A canibalização da TAM

Não há lógica empresarial que explique o desmonte ao qual foi submetida a TAM na gestão Marcos Bologna, em um momento em que a empresa registrava os melhores resultados da sua história — não por seus méritos mas pela concentração de mercado e queda do dólar.

Os ganhos desses anos poderiam ter sido utilizados para consolidar um novo patamar da companhia. Em vez disso, o que se viu foi uma busca sôfrega por resultados imediatos a qualquer preço, comprometendo o futuro da companhia.

Qual a lógica por trás desse suicídio? Só pode estar na perda de controle dos acionistas sobre os atos dos executivos. Sempre que uma diretoria tem consciência de suas limitações, não tem segurança sobre seu futuro e não tem respeito pela companhia, ocorre esse processo de canibalização da imagem da companhia, buscando o melhor resultado no prazo mais curto possível. Garante-se o bônus e os sucessores que descasquem o abacaxi da imagem prejudicada, dos sistemas de controle e de qualidade arrebentados.

A história empresarial recente está repleta de exemplos semelhantes.

Essa história de, em pleno incêndio, a companhia continuar sofregamente a vender passagens é um desespero que não se justifica pela situação financeira da empresa. O desespero é dos executivos, não da companhia.

Do lado de fora, dá para se ver o desmonte dos controles naquilo que chega até o consumidor. Se a parte mais visível está esse estado, como estariam os controles internos?

Que a família Rolim abra os olhos enquanto é tempo. A empresa está claramente passando por uma crise de governança de proporções consideráveis.

PS – Alguns leitores solicitam o link da coluna que escrevi em 22 de agosto passado sobre a decadência da TAM. Clique aqui.

Luis Nassif

36 Comentários

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  1. Pois é ,Nassif,o consumidor
    Pois é ,Nassif,o consumidor que se dane.Depois caem as vendas e é o governo quem tem que socorrer a empresa .A Varig foi um problema diferente mas para as pessoas que queriam viajar foi um desastre igual.Esse seria o “capitalismo” brasileiro?Produtos e serviços sofriveis por preços altos ,desrespeito aos direitos do consumidor e quando a casa cai é o tesouro nacional que tem que tratar as empresas como “filhas” (“nossa Varig”,por exemplo).Acho que chega dessa historia de “papai me empresta o carro”.

  2. É, caro Nassif, o desastre da
    É, caro Nassif, o desastre da TAM é exemplar para desconstruir algum mitos. Um deles é o da superioridade, em termos de gestão, de capacidade empresarial, das grande em presas. O segundo mito é que a propriedade privada é um mecanismo para impedir a destruição das empresas, como acontece com o setor público. O terceiro mito é o de que existe governaça corporativa eficaz, capaz de impedir tais desastres controlando eficazmente a ação dos executivos. Isso nos faz cair no caso dos MBAs, principais responsáveis por essa geração de novos gestores movidos a resultados de curto prazo que justifiquem suas incríveis remunerações. Abraços, Paulo de Tarso.

  3. Isso que está ocorrendo na
    Isso que está ocorrendo na TAM,que você inteligentemente diagnosticou no seu comentário,é o que acontece quando numa companhia de porte como esta,acontece a substituição da Presidencia,como ocorreu abruptamente na TAM,com a substituiçao do Com.Rolim por este profissional de mercado,que esqueceu-se da sensibilidade,tão constante na antiga presidencia,e só pensando em resultados e resultados rápidos,leva a Cia a este estágio,de onde sair fica quase impossível.É necessário crrescer sim,porem sem atropelar,e sem desrrespeitar os clientes,pois a gana por resultados a qualquer preço,pode ter um preço desagradável.

  4. Paulo, desde os anos 70
    Paulo, desde os anos 70 acompanho os desastres que a Booz Allen produziu no país com sua consultoria-caixa-preta. É impressionante como usam o manual atropelando o bom senso.

  5. O assunto “burradas de
    O assunto “burradas de diretoria” ,
    para não dizer outra coisa, é muito
    rico(sem trocadilho).Quando lá por
    volta de 1980,a VW estava produzindo 2200 carros/dia e desses
    850 modelo brasilia,isto é,já estourando seu limite de produção,
    eis que vai um diretor da empreza na
    televisão e anuncia a substituição
    da brasília por um novo modêlo !
    Os pedidos da brasília desabaram.
    Na semana seguinte a produção
    era de 45 carros/dia e o modelo gol
    ainda estava verde.Só aí já dá para
    avaliar o tamanho do monte de Mist.
    Aí para completar,o gol foi lançado
    com o motor superado,refrigerado
    a gasolina,quando o motor a água
    já estava disponível.Mais Mist ! Depois se uniu à Ford: Mist ! Sucateou os meios produtivos do
    lindo SP 2,quando a procura só
    aumentava.Tudo isto,sem me
    consultar ou ao Lula,que eu saiba!
    Tem mais,muito mais,só que o
    espírito de puxa saco nos inibe de
    clarear estas coisas!Vamos lá minha
    gente,não é só a TAM e a VW.Tem
    tambem a Cofap,a Arno , a Elny a Brasinca entre outras.É um assunto
    que recomendo para a meditação dos de muita “Inteligência Emocional”enfim para os puxa sacos
    que rezam fervorosamente pelo bem
    dos patrões e se esquecem que estão desempregados…

  6. A TAM está com sérios
    A TAM está com sérios problemas de administração. Os atrasos têm como causa principal o uso irresponsável do overbooking (Política Comercial). O comunicado de ontem na TV é uma lástima no conteúdo e na forma. Além do conteúdo gerar dúvidas no telespectador, não é sequer definida a pessoa que faz a comunicação. (Política de Comunicação). Tá ruim a coisa lá. Mas sejamos justos: overbooking é uma prática generalizada, que só é notícia quando muita gente é prejudicada ao mesmo tempo. Não vejo críticas quanto ao seu uso, que fere os direitos do consumidor.

  7. Bom dia Nassif, espero que
    Bom dia Nassif, espero que seu Natal tenha sido bom e feliz junto aos seus. Já digo que não entendo nada de economia, sou psicoterapeuta e escritora de romances, mas vou dar meu palpite, aliás fazer perguntas, pois tem coisas que não consigo entender. A situação que você descreve da TAM, a meu ver se parece muito com o que querem, alguns segmentos é claro, que aconteça com o tal Crescimento do Brasil, parece que isto tem que acontecer a qualquer custo, para que ele entre na escala dos maiores crescimentos mundiais, não é isto? Para que isto aconteça não é a classe média baixa e os pobres que perdem? Não é isto que acontece com os usuários da TAM também? Estou viajando? È melhor continuar escrever meus livrinhos?
    Feliz Ano Novo
    Bjs
    Ciça

  8. Eu também vi uma experiência
    Eu também vi uma experiência catastrófica com a Booz Allen. Ela, para um projeto específico, se associou a um instituto de pesquisas. Cerca de vinte professores doutores escreveram vários textos sobre diferentes setores da economia brasileira. O trabalho da Booz Allen foi enviar um garoto novinho, nem sei se era formado em algo ou ainda estagiava, para colocar aquelas análises em uma planilha. Preciso dizer o que aconteceu? O desencanto foi tão grande que duvido que algum dos professores tenha lido o relatório final. A conclusão do relatório? Era para privatizar o BB. Algo que não seria endossado por mais de 90% daqueles profesores. Um desses professore, no meio do projeto, deu uma entrevista criticando o governo federal e a Booz Allen se imaginou ter poderes para recriminar a tal entrevista. Foi uma péssima experiência. O que todas essas consultorias fazem é importar técnicas do exterior e mandar um %!@$&@#pau para implementá-las nas empresas, o que, obviamente, não pode dar certo. A TAM talvez tenha se tornado prisioneira desse tipo de gente. Abraços, Paulo de Tarso.

  9. Que quem for viajar de avião
    Que quem for viajar de avião que compre passagens da Gol ou da Varig. Ficar reclamando com a barriga no balcão não resolve nada.

  10. E Schumpeter ainda está fora
    E Schumpeter ainda está fora de moda! Só por ser considerado economista heterodoxo (não era marxista).
    Bem que ele avisou que o problema do capitalismo era a profissionalização da gestão, que vinha com o crescimento das empresas e matava o espírito empreendedor. Neste caso parece que o espírito do Cap. Rolin já está longe, ficou no ‘cases’ de gestão.
    Exemplar no atendimento ao cliente e em gestão de crise. O pessoal da TAM está precisando ler ‘cases’ sobre a época dele!!!

  11. É engraçado como algumas
    É engraçado como algumas pessoas se deixam levar por perfumarias. O Sr. Rolim queria os comandantes na porta(ainda não conseguiram acabar com essa aberração, para desesperos dos comandantes), não queria que os vôos atrasassem de forma colocando em risco a segurança. Economizava no combustível na menutenção e no treinamento. Mas o atendimento, a perfumaria, era ótimo. Ora, vamos parar de endeusar esse cara.

  12. Nassif, concordo plenamente
    Nassif, concordo plenamente com você. Eu voo de TAM regularmente há bastante de tempo, e de fato o nível de serviço que o Cmdte. Rolim pregava desapareceu completamente.
    E a situação dos atrasos que virou notícia nos últimos 2 ou 3 meses é muito mais antiga do que isso. Acredito que a quantidade de funcionários está em um nível inferior ao necessário para o volume de passageiros, o que, obviamente provoca a queda no nível de serviço.

    Se a GOL implantar um programa de milhagem similar ao que a VARIG tinha, garanto que vai roubar um grande market-share da TAM, pois, no meu ponto de vista, é o único diferencial que ainda persiste entre as duas.
    Ainda sobre o programa de milhagens da TAM, no último foi implantado um novo sistema de tarifas que amarra a pontuação ao preço pago pela passagem, diminuindo substancialmente as milhas distribuidas.
    Torço para que a nova Varig volte a voar com o nível de qualidade e a malha que a antiga Varig tinha. Se isso acontecer, a TAM terá um céu bastante turbulento pela frente.

  13. Esse tal Bolonha ainda é
    Esse tal Bolonha ainda é representante das empresas aereas, antes do verdadeiro motivo vir a tona destilou soberba e abrobinha sobre as solucções, a solução é controle das açoes da empresas envolvidas, responsabilidade no preço e nas rotas, também houve uma concorrência desonesta e predatória.

  14. Caro Nassif,

    Parabéns, você
    Caro Nassif,

    Parabéns, você tinha toda razão na análise de agosto. Gostei também dos comentários dos seus leitores. Também acho que os headhunters em muitos casos selecionam candidatos absolutamente capengas. E os vendem caríssimo, ludibriando os acionistas. É lamentável quando a empresa é de capital aberto.

  15. olá Nassif,
    pena não ter
    olá Nassif,
    pena não ter lido antes seu artigo sobre a Tam, aí talvez não tivesse comprado passagens para a família toda no fim de ano! mas, pensando bem, não sobra muita alternativa, não é? Resolvi mudar para a Tam depois de ser pessimamente atendida pela Gol – mais de uma vez. O desrespeito pelo consumidor não é de hoje, há mais de um ano escrevi um email indignado a Gol, pela forma que era feito o check -in de passageiros especiais e não recebi nenhuma resposta – nem mesmo um email de resposta automática. Lamentável.

  16. A piada corrente entre o
    A piada corrente entre o pessoal que trabalha em aviação é que a Gol não tem linha para Nova York pois não achou ainda um fornecedor para a barra de cereal de dois metros !
    Bem fora isso , a TAM como outras empresas tem um problema fundamental em escolher seus executivos: eles não estão conectados com o negócio de sua empresa. Este divórcio é cada vez mais comum. Pelo menos neste ponto a Varig com todos os seus percalços tinha uma diretoria que realmente sabia o que é uma aéra ( ainda que em algum ponto perdeu-se a mão ), talvez por isso foi possível sobreviver tanto tempo . Outro exemplo notável é o da GM , que quando era dirigida por engenheiros sempre possuia os modelos de referência do mercado, e era lider inconteste no seu setor. Já hoje o padrão é ditado por Toyota, ainda que o paradigma de qualidade seja um Honda.
    A administração de Iacocca , tanto na Chrysler como na Ford, também é um exemplo claro de como alguém que conhece o negócio faz toda a diferença.
    Agora a crise toda se instala no sistema de remuneração dos executivos , que possuem bonus atrelados a resultados , que podem ser ótimos enquanto ocupam suas cadeiras ,ainda que artificiais e insustentáveis, mas quando saem ” por causa de um desafio maior “, na maior parte das vezes exigem um bombeiro para apagar o fogo e resgatar as vítimas dos destroços!

  17. Não tenha dúvida, Daniel. Há
    Não tenha dúvida, Daniel. Há muito executivo que aproveita as brechas de desinformação dos controladores. Mas está em tempo do Conselho abrir os olhos.

  18. Caro Nassif,relí novamente o
    Caro Nassif,relí novamente o seu comentário sobre a TAM e o comando do seu saudoso presidente Rolim,publicado em agosto,onde numa conversa com um estudioso em admnistração comercial o ex-pres.da TAM,defendia continuar com seus valores,onde não só interessava o alto lucro,mas tambem o bom serviço ao cliente,e o respeito aos horários ,e aos funcionários.Com a sua morte repentinamente aquela Cia ficou à mercê de profissionais que só pensam em retôrno financeiro e resultado imediato.Trabalho numa empresa que é líder no seu segmento,sendo hoje a maior empregadora do comércio do País,e que foi durante meio século dirigida pelo seu fundador,substituído pelo seu filho,que tem o mesmo tino comercial e social do patriarca da Cia,vê-se agora na iminencia de aceitar ser administrada pelos sócios extrangeiros,que não têm nenhuma responsabilidade social com a “nossa gente”(esta frase foi durante muito tempo,a tônica da Cia)e vê a provável substituição do seu Pres.do Conselho de Administração,por um profissional de mercado,que tem tudo para fazer do Grupo onde trabalho,uma cópia deste descalabro que ocorre hoje com a TAM,e outras empresas que só pensam em resultados urgentes,e esquecem-se que o seu maior patrimonio,é o conceito que têm no mercado,o seu quadro de colaboradores,e a sua visão de responsabilidade social.Tomara que eles mudem de atitude,antes que seja tarde demais.

  19. Pior é a cara de pau do
    Pior é a cara de pau do comunicado oficial da TAM dando conta que a ocupação das aeronaves foi similar à do ano passado, e os atrasos foram, em média, neste dias, de 50 minutos… não devem ter lido jornal ou não passaram em aeroportos ou vivem em outro planeta. as capas de jornais devem ter sido mentirosas, e as filas em são paulo foram miragem.

  20. Um dos marcos da idéia de se
    Um dos marcos da idéia de se entregar a direção de grandes empresas da economia produtiva a executivos financeiros sem experiência no setor foi a chamada Era dos Conglomerados que ocorreu nos Estados Unidos no inicio da década de 70. Um nome emblemático dessa fase foi Harold Geneen, auditor por profissão e que de controller da International Telephone and Telegraph, a famosa ITT passou a CEO, consolidando o conceito de que todos os negócios são iguais e que um executivo financeiro treinado pode dirigir qualquer negocio a partir de metas exclusivamente financeiras. Levando a pratica as sua filosofia Geneen adquiriu em pouco tempo 400 empresas, incluindo nomes famosos, como a rede de hotéis Sheraton e as dirigia exclusivamente através de budgets e rigorosos controles financeiros.
    Geneen criou escola e clones, mas pelo menos ele tinha certa originalidade e intuição que seus imitadores não tinham. Um deles ficou famoso com o cognome de Serra Elétrica, Alfred Dunlap, que no comando da Sunbeam, tradicional marca de eletrodomésticos, virou capa da Business Week ao fechar metade das fabricas do grupo e demitir dois terços da força de trabalho de 30.000 empregados.
    No primeiro ano a economia produzida elevou as alturas o lucro da Sunbem, mas tudo o mais foi sacrificado. Dois anos depois a farsa virou tragédia e empresa estava destruída.
    Na GM surgiu um tipo desses mágicos dos números, um certo Jose Lopez de Arriortua, um basco que foi projetado a diretor mundial de suprimentos. O tipo, todo cheio de manias, chamava o fornecedor de 50 anos e lhe dava quinze minutos de audiência, na qual exigia brutais reduções de custo de até 40% sob pena de ser riscado da lista de fornecedores. Com a façanha virou capa da Business Week, uma espécie de freqüente beijo da morte para esse tipo de farsante. A GM destruiu relacionamentos de décadas com fornecedores, o truque acabou logo, o basco foi demitido, mas levou com ele uma tonelada de documentos que vendeu a Volks, que o contratou para o mesmo cargo, sendo ambos, ele e Volks, processados com todo o vigor pela GM, tendo a questão acabado em um acordo milionário a custa da Volks, tendo o tal Lopez desaparecido do mapa.
    É relativamente fácil criar lucros a curto prazo vendendo o futuro da empresa, queimando seu capital intangível. O truque é velho mas tem quem caia nele como se cai ainda hoje no conto do bilhete premiado. Mas, a grande maioria das corporações mundiais não entra nessa. Em setores como petróleo, aviação, energia elétrica, o conhecimento e a experiência no ramo são fundamentais. Alguns grupos financistas não pensam assim e entregam grandes empresas a quem não é do ramo, como foi o caso da TAM, da Telamar e de outras. É uma aposta arriscada, mas a historia recente das corporações não registra muitas vitórias desse jogo perigoso. As vezes o risco é mascarado por ventos muito favoráveis a determinados setores, cobrindo erros e disfarçando incapacidades. Mas quando bate a hora de verdade e muito difícil um estranho no ninho chocar o ovo certo e o desastre anunciado se consuma a vista de todos.

  21. Fantástico, agora estou
    Fantástico, agora estou entendendo meu aluno….
    Há aproximadamente dois anos tive um aluno de graduação que como resposta a minha inquietação sobre os seus maus resultados na disciplina que leciono, o mesmo respondeu.
    – Não estou interessado em aprender engenharia, vou ser diretor de uma grande empresa.
    Como pensava em conhecer o mundo até aquela data emiti a seguinte afirmação.
    – Não se entra diretor em nenhuma empresa, salvo se fores filho do dono, que não era o caso, e o dono for um grande irresponsável. Geralmente os quadros de direção são forjados a partir de funcionários da produção que mostram capacidade de gestão.
    Ao dizer tamanha besteira fui rapidamente interpelado pelo meu brilhante interlocutor.
    – Vou fazer um MBA e a seguir vou conseguir um trabalho de diretor.
    Vejam vocês, não é que o fulano estava com a razão, hoje em dia temos gestores de conglomerados de grande porte que entendem pouco ou nada do processo produtivo ou do mercado daquilo que eles gerenciam. Quando isto ocorria somente com os “consultores”, tudo bem, estes apresentavam a suas cacas que eram implantadas ou não, e se fossem implantadas e mostrassem insucesso elas eram removidas naturalmente.
    Temos hoje em dia gestores profissionais, que pulam de uma fábrica de absorventes higiênicos para a hotelaria, e com a perspicácia de um grande técnico utilizam as suas ferramentas.
    Ai que saudade do velho capitalismo assente no capitalista, ai que saudade da grande empresa familiar, aí o futuro da empresa era confundido com o futuro dos netos do diretor-presidente.

  22. E essa mesma gente acha que
    E essa mesma gente acha que para quase todos os problemas do setor público a solução é a privatização…
    Já imaginou um conselho gestor deste de posse da previdência? Peraí!!! Será que não foi isso o que aconteceu???
    A empresa OESP mídia direta também sofreu um processo como este. Entrou uma diretora de RH lá uns anos atrás e demitiu gente a torto e a direito (no melhor estilo Downsizing is everything), criou regras absurdas, diminuiu os rendimentos dos vendedores e depois fechou um hotel para o pessoal ficar por uns dias no fechamento do ano em uma espécie de “retiro” com direito a show da Marisa Monte… Todo mundo endividado. Pouco tempo depois e vários funcionários experientes demitidos (alguns em tratamento psicológico, com casos de aposentadoria por invalidez provocada por trauma nervoso!) a famigerada foi demitida mas a empresa, antes muito sólida, nunca mais se recuperou.

  23. É um fato indiscutível que o
    É um fato indiscutível que o Brasil vive atualmente uma séria crise no setor aéreo, mas é discutível as responsabilidades e as irresponsabilidades de cada um já que, (1) o governo não fez os investimentos necessários e demorou muito para agir, (2) os controladores de vôo, de forma inescrupulosa e criminosa, já que são militares e devem cumprir ordens superiores, fazem “corpo mole” para receber aumento e deixarem de ser militares, passando para a “perigosa” iniciativa privada e (3) as empresas aéreas, na sua busca irracional pelo lucro imediato, continuam vendendo mais passagens do que a capacidade dos aviões, tratando seus clientes como se fossem ”um rebanho de gado” e agora, para piorar, estão deliberadamente segurando os aviões no solo até que todos os acentos sejam ocupados e atrasando o ”ckek-in”, causando filas literalmente kilometricas, para não serem obrigadas a se responsabilizar pelo passageiro.

  24. Transcrevo a coluna do João
    Transcrevo a coluna do João Carlos Cascaes, do canal energia:

    Empresas estatais ou privadas – exemplo TAM

    Serviços essenciais estratégicos, que demandam atenção especial, regulação firme, regras claras e atentas aos interesses da nação são deveres atribuídos constitucionalmente ao governo (federal, estadual ou municipal, conforme o caso). Podem ser delegados à iniciativa privada ou exercidos pelo poder público, constituindo-se em companhias privadas ou estatais. Essas empresas devem se submeter, acima de todo, a critérios de respeito à nação. Com certeza não é a França o melhor exemplo, onde as corporações imperam através dos seus sindicatos, nem é os EUA, país devoto à iniciativa privada de tal forma que tem deixado estados importantes no escuro.

    Ao contrário do que as lutas ideológicas procuram afirmar, ser uma concessionária privada ou estatal não significa que deva ser ruim ou boa. Nossa história mostra exemplos de todos os casos possíveis, tudo dependendo da qualidade da administração que tiveram. No processo de implementação do Consenso de Washington, entretanto, a mídia imperante abraçou as teses privatizantes, nem sempre agindo de forma sincera.

    Mudanças tecnológicas viabilizaram serviços nunca dantes imaginados. Talvez as pessoas não percebam quanto a vida de todos foi afetada pelos avanços da ciência, que permitem, agora, a utilização de aviões, carros, trens de alta velocidade, celulares, computadores, remédios e vacinas, alimentos industrializados, enfim, um universo absolutamente diferente daquele que nossos bisavós conheceram (início do século passado).

    Algumas mudanças foram drásticas e na telefonia, evoluindo de forma espetacular, tivemos uma autêntica revolução. Saímos das imensas centrais eletromecânicas para as minúsculas informatizadas; já não dependemos das dispendiosas redes de fios que formavam autênticas malhas nas cidades e longos circuitos ao lado de nossas estradas. A melhor utilização das ondas eletromagnéticas graças à digitalização, às fibras óticas, satélites, informática etc veio para mudar tanto que até grandes investidores “quebraram a cara” comprando empresas que desabaram em valor, apesar de crescerem em eficácia. A telefonia no Brasil foi e é ainda o exemplo que os privatistas usam e abusam para defender as maravilhas da transferência das estatais para a iniciativa privada. Não falam e talvez não saibam quanto tudo mudou exatamente na década de noventa. O exemplo é péssimo e maldoso quando utilizado por quem entende.

    Falando de concessionárias privadas vemos, perplexos, o desastre promovido por algumas empresas de aviação no Brasil. Ao longo dos anos se degradaram, faliram e os seus clientes e o contribuinte acabaram servindo de pasto para contas mal explicadas. O que aconteceu neste final de ano com a TAM é simplesmente criminoso. Não há como desculpar tanto desprezo pelos seus clientes. E qual será a reação do governo e da ANAC? Aplicar alguma multa que, quando for paga, desaparecerá no caixa do Tesouro Nacional? Aliás, essa é mais uma forma de se inventar impostos…

    Os clientes da TAM foram lesados, prejudicados violentamente pela incompetência ou desonestidade da concessionária. Têm alguma esperança de receberem indenização justa, merecida, proporcional aos danos causados? Duvidamos solenemente. Essas empresas nunca dispensam boas e caras bancas de advogados, propagandas bem feitas devidamente veiculadas nos melhores sistemas de comunicação e outros truques…

    No Paraná a Companhia Paranaense de Energia, Copel, dá um show mostrando que uma empresa de energia estatal pode ser eficiente e dar muito lucro. Ficamos agora lembrando a propaganda do governo anterior, que dizia que a Copel deveria ser imediatamente privatizada (2001) porque quebraria se não fosse administrada no ambiente privado. Realmente a nossa grande estatal paranaense passou àquela época por um processo de desmonte assustador. Preparava-se a entrega dela aos grupos econômicos e outras coisas.

    A entrevista de Antônio Anastasia (vice-governador eleito na segunda gestão do governador Aécio Neves, Minas Gerais) à Folha de São Paulo, publicada em 23 de dezembro passado (jornalistas Vinícius Mota e Maria Cristina Frias) é uma belíssima aula de administração de empresas e repartições públicas que o Governo (em todos os níveis) deveria estudar e aplicar ao nosso país. A experiência bem sucedida do Dr. Anastasia na administração mineira o autoriza a dizer o que fala.

    O serviço público brasileiro precisa de correções e ajustes em modelos institucionais e processos gerenciais. Apesar de tudo, com todas as leis mal feitas ou maldosas e aplicadas sobre a administração pública direta e indireta, Copel, Cemig, Petrobras e outras empresas sob controle público são exemplos que enchem de orgulho o povo brasileiro.

    A verdade é que descobrimos que o insucesso de concessionárias não é inerente ao seu status acionário. O fundamental é a competência dos seus gerentes, da cultura da empresa, da vigilância cívica, da eficácia do Poder Judiciário e de leis que o Poder Legislativo possa criar em defesa do povo. Quando as empresas se sentem livres para agir como bem entendem, colocadas em mãos erradas, tornam-se um tremendo pesadelo.

    No Brasil precisamos evoluir, aprimorar os serviços públicos e viabilizar uma legislação severa que permita ao cidadão comum, a qualquer empresa ou comunidade cobrar qualidade e confiabilidade. Carecemos de penas exemplares, padrões precisos e respeitados, metas de qualidade ajustadas às necessidades do nosso povo. Nossas agências, por sua vez, devem se estruturar, ter recursos para exercer vigilância enérgica. Nesse sentido ficamos perplexos com a visão do possível contingenciamento (2007) a ser aplicado às verbas federais dessas entidades, extremamente importantes à nossa segurança, conforto e justiça no uso de serviços delegados.

    Diante de tudo o que vemos, podemos e devemos perguntar ao governo federal e suas equipes se realmente pretendem o aprimoramento dos serviços das concessionárias ou se a prioridade ainda é a satisfação dos desejos da banca de especuladores que se instalou em nosso país. De nosso povo ficamos imaginando até onde a paciência e a tolerância continuarão a existir diante do descaso acintoso de empresas que não têm outra explicação a dar a não ser a vontade de maximizarem seus lucros em detrimento da nação ou razões e motivações impublicáveis que desconhecemos.

    O setor elétrico não pode repetir cenários de outros serviços, menos ainda o drama de tempos recentes quando o pesadelo existiu em nossa luz e pouca força.
    Feliz ano novo.

    João Carlos Cascaes é consultor, presidente da Associação Brasileira de Defesa Cívica e ex-presidente da Copel (PR)”

  25. Caro Nassif, está uma delícia
    Caro Nassif, está uma delícia ler os comentários sobre o desastre da TAM. Encontro, aqui, mais opiniões do que na própria academia, onde uma parte expressiva de profissionais se abriga e não emite qualquer opinião fora do senso comum, para não prejudicar eventuais contratos com as empresas em debate. Há, no entanto, um ponto importante para ser esclarecido na discussão entre seus leitores. Ser do ramo e conhecer o negócio não são sinônimos. Ser do ramo está associado a conhecer os processos produtivos, a operação. Conhecer o negócio está associado a conhecer o que faz o cliente comprar o produto, conhecer a vantagem comparativa do/a produto/empresa.. O primeiro tipo de profissional pode ser treinado internamente ou ser encontrado, com certa facilidade, no mercado. Ele costuma ser um bom operacional, no máximo um bom Gerente. O segundo tipo de profissional, indispensável para o sucesso de uma empresa, exige vocação e dom para os negócios e costuma ser escasso. Esse sim dá um bom Diretor. P primeiro é bom para cuidar da operação e o segundo é bom para cuidar da estratégia da empresa. Raros operacionais são, também, bons estrategistas. As empresas, mesmo as de RH, não costumam fazer tal distinção e promovem bons operacionais a diretores. Resulta, então, que bons gerentes se tornam péssimos diretores. Some-se a isso os MBAs voltados para o curto-prazo e altas remunerações e se tem a receita do fracasso. Um abraço, Paulo de Tarso.

  26. Olha Nassif,
    tô meio de bode
    Olha Nassif,
    tô meio de bode desse tal de eMeBiAi. Tenho 35 anos, cargo de gerente, engenheiro e trabalho como consultor de TI. Sou direcionado a desafios, gosto de entender empresas, processos e pessoas e trato de diagnosticar e propor soluções e/ou novos desafios. Mas quando procuro novas empresas para trabalhar o que é que me falta. Um MBA. Otimo, eu pergunto, que MBA. E os caçadores de cabeças dizem: qualquer um.
    Olha. Eu não estou para brincadeira. Me comparar com qualquer um, otimo, verificar minhas aptidoes, perfeito. Mas dizer que posso ou não trabalhar em alguma empresa porque não fiz um MBA da GVRio em guarulhos por 2 anos sabado sim, sabado não… com 2 cases via internet. ORA alto lá.
    A verdade é que tirando 3, no max 4 MBA serios, o resto é caça niqueis. De onde eu venho aprendi que MBA é uma pós de Administração de empresas (é o que significa MBA). E não pós em projetos, pós em financas, pós em qq !@#$@#%^.
    Temos que desmistificar o que as empresas precisam. Para ter um bom executivo custa. Comprar um cara no mercado com uma formação dessa é querer se enganar.
    Ai acontecem essas coisas: TAM, entre outras.
    Vamos voltar as raizes, vamos desenvolver nossos corpos gerenciais, vamos trabalhar e parar de contratar a Buuxzzz Alen ou AT, ou Mckiseigs (estão escritas como eu ouço)… da vida. Mesmo a accenture tem muita papagaiada, apesar de ficar em áreas mais pragmaticas (quase como terceirizadora de mão de obra).
    Enquanto isso… não… mas um MBA em projetos está em meu planos para 2007….

  27. Ainda, a TAM elaborou cinco
    Ainda, a TAM elaborou cinco tipos diferentes de tarifas, que em realidade não diminuiram os preços e sim pontuam menos no Fidelidade. Paga-se mais e se recebe menos no programa de fidelidade.

  28. É verdade. O escritório de
    É verdade. O escritório de advocacia Pinheiro Neto está passando pelo mesmo processo após a morte do fundador. Lucro imediato! Se o advogado não dá lucro imediato, não importa sua competência, é demitido sem pestanejar.

  29. Nassif, realmente está uma
    Nassif, realmente está uma delícia ler os comentários e comentários de alto nível, diga-se de passagem.

    Bom, trabalhei durante 5 anos no, na segunda maior instituição financeira do mundo, o HSBC.
    Uma empresa totalmente conservadora, com modelo de administração britânica, com jeito de fazer negócio inglês, com o seu maior gestor na época obviamente inglês e no brasil não podia ser diferente o seu presidente também era… inglês.
    O mais interessante Nassif, que o presidente do banco no brasil era o Michael Geoghan (hoje presidente do HSBC England), ele não possuía graduação ele foi formado no banco. O mesmo ocorria com o presidente mundial do grupo na época, Sir. John Bond que também não tinha graduação.
    Ou seja, a preocupação era uma só: não deixar o “negócio” em mãos de quem não sabe nada do negócio. E com isto levaram o banco, não apenas a ser a segunda maior instituição financeira do mundo, como também ser a quinta maior empresa do mundo (dados da Forbes).
    O cuidado com “eternização” da empresa, leva-a a fazer excelentes escolhas, vide exemplo o Pão-de- açúcar (na escolha do novo presidente foi escolhido alguém de dentro da cia, que conhecia o Pão de açúcar tão bem quanto o Abílio Diniz).
    Agora as que pensam no “hoje” trazem um ex-banqueiro para dirigir uma empresa de aviação.

    Abraços Nassif.

  30. O legado do Rolim não merecia
    O legado do Rolim não merecia isso. Deve estar se contorcendo de raiva. E pelo que sei, não passou por MBA´s, não frequentou as escolas de “negócios” brasileiras e americanasm que na prática orientam em como nos posicionar para o curto prazo, sem nacionalismo, sem coração e com visão preconceituosa e elitista. Uma faca de dois gumes. Muitos executivos não pensam no negócio, mas em como turbinar o que pode parecer o sucesso. Modelo adotado por várias empresas pós liberalismo dos anos 90, empresas que jogaram o planejamento pro lixo assim como a continuidade da corporação. Na verdade uma visão míope, sem percepção do todo, do que representa uma corporação, da importãncia dela para a sociedade, para os funcionários, para o inconciente coletivo dos seus clientes e até para o país. É nisso que dá. Vide as Enrons e Worldcoms da vida.

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