PSL tem número suficiente de assinaturas para criar segunda bancada da bala na Câmara

Frente Parlamentar Armamentista está sendo criada para facilitar ainda mais posse e porte de armas e o fim do monopólio da Taurus/CBC

Jornal GGN – O deputado Loester Trutis (PSL-MS) colheu assinaturas suficientes para criar a Frente Parlamentar Armamentista na Câmara dos Deputados. Segundo informações do blog Fábio Zanini, da Folha de S.Paulo, até meados da última semana, o político havia reunido 174 assinaturas de deputados (além de 4 assinaturas de senadores) para apoiar a nova bancada que necessitaria de 170 assinaturas para sua implementação.

Segundo Trutis a lista deverá chegar a 220 assinaturas e a criação oficial da frente está agendada para o dia 19 de março. Quando questionado porque criar uma segunda bancada da bala, se já existe a Frente Parlamentar da Segurança Pública reunindo 300 deputados (58% da Casa) que defendem os mesmos temas propostos na nova frente, Trutis responde que o objetivo é dividir as agendas para fortalecer todas as causas defendidas pelos parlamentares da bala:

“A segurança tem vários temas para tratar, todos de suma importância. Principalmente o pacote enviado pelo ministro Sérgio Moro. Não vai sobrar tempo para discutir temas armamentistas”, explica.

A proposta do novo grupo é atuar nos temas de posse e porte de armas e derrubar o monopólio das empresas Taurus e CBC que, em 2014, se tornaram uma só. Trutis que é empresário do ramo de alimentos no Mato Grosso do Sul e se diz adepto ao tiro esportivo e da caça, acusa a Taurus/CBC de produzir armamentos de qualidade inferior para o mercado brasileiro, e que teriam um índice de problemas 60 vezes maior do que o padrão internacional.

Em resposta às acusações, a Taurus respondeu em nota à Folha que os argumentos do deputado não fazem “sentido”.

“A companhia produz cerca de 1 milhão de armas por ano. Destas, aproximadamente 10% são comercializadas no Brasil. Portanto, não seria razoável acreditar que para cada 10 armas, 9 são produzidas com qualidade superior e, mudando os critérios, uma é produzida com qualidade inferior. Isso não existe e não seria viável”, disse a fabricante.

O monopólio da Taurus existe baseado em regulamentações do Exército e na lei 12.598/12, dispositivos legais que instituem que a venda de armas e munição no Brasil sejam prerrogativas de empresas nacionais.

Entenda a discussão pelo fim do monopólio

O fim do monopólio da Taurus é um tema defendido há anos pela família Bolsonaro e políticos ligados ao governo.

Logo após assinar o decreto de 15 de janeiro, que facilitou o porte de armas à população, o presidente pediu para os seguidores ainda não comprarem armas enquanto não editar um novo decreto derrubar o monopólio.

“Ninguém compra arma, não, que a gente vai, num decretão lá, já que é decreto, a gente vai acabar com o monopólio, tá ok?” Em seguida, o presidente afirmou que vai zerar impostos sobre armas.

Há cerca de dois anos, o deputado federal (PSL-SP) e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, gravou um vídeo na feira de armas Show, em Las Vegas, nos Estados Unidos falando da “decadência notória (da Taurus) no mundo inteiro”, completando:

“A nossa luta é para abrir o mercado nacional. É para colocar dentro do Brasil fabricantes internacionais que querem ir para lá mas não conseguem devido ao lobby e, principalmente, problemas políticos dentro do Ministério da Defesa”, criticou na época.

No artigo “Xadrez da indústria de armas e o financiamento da direita“, Luis Nassif lembrou de um twitter de Eduardo, escrito em 17 de janeiro de 2017, mostrando a sua relação estreita com a NRA, a Associação Nacional de Rifles dos Estados Unidos:

“De fato, no dia 11 de junho passado, Bolsonaro já mostrara que haviam frutificado suas relações com a NRA. Anunciou que, se eleito, acabaria com o monopólio da Taurus, alterando o artigo 190 do Decreto 3.665, de 2.000, sobre produtos controlados. Diz o decreto: ‘o produto controlado que estiver sendo fabricado no país, por indústria considerada de valor estratégico pelo Exército, terá a importação negada ou restringida’”,

“No dia 10 de novembro de 2018, o site da America´s 1st Freedom, da NRA, dizia ‘Tiremos o chapéu para Bolsonaro por ver a situação pelo que realmente é’”, completou Nassif.

Nos Estados Unidos, as organizações ligadas à indústria de armas financiam a carreira de políticos. Só entre janeiro e março de 2013, a NRA e a Associação Nacional pelo Direito às Armas (NAGR, na sigla em inglês) haviam destinado US$ 3,8 milhões para fazer lobby junto a deputados e senadores americanos.

Aqui no Brasil, segundo levantamento realizado pelo Congresso em Foco, nas eleições de 2014 “mais de 70% dos candidatos que receberam legalmente doações de campanha da indústria de armas e munições se elegeram em outubro”.

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Redação

2 Comentários

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  1. A cultura de armas lembra muito o movimento de milícias americano (1990)

    contra quem pretendem usar as armas importadas, contra os pobres?

    pergunto porque lá nos estados unidos foi completamente diferente alegaram que a população tinha o direito de se armar até mesmo contra o próprio governo e sem qualquer limitação

  2. que vergonha o povo brasileiro passando fome, cada dia mais miserável, mais burro e esses animais querem saber de arma, de ganhar dinheiro com o sangue do preto do pobre, aquele Moro também. todos querem uma fatia da industria armamentista.

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