As tecnologias do álcool

Do Projeto Brasil

Como alternativa à cana-de-açúcar, novas tecnologias vão surgindo para que todas as fibras vegetais possam ser utilizadas na produção de etanol. Até mesmo o bagaço e as folhas da cana-de-açúcar poderão ser utilizados. Segundo a engenheira agrônoma Catarina Rodrigues Pezzo, do Pólo Nacional de Biocombustíveis da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da USP, a produtividade e a diversificação das matérias-primas e o impacto do emprego dessas novas tecnologias representarão a segunda geração dos biocombustíveis.

A tecnologia atual já dispõe da hidrólise enzimática como forma eficiente de quebra da longa molécula de celulose em açúcares. O processo, similar ao praticado pela natureza por atacar a celulose com enzimas, é considerado como o de maior potencial de conversão. Porém, especialistas afirmam que faltam enzimas. Pesquisadores também estudam a utilização da hidrólise ácida para produção do álcool celulósico. Estados Unidos e alguns países da Europa integram a quebra da celulose aos processos de fermentação.

Há previsões de que, a partir de 2009, o Brasil domine a obtenção da energia contida no bagaço e na palha da cana-de-açúcar, com significativas chances de inserir a hidrólise ácida no mercado em dois ou cinco anos. Além disso, as condições do País permitirão o desenvolvimento de um modelo próprio de hidrólise da celulose. Cálculos apontam que esse processo ajudará a aumentar a produção de etanol sem interferir na área plantada. A geração de resíduos também pode ser otimizada, e a biomassa celulósica gerada pode chegar a 240 toneladas. O fim das barreiras tecnológicas pode converter esse total para quase 500 mil litros de álcool.

Hoje em dia, os processos do etanol estão ancorados na utilização de açúcares de cadeia curta (sacarose, glicose e frutose, principalmente), que as leveduras convencionais são capazes de consumir. As principais matérias-primas utilizadas atualmente são a cana-de-açúcar (Brasil), a beterraba (França) e o milho (Estados Unidos).

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Luis Nassif

14 Comentários

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  1. Acho um absurdo o sr. Lula
    Acho um absurdo o sr. Lula distribuir dinheiro para matar a fome dos miseravéis e ao mesmo tempo querer transformar o Brasil numa fazenda fornecedora de álcool para os países ricos.
    Primeiro foi o pau-brasil, depois a borracha, o café e agora, depois da soja, mais uma vez , ao invés de plantar para alimentar os brasileiros vamos enriquecer uns poucos latifundiários para que os ricos do primeiro mundo continuem a andar de 4×4, poluindo à vontade.O biodiesel não vai vingar.
    Dezenas de ongs ecológicas européias já divulgaram um manifesto tentanto fazer os governos desistir de usar o etanol devido aos estragos que faz a monocultura desses vegetais em países do terceiro mundo.
    O futuro é energia solar e eólica e não por acaso, a Alemanha vendo longe, investe pesado nesses tipos de energia.
    E sendo a Alemanha ,um país lá perto do polo Norte, de inverno rigorosíssimo. Por que o Brasil, um país tropical, com este reator natural a todo vapor, que é o sol, não faz o mesmo ?

  2. Nassif, acredito que o
    Nassif, acredito que o biodiesel terá um impacto maior na geração de energia limpa do que o alcool. Afinal, o óleo diesel, ou óleo combustível, poluem mais do que a gasolina. Enquanto a gasolina emite monóxido de carbono, estes óleos emitem dióxido de carbono. O biodiesel extraído da mamona, do dendê, e da soje – principalmente, substituiram produtos altamente poluentes além de gerar empregos e transferência de renda para cooperativas de produtores etc. Repercuta tal idéia (que não é minha) se possível.

  3. Nassif, participantes, boa
    Nassif, participantes, boa noite.

    Não sou tão negativo como o Spassos, mas vejo os combustíveis de biomassa como mais uma provável grande oportunidade na nossa frente. Lógico que estamos correndo também os riscos inerentes, mas os desafios são nossos. Para aproveitarmos tal oportunidade, teremos que ser competentes. Isto significa estabelecer políticas de uso do solo, de rotação, de divisão de áreas, enfim, políticas agrícolas, agrárias, industriais e comerciais que atendam primeiro aos interesses maiores da população. E, repito, seremos competentes?

    Energia solar ainda depende de muita pesquisa (ainda é cara), e a eólica sempre será uma pequena coadjuvante, aqui devemos ser realistas.

    Nassif, aquelas quantidades do penúltimo parágrafo, arrisco dizer serem toneladas de biomassa e litros de álcool por safra e por unidade de área (hectare, alqueire), embora, no caso do álcool, ache a quantidade exagerada.

    Teoricamente [desprezando impurezas indesejáveis -SO2, NOx, aldeídos etc- ou queima incompleta – matrial particulado, CO, monóxico de carbono tóxico], álcool, biodíesel, gasolina, óleo combustível, carvão, todos dão como produto da queima, água e CO2 (dióxido de carbono). O biodiesel e o álcool são muito menos poluentes porque, quando se planta a cana, a soja, a mamona, o dendê para fazer álcool ou biodíesel ou Hdiesel, para crescerem estas plantas retiram CO2 do ar, estou certo? Se a soma relativa, do CO2 emitido e seqüestrado não der zero, deve muito disto se aproximar.

    Abraço

  4. A médio prazo, sim, se não
    A médio prazo, sim, se não houver avanços tecnológicos na cana. Daí a importância de um esforço concentrado também na área tecnológica.

  5. Os verdes da Alemanha não
    Os verdes da Alemanha não sabem o que estão fazendo. Eles agem por romantismo. Decidiram fechar as usinas nucleares nos próximos 15 anos mas o efeito final disso é que logo aumentarão a dependência do gás russo e das usinas nucleares francesas. Já foi mapeado o potencial eólico europeu e não dá para considerá-lo para mais de 10% da energia elétrica, na melhor das hipóteses. Com a energia solar é semelhante. Não sou contra estas fontes, mas a única fonte de energia em larga escala dominada e não produtora de CO2 que temos hoje é a fissão nuclear. A fusão é uma bela promessa mas demorará algumas décadas para ser viável.

  6. Sobre os números do penúltimo
    Sobre os números do penúltimo parágrafo: acho que se for por hectare é muito e se for por safra é pouco. Continuo defendendo a tese que a quantia total de combustível “limpo” necessária num futuro não muito distante será muito grande. Imagina só toda a Europa, EUA, Rússia e China consumindo etanol e diesel de origem vegetal….A entrada da celulose vai diminuir a pressão para que a cana desaloje outras culturas, por exemplo. Lembremos que as mudanças climáticas que assistimos são fruto das emissões passadas. A meta da atualidade deveria ser “zerar” as emissões de origem fóssil e não apenas diminuí-las. Só com o que já foi lançado, temos um baita problema (do tamanho do planeta diga-se). As novas descobertas de campos de petróleo e gás deveriam ser choradas e não comemoradas.

  7. Nassif,

    Caso voce possa
    Nassif,

    Caso voce possa fazer alguns comentarios:

    Qual o nivel de risco da indrustria do Etanol no Brasil hoje ser dominada pelo mercado internacional dos gringos diante da nova postura do governo Americano sobre o Etanol nas proximas decadas?

    Chegou a hora da onça beber agua: Estamos com maturidade (1*) para defender o nosso pioneirismo, criatividade e liderança, ou vamos entregar de mão beijada (ou seremos atropelados) o que foi contruido nas ultimas decadas e junto , o sonho de um Brasil mais justo, “gigante pela propria natureza” e com capacidade de exercer liderança no xadrez politico-economico global ?

    (1*): Maturidade Empresarial e de Politica Industrial para o setor se renovar diante dos novos desafios da segunda geração de biocombustivel.
    Na indrustria sucroalcoleira o gargalo esta grande, o prazo hoje para entregar uma nova caldeira esta em quase 3 anos.

  8. Estamos perto de uma vitória
    Estamos perto de uma vitória de pirro.
    Imagine os EUA substituindo parte de seu consumo em gasolina por etanol. não precisa ser muita coisa. aliás,

    eles, como maiores consumidores poderiam definir o quanto seria substituido e por qual preço.
    imagine que os preços do pretoleo permaneçam nos mesmos patamares ou até subam. algo que não é dificil de se

    vislumbrar…
    bom, com os carros flex, “genuinamente brasileiros”, conseguimos agora o que ocorreria mais dia menos dia: a

    completa vinculação do preço do alcool ao dos preços internacionais do petroleo.
    Levando-se em conta que o preço do alcool tem correlação direta com o preço de outros produtos agrícolas (onde

    se planta cana não se planta feijão), podemos dizer que o preço da comida se atrelou aos preços internacionais

    do petroleo. Algo que foi visto claramente na atual repercussão da subida de preço da tortilha no méxico, devido

    a valorização do milho no mercado internacional (o etanol dos EUA é feito de milho) e seu consequente repasse de

    preços ao mercado local.
    De quebra, ao aumentar o preço internacional dos produtos agricolas, queimando-os em seus tanques, o primeiro

    mundo poderá diminuir, quiça zerar seus subsidios agrícolas, acabando com o argumento do pessoal do G20.
    No fim, os miseráveis de todo mundo, que já gastam parte substancial de seu orçamento com comida (e que não tem

    carro), pagarão a conta para a classe média poder continuar a usar seus automóveis beberrões.
    tudo na maior coerencia com as “leis do mercado”.

  9. Caro Nassif, comentaristas,
    Caro Nassif, comentaristas, boa tarde.

    Petróleo não pode ser uma praga, amigos, é uma dádiva. Se se tornou um problema, é pelo mau uso que fazemos dele. Água é essencial à vida, mas alguém pular ou cair num reservatório com tamanho e profundidade suficientes e não souber nadar…

    Há mais de 35 anos eu, muitos, incluídas pessoas de peso (não é o meu caso), defendemos a tese de ser o petróleo finito nobre demais para ser simplesmente queimado, principalmente em motores, onde a maldita e inexorável segunda lei da termodinâmica limita os rendimentos a, no máximo, 40%. Sim, 60% são simplesmente perdidos, não tem jeitinho. Porém, esta posição foi claramente esmagada e acabamos os homens criando um baita problema que, apenas agora, está sendo majoritariamente visto como sério e ameaçador. Não transfiramos a culpa aos bichinhos que morreram há tanto tempo.

    Nassif, 240 toneladas de cana é uma quantidade razoável se for por hectare numa safra (meu pai foi produtor e fornecedor de cana para usina na década de 1960, muito antes de se falar em pro-álcool. Naquela época se falava em produção de 150-200 toneladas de cana por alqueire, 2,24 hectares. A produtividade, hoje, deve ser bem maior, podendo-se pensar em 240 toneladas por hectare numa safra).

    Concordando com o Ivan Massocato, 500 m3 (500.000 litros) de álcool são uma quantidade grande, uns 12 ou 14 caminhões dos pesados. Uma tonelada de cana deve dar não mais que 200 kg de açúcar, menos ainda de álcool, pois a fermentação gera também CO2. Assim, 240 toneladas de cana devem resultar em (240 toneladas de cana x 0,2 toneladas de álcool/tonelada de cana) 48 kg de álcool por hectare, ou 65 litros de álcool. Sugiro que o Nassif não se dirija ao repórter, mas, se possível, diretamente à fonte primeira da informação, a Profa. Catarina R. Pezzo.

    Finalmente, permitam-me discordar um pouquinho do Sr. Ivan Massocato: os rendimentos dos ciclos térmicos, onde se transforma a energia térmica resultante da queima de combustível em energia mecânica no eixo, são baixos por natureza, regidos pela segunda lei da termodinâmica. Assim, é impossível um motor de ciclo diesel ter rendimento maior que, vamos dizer, 40%. Os ciclos OTTO, utilizados nos motores a álcool ou gasolina ou GLP ou gás natural, não oferecem rendimento maior que 30% ou 33%. Isto significa que a maior parte da energia do combustível é perdida, simplesmente, no escapamento e no arrefecimento do motor (para evitar estas perdas, as fontes frias -escapamento, arrefecimento- teriam que estar à temperatura de zero Kelvin, uma impossibilidade prática). Pior é que a segunda lei da termodinâmica não é municipal, nem federal, é natural, irrevogável.

    Quanto à tecnologia da hidrólise da celulose, a veria como ameaça se sua aplicação vier a resultar em processos globais de produção de álcool de menor custo em relação àquele que parte do açúcar. Ainda assim, estaremos com os dois processos em paralelo. Nossos problemas são de outra natureza, de competência.

    Mudando para o milho, o México caiu no conto do NAFTA. Inicialmente, os produtores mexicanos de milho, alimento fundamental do povo, foram esmagados pelo preços menores do abundante milho americano; faliram e foram para a cidademendigar, talves. Agora, os americanos resolveram fazer álcool de milho. Foi a segunda cacetada no lombo dos pobres xicanos. Coisas do mercado, dirão.

    O apocalipse antevisto pelo Marcelo pode ser, de fato, uma ameaça. Mais uma exigência de nossa competência.

    Abraços

  10. Caro Nassif:

    O artigo sobre
    Caro Nassif:

    O artigo sobre o etanol está ótimo, permita-me sugerir outra pessoa para entrevistar: Don Fitz, editor of Synthesis/Regeneration: A Magazine of Green Social Thought, which is sent to members of The Greens/Green Party USA.

    E-mail: fitzdon [arroba] aol [ponto] com

    Trecho de artigo ( http://www.counterpunch.org/fitz02142007.html ):

    “The wastefulness of the automobile is staggering. Roughly 10% of the chemical energy of gasoline makes wheels turn around. Amory Lovins computes that, with a 10% efficient car with a driver, passenger and luggage weighing 300 pounds (which is about 10% of the car weight), only 1% of the fuel’s energy actually moves what needs to be moved. (…)

    Biofuels do nothing to lessen the energy used for manufacturing or disposing of cars or lessen land usage for driving and parking cars. But biofuels require massive land use for growing crops, which means less food for people as there is more food for cars. Widespread use of biofuels would massively increase world hunger and transform wars for oil to wars for land to grow biofuel crops. (…)

    There is good reason for suspecting that motorcycles might have less total negative effect (…). Being smaller, they certainly require less energy for manufacture and disposal than any car. Though they require road space, a ‘motorcycle lane’ would be more enforceable and more narrow than a ‘carpool lane.’ Parking 1000 motorcycles would certainly require less space than parking 1000 cars. (…)

    Not much fossil fuel is needed for cycling and walking. This is far from their only advantage. Energy required to manufacture and dispose of bikes is tiny compared to autos and mass transit. Manufacturing to prepare for walking includes an extra winter coat and a hat for a sunny day.

    Land use for biking and walking paths is minuscule in comparison to roads for cars. Bikes require a little storage space and walking, none.

    For every machine mode of transportation, usage involves road kill and the release of toxins which make the ‘other effects’ a negative. For cycling and walking, the ‘other effects’ take on a positive value. They are the only forms of transportation where people actually receive health benefits from moving from place to place. With our country suffering epidemics of obesity, diabetes and heart disease, it is unpatriotic to oppose tearing up roads and replacing them with walking paths. (…)

    The most valuable part of person-powered transportation is that it encourages a collective reassessment of how we want to organize society. We need to decide together how we want to construct urban space so that people can readily get to where they need to go without contaminating their community.”

  11. Sr: Luiz Nassif: Talves o que
    Sr: Luiz Nassif: Talves o que vou escrever não tenha nada à ver com o Blog, mas considero de suma importancia, ainda mais se você topar minha proposta. Seu Blog tem milhares de leitores e gente séria. Vamos aos fatos. Luiz leia com atenção à analise do Sr: Giordani no jornal de debates sobre o aquecimento do planeta, eu acho que ele acertou na mosca indicando à causa. Estou recorrendo ao seu Blog porque è supimpa e ele como Brasileiro ninguem vai dar ouvidos, mas se sair no seu Blog à estoria é outra. Desde já obrigado.

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