Organizador de ‘rolezinho’ morre após ser agredido em festa

Da Folha

Organizador de ‘rolezinho’ morre após ser espancado em baile funk
 
Lucas Lima, 18, foi agredido por um grupo de pessoas após uma briga; polícia vai investigar
 
Jovem tinha 57 mil seguidores no Facebook; crime ocorreu na zona leste de São Paulo, no sábado
 
Artur Rodrigues

Um dos organizadores dos “rolezinhos” que levaram milhares de jovens aos shoppings de São Paulo, o estudante Lucas Lima, 18, morreu na madrugada de sábado após ser espancado por um grupo de pessoas em um baile funk, na zona leste.

O rapaz, que tinha 56,7 mil seguidores no Facebook, foi sozinho ao baile. “Ele veio me chamar, mas infelizmente eu não fui”, diz o amigo William Santos, 17. “Como ele tinha marcado com uma menina lá, ele resolveu ir sozinho.”

A briga foi no baile que acontece às sextas na rua Terra Brasileira, na Cidade A. E. Carvalho. Segundo amigos, a confusão começou por causa de uma mulher.

“Parece que o cara lutava muay thai e chutou o pescoço dele. Disseram que ele caiu, fizeram uma rodinha e continuaram batendo”, conta William. O jovem morreu devido a um traumatismo craniano e o caso foi registrado como morte suspeita.

Lucas foi dos organizadores de um “rolezinho” que reuniu 3.000 pessoas no shopping Itaquera, em janeiro, que terminou em confusão. Ele se afastou desse tipo de evento por medo de ter de pagar multa de R$ 10 mil, estipulada pela Justiça, a pedido do centro de compras.

A vida de celebridade se restringia à internet. No dia a dia, fazia bicos como ajudante de pedreiro, estudava informática e planejava fazer faculdade de engenharia.

O dinheiro que ganhava era usado para comprar roupas de grife citadas nas letras de funk ostentação. Neste ano, queria economizar para tirar a carteira de motorista.

“Na sala de aula, ele não demonstrava essa liderança”, conta a professora Vanessa Silveira, 30, que dava aulas de sociologia para Lucas na Escola Estadual Milton Cruzeiro. “Dava para ver que não era um nerd, mas não era agressivo, era tranquilo”, diz a professora, que já perdeu outros alunos assassinados –o último foi em janeiro.

Na sexta, Lucas disse à família que iria a uma festa e que dormiria na casa do irmão mais velho. No dia seguinte, o pai dele, o motorista Luiz Carlos de Lima, 63, ficou sabendo da briga.

O pai, então, passou a procurá-lo em hospitais e descobriu que o filho havia dado entrada com parada cardiorrespiratória no Hospital Alípio Correa Neto.

O delegado José Lopes, do 64º DP (Cidade A. E. Carvalho), busca pessoas que socorreram o rapaz para identificar os agressores.

Quem convivia com Lucas custa a acreditar que ele possa ter provocado uma briga ou se envolvido com alguma pessoa comprometida. “Ele não tinha desavenças, só amizades. Todos sabiam que era uma pessoa do bem”, diz a amiga Camila Oliveira, 16.

CASA SIMPLES

Lucas morava com os pais e dois irmãos em uma casa simples, em uma favela na Vila Campanela, na região de Itaquera, a poucas quadras do shopping Itaquera.

Emocionada, a vizinha Maria Gorete Alvares, 50, disse que o menino que viu crescer era caseiro e adorava jogar videogame com os amigos.

Ele foi enterrado na manhã de ontem no Cemitério de Itaquera. Após a cerimônia, a irmã Stephanie Oliveira, 14, escreveu no Facebook: “Foi difícil deixar você naquela caixa coberta de areia, mas agora você está com Deus cuidando de todos”.

O último post do rapaz na rede social incentivava a “parar de viver uma vida imaginária porque curtida e faminha de Face não vão acrescentar nada”. A morte dele foi comentada por centenas de pessoas em seu perfil. As mensagens incluíam homenagens de seguidores e também xingamentos.

 

Redação

3 Comentários

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  1. Aí tem . . .

    Possíveis lideranças populares já são abatidas no nascedouro.

    Vide artistas “funk” da Baixada Santista.

    Algum “Mão Branca” de plantão ?

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