FHC fala em transformar a Petrobrás em “empresa pública”. Naqueles anos, escrevi feito um louco em defesa do Plano K, proposta do empresário Paulo Britto e do economista Paulo Rabello de Castro, de promover um encontro de contas que permitiria a criação de títulos sociais do Tesouro, que poderiam ser utilizados por trabalhadores para trocar direitos da Previdência Social por direitos de fundos previdenciários. Utilizar-se-iam as estatais para quitar passivos previdenciários. Em troca se teria uma nova previdência, com capitalização, e controlando estatais transformadas em empresas públicas.
Haveria troca de direitos do velho modelo por direitos do novo modelo. Os trabalhadores passariam a ser acionistas de empresas, haveria a legitimação da privatização, haveria o início de uma nova previdência social com capitalização.
Tudo isso foi jogado fora por absoluto desinteresse. Ainda nos tempos de Collor, levei a proposta para Tasso Jereissatti, já que o PSDB estava sendo convidado a entrar no governo de Collor e poderia propor, como contrapartida, um programa que mudasse o país. Foi boicotado por André Lara Rezende – o principal beneficiário do modelo cambial de 1994.
Em 1999, quando a mudança de câmbio ameaçava derrubar o governo FHC, e haveria uma reunião dele com os governadores no Planalto, seu então genro, David Zilbertzjein, me procurou querendo retomar o tema como forma de esvaziar a pressão dos governadores – já que o projeto propunha um encontro de contas que poderia aliviar as contas estaduais.
Conversei com políticos do PSDB, Paulo Rabello com governadores do PFL, o então governador do Paraná Jaime Lerner – que tinha projetos semelhantes – com seus pares.
Houve a reunião de FHC com governadores, conseguiu-se o armistício em torno do “encontro de contas”. Foi a primeira notícia positiva do segundo governo FHC. Passada a pressão inicial, FHC deicou novamente as idéias de lado novamente. Assim como Lula, ele hamais teve a pretensão de mudar a história, mas apenas de sobreviver politicamente.
Em 1995, se tivesse ousado o passo proposto, se tivesse feito o aceno para uma modernização includente, FHC teria mudado a história do Brasil. Mas apenas jogou fora a maior oportunidade que o país já teve. Depois, foi sucedido por um presidente, Lula, temeroso e sem quadros na Fazenda e Banco Central com competência para inverter essa loucura a que o país foi jogado na partida do Plano Real, por uma política de câmbio e juros que tinha como único objetivo a transferência de recursos do país para os “vendidos” (os investidores que apostaram na queda do dólar em 1994).
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