Secretaria de Segurança omitiu dados negativos da violência policial em SP

 

Jornal GGN – O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, informou que houve uma queda de 20% no número de mortes por policiais militares, em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. Entretanto, o número revela que, com o acumulado do ano, a redução foi de apenas 2%. Os dados da SSP ainda omitiram números de mortes por PMs de folga e por policiais civis.

 

No mesmo trimestre anterior (maio a junho de 2015), os dados foram liberados em conjunto com os demais do balanço da PM. Ao contrário do recorte favorável divulgado pela secretaria, a letalidade policial nos primeiros nove meses de 2015, na realidade, subiu 1%, apesar da queda de 2% das mortes por PMs em serviço.

 

Também omitido pelo secretário, o número de mortes por militares de folga também foi maior no terceiro do que no segundo trimestre do ano. De acordo com a Folha, “não é possível saber se cresceu ante 2014 porque a gestão Alckmin mantém os dados do ano passado em segredo”.

 

Nesses números que entram o caso da maior chacina cometida por PMs este ano, em agosto, quando pelo menos 23 pessoas foram assassinadas em Osasco e Barueri. 

 

Antes de Moraes entrar para a SSP, os dados eram divulgados de uma só vez todo o dia 25 de cada mês, e os de letalidade policial eram publicados trimestralmente, todos juntos. Agora, eles são picotados.

 

À reportagem da Folha, o advogado Rafael Custódio, da ONG Conectas Direitos Humanos, denunciou a “tentativa muito pouco nobre de esconder o que não se pode” e afirmou que “nada justifica um falseamento de informação”.

 

“Pode parecer esperteza a curto prazo, mas é uma tragédia a médio porque desacredita políticas bem sucedidas, como ‘será que de fato alguma ação deu certo ou foi divulgada de tal maneira para manipular a opinião pública?'”, disse o pesquisador do Núcleo de Estudos em Violência da USP, Bruno Paes Manso. 

 

Já José Carlos Abissamra Filho, advogado e membro do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), entendeu que a divulgação parcial das estatísticas viola a Constituição, que assegura o direito à informação. “É preciso tomar cuidado com números. A letalidade policial é muito alta e preocupante, a gente mata como se estivéssemos em guerra”, afirmou.