Wilson Witzel e o poder das milícias, por Sidney Rezende

“Combater o inimigo à distância, como traficantes  é mais fácil do que cortar na carne quem está ao seu lado”
 
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
 
Jornal GGN – No discurso de posse como governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) destacou que sua gestão irá enfrentar os “narcoterroristas”, se referindo aos traficantes. Mas em sua coluna, publicada nesta quinta-feira (03), no portal SRZD, Sidney Rezende, avalia que a solução do problema da segurança pública no Estado ficou mais complexa nos últimos anos, e exige atenção especial às milícias. 
 
Um levantamento feito pelo portal The Intercept Brasil, com base nas informações do Disque Denúncia, revela o aumento da atuação criminosa desse grupos armados, formados por integrantes e ex-integrantes de forças de segurança do Estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenciários. Entre 2016 e 2017, o serviço recebeu 6.475 ligações anônimas referente às atividades de traficantes e paramilitares na capital – 65% contra milicianos.
 
Rezende destaca, ainda, que eles estão ligados ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, “um crime planejado desde 2017”, segundo ex-secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo. Recentemente, a Polícia Civil apurou um plano de milicianos para executar o deputado federal eleito Marcelo Freixo. 
 
Sem promover uma política de segurança que inclua a repressão e desmantelamento das milícias no Rio, o governo Witzel não será eficiente neste setor, completa o colunista lembrando que em um ano, o RJ registrou o aumento de 7,2% da taxa de mortes por 100 mil habitantes. 
 
“Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o estado saiu de 6.262 casos, em 2016, para 6.749, no ano passado. Vamos aguardar os números completos de 2018”, reforça 
 
“Identificar e combater o inimigo à distância, o caso dos traficantes e do comércio de drogas, é mais fácil do que cortar na carne quem está ao seu lado”, arremata Rezende, pontuando que esses grupos são formados por integrantes e ex-integrantes das forças de segurança do Estado.
 
Logo após vencer a eleição, Witzel disse em entrevista na GloboNews que na sua gestão a polícia vai mirar para matar: “O certo é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”, se referindo aos traficantes, completando em seguida:
 
“Raramente um sniper atira em quem está de guarda-chuva. E muito menos em quem está com furadeira. Os militares da Core e do Bope inclusive serão treinados. Hoje, na Cidade de Deus, um helicóptero filmou cinco elementos armados de fuzis. Ali, se você tem uma operação em que nossos militares estão autorizados a realizar o abate, todos eles serão eliminados”, respondeu quando questionado sobre a morte de inocentes baleados porque estavam portando materiais que foram confundidos com armas pelos policiais.
 
“Por mais que as declarações tenham sido mal recebidas aqui e no exterior, o novato governante sabe que suas palavras encontram acolhimento popular, mas que não são unanimidade”, reflete Rezende, pontuando em seguida que “embora se diga que haverá uma reorganização das estruturas policiais com objetivo de investigar – e de prender aqueles que comandam o crime organizado e praticam a lavagem de dinheiro -, não se encontra a mesma clareza quanto ao perigo do espalhamento das milícias”.
 
O novo governador do Rio prometeu que irá observar de perto a atuação da Segurança Pública durante a gestão. “Esta é uma excelente notícia, porque aproximará o poder político do poder policial. Mas, só funcionará, se o desmantelamento ao crime organizado das milícias for uma realidade”, conclui Rezende. Para ler seu artigo na íntegra, clique aqui. 
 
Redação

3 Comentários

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  1. só vai piorar para os inocentes…

    pelos carrões que cruzam a cidade com o passe Bolsonaro nos vidros, até herdeiros de bicheiros, duvido muito que haverá combate ou melhorias na segurança da cidade e das comunidades capturadas para todo o sempre

  2. Para quem sabe ler nas entrelinhas

    Não é preciso ser expert para deduzir que o poder das milícias crescerá no vácuo deixado pelos traficantes. Ao combater um só lado do crime, justamente o mais fraco, nosso governador fará um belo trabalho de fortalecimento das milícias ao mesmo tempo que joga para a plateia com uma pirotecnia cara. Ele sabe disso, os milicianos e os traficantes também. Só seus eleitores bobinhos é que ainda não sabem.

  3. Coincidentemente
    Assisti hoje uma entrevista do ex primeiro ministro sueco onde era apresentado quase uma vida estóica, e mais tarde assisto entrevista deste governador justificando o uso de avião da FAB para ir a Brasília. Nossos dirigentes não estão nem aí. É tudo perfeitamente normal. Pena saber que nem o PT deu jeito.

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