As placas de rua de São Paulo

Tempos atrás almocei com um grande empresário da construção civil. Me dizia ele que tinha reduzido substancialmente a publicidade de lançamentos em jornais, devido ao alto custo e baixo retorno. O maior retorno, de longe, era obtido por placas de rua colocadas nas imediações do empreendimento. Depois, pela Internet. Finalmente pelos anúncios em jornais.

Não me lembro direito dos números. Mas algo como 30 visitas atraídas pelas placas contra 5 dos anúncios.

São Paulo está bem mais limpa sem os outdoors e as placas, proibidos pela Prefeitura. Mas a medida comprova uma máxima: sempre que o poder público investe contra interesses estabelecidos, por trás da decisão estão interesses maiores, contrariados, e não necessariamente os interesses difusos da população.

Luis Nassif

22 Comentários

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  1. Entendo que em primeiro lugar
    Entendo que em primeiro lugar esta lei antes de ser aprovada pela Câmara Municipal deveria ser debatida coma sociedade principalmete com as entidades representativas do setor empresarial.

    Não nos esqueçamos que estamos lidando também com as microempresas, pequenos comercios, e, uma multa de R$ 10.000,00 tem um efeito abusivo e não educador, me parece que existem interesses maiores do que limpar a cidade.

  2. Essa lei é tão fraca que
    Essa lei é tão fraca que comparada o que deixa a cidade mais feia do que não modifica em nada, apenas proibe tudo sem fazer nenhum juizo do certo com o errado. Sai do certo, realmente é necessário dar uma limpada na imagem da cidade, porém para simplificar e com isso esquecer das consequências a lei foi aprovada assim.
    Alguns exemplos do que proibiram e não faz sentido são a publicidade em dirigiveis, como se tivesse muitos no Brasil fazendo publicidade, além de não mudar nada a aparência da cidade, ou mesmo, os outdoors ao lado do Jockey Club, no Pinheiros, o local já é feio, mas com eles dava um pouco de cor.
    Agora só falta a prefeitura interferir com obras arquitetônicas com propaganda inclusa no projeto e resolver tirar, destruindo esta obra.

  3. É isso aí, Nassif.
    Sempre que
    É isso aí, Nassif.
    Sempre que os barões da grande mídia começam a espernear e atacar o governo, em qualquer esfera, pode crer que tem dente de coelho. É incrivel como a administração do Kassab “o prefeito invisível” de SP se tornou da noite para o dia um fenômeno de competência administrativa e irretocável conduta…
    Não se lê absolutamente n-a-d-a em matéria de crítica ou retoques à sua “incrível” administração!
    abraços

  4. Caro Nassif,

    Tenho quase
    Caro Nassif,

    Tenho quase certeza que você como morador desta grande cidade – São Paulo- já deve ter notado como são esses anúncios da construção cívil. Trata-se da mais nova (nova?) modalidade de sub-emprego. Trabalhadores que ficam um dia inteiro sob o Sol e a chuva, segurando uma placa publicitária destes novos “empreendimentos”.
    Mas tudo bem, no capitalismo é assim mesmo: reduzir custos e maximizar as vendas, não se importando se para obter esses objetivos, você tenha que “obrigar” algum semelhante a essa situação degradante.
    Deve ser por isso que ele seja “um grande empresário”.
    Forte Abraço.
    Cláudio Aquino César

  5. Ricardo, um dos últimos
    Ricardo, um dos últimos terrenos em que os jornais têm liderança publicitária é o dos lançamentos imobiliários.

  6. Independente de qualquer
    Independente de qualquer interesse,a proibição dos outdoors e de publicidade de uma forma geral,merecem aplausos.com isto talvez comecemos uma nova era onde a publicidade seja melhor aproveitada,gerando recursos e empregos,assim como com certeza nossa arquitetura srá melhor valorizada e deixaremos de disputar espaços com os monstrengos da publicidade.

  7. Eu particularmente acho que a
    Eu particularmente acho que a cidade fica maravilhosamente mais linda e limpa sem todo esses outdoors, paineis, faixas, cartazes etc. até poderiam ficar alguns banners luminosos desde que tivessem uma certa harmonia, mas pensem, que poluiçao são todos esses anuncios?! Isso lembra o desrespeito que as emissoras de tv fazem com seus telespectadores quando usam o merchandising, aquelas lavagens cerebrais que os apresentadores fazem a toda hora durante a programação “normal” do dito programa, e na sequencia, la vem comercial, isso é profundamente irritante.

  8. Será que o minhocão vai ficar
    Será que o minhocão vai ficar mais lindo do que já é, após a retirada dos painéis das fachadas laterais dos prédios? Faça-me o favor. A vantagem de se retirar a publicidade será perceber quantas construções horrorosas foram feitas, ao longo de décadas, em São Paulo. E aí, poderão começar a ser devidamente demolidas.

  9. Tem toda razão, Leão. O que
    Tem toda razão, Leão. O que demonstro é que, se não houvesse um interesse maior na outra ponta, esse incômodo continuaria eternamente.

  10. A lei dá uma sobrevida aos
    A lei dá uma sobrevida aos jornais e revistas impressos, nada mais que isso. O papel anda muito caro e anti-ecológico para prosperar. Virou um ciclo quase natural: publica, encalha, recicla, publica, encalha, recicla. Uma bom momento para se reler o artigo abaixo (se couber aqui…).

    A pausa que refresca (Jorge Coli – Folha 10/12/06)

    O slogan de São Paulo nos anos 1950 era “a cidade que mais cresce no mundo”. Para as comemorações de seu quarto centenário, Oscar Niemeyer criou uma voluta ascendente que deveria ser um monumento e terminou não sendo.
    Afirmou-se porém como um símbolo em sentido pleno: os paulistanos reconheciam-se nele pela beleza nítida das formas seguras, que pareciam conter um orgulho firme de progresso. Dizem que, para essa invenção tão feliz, Niemeyer teria se inspirado em um gráfico que atestava a expansão da cidade.
    De fato, naqueles anos prósperos, São Paulo crescia muito e rapidamente. Rapidamente demais, porém. Brotaram predinhos neutros e banais, em desordem, sem planejamentos dignos desse nome, à mercê certamente dos interesses imobiliários os mais ávidos. Via de regra, o material empregado era de péssima qualidade.
    Não é preciso exame microscópico nem estudos estatísticos para constatá-lo: basta levantar os olhos para os grandes paredões cegos que formam as laterais dos prédios. Difícil achar um que não esteja maculado por manchas de vazamentos, recoberto por pústulas de salitre. Esses construtores ou empreiteiros chegaram ao sentido mais substancial do lema proclamado pela arquitetura moderna, “less is more”. More money, of course.

    Fluxo

    Tudo é feio e ordinário na arquitetura média, de consumo, em São Paulo. A paisagem paulistana evoca podridão, monturo. Nem por isso a cidade é menos fascinante. Não graças a qualquer beleza descortinada. Pode-se amá-la, sem demagogia, por sua população, pela evidente intensidade humana, pela energia concentrada que a movimenta. A beleza de São Paulo está no seu estresse.

    Pop Art

    Mas ninguém agüenta estresse o tempo todo. Com adrenalina baixa, São Paulo ficaria só com a visão acinzentada dos resíduos decompostos, não fossem os outdoors, os cartazes, as imagens que a publicidade espalha. Eles concorrem com aqueles paredões encardidos e manchados, fazendo vibrar cores, rostos, corpos. Trazem humor, imaginário, erotismo.
    [O curador] Nelson Brissac conta que, numa de suas vindas a São Paulo, Jean Baudrillard pediu para rever “uma bunda” que o encantara em visita anterior. Nenhum monumento oficial marcara o filósofo, mas um enorme painel que ficava no largo do Arouche, uma publicidade sabe-se lá para que, pois as bundas vendem qualquer coisa.
    Encalacrado nos engarrafamentos ou desviando o olhar por uma janela mais elevada ou ainda andando pelas ruas, depara-se com a fantasia dessas imagens. Curiosamente, elas ficam na memória mais do que os próprios produtos anunciados. Isso, porém, é problema de marqueteiros e publicitários.
    Importa o fato de que fazem sonhar.
    Agora há uma lei, decreto ou qualquer coisa assim, dos que mandam e querem solucionar problemas com uma penada. Parece que ela vai suprimir essas visões. Vamos ser obrigados a nos contentar com os paredões sujos e, como embelezamento, com estátuas que o poder público oferece: o duque de Caxias, o Simon Bolívar, o Pedro Álvares Cabral…
    Haja estômago.

    Modos
    São Paulo é São Paulo: nem Londres, nem Paris, nem Roma, nem Nova York podem lhe servir de modelo. Só vai melhorar com atenção cuidadosa em intervenções delicadas, ponto por ponto. Respeitando a desordem que faz dela o que é. Recuperando os traços culturais que são os seus, sem artifícios autoritários, sem soluções miraculosas. Estamos bem longe da conta.

  11. Olá,
    Nassif, obrigado pela
    Olá,
    Nassif, obrigado pela resposta, mas ainda não consigo conectar as duas atividades (ainda que uma use os serviços da outra): construção civil e publicidade.
    Melhor explicando: o poder limita as opções de divulgação dos empreendimentos imobiliários, principalmente aquela opção com maior retorno. Ocorre que não se trata de um produto que se compra por impulso, como automóveis por exemplo. Quem procura imóvel toma mais tempo e paciência para a tarefa, independentemente de onde as informações são obtidas.
    Acho que esta lei é um pouco de “cidadania à fórceps”: organização mesmo seria se os potenciais compradores simplesmente boicotassem os empreendimentos que emporcalham a cidade (a exemplo das propagandas políticas passadas), mas acho que aí seria querer demais.
    [ ]´s

  12. Nassif, qualquer hora dessa
    Nassif, qualquer hora dessa vão dar um chá de sumiço em você… Brincadeira, não chegariam a tanto por tão “pouco”. Mas, que você deve estar deixando muita gente “P da vida”, ah, isso deve estar!

  13. Enquanto São Paulo retira
    Enquanto São Paulo retira outdoors pra mostrar sua beleza, no Rio de Janeiro, a camara de vereadores autoriza a instalação de outdoors para esconder a feiúra das suas praias.

  14. Você tem razão Nassif. Chego
    Você tem razão Nassif. Chego a duvidar que a prefeitura terá força para fazer valer a lei aprovada. Ainda não reparei se a cidade já está mais limpa, mas é uma notícia positiva a que você está dando. O que sei é que há muitas ações legais contra a sujeira, sob alegações estapafúrdias, mas que infelizmente têm guarida de alguns juízes. Esperemos que não prosperem essas falsas alegações e possamos fazer de São Paulo uma metrópole civilizada, como nos outros países.

  15. Nao sei se o blogueiro pensa
    Nao sei se o blogueiro pensa q ee bom ou ruim para SP… porem, acho q ee bom para a cidade. No final, se for bom para a cidade, acho q vale a pena.

    Mas o post nao estaa bem claro. No final disse q a decisao foi feita depois de um lobby de um grupo… mas nao diz qual foi o grupo, foi a midia impressa? foi a internet? Haa alguma prova ou ee um achismo do caro Nassif?

    Se for um achismo, nao seria uma incoerencia ficar a criticar as versoes postas pela “grande” midia?

    abcs,
    sr. pioio

  16. Eu sabia que deveria haver
    Eu sabia que deveria haver algum interesse por tras desta decisão. Nassif imagine se a Prefeitura fosse Administrada por aguem do PT, a mídia daria uma repercuçao muito maior.

  17. Nassif: Lembrei-me da
    Nassif: Lembrei-me da história contada pelo filosofo Negrinhão do Peruche: Era uma vez um rei,cuja familia era dona da imprensa escrita no reino.Então, devido, a queda de faturamento proibiu todos os paineis em seu reino.Não adiantou pois não conseguiu,com isso, aumentar o faturamento de anuncios de suas empresas jornalisticas.Então determinou que as publicações seriam realizadas em braile e mandou cegar todos os suditos do reino.Aconteceu que não conseguiu professores suficientes de barile para ensinar a seus súditos eas empresas de sua familia foram para a cucuia xe consequentemente, no transcorrer dos fatos perdeu seu trono.

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