A proposta da CSN

Recebo telefonema de Benjamin Steinbruch de Londres, onde se encontra em processo de negocia/c para a aquisição da Corus, o grupo inglês de siderurgia. Há quatro anos a CSN tentou uma fusão com a CORUS que, ao final do processo, daria o controle da CSN à CORUS, e o da Corus a Benjamin. Polemizamos bastante na época.

Agora, Benjamin explica que a operação será de aquisição mesmo da Corus pela CSN.

Já existem três bancos como financiadores potenciais do projeto (Goldman Sachs, BNP e Barclays) e dois como “advisers” (o Lazare e a Goldman Sachs). Benjamin explica que a maior parte do endividamento será feito em cima do próprio “target” da Corus, sem contaminar a CSN.

Sinergia

Benjamin garante que haverá ganhos expressivos para a CSN, por conta do incremento no fluxo de caixa. Parte, proveniente da venda de placas e minério de ferro da Casa da Pedra para a própria Corus. Hoje em dia o custo de extração do minério de ferro é de 5 e 6 dólares a tonelada, contra um preço internacional de 35 a 40 dólares. Parte dos ganhos virá pelas sinergias do processo. No caso das placas de aço, a CSN tem os menores custos de produção do mundo, e ajudará a Corus a manter sua linha de laminação a plena carga.

Haverá mais sinergia pelo uso da rede de distribuidores da Corus em toda a Europa, e pela complementaridade entre os produtos das duas empresas, inclusive de novos produtos da Corus que poderão ser comercializados no Brasil e em toda a América Latina. Haverá racionalização na distribuição, com menos passeio de produtos entre os dois continentes. O tamanho do novo grupo também deverá proporcionar vantagens nas negociações com fornecedores e com bancos.

A disputa e os procedimentos

Tempos atrás a TATA, indiana, ofereceu 455 dólares por ação da Corus, cash. A proposta da CSN é de 475 por ação. A CSN é considerada a empresa de menor custo de produção do mundo; a Tata vem em seguida. É empresa bem administrada. As vantagens da CSN, segundo Benjamin, estão nas sinergias com a Corus, que a Tata não tem, por não ter minério.

O primeiro lance da CSN foi adquirir 3,8% do capital da Corus na semana passada. Pelas leis britânicas, passou o limite de 1%, o comprador será obrigado a comunicar às autoridades em um prazo de 36 horas, o que foi feito ontem, às 15:30.

O segundo lance é a demonstração de boa fé, comunicando diretamente ao presidente da Corus o interesse na aquisição das ações da companhia, o que deverá ser feito logo na segunda-feira.

A partir daí, as autoridades irão definir um período para a “due diligence” e outro para a confirmação da proposta. O “due diligence” será efetuado por um batalhão de analistas e advogados, composto por representantes dos bancos envolvidos na operação e da própria CSN. A participação dos bancos será relevante para propocionar-lhes maior tranqüilidade em relação à operação. De sua parte, a Corus terá que disponibilizar todas as informações que foram apresentadas à Tata.

Os próximos dias serão nervosos, já que haverá um Assembléia Geral da Corus no dia 4 de dezembro. Mas Benjamin garante que os técnicos estão prontos para levantar os dados e confirmas as hipóteses de sinergia em pouco tempo.

O endividamento

Segundo Benjamin, não é intenção da CSN voltar aos níveis de endividamento que tinha no início da privatização. Justifica a nova que foi atribuída pela Fitch Rating (de BB-, sob observação), dizendo ser procedimento usual em todo processo de compra de empresas. Mas garante que, assim que todos os dados forem divulgados, o “rating” da CSN voltará ao patamar anterior.

Luis Nassif

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