidade.

“Neste sentido, aliás, talvez o maior desafio, mas também a melhor aposta no setor para o próximo ciclo governamental seja abrir o tema a discussões públicas e envolver a sociedade civil, os especialistas e trabalhadores”, conclui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. O preconceito em nossa
    O preconceito em nossa sociedade é óbvio.

    Mas para haver um debate de gente grande os fatores apresentados são insuficientes. O debate, para ser efetivo, tem que ser mais amplo.

    Então, lá vai meu questionamento:
    Os negros são os mais presos mas são eles os maiores infratores?
    Eles são os maiores.presos:
    Pode significar que:
    São fraudados processos apenas para colocar pretos na cadeia. Ou…

    1. Eh

      Ou é mais facil prender negros, mestiços e pobres em geral no Brasil desde que o Brasil é Brasil? Senão, para quê serve todo esse sistema judicial, em que nenhum da “casa grande” vai preso ?  

  2. Fica claro o esgotamento da

    Fica claro o esgotamento da politica de encarceramento. Esta politica é seletiva e não visa a reparação nem a recuperação do preso. Trata se realmente de uma tática de higienização e nada melhor começar a faxina por um preto, pobre, e usuario de droga… 

  3. Sao 68% das vitimas e são

    Sao 68% das vitimas e são quantos em termos de porcentagem puxando o gatilho?

    Por favor né?

    Que texto ridiculo!

    Na verdade o numero de afrodescendentes mortos em algo assim deve ser ate maior e as razoes sao mais do que obviass…

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