Jornal GGN – “Esses planos [de segurança] são uma resposta à mídia. Uma colcha de retalhos. Depois, nada acontece, porque, depois que que a mídia larga essa crise, estes planos desaparecem”.
A opinião é de Guaracy Mingardi, especialista em segurança pública e ex-Sub-secretário Nacional da área. Em entrevista exclusiva para o jornalista Luis Nassif, do Jornal GGN, Mingardi também endossa o coro de que o plano apresentado pelo Ministério da Justiça do governo Temer é “mais do mesmo”.
Ele também analisa outras políticas para a área, como o Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) e Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). “Nenhum deles [os planos] que está querendo mexer na estrutura da segurança pública, que tem vários problemas”, afirma, citando a falta de integração entre as duas polícias, a Civil e a Militar. “Nos Estados, as polícias Militar e Civil se odeiam”, afirma.
Mingardi também analisa a crise nos presídios brasileiros, ressaltando que o modelo no país favorece para que as organizações criminosas tomem conta das prisões.
Na entrevista, o doutor em ciência política fala sobre o conflito entre as facções no sistema carcerário – que resultou em 134 mortes somente nas duas primeiras semanas do ano – as origens, o funcionamento e a expansão do PCC, a cadeia do tráfico e também sobre a regulamentação das drogas.
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De Darcy para Guaracy: “Não é crise, é projeto”….
Infelizmente, a análise do policial também não se distancia do lugar comum…
Focar no “ódio” inter-institucional é mais do mesmo…A “disputa” entre policiais ostensivos (militares) e repressivos (civis) não é causa, mas efeito…
O sentimento de “ódio” mais corrosivo está no interior das instituições policiais, como resultado de sua estrutura hierarquizada em premissas que desprezam o acúmulo de experiência e a carreira do servidor, ou seja, um candidato aprovado para o cargo delegado ou um aspirante recém formado, com nenhuma vivência é jogado nas ruas e nas delegacias para gerenciar equipes e situações…
Outro problema, e que atinge as polícias foi revelado há muito tempo, e está expresso no livro Polícia na cidade do Rio de Janeiro, seus dilemas e paradoxos (Roberto Kant de Lima)…
Ali, o antropólogo (uma excessão entre os pares cretinos dessa sub-ciência) analisa a forma como a verdade processual (judiciário) e pré-processual (inquérito policial) entram em conflito e dão margem a interpretações a adaptações sempre destinadas ao favorecimento da classe dominante, uma vez que o espaço policial é majoritariamente reservado a choldra, enquanto o judiciário e a jurisprudência destina-se a parte mais rica da sociedade…
Note que quando o “cliente” é pobre, raramente há conflito entre o que indiciou a Polícia e a sentença judicial.
E quando o rico cai na esfera policial, não há conflito porque, raramente, a investigação prospera a ponto de chegar ao judiciário…
Como sabemos, nos casos de “gente comum”, o sistema já está padronizado, como bem disse o Juiz Valois…
Portanto, senhores, não há crise alguma…Não há problema algum com a polícia dentro da lógica do nosso Estado…muito menos com o judiciário…
Nos Jardins, Morumbi, Pampulha, Leblon, Praia do Francês ou Gererê Internacional, a gente branca e bem nascida segue protegida e gozando da paz de cidades europeias…é só ver os índices de letalidade violenta desses pequenos feudos…
Caso ocorra o impensável, e algum “bárbaro” furar o bloqueio de classes e a vigilância policial, e por acidente matar um dos filhos da Casa Grande, a eficiência policial entregará o culpado em poucas horas, nem que seja como no Caso Bar Bodega…
Outra besteira dita é colocar o PCC como grande ameaça…Na verdade, ela é a ameaça mais visível, mas nem de longe a mais perigosa…
O PCC e outras facções só “gerenciam o RH” para o pessoal de cima…O Estado ajuda, é claro, trazendo a precariedade medieval como “incentivo” a adesão às “firmas”…
A verdadeira face da insegurança pública anda de helicóptero e nunca vai preso…