Caros e baratos

Há uma dinâmica curiosa nas eleições. No começo, há um revezamento de curvas de crescimento de diversos candidatos, até se consolidarem o favorito e seu principal adversário. É um movimento parecido com o mercado de ações, no qual algumas papéis são considerados “baratos” (isto é, custam menos do que a percepção do investidor sobre o que valem), atraem investidores, as cotações se elevam até que eles ficarem “caros” -e aí, começa o processo de venda dos papéis.

Em 2002, Roseana, Garotinho e Ciro Gomes experimentaram seus momentos de elevação. Depois desabaram e a eleição acabou decidida entre Lula e Serra.

Nas atuais eleições, o que se observa é o seguinte (e me baseio apenas no “feeling” de quem tem algum tempo de prática acompanhando as “ondas” do mercado):

1. Lula foi alvo de uma campanha sem quartel, com o escândalo do “mensalão”. A campanha passou do ponto, e Lula ficou “barato”. Estacionou em um nível alto de aprovação e depois subiu um pouco. Agora, à medida que cessam os ataques indiscriminados, começam a aparecer defeitos reais e Lula está ficando “caro”. O salto alto acentua essa percepção. Isso deve levar a uma queda na sua popularidade nas próximas pesquisas.

2. Na falta de alternativas atraentes, Heloisa Helena ficou a bola da vez. Irá crescer mais um pouco, inclusive ganhando parte da opinião pública não ideológica, até ficar “cara”. Aí a curva deve se inverter.

3. Geraldo Alckmin está começando a ficar barato. Começou a campanha “caro”, apresentado como gestor competente. Depois, seu estilo insípido e a análise da gestão em São Paulo derrubaram o encantamento. Agora, ele está ficando “barato”. Quando começar a apresentar seus planos de governo, a tendência será crescer.

Provavelmente todas essas ondas, depois de assentadas, deverão levar a um segundo turno entre Lula e Alckmin.

Luis Nassif

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