Etanol e câmbio

Há uma animada discussão na aba de ECONOMIA, na qual alguns leitores criticaram o que consideraram excesso de pessimismo de Luiz Carlos Mendonça de Barros, alertando para os riscos de uma explosão nas exportações de etanol.

Não está errado, não, pessoal. O que foi a doença holandesa? Foi a explosão nas exportações de um produto primário (o gás), que provocou um aumento brutal no superávit comercial, apreciando a moeda nacional a ponto de destruir diversos segmentos empresariais.

Sem as exportações de etanol o Brasil já está passando por isso, devido à irresponsabilidade do Banco Central. E quando explodirem as vendas externas de álcool?

Luis Nassif

19 Comentários

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  1. Nassif,
    e foi exatamente por
    Nassif,
    e foi exatamente por causa dessa “doença holandesa” que o governo argentino taxou as exportações de carne e outros produtos. O governo argentino fez isso exatamente para evitar uma valorização do peso, o que comprometeria a indústria nacional; exatamente o que está acontecendo no Brasil. Essa taxação não atrapalhou o setor que continuou lucrativo, e conseguiu evitar a valorização da moeda. Ou seja o governo argentino pensa no seu país e em sua população e por isso encontra meios de controlar o câmbio e proteger a indústria nativa e os postos de trabalho. Já o governo brasileiro prefere deixar isso por conta do tal “mercado”. Quem se interessar pelo assunto, não deixem de ler as últimas colunas do Bresser-Pereira na Folha ou mesmo o seu site.

  2. Quem achar que a expotação de
    Quem achar que a expotação de alcool é um negócio da china faça uma análise mais profunda. Coloque os custos ambientais os custos sociais em $$ mesmo. Frente a essa planilha poderemos realmente dizer se é o negócio é bom ou não

  3. O problema do Brasil não é a
    O problema do Brasil não é a “doença holandesa” mas a síndrome da “vaca louca”.

    Só depois de nos livrarmos dos loucos poderemos reconstruir o país tijolo por tijolo.

  4. O preço interno do alcool
    O preço interno do alcool combutível subirá para alegria dos usineiros.

    O Real valorizado seria compensado pelos bons juros das aplicações no mercado.

  5. O Sr. Mendonça de Barros, um
    O Sr. Mendonça de Barros, um dos nossos expoentes na seara da ciência econômica (engenheiro ?), pródigo emprestador de recursos públicos a empresas estrangeiras quase-falidas que vêm comprar dos trouxas, na bacia das almas, empresas distribuidoras de energia elétrica, vem agora com essa brilhante tese..

    Decerto ele conhece os números do setor, a capacidade do brasil no que concerne à exportação de etanol, etc, etc, etc.

    Então que diga em alto e bom som: Aumentemos o Imposto de Exportação sobre o Etanol…

    É isso ?

  6. Soja, suco de laranja,
    Soja, suco de laranja, minério de ferro, álcool, celulose, produtos primários em geral (mais investimentos especulativos, juros elevados).
    Sem providências compensadoras, a forte demanda por produtos primários no mercado internacional continuará a precionar o real, supervalorizando-o, e ajudando a atrofiar a indústria nacional.
    Sem tributar o capital especulativo e determinadosprodutos de exportação (matérias primas), e baixar os juros, é difícil que o câmbio se ajuste por si só, e deixe de precionar a produção nacional de produtos industrializados.
    Alguém conhece algum país que tenha se desenvolvido de forma sustentável privilegiando apenas a produção de matérias primas?

  7. Até poderia, mas o aumento
    Até poderia, mas o aumento das importações têm sido para consumo ou para substituição de fornecedores brasileiros. Ë desindustrialização na veia.

  8. Em um período em que o cobre
    Em um período em que o cobre explodiu, o Chile instituiu uma taxa sobre as exportações. A questão hoje é que o aumento das exportações de álcool virá adicionalmente a essa invasão financeira.

  9. Acho que a exportação direta
    Acho que a exportação direta do etanol seja o menor dos problemas. Há algo muitíssimo mais preocupante subjacente à euforia do etanol americano: pela primeira vez na história o preço do trigo para entrega na safra americana passou os US$ 4 o bushel. Nos próximos dias/semanas o mercado decidirá se irá prevalecer um novo patamar de preços agrícolas e de carnes, ou não. Para complicar as coisas, o clima não ajuda… Temo que milho a US$ 8 não é impensável. E com o preço do milho irá os preços da soja, do trigo, do arroz, do frango, do boi, etc, etc, etc… O choque nos países pobres vai ser grande, mas não bastasse isso, o nível de preços das exportações brasileiras vai disparar mais uma vez: se já é difícil manter o real vendido por mais de 2,15 dolares, vai ser difícil mantê-lo acima de 1,80! Os gênios do BC se colocaram numa sinuca de bico: “never underestimate predictability of stupidity!” Desesperador. Temos tudo para dar certo, mas tem gente que não quer: pelo amor de Deus, Lula, faça algo.

    PS: acho que a Austrália é um bom exemplo de desenvolvimento numa nação exportadora de matéria bruta. É claro que há pré-condições importantes, em particular ter as instituições adequadas (coisa que Brasil nem de longe tem). De qualquer forma, se é para fazer, faça direito: austrália tem déficit em conta corrente desde sempre! Não acho que seja uma estratégia de desenvolvimento adequada para o Brasil, mas em si mesma, em abstrato, é potencialmente eficaz. África do Sul, por exemplo, está tentando replicá-la com relativo sucesso: o futuro dará seu parecer. Outra coisa é certa, a estratégia do Brasil, ou melhor, a total ausência dela, não nos levará a lugar algum: isso o presente já nos diz!

  10. Ó Mário Sérgio,
    Cobre,
    Ó Mário Sérgio,
    Cobre, frutas, vinhos, salmão do Chile.
    Minério de ferro, carne e lã da Austrália.
    Carne e lã da Nova Zelândia.
    Entretanto acho que nosso caminho não é por aí.

  11. A petrobras investiu bilhões
    A petrobras investiu bilhões na bolivia, e hoje não passa de uma prestadora de serviços, se tivesse investido na produção de alcool,o Brasil seria hoje um grande exportador, e os preços internos mais equilibrados.

  12. Essa perspectiva de
    Essa perspectiva de “holandisação” é preocupante. Vejamos, a Holanda deve ter mais ou menos 10 milhões de habitantes. Quando da desindustrialização, o trabahador holandez ficava um tempo no seguro desemprego e depois se beneficiava da ajuda social. Excelente rede de cobertura que supria as necessidades básicas. Que não têm nada a ver com as nossas. E no Brasil? Vamos dar seguro desemprego para todos e bolsas famílias para todo o mundo ?
    Acho que se isso se concretizar, vamos ter que apelar para o sociólogos. “Guerra civil” à vista !

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