Um governo que decide tudo pela morte, por Janio de Freitas

Jornal GGN – O presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar a instalação de mais de 8 mil radares eletrônicos em estradas no país. A decisão aconteceu no domingo passado (31 de março), quando já estava em visita a Israel.

“Pela internet, interrompeu a participação na campanha eleitoral da direita radical israelense e comunicou o fim, à medida que acabem os contratos, da vigilância eletrônica das velocidades em rodovias federais —as lombadas eletrônicas ou radares fixos”, completa Janio de Freitas na coluna desta quinta-feira (04), na Folha de S.Paulo.

O articulista chama atenção ao raciocínio do presidente de quem a culpa é dos radares. “É quase impossível você viajar sem receber uma multa”, justificou Bolsonaro via Twitter.

O presidente disse ainda que o objetivo dos radares é arrecadar recursos para os estados, e não salvar vidas. “Sabemos que a grande maioria destes têm o único intuito de retomo financeiro ao estado”, declarou o mandatário.

Na avaliação de Janio de Freitas, o pensamento de Bolsonaro era esperado lembrando de seu “ímpeto desordeiro” já apresentado em outras ocasiões, exemplo de quando foi multado por um fiscal do Ibama (demitido há dias) por invadir uma estação ecológica vedada à presença humana para pescar.

“A eficiência dos radares está comprovada pela redução de mortes nas estradas que os têm. E ainda pelo aumento de 50% dos registros de infração em 2017-18. Extinguir a vigilância eletrônica que reprime a provocação de mortes, portanto, é agir contra a vida. Coerente em governo que promove o uso de armas, porém mais uma atitude contrária ao povo desprovido de governo”, observa Janio de Freitas.

O colunista destaca ainda que a argumentação do presidente, de querer acabar com “a indústria da multa” é uma campanha mentirosa. “O pagamento das multas é recolhido pelo governo, sem participação das concessionárias”, explica Janio.

Para o articulista a ação de Bolsonaro em relação aos radares é semelhante a de seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao criar uma comissão especial para estudar os tributos incidentes sobre os cigarros.

“Em toda parte, mesmo no Brasil e apesar da força dos fabricantes e da publicidade, há sempre mais medidas para reduzir o consumo de tabaco, em especial o do cigarro. Apesar da astronômica arrecadação que a indústria cigarreira representa para os governos, a luta da medicina se impôs contra essa causa de doenças horríveis e mortes prematuras. É uma vitória de alcance mundial”.

Moro afirma que seu pretexto não tem a ver com tributos, mas sim com o contrabando de cigarros paraguaios. Mas Janio pondera que mais inteligente seria reprimir o contrabando “com ação policial eficaz, cuja responsabilidade, no caso, é do ministro da Justiça interessado em tributos que baixem o preço do cigarro brasileiro”, completa.

Janio finaliza lembrando da obviedade da lógica de que cigarro mais barato é estímulo ao consumo maior ou “no mínimo, à contenção da constante queda”.

“Logo, é um modo de disseminar doenças e mortes em maior número, sobretudo entre jovens e os mais pobres, uns e outros com menos dinheiro disponível. Missão injustificável que Sergio Moro se atribuiu. Ou aceitou. Em favor da única indústria que tem um lobby equivalente ao das armas, se não mais forte”, conclui Janio. Para ler sua coluna na íntegra, clique aqui.

Redação

Redação

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  • Esse é o resultado de se ter um presidente idiota, individualista, sem noção etc. O que vai ter de mortes nas estradas... Como dia Blaise Cendrars em "E homens vieram" "O Brasil é um paraiso... E inferno".

  • Matar, matar, matar, matar...
    O desgoverno Bolsonaro não tem outra proposta.
    Se não for enterrado esse governo irá provocar um genocídio.

  • e este tipo de mentalidade anti-crística, não incomodam em nada os "fariseus" (hipócritas) da bancada da bíblia, os tais evangélicos em nada evangelistas. Para eles realmente é uma guerra santa, onde o filho do presidente já deu uma ideia: "que se explodam"

  • Penso que as eleições revelaram a verdadeira identidade do povo brasileiro. 39% se identificam com algum ou todos os valores manifestados por Bolsonaro. 29% estão preocupados apenas com suas vidas pessoais (no máximo, familiares) e querem que o Brasil se foda. Apenas 32% quer fazer do Brasil uma Nação Democrática (justa, solidária, humana).
    A morte, a violência, o furto, a mentira estão destruindo o Brasil. Apenas 32% estão resistindo, mas são minoria e ainda não tem força suficiente para destruir quem tenta nos exterminar.
    É assim que eu vejo...

  • a reiteraa conjugação do verbo matar
    por este infame governo resulta num
    substantivo cruel
    - genocídio....

  • "Moro afirma que seu pretexto não tem a ver com tributos, mas sim com o contrabando de cigarros paraguaios"- mas contrabando tem tudo a ver com tributos, por outro lado, não se leva em conta o custo para a seguridade social de alguém com doença causada pelo tabaco. O inquisidor da república de Curitiba faz páreo duro com seu chefe.

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