Filosofia, direito e economia

Direito e Economia são duas áreas em que é comum primeiro apresentar a tese a ser defendida; depois, desenvolver os argumentos.

A Filosofia caminha na mesma direção, depois que a filósofa Olgária Matos escreveu hoje na “Folha”, reinterpretando o artigo do Renato Janine Ribeiro, em que ele propõe a pena da tortura aos assassinos do menino João. Segundo ela, nem os que defenderam o artigo, nem os que o criticam, entenderam sua mensagem. Por sua regra, apenas os indiferentes entenderam.

Na verdade, o que mais deve ter incomodado foi o nível dos que passaram a tratar Janine por “companheiro”, comungando (perdão pela palavra sagrada) com seus princípios de defesa da tortura.

Luis Nassif

28 Comentários

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  1. Deve ser isso a causa do
    Deve ser isso a causa do “Erramos” (que ao que consta, nunca saiu)… o artigo a ser publicado, e que levaria às conclusões da professora era outro, não o que todos nós lemos…

  2. Eu me pergunto para que
    Eu me pergunto para que propor pena de tortura. Isto porque ainda se tortura sistemàticamente nas prisões do Brasil.
    Só para lembrar, durante mais de 300 anos (oficialmente) torturavam escravos e os matavam legalmente. Nenhuma análise séria sobre o tema pode prescindir de falar da escravidão no Brasil. Mas disso ninguém tem interêsse em comentar. Os ex-escravos querem esquecer. A Igreja católica sabe que é vergonhoso se lembrar que apoiaram a escravidão. As elites que se cevaram com o sangue escravo têm vergonha. Não muito, mas não interessa lembrar. Por isso uma conspiração do silêncio sobre a questão que explica certas características específicas do Brasil.
    Por exemplo, um patrão argentino ou uruguaio acha normal pagar um trabalhador. Um patrão brasileiro se sente vítima de uma injustiça ter que dar um salário ao trabalhador. Normal, pois durante séculos não pagavam nada! Hoje o Brasil evoluiu um pouquinho. Mas não esqueçamos que as mentalidades mudam lentamente. Vejam como se criminalisa o MST !!

  3. Nassif, bem que eu avisei.
    O
    Nassif, bem que eu avisei.
    O artigo da Olgária é jogo de comadres, ação entre amigos. Olgária veio socorrer o amigo Janine que deu aquela bola fora, que pegou tão mal para alguém que é o rei da sensibilidade-generosa que dá razão aos dois lados e não se compromete com nenhum, a ponto dele defender no Roda Viva a validade didática para o povo do quadro do DNA do Ratinho, Olgária na bancada, é claro, ficou caladinha.
    Janine e Olgária são intelectuais de segundo time no seu meio, não gozam deste alto prestígio que a imprensa lhes atribue . Mas, inegavelmente, são bons de comunicação, sabem para onde vai a onda. E a imprensa cai como um pato.
    Sejamos justos, assim como a imprensa sempre chama os mesmos economistas para falar das grandes questões nacionais ( outro dia o André Araújo escreveu um post muito bom sobre a Globo News e seus eternos convidados, a gente advinha 80% das respostas, só erra o ponto da tosse e do corte para o intervalo comercial), também a imprensa dita cultural sempre chama os mesmos intelectuais para falar de temas atuais relacionados às humanindades, ou foi por acaso que a Folha deu espaço no domingo seguinte para a amiga defender o amigo?

    Platão certamente usaria este artigo da Olgária como exemplo de uma argumentação t %!@$&@#de um sofista. Advogando em favor do amigo, tentando anular a condenação de raciocínio mais rídiculo do ano, ela se revela uma excelente representante da profissão que melhor representa os sofistas em nossa época, os advogados, campeões dos argumentos esdrúxulos para provar teses estapafúdias.

  4. Caro Nassif,

    Gostaria de
    Caro Nassif,

    Gostaria de retificar uma análise que acabei de fazer. Disse que não achei livros do Janine na livraria Cultura. Fiz a busca no local errado. Ele tem 13 títulos disponível no site e a Olgária Matos tem 8.
    Desculpe a falha.

    Saudações,

    Paulo.

  5. Caro Nassif,

    Você tem
    Caro Nassif,

    Você tem insistido que o Janine é um grande intelectual. Não é!
    Grandes pensadores não cometem um erro tão grosseiro como o que ele cometeu. Principalmente num texto escrito. Se fosse numa exposição oral, no calor do momento, vá lá. Mas em um texto, onde as palavras podem ser escolhidas e as idéias trabalhadas, este tipo de erro é imperdoável.
    Desta forma, não acho que me arrisque muito ao dizer que o Janine é um intelectual menor. Mais preocupado com a mídia do que com a consistência das suas idéias.
    Se você não acreditar em mim, faça a seguinte experiência: entre no site da livraria cultura e procure por obras da Marilena Chauí e depois da Olgária Matos e do Janine Ribeiro.
    Enquanto você encontrará 24 títulos da primeira autora, não encontrará nenhum dos dois últimos.

    Saudações,

    Paulo.

  6. Nassif:
    Estou usando o seu
    Nassif:
    Estou usando o seu blog para solicitar o artigo original escrito pelo Janine, pois a “defesa” da Prf.ª Olgária deve ter se baseado na parte não publicada, haja vista, que ela não defende nada do que foi dito e escreve muito sobre o não dito.
    Dentro do sistema corporativo existe a obrigação da defesa mútua dos pares e, a Prf.ª Olgária dentro deste espírito de corpo e, por não vislumbrar nenhuma fístula por onde pudesse entrar um sopro ético no discurso do Janine, preparou esta peça surrealista ( no mal sentido ) para defende-lo.
    Boa parcela dos acadêmicos que iniciaram as suas carreiras durante o regime militar passaram boa parte do tempo como crisálidas congeladas, por não haver a necessidade de alçarem vôo próprio, pois era muito mais confortável permanecerem em suas cascas “atirando contra o inimigo comum”.
    Com o fim da hibernação veio o descongelamento e a necessidade de voarem, por não terem a devida prática de vôo próprio transformaram-se em seres com alma de catavento na tentativa de encontrar a brisa mais adequada para saírem do semi anonimato e, desta forma a enorme nau dos insensatos lançou a sua enorme vela buscando a brisa oficial que pudesse leva-la a um cômodo porto seguro.
    O Prof. Janine viu nesta brisa momentânea uma chance de escrever o que Breton denominou ” uma peça para aplauso” e como se deu mal a brisa se transformou em tempestade e, nestas ocasiões os espíritos de cata vento se alinham para não serem arrancados de suas frágeis bases.
    Prof.ª Olgária, por favor eu sei ler, até mesmo porque fui aluno de alguns de vocês!

  7. Nassif:
    Você está sabendo que
    Nassif:
    Você está sabendo que na quinta feira o STF votará matéria que pode extinguir 10.000 processos de improbidade administrativa!
    Por que o Prof. Janine não propões tortura para este caso?

  8. O Virgílio foi na mosca, de
    O Virgílio foi na mosca, de fato o artigo da Olgária é uma bom exemplo do espírito de corpo que reina entre os colegas da USP.
    Laurêncio, o Janine é esperto demais para se declarar petista, tucano, pefelê, ou qualquer outra coisa que lhe comprometa a carreira. Ademais, aquele artigo não é exatamente a posição de um petista.
    Já o Nassif continua enganado, precisa de novas fontes na área, Janine e Olgária são rabeira da segunda divisão da filosofia brasileira e uspiana, com a diferença de que ele é competente na carreira dentro da burocracia universitária.
    Por exemplo, Marilena Chauí, mais uma para o rol dos ódios do Laurêncio, é primeiro time. Pode-se desprezar suas posições políticas, mas é muito competente em filosofia.

  9. A professora Olgária afirma
    A professora Olgária afirma que há um quadro:

    “Em que o econômico justifica a violência e o “social” a explica”.

    Ela, obviamente, procura demonstrar, em defesa do prof. Janine, que a causa da violência não é a pobreza.

    Evidentemente, ela também quis se referir àqueles que valorizam a existência da injustiça social na defesa dos jovens de 16 a 18 anos que cometem crimes.

    Mas o enfoque principal da prezada. Olgária, na defesa do Prof. Janine, não foi este. Ela pretendeu abordar que, em última instância, o que animou o artigo do prof. Janine, foi que uma vítima de assassínio não pode perdoar; que o ato do perdão precisa ser pedido por quem cometeu o crime e o ato de perdoar só pode ser concedido pela vítima.

    Mas, com o devido respeito, essa conclusão é de caráter exclusivamente social. Senão, vejamos: Desconheço a posição religiosa dos prezados professor e professora, porém, esta afirmativa é ateísta, materialista e enfoca um dado cientifico: O morto é morto.
    Como a ciência ainda não encontrou provas sobre a existência da alma, a conclusão dos professores está restrita a um dado cientifico; de caráter social, portanto.
    E a moral, sendo um valor relativo ou absoluto da conduta humana dentro de um espaço de tempo, também é um valor exclusivamente social.
    Para o criminoso mísero, no entendimento deles, o conteúdo social de sua conduta reprovavel é quase inexistente. Segundo eles, há famílias pobrezinhas que não geram delinquentes.
    Assim sendo, quando se trata de encontrar argumentos sociológicos para suas teses, eles são ótimos.
    Mas, quando os argumentos sociológicos lhes são desfavoráveis, eles são desprezíveis.

    No meu entendimento, os níveis altissímos de miséria determinam os níveis altissímos de violência.

  10. Nassif:
    Saíram alguns dados
    Nassif:
    Saíram alguns dados que servem para a reflexão:
    1) Aumento de menores “internados” nos últimos 10 anos: 363%.
    2) Mais de 50% dos internos nunca foram à escola.
    3) Mais de 90% dos internos não entraram no 2.º grau.
    Como se vê não falta material para devaneios torturantes!

  11. Nassif, em nenhum lugar do
    Nassif, em nenhum lugar do artigo de Janine está escrito que ele adotou o “princípio da tortura”. Ele expressa em uma parte do artigo que sente vontade de torturar as pessoas que praticaram aquele crime, ainda de forma claudicante. Entendo perfeitamente o que sentiu Janene, sendo pai. Acredito que a situação emocional dos pais do menino deve ser a de uma dor tão grande que não há espaço para o sentimento de vingança, que aparece em outros pais, aterrados pelo medo de serem a próxima vítima de uma situação horrenda como aquela. Mas não há declaração de princípios como você sugere. Assim, você está sendo injusto com Janine – que fez um depoimento emocional – e, de quebra, pretende arrastar todos aqueles que se solidarizaram com os sentimentos de Janine, com essa história de “companheiros que comungam com seus princípios”. Mas não entro nesse campeonato bocó de ver quem é mais ou menos “humano”. Deixo isso para Olgárias, Marilenas e quetais. Isso é uma coisa hipócrita de quem não quer resolver problema algum, enquanto a fila de crianças trucidadas vai andando. Claramente existe uma polarização de ideários no momento que se reume ao seguinte: aqueles que defendem um endurecimento da legislação (incluindo ou não pena de morte – deveria ser a sociedade a decidir isso…ou não?), e que com isso são acusados de construir uma realidade lamentável no futuro, com tais alterações; e aqueles que acham que assim está tudo bem do jeito que está (aqui se inclui a turma do “bônus assassinato” – que deve ser uma espécie de direito consagrado aos mais pobres (quão?) porque que existem pessoas mais ricas do que ele. Isto é lixo ideológico no estado mais fétido). Não tenho dúvidas de que a legislação deve ser alterada. Acho que a história de legalizar “tortura” como você insinua é tão bestial quanto ficar vendo a fila de crianças andar e se sentir mais “humano”, ao não fazer nada com isso. É um pesadelo um pai assistir isso tudo e ainda ler as coisas que são escritas por aqui.

  12. Caros,

    É preciso uma
    Caros,

    É preciso uma exegese mínima do texto da professora Olgária. O argumento central do texto é a “dor da vítima”. A tese do professor Janine, se não me engano, é o “horror” que leva à suspenção do juízo (“pena de morte… não sei”). Ela diz, por exemplo, que “Adorno anotou em “A Educação após Auschwitz” que um dos traços da sociedade totalitária é a perda da capacidade de identificação com a dor do outro.” E então, deveríamos entender o artigo do Janine como uma manifestação de dor diante da dor alheia?Fica pergunta: o que o nazismo tem a ver com o crime em questão? Não haveria nada entre o micro e o mega? É curioso que o nazismo sirva de argumento espetacular, sem nenhuma ligação racional com os fatos, como puras imagens de horror e dor. A questão então se desloca para o “âmbito moral”, pois “o crime permanece, no âmbito moral”. Seria uma questão saber onde mora o âmbido moral, quando a questão é matéria jurídica e o lugar de onde falam os autores é o mesmo em que se têm celebrado um carnaval horrendo, mas espetacular: a mídia. Haveria portanto uma instituição dentro de nós, capaz de sentir a dor alheia, de forma pura. “A Igreja Católica, ao defender, com razão e humanidade, a dignidade de toda pessoa, põe em ação as palavras de Cristo. ‘Perdoai, Senhor, eles não sabem o que fazem’.” A citação é quase um obstáculo ao leitor. Mas, logo uma epokhe: “Restaria saber até que ponto os assassinos de hoje são inocentes.” O texto parece levar para o plano moral o problema jurídico, como se ambos algum dia tivessem se separado. Essa moral pode ser entendida como uma vozinha que fala à cabeça do leitor ao ler a notícia –a mídia, portanto–, como julgamento sumário e “católico” daquele que sente dor depois de comprar o jornal. “Entenderam mal o pensamento de Renato Janine tanto os que o elogiaram, pretendendo que o professor defende o direito de matar do Estado, quanto os que o atacaram pela mesma razão. (…) O que o ensaio de Renato Janine dá a pensar é, entre outras coisas, se, ao dar-se preferência ao aspecto educativo da lei, suprimindo, na prática, seu caráter punitivo, e se, na comedida e prudente atitude dos representantes da lei e instituições humanitárias, não se expressa a idéia de que as condições materiais de existência explicam o crime e as condições sociais e penitenciárias o justificam.” Mas uma dúvida: um crime se explica? Ou se julga? E quem julga? O leitor? Acho sinceramente que todos nós temos o direito de julgar e até de explicar. Mas somos levados pela marcha da mídia a julgar todo o sistema penal e as suas leis, o Estado brasileiro e “o capitalismo contemporâneo”. É dor demais e nenhuma razão. O principal argumento do texto: “ubi sunt?”, onde estamos? Nos perdemos. Mas para onde estávamos indo mesmo?

    Para os que quiserem ler na íntegra:
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2502200709.htm

    +a senha… é claro.

  13. Talvez a professora Olgária
    Talvez a professora Olgária tenha lido um artigo diferente daquele que li. Essa conversa autista entre “intelectuais” é muito comum na universidade pública. Talvez eles cheguem a esferas que mortais não vêem. Tudo bem. O que me parece é que a discussão entre douto senhores muito se parece com a da fotografia como representação exata da realidade, como se aquilo que é visto fosse o mesmo que a realidade ou ainda fosse o real. Ambos oferecem elementos para a mídia com suas sábias falas, bíblica ou iluminista, e têm um princípio imperial. O que resta é a lei, que eles querem agora fazer junto à opinião pública, como os imperadores ao aceitar ou declinar a execução no coliseo.

  14. O Janine escreveu o artigo
    O Janine escreveu o artigo pensando que só seu analista fosse ler. E desabafou. Daqui a pouco, ele solta outro texto de mea culpa. Espero que seja mais consistente.

  15. Caro Nassif,

    Seu blog virou
    Caro Nassif,

    Seu blog virou um espaço para grandes cabeças opinarem sobre os mais variados assuntos. Parabéns.
    Mesmo sem pertencer a essa turma brilhante, fiquei com vontade de fazer um comentário sobre o artigo de Olgária Matos, de ontem na Folha. A mim não pareceu que Renato Janine tenha dito em seu artigo que não poderia perdoar os assassinos do menino João Hélio porque não tinha uma procuração da vítima, única titular do direito de perdão no caso. Filósofos têm como característica quase sempre buscar modelos racionalistas de seus predecessores e através de contorções gramaticais às vezes injustificadas aplicá-los a todas as situações. Veja que até as considerações de Adorno sobre o nazismo foram aventadas. Nada a ver, não é mesmo? Janine pregou a morte dos assassinos e agora Olgária age como se tivesse recebido dele uma procuração, desta vez para desdizer o que ele disse com todas as letras.

  16. E aqui estamos nós, humanos
    E aqui estamos nós, humanos do século XXI, discutindo a validade da tortura, pena de morte e outras taliãonices afins. Darwin com certeza se equivocou, pelo menos no que concerne à nossa espécie, única do reino animal que INvolui com o decorrer do tempo.

  17. Para os seguidores do Barão
    Para os seguidores do Barão de Drummond vale o que está escrito.Para o departamento de filosofia da USP não.
    E depois dizem que o jogo do bicho não é uma instituição séria.

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