Onde há mais armas, há mais suicídios e homicídios, por Túlio Kahn

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Por Tulio Kahn

No Ponte Jornalismo

Passei a prestar atenção na questão das armas de fogo quando trabalhava no Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente), no final dos anos 1990, e a ONU (Organização das Nações Unidas) publicara um estudo internacional sugerindo que o Brasil era o país onde proporcionalmente mais se usava armas de fogo para cometer homicídios.

Havia uma percepção difusa de que as armas estavam de algum modo ligadas ao nosso crescente número de assassinatos – tanto que em 1997 o porte ilegal passou de contravenção a crime e é criado o SINARM (Sistema Nacional de Armas) – mas pouquíssimos estudos empíricos sobre o tema.

Como sempre, sofríamos do crônico problema da falta de dados e de pesquisas para embasar políticas públicas. A Lei 4937, de 1997, produziu um forte impacto na venda de armas no país e para reclamar da queda de 40% no faturamento, a indústria começou a divulgar seus dados. Na literatura internacional aventava-se a hipótese de que a taxa de suicídios local tinha forte relação com a disponibilidade de armas e agora dispúnhamos de dados para testar esta correlação no Brasil.

Este foi meu primeiro levantamento sobre o tema em 1999: tomamos as vendas anuais de armas da Taurus em 1997 e 1998, por Estado, calculamos a taxa de armas por habitante e comparamos com a taxa de suicídios disponibilizada pelo Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde). E ali estava: confirmando um levantamento internacional que Martin Killias fizera anos antes com 18 países, encontramos uma forte correlação (r=.58) entre a quantidade de armas vendidas nos Estados pela Taurus e suas respectivas taxas de suicídio. Não havia o tal “efeito displacement” (que afirmava que “quem quer se matar se mata de qualquer jeito”). Nos Estados com menos armas, menos gente se matava.

Hoje já está estabelecido que a relação entre suicídios e disponibilidade de armas é tão grande que, se você não sabe ao certo quantas armas existem em circulação num lugar, pode-se tomar a taxa de suicídio como uma medida substituta. Esta foi a estratégia seguida por Daniel Cerqueira, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aliás, para corroborar os efeitos do Estatuto do Desarmamento sobre a queda dos homicídios em São Paulo, em sua tese de doutoramento.

O principal motivo para se portar arma, segundo as sondagens de opinião, é a proteção contra crimes. A segunda razão é “se sentir forte” e a terceira “fazer boa impressão com os colegas”, como revelou a pesquisa de Nanci Cardia do NEV (Núcleo de Estudos da Violência, da USP), em 1999.

Mas será que a arma de fogo realmente protege quem a usa ou aumenta o seu risco? Esta foi a segunda oportunidade que tive de estudar o tema, como colaborador, em 2000, de uma pesquisa conduzida por Jacqueline Sinhoretto e Renato Lima para a Secretaria de Segurança de São Paulo. Em 1999, Ignacio Cano, do Iser (Instituto de Estudos da Religião), já estudara milhares de roubos no Rio de Janeiro e concluíra que o risco de levar a pior durante um assalto – ser ferido ou morto – era maior para quem tinha arma de fogo e reagira.

Os dados de São Paulo iam na mesma direção: segundo o DataFolha, cerca de 18% dos paulistas andavam armados. Entre as vítimas de latrocínio, 28% estavam armadas, sugerindo, portanto, que o uso da arma aumenta o risco de ser morto num assalto. O sociólogo Claudio Beato acaba de divulgar neste mês um estudo feito com 78 mil vítimas corroborando as conclusões destes levantamentos anteriores, usando dados da pesquisa nacional de vitimização.

A mídia dava muita atenção na época ao armamento pesado em mãos dos traficantes e os defensores das armas argumentavam que o grande problema da violência era causado por armas importadas, de grosso calibre, nas mãos dos criminosos. A discussão acabou pautando uma série de pesquisas sobre o tipo de armas envolvidos nos crimes.

Para a surpresa geral, os grandes vilões não eram os fuzis AR-15, mas os bons e velhos revólveres Taurus e Rossi, calibres .32 ou .38. Os criminosos valorizavam a indústria nacional. Foi o que detectou nova pesquisa do Iser, de 2000, analisando 590 armas apreendidas no Rio em razão de crimes: 57% eram Taurus e 31%, Rossi.

Em 2004, me encontrava na Secretaria de Segurança de São Paulo e pesquisando 15 mil armas apreendidas pela polícia encontrei números bastante parecidos: 56% eram da Taurus; 14%, Rossi. Levantamentos do Instituto Sou da Paz trazem os mesmos padrões. Assim caia por terra o argumento de que o perigo vinha de fora.

Foram esses estudos que subsidiaram o debate sobre a questão das armas de fogo e seu envolvimento com os níveis intoleráveis de homicídios no Brasil, e que ajudaram a criar um cenário favorável para a aprovação do Estatuto do Desarmamento, em 2003.

Não se trata, como alguns afirmam, de medida petista para preparar a revolução bolivariana no Brasil. A discussão começou bem antes e quase todo o projeto foi elaborado durante o período de Fernando Henrique Cardoso como presidente, sendo apenas fruto da dinâmica congressual o fato de ter sido aprovado no primeiro ano da gestão Lula.

A medida já constava do Plano Nacional de Segurança Pública de 2000, do qual tive oportunidade de participar. Acompanhei de perto o processo, tanto como conselheiro do Instituto Sou da Paz quanto como diretor da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), no último ano do governo FHC, e de fato o controle de armas era uma questão consensual na comunidade acadêmica bem como entre os principais partidos.

Lembro de passagem que, durante o período como gestor do Fundo Nacional de Segurança Pública, autorizei a compra de milhares de armas pelas polícias, que, na minha opinião, são as únicas que devem portá-las.

Na época da aprovação do Estatuto tinha acabado de assumir a coordenação da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento, órgão da Secretaria da Segurança Pública de SP responsável pela sistematização final e análise dos dados, onde os homicídios começavam a declinar lentamente desde a Lei de 1997, que transformou o porte ilegal de contravenção em crime.

Os dados de 2004 começaram a chegar e as diferenças eram nítidas: apesar do aumento das revistas e das buscas e apreensões, a polícia conseguia apreender cada vez menos armas. A proibição do porte e o aumento da punição e da fiscalização fizeram as armas saírem de circulação. Todos os indicadores mostravam isso: o número de armas perdidas pela população também caíra, junto com as apreensões de armas ilegais.

Como consequência da diminuição das armas em circulação – a queda dos homicídios medidos pelo Infocrim (a base de dados sobre a violência do governo paulista) e pelo Datasus – teve uma aceleração abrupta após dezembro de 2003. Estamos falando aqui de uma mudança de patamar, de uma quebra de nível na série histórica.

Usando series temporais e diversos procedimentos metodológicos (teste de Chow, análise de intervenção, modelos ARIMA, etc.) estimamos em 2005 que o Estatuto diminuiu em 12,9% o volume de armas apreendidas no Estado, em 14,8% os homicídios na Capital, em 17% as agressões intencionais com armas de fogo (Datasus), em 17,8% os latrocínios no Estado e em 25,9% na Capital.

Naquela época, munido dos dados do Infocrim, passei as estudar a morfologia da queda e a investigar todos as eventuais hipóteses para explicar o que ocorria em São Paulo, que apresentava quedas na criminalidade similares às festejadas quedas de Nova York, Cali ou Bogotá.

Os dados mostravam que a queda era generalizada no Estado, abrupta e ocorria em áreas ricas e pobres, afetava jovens e velhos, homens e mulheres, brancos e negros. A data do ponto de inflexão, a velocidade, força e características da queda sugeriam que o Estatuto do Desarmamento era o melhor candidato para explicar o fenômeno em São Paulo, ao lado de outras variáveis de alguma importância, como a demografia, uso do Infocrim, aumento na resolução de crimes de homicídio, melhorias na gestão das polícias e etc.

Diversos estudos, utilizando fontes e metodologias diferentes, corroboram o que encontrávamos na SSP. O Ministério da Saúde estimava em 2006 que o Estatuto invertera a tendência de crescimento linear da década anterior e que o impacto era da ordem de 24%.

Um grupo de epidemiologistas publicou na Health Affairs um estudo relacionando a queda no número de hospitalizações ao Estatuto. Utilizando dados da SSP-SP, diversas teses acadêmicas corroboravam os achados iniciais, como a de Gabriel Hartung, de Marcelo Justus dos Santos e de Daniel Cerqueira, três economistas que utilizam econometria pesada para garantir a robustez dos achados. Todos eles encontraram impactos significativos do Estatuto do Desarmamento sobre os homicídios em São Paulo.

Os ganhos não são permanentes. As armas estão guardadas nas casas e quando crescem os roubos e aumenta a sensação de insegurança, elas voltam a circular, como durante a crise econômica de 2009, que criou um “soluço” na tendência de queda dos homicídios em São Paulo. Trata-se de uma análise racional de custo-benefício: quando o cidadão se sente inseguro, encara os riscos de andar armado.

Isso ajuda a entender porque os efeitos do Estatuto foram desiguais pelo país. Num dos últimos escritos sobre o tema, um artigo para a Revista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sugeri em 2011, com o apoio de evidências, que os efeitos foram maiores nos Estados do Sudeste e menores no Nordeste em razão das diferentes conjunturas e dinâmicas socioeconômicas destas regiões: onde o crescimento econômico foi acelerado, como nas capitais nordestinas, houve um aumento dos crimes patrimoniais e da sensação de medo, que levou a população a circular com suas armas e, consequentemente, a um crescimento dos homicídios na região.

Não havia “clima” para falar em desarmamento, ao contrário do Sudeste, onde a estabilidade e mesmo a queda de alguns crimes contribuiu para o sucesso da nova Lei.

Em linhas gerais, isso foi o que aprendi pesquisando a questão nestas duas décadas: onde existem mais armas, existem mais suicídios e homicídios; o estrago é feito pelas armas nacionais de baixo calibre, compradas legalmente e que terminam na mão dos criminosos; portar armas aumenta o risco de ser ferido ou morto num assalto; tanto a Lei 4937/97 quanto o Estatuto do Desarmamento tiveram efeitos significativos sobre os homicídios em São Paulo; estes efeitos são tanto maiores quanto melhor for a implementação e mais favorável a conjuntura.

Nos meus 30 anos de segurança pública, não encontrei nenhuma outra medida ou política pública que tivesse efeitos tão significativos sobre a criminalidade quanto o Estatuto teve. Agora o lobby das armas, aproveitando a conjuntura anti-governo, quer acabar com umas das poucas medidas que serviram para melhorar a segurança deste país.

Pouco adianta falar em pacto para a redução dos homicídios se o Estatuto for revogado. Os homicídios irão retomar com toda a força a trajetória linear de crescimento observada desde os anos 1980 até 2003. Foi o que ocorreu durante a farra das armas. É o que vai acontecer novamente caso o Estatuto seja revogado, na convicção quase unânime da comunidade acadêmica que se debruçou sobre o tema. Se está ruim com ele, ficará muito pior sem.

 

*Túlio Kahn é doutor em ciência política pela USP e considerado um dos principais criminólogos do país.

** Reportagem publicada originalmente pela Ponte Jornalismo. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Sei não…

    Suiça permite o armamento civil(até incentiva) e tem bem menos violência que a Inglaterra que possui muitas restrições a posse de arma(até para policiais)

     

    Brasil com seu maravilhoso desarmamento tem mais homicídio que Ruanda

     

    EUA tem 4,5 mortes por 100 mil habitantes apesar de ser amplamente criticado pela esquerda enquanto Cuba tem 5 mortes por 100 mil habitantes e restringe armas a civis(diga-se de passagem Cuba é disparadamente o pais latino mais seguro)

     

    acho que com a ineficiência estatal para nos proteger as armas são bem vindas

    1. A grande diferença entre Suíça e outros países europeus é

      A grande diferença entre Suíça e outros países europeus é o tipo de arma. Tanto os suíços como em outros países europeus (Suécia, por exemplo) é que são armamentos pesados para defesa em guerras. Os suíços possuem em casa fuzis, metralhadoras e daí para cima, ou seja, ninguém sai na rua com uma metralhadora .50 para matar o vizinho ou para tomar umas que outras no bar da esquina.

      É uma noção de defesa nacional, na suécia por exemplo, as comunas tem tanques e aviões escondidos.

  2. pega a arma do pai e mata irmão

    Façam esta busca na internet para ver o perigo que é ter arma em casa. Uma enxurrada de notícias vinda de todos os estados brasileiros, mostram quão irresponsável é o tal projeto que volta a permitir a compra e posse de armas.

    Duas amostras do que vai virar rotina, se a aprovação vier:

    Criança pega arma do pai e mata irmã:

    http://diariodamatasul.blogspot.com.br/2013/06/tragedia-crianca-pega-arma-do-pai-e.html

    Disparo acidental mata irmã

    http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/03/adolescente-mata-irma-com-disparo-acidental-em-roca-sales-4718689.html

     

     

  3. quem mata mais: armas ou político corrupto?
    Tudo isso tem um único objetivo : desviar o foco dos problemas principais de sonegação fiscal e corrupção.
    A questão das armas eh importante, mas se pensar numa cidade como Rio de Janeiro, quem mata mais serão as armas ou será a ausência proposital do estado nas favelas onde deveria haver investimento em saúde, educação e fomento a atividades econômicas locais? Esta ausência do estado e com fortalecimento dos “donos das bocas” e consequente distribuição de lucros para as autoridades eternamente reeleitas localmente não causam muito mais estragos a milhares de vidas humanas?
    Qual é mesmo o potencial ofensivo das armas em termos de vidas perdidas e qual o potencial letal direto de omissões e fomentos a corrupções como proteção, gás, gatonet, moradias em cohabs ou pedágios para o tráfico?

  4. Não é o governo que vende as

    Não é o governo que vende as armas, mas as empresas que vendem as armas com a aprovação do governo, o que dá praticamente na mesma. O desgoverno dá nisso, um estado fraco dá nisso, a venda do estado para o capital privado dá nisso… o poder de vida e morte fica na mão de um cidadão comum. É como no velho oeste. Já não basta terem as mãos para isso, os empresários através do poder de estado armam a população e lhes dão munição e muito provavelmente assim o fazem para a própria proteção, pois vai que a população descubra que estão sendo enganados. Vi recentemente um humorista americano ir brincar com um ricaço que estava prestes a entrar em seu carrão e ser eletrocutado com uma arma de choque. Os ricaços estão protegendo a si mesmos pois sabem o que fazem com sua própria população e têm medo deles se vingarem. Está claro que eles sabem que o ser humano ainda não é equilibrado o suficiente para ser armar, e com uma arma na mão, tornar-se perigoso como uma bomba relógio! Mas ai está o barato. Não é a toa o poder militar industrial dos EUA, o estado em si deixou de pertencer a população e virou uma arma terrorista nas mãos de alguns poucos inescrupulosos e egoistas que a utilizam do estado fraco e capitalizado para aterrorizar o mundo para seu próprio divertimento, enriquecimento e porque não, para sua própria proteção.

  5. Ueba… a @camaradeputados
    Ueba… a @camaradeputados liberou os armamentos. Já podemos comprar fuzis para matar os políticos filhos da puta que tem dinheiro na Suíça?

  6. É um mentiroso…

    …mas esperar o que de um doutor pela usp?

    Então foi a prosperidade que fez o número de homicídios explodirem no Nordeste nos últimos 15 anos?

    “Nos meus 30 anos de segurança pública, não encontrei nenhuma outra medida ou política pública que tivesse efeitos tão significativos sobre a criminalidade quanto o Estatuto teve.”

    Abaixo respectivamente taxaS de suicídios e homicídios:

    1980 – 3,3 + 11,7 = 15,0 

    1985 – 3,2 + 15,0 = 18,2

    1990 – 3,4 + 22,2 = 25,6

    1995 – 4,2 + 23,8 = 28,0

    2000 – 4,0 + 26,7 = 30,7

    2005 – 4,6 + 25,8 = 30,4

    2010 – 5,0 + 27,4 = 32,4

    Em 2010, 5 anos após o estatuto, tanto os índices de suicídio quanto o de homicídio eram superiores aos de 2005.

    Se voltarmos 30 anos no tempo, o período que o doutor em ciências políticas pela usp, está envolvido com a segurança pública estaremos em 1985. Desse ano para cá a cada cem mil habitantes os brasileiros matam a si próprios 56% a mais e aos mais absurdos 83%.

    O tal do Tulio não pensa nem por um momento que ele e os seus iguais com a abordagem tecnicamente incompetente e seguindo apenas os seus critérios das políticas que formulam, basicamente ideológicos, praticamente dobraram a quantidade de brasileiros mortos em assassinatos? 

    Este elemento é um dos que deveriam fazer penitência pública pelo massacre que submetem os brasileiros diariamente e não ficar mentindo desavergonhadamente! Não possui competência, capacidade e conhecimento para lidar com a questão! Aliás não se importa com os mortos, afinal o seguem o que o velho tio Joe dizia…

    1. Aumentou o nível populacional

      Aumentou o nível populacional dos grandes centros ubranos assim como a disparidade social, concerteza diante destes núemeros se houvessem armas para todos além das mãos da polícia seria um bang-bang brutal. Não venha comprar Brasil com Estados Unidos, aqui o sangue é mais quente qualquer problema seria motivo pra tiro de reolver.

      1. Dos 20 países do mundo com maior acesso às armas…

        …apenas 2 aparecem no ranking de taxa de homicídios com as mesmas. São eles os EUA e o Uruguai. Continuando com estes países que lideram as estátisticas homicidas, apenas 3 não estão no continente americano: Suazilândia, África do Sul e Filipinas. Dos países americanos que lideram os assassinatos a tiros no mundo temos as seguintes posições ÍNDICE DE HOMICÍDIOS / POSSE DE ARMAS PELA POPULAÇÃO:

        Honduras 1º / 87º

        El Salvador 2º / 89º

        Jamaica 3º / 71º

        Venezuela 4º / 58º

        Guatemala 6º / 47º

        Colômbia 7º / 88º

        Brasil 8º / 72º

        Então a questão não são as armas e nem o sangue quente, afinal Norte da África, Oriente Médio, algumas regiões do sul e do centro da Ásia e do leste europeu são tão ou mais passionais que nós.

        A pergunta a ser respondida deve ser: o porquê da vida humana ter menos valor nas Américas… onde está o real motivo? 

    2. Qual a fonte desses dados? E

      Qual a fonte desses dados? E na sua opinião armar a população num país desigual e violento como o Brasil vai solucionar alguma coisa?

      1. Mapa da violência 2014 – Jovens

        Pobreza ou desigualdade não são os principais motivos, muitos outros países em condições miserabilidade iguais ou piores não matam tanto e as vezes com ainda mais armas nas mãos da população. Qual será o problema?

  7. Falácias

       Com esta atual composição do Congresso, é certeza que a proposta passe na Camara, já no Senado pode ter dificuldades, e/ou emendas, mas a discussão é muito mais ampla do que estudos acadêmicos, e palpiteiros em geral, de ambos os lados; refletindo o que está ocorrendo hj. em nossa sociedade, que polariza qualquer assunto, não há espaço para debate civilizado, qualquer opinião diferente, mesmo que embasada, sofrerá patrulha ( as vezes quando acordo, leio algumas postagens, acho que acordei em 1970 ).

         Bobagens são ditas como verdade absoluta:

        1. ” Arma de fogo para defesa pessoal ” : Mesmo o mais eximio expert, treinado tanto na operação como no manejo/segurança, sabe que pode ser surpreendido, pois ninguem anda com uma arma na “mão”, e ja vi idiotas, andarem com pistolas automáticas destravadas, sentarem em um banco, e se acidentarem. O “bandido” sempre estará com a arma na mão, pronta para uso, em situação de stress, e quase sempre com “apoio”.

         2. ” Armas leves dão muito lucro ” : Não dão no mercado interno, o grande retorno neste tipo de produto é na exportação, no mercado local deve-se avaliar o “ciclo de vida util” desta arma, é longo – o produto que dá bastante retorno, internamente, são as munições ( uma pistola de US$ 250,00, com o dono treinando 2 carregadores de 14 munições, a cada 15 dias, em 6 meses gastou o equivalente ao preço da arma ) – e um dos pontos fundamentais do projeto é a maior liberalidade na aquisição de munições.

         3. ” Mas a Suiça, Suécia, Israel, todo mundo tem arma em casa ” : Por obrigação referente a defesa do País, só vi civis armados em Israel, mesmo assim eram “guardas comunitários” ( civis com treinamento militar – 3 anos o normal de qualquer israelense – ), de assentamentos localizados na Cisjordania, em Tel Aviv é muito raro tal procedimento em um civil. O componente cultural tb. deve ser levado em consideração, pois existem dois paises ocidentais onde comprar armas de fogo, é bastante facil, na Finlandia com 14 anos é possivel, no Canadá é mais facil que em alguns estados americanos, nem vou colocar os Paises do Golfo Pérsico, onde se adquiri armas em qualquer “biboca”, e todos estes paises tem um baixo indice de violencia com armas de fogo e acidentes com elas.

          Um ponto pouco analisado, o qual considero o mais importante, é o do porque a “Bancada B & B “, quer montar seus próprios arsenais – não é para “defesa pessoal” . Estão vendendo a idéia de autoproteção – uma asneira – para taxistas, caminhoneiros, etc…., algo muito bom para os marginais, que já entrarão em ação dando tiro e roubando a arma, o que els desejam, na real, é outra “coisa”.

           P.S.: Já vendi, ja treinei, já demonstrei, tal tipo de produto – NUNCA possui uma arma operacional, só tive uma de colecionador ( Beretta 6.35 mm ), da qual me livrei há mais de 20 anos. Por obrigação de trabalho tive “porte de arma”, já devidamente caducado.

    1. junior50

      Hoje quem pede opinião sou eu.

      Uma idéia sem nenhuma base científica, afinal nunca li nada a respeito, mas das regiões pobres do planeta a América Latina é a recordista mundial em homicídios, também foi a que sofreu a maior mudança cultural nos últimos cinquenta anos. Será que existe uma relação entre o aumento da violência “cidadã” com a erosão dos valores tradicionais sem a implantação de novos? Um vazio existencial a ser suprido com conquistas materiais e prazeres sensoriais a qualquer preço? Serve também para as minorias nos EUA.

      Digo isto nos comparando com a África, principalmente a do norte, o Oriente Médio e o sul da Ásia.

       

      1. Pergunta extremamente dificil

           Não sou chegado a sociologia, nem tenho “base cientifica academica “, sou um pratico que comenta sobre experiência/vivência neste mercado – podem me encher o saco, o quanto quiserem, mas como aprendi há anos, armas são um produto – e concordo com vc. referente ao aumento da violência armada na ALatina, sendo respaldada em uma “ausencia de valores”, a qual pode ser melhor analisada e compreendida, não olhando para o Brasil, pois no México, América Central ( Las Maras ), a situação é muito pior, já na Colombia ( trabalhei lá ) as atitudes governamentais foram mais efetivas, e mesmo assim o numero de armas ainda é grande.

            Sobre Norte da Africa, OM, Sul da Asia, Afeganistão, Pakistão, a relação cultural com “armas”, é completamente diferente, é comum, por exemplo no Libano, as “armas da familia”, a qual o “homem” ( um menino de 7/9 anos a ela é apresentado ), praticamente estas “peças” são icones que atravessaram gerações, não importanto se é um “jerzail” ( fuzil afegão do século XIX ), um SMLE , ou uma Makarov 9,0 mm, um AK -47/74/101, ou até um RPG, possuem para o adolescente, uma representatividade – como no Yemen, o menino só é considerado um “homem”, ao receber um punhal – Não se trata, como no Ocidente, – defesa pessoal -, é algo familiar, de clã, até mesmo religioso, pois parte importante dos valores tradicionais destas comunidades ( Umma em arabe ) é passado desta forma.

              Vazio existencial e prazeres sensoriais , minorias:  Tambem a maioria não vai gostar, MAS o ser humano, qualquer um(a), pode ser treinado(a) para matar seu semelhante, o problema em treina-los é selecionar os que possuem a capacidade de analisar uma situação de confronto, e em segundos poderem definir a ação a ser tomada, no ramo chamamos de “screening”, ou seja, em português : Separar os “complexos de Rambo”, comumente são pessoas com este vazio existencial, que provavelmente desejam completar estas suas falhas de personalidade, “montados ” em uma arma. Disparar uma arma, realmente dá um “prazer sensorial” – é até atavico, eliminar uma ameaça, é humano – o que se analisa, separa-se, não é a proficiência técnica, mas o conjunto da ação, pois se este prazer suplantar o necessário a atuação, tanto do elemento, como sua influência no grupo, esta pessoa, por mais proficiente que seja, não está preparado para utilizar uma arma. 

                Minorias: Nos Estados Unidos, América Central e Africa sub-saariana, certas minorias, que ocupam espaços em sociedades a elas resistentes, e até contrarias a sua existência, reagem, como : trafico de drogas, trafico de armas, trafico de pessoas, são as formas que elas se comunicam com estas sociedades que os excluiram, mas que dependem ( compram ) estes serviços, e para garantir este status paralelo a comunidade, adquirem armas, não apenas para se defenderem/atacarem estas comunidades/Estados ( orgãos de segurança ), mas tb. para defenderem-se dos concorrentes, e mostrar, tanto a comunidade, quanto aos que desejam ocupar seus espaços de “ganho financeiro” *, um nivel explicito de Poder, pois na idéia deles, esta atitude extrema, significa que mesmo enquanto minorias ( étnicas no caso ), o poder a eles dado por seus arsenais, e a utilização destes, pode “controlar” esta comunidade em varios niveis, portanto ninguem estará “seguro”.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador