Idéias para gestão das Universidades

Na aba de ECONOMIA (clique aqui) a Coluna Econômica discute modelos de gestão para a universidade pública.

Luis Nassif

59 Comentários

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  1. Nassif:
    Uma pergunta: nesta
    Nassif:
    Uma pergunta: nesta discussão vão entrar as fundações universitárias? Afinal elas são um dos maiores esquemas de desvio de dinheiro público!

  2. Lindomar, o mundo foi criado
    Lindomar, o mundo foi criado em sete dias. E você quer um tratado em 3 mil toques? Quem vai completar a obra são vocês, os leitores. E seu tema é bom.

  3. Nassif, há um pau de sebo
    Nassif, há um pau de sebo muito alto e muito liso que o aluno da escola pública deve galgar para ascender ao ensino universitário. A escada é frouxa e há degraus inexistentes ou apodrecidos. Pobre garoto, pobre garota, cair das alturas num chão salpicado por pedras pontiagudas! A lua não perfura mais o zinco dele, só à chùvàràdà!
    A Universidade Pública deve cortar o pau, ou, ao menos, diminuir-lhe o tamanho, raspá-lo. Concertar e consertar os degraus. Tem gente nova que quer e precisa subir. Eles querem e precisam penetrar o útero da Universidade. Precisam de um pouco do líquido aminiótico. Um parto às avessas! Entrar por baixo e sair por cima. Depois entrar por cima e sair por baixo. @

  4. Nassif
    Não sei se o
    Nassif
    Não sei se o neoliberalismo prega incentivo ao ensino básico em vez de estimular as universidades, como você afirma.
    As críticas que ouço e com as quais concordo é no sentido de parar de ficar criando universidades públicas apenas para atender pleitos políticos, o importante é fortalecer as existentes com recursos financeiros, para poder pagar melhor os professores, adquirir equipamentos e dar muito mais atenção ao setor de pesquisas, abandonado há décadas e por isso “os melhores cabeças” nessa área são atraídos pelos alienígenas.
    Nada contra universidades particulares, mas sem a concorrência do setor público o que assistimos é o que está aí, um comercio vergonhoso do ensino com as piores consequências sobretudo na qualificação necessária dos profissionais.
    Por outro lado, se se esbelecer um ensino público básico, fundamental de qualidade, colocando a criança em tempo integral na escola, com toda assistência pedagógica, alimentar e esportiva, estar-se -á, de fato, dando a base para que todos se credenciem a entrar para a universidade pública sem favorecimentos de quotas et similia, podendo-se assim limitar a Bolsa Família ao recebimento de cestas básicas que é o essencial para um período que se quer apenas transitório.E ao restringir a entrega de ajuda em espécie, que é a pior forma de ajudar, vai haver mais recursos para a saúde e com a vantagem de estimular a agricultura, a indústria alimentar, criando-se inclusive um meios de regularizar a produção.
    Para um país pobre e endividado como o nosso, a solução é buscar solução prática, nada acima da capacidade bem pequena da classe política.

  5. Nassif:
    Na década de 80 fiz
    Nassif:
    Na década de 80 fiz Ciências Sociais na USP e tive um professor ( Sedi Hirano) que disse que os docentes da USP eram mais corporativos do que o exercito. Pura realidade.
    Na USP qualquer porcaria de comissão tem de ser presidida por um docente. Para você ter uma idéia, uma vez assisti na FMVZ um professor titular medindo o estacionamento pois ele era presidente da comissão de segurança!! Ridículo!
    Que este professor tem uma capacidade de pesquisa altíssima perca o seu tempo realizando um serviço que seria do zelador do prédio!
    O corporativismo docente é tão medieval que na USP ainda não chegou a divisão social do trabalho.
    Um outro exemplo mais triste: há alguns anos um professor de farmácia da USP, foi preso (algemado) por falsificação de remédio, na minha opinião um dos crimes mais hediondos. O que fez a reitoria? O transferiu para a diretoria da farmácia do HU, até que ele se aposentasse!
    Finalizando, concordo com suas idéias, mas como implementa-las? Quebrar uma cultura, ainda mais quando esta é extremamente confortavel, é complicado!

  6. Prezado colega, como
    Prezado colega, como professor universitário, concordo em parte com seu texto, o corporativismo universitário é uma praga que devemos combater, assim como, o corporatismo de parlamentares, médicos, advogados, juizes, jornalistas, empresários, funcionários públicos… quando o interesse individual se sobrepõem ao interesse do coletivo da sociedade.
    Concordo ainda, com a necessidade da qualificação dos gestores para uma gestão profissional e ética do erário público.
    Só acrescentaria a possibilidade da participação dos pais dos alunos (da sociedade) à eleição tripartite (votos de professores, alunos e funcionários) dos dirigentes universitários.

  7. Nassif, concordo com suas
    Nassif, concordo com suas idéias e gostaria que deveria ter o fim da estabilidade para os técnicos administrativos. Em minha universidade, com raras exceções, eles não cumprem com o que deveriam fazer. Como não podem ser demitidos, fazem “corpo mole”, chegam atrasados, saem antes do horário, estão sempre reclamando e dificilmente cumprem suas tarefas no tempo estipulado. Além do mais, eles ganharam na justiça o “horário corrido”, onde se trabalha somente 6 horas seguidas por dia. Fica difícil para qualquer administrador, professor ou profissional de gerencial algo desta forma. Assim, para funcionar pela manhã e pela tarde – horário em que todos os mortais trabalham – tem que ter dois funcionários em cada função.

    abraços
    Cecilia Lustosa

  8. A participação da sociedade
    A participação da sociedade no Conselho Universitário implica um número de membros que tenha peso nas decisões … senão vira vaca de presépio frente os representantes acadêmicos. Mas há o risco de os representantes externos verem a universidade de forma imediatista, como se fosse um centro de P&D para empresas – nada contra haver projetos de interesse imediato de setores econômicos, mas isto não deve dominar as motivações da universidade. Assim, deve haver uma forma de garantir que as decisões sobre a universidade tenham como objetivo metas de longo prazo. (eemplo de meta: o pais considera estratégico dominar biotecnologia face a agricultura, recursos ambientais, e farmacêutica, e assim investe nos centros acadêmicos para a formação de profissionais e pesquisadores das áreas afins, e no desenvolvimento de estudos tanto de ciência básica quanto aplicada).

  9. Nassif. Só acho que a
    Nassif. Só acho que a universidade publica deveria ser paga por quem tem condições de pagar. Acho que assim sobraria mais dinheiro para financiar bolsas em universidades privadas para quem não tem dinheiro, e acaba indo para lá mesmo porque nossas escolas publicas são ruins para preparar para o vestibular. Perpetuamos as diferenças, pois quem tem dinheiro vai para universidades publicas. O governo então cria cotas. Os cursos de pós nas federais costumam ser bem caros, as vezes equivalem as privadas. A ideia do conselho acredito que seja assim que funcione nas privadas, pelo menos nas bem gerenciadas, exceto que é pelo grupo controlador, sem representantes da sociedade.

  10. Perfeita a análise. Acho que
    Perfeita a análise. Acho que a gestão de C&T é em grande parte equivocada por coter na administração gente muito competente em ciência, mas ignorante em administração. Atualmente, não existe compromisso sério entre a universidade e a sociedade que financia suas atividades. Infelizmente.

  11. A formação profissional do
    A formação profissional do atual Ministro da Educação, ao que parece, é muito voltada para a área de gestão. Ninguém sabe se ele continuará, mas seria interessante que estas propostas chegassem ao Ministério, pois provavelmente ele as aplicaria (ou pelo menos consideraria muito seriamente o assunto).

  12. Caro Nassif

    Você tem razão
    Caro Nassif

    Você tem razão quando fala na implantação de planejamento estratégico que nortei os rumos da universidade pública. Há muito para melhorar.
    Lembro-me dos meus tempos de Unicamp. Havia deperdício, por exemplo de luz elétrica – as salas de aula do chamado Ciclo Básico ficavam permanentemente com luz e ventiladores ligados, indempendentemente de haver aula ou não. Por outro lado, colegas que tinham bolsas para pesquisa, às vezes, não andavam com o projeto porque não tinham reagentes químicos.
    Você acerta na mosca também quando coloca que a mensalidade não resolve o problema do financiamento, mas considera importante que o estudante da universidade pública, por fazer parte da elite intelectual, precisa contribuir com a sociedade do País. Por que não contribuir para reforçar as aulas das escolas do segundo grau, por exemplo?
    Permita-me apenas discordar de você na conjugação do verbo adequar. Ele é defectivo e no presente do indicativo só é conjugado na primeira (adequamos) e segunda (adequais) do plural. Um abraço.
    Ziliotti

  13. Caro Nassif,
    este modelo de
    Caro Nassif,
    este modelo de gerenciamento também tem sido proposto por professores que ainda se preocupam com o futuro das Universidades.
    O modelo atual está fadado ao fracasso, pelos seguintes motivos:

    – o Governo, a populacao e os empresários mais abastados deste país nao entendem que a Universidade serve para melhorar a qualidade de vida do indivíduo, ou seja, ainda acham que quem anda com livro embaixo do braço é esquisito….

    conheço professores que passaram 20 anos dentro do ambiente de pós-graduacao. Teses e Teses, sacrifício familiar, etc… resultado ? salário de 1500,00 ao mes para um Professor Doutor ou Livre-Docente…

    falta de investimento em todos os setores do conhecimento. Entendo que existem setores estratégicos, mas…..

    deficiência na aquisicao de uma segunda língua, (o inglês, por exemplo…) tem professor com 30 anos de Universidade que nao sabe lhufas……

    E por fim, falta de metas. Se todos tivessem que bater cartao ou apresentar resultados semanais, a coisa seria muito diferente…..

    Patriarcalismo, (família de professores, com parentes NEM SEMPRE mais capacitados).

    Um forte abraço,

  14. Providencial o comentário a
    Providencial o comentário a respeito da gestão. Uma ressalva em relação à máquina burocrática de uma instituição como a USP, que é por demais complexa e as mudanças sugeridas podem ser emperradas pelo labirinto de departamentos e instâncias instaladas.
    De qualquer forma, a discussão é urgente, uma vez que corre-se o risco de se ficar para trás na corrida de desenvolvimento da ciência e de tecnologia e, pior que isso, pela pressão crescente do uso da coisa pública pelas empresas privadas, abrir mão do ensino público, pesquisa e extensão de qualidade, partir-se para a mera prestação de serviço às grandes corporações.
    Em tempo, vale lembrar que no governo Serra já ocorreram mudanças em relação ao orçamento destinado à USP e que ficamos sem concursos para contratação de docentes durante os 8 anos do governo do Prof. Dr. Fernando Henrique.
    A falta de profissionalização na gestão, aliada à falta de transparência na prestação de contas à sociedade gera uma grande zona obscura de atividade dentro das Universidades.
    Como o assunto é complexo, ainda podemos entrar na discussão da falta de mercado para os pós-graduados, uma vez que, assim como não temos gestores profissionais no ensino público, carecemos da cultura de contratação de pesquisadores e cientistas pelo setor privado.
    Parabéns pela iniciativa e pelos serviços que vem prestando no seu trabalho diário.

  15. Apenas uma discordância:
    Apenas uma discordância: Alunos não mandam nada nas univerisidades. Funcionários não docentes, um pouco menos que nada. Ambos tem representação largamente minoritária nas instâncias decisórias como o Conselho Universitário, por exemplo. São tolerados apenas porque sua presença empresta uma imagem de legitimade as decisões. Seria extremamente enriquecedor se fosse possível encontrar uma fórmula organizacional em que os alunos participassem de forma mais efetiva da administração da Universidade, vivenciando a gestão de dentro. Experimentassem um pouco mais da vida de vidraça.

  16. Afora as idéias que realmente
    Afora as idéias que realmente merecem uma discussão sobre o gerenciamento das Universidades Públicas, que aliás, diga-se de passagem, o que seria de nós sem elas, pois a maior parte de nossa produção científica vem destas Instituições; gostaria de comentar dois probleminhas de português: 1 – o verbo adequar não é conjugado no presente do subjuntivo, portanto não existe “adéqüe”; 2 – é melhor usar “junto a” do que “junto com”, desta forma, ficaria mais bem escrito “junto ao corpo…”.

    Atenciosamente,

    Elenice Costa

  17. Muito boas essas idéias aqui
    Muito boas essas idéias aqui apresentadas, principalmente na questão da gerência universitária que atualmente é exercida por professores despreparados para a função e estão apenas preocupados em exercício político dos cargos de administradores. E acabam realizando a mesma política ultrapassada. Falo com pequena propriedade do assunto, uma vez que sou servidor em uma universidade.

  18. Prezado Massif, trabalho
    Prezado Massif, trabalho dentro de uma universidade a quase vinte anos e o que venho presenciando nesse tempo é a infiltração do pensamento de que a universidade deve gerar lucros. Isso está fazendo com que essas instituições se transformem em laboratórios de pesquisa de grandes empresas e, com isso, transformando nossos jovens talentos em alienados. O problema é que as áreas de humanas não dão esse lucro esperado e portanto a tendência é caírem no ostracismo. Que pena que o Brasil pense nas suas universidades através de estáticas e da visão de mercado. Será mesmo que com a intervenção do estado mais do que já está poderemos nos dar ao luxo de pensar alternativas políticas para esse país? Dúvido! É como querer fazer um filme sobre o derrame de óleo no mangue do Rio de Janeiro com patrocínio da Petrobrás. A universidade não pode ficar amarrada a conceitos políticos e nem ao mercado. A lógica política e a de mercado aceitam os produtos da ciência quando lhes convém, mas rejeitam seus métodos. Isso pode ser muito perigoso para a nossa sociedade e o nosso futuro. Creio também que é claro o avanço das instituições paulistas. A análise de seu crescimento e oferecimento de cursos, a demanda de artigos, os resultados positivos de pesquisa demonstram isso. Gostaria na verdade que o avanço dos outros setores da sociedade tivessem acompanhado o das universidades, tais como a habitação, o emprego, a segurança e até mesmo o nível das escolas de ensino fundamental e médio, essas últimas, gerenciadas diretamente por esse governo que hora pretende “resolver” os problemas do ensino superior. Será que vai conseguir? Ou será que por de trás de mais essa tentativa de aumento de poder as intenções serão outras? mais escusas? O senhor tem alguma dúvida de que a maioria de nossos políticos são escusos? Eu não. A realida me prova isso todos os dias.
    Fica aqui a minha esperança e a esperança de nossos filhos e netos de que tudo isso se resolva da melhor maneira possível, afinal, num regime onde o cidadão fica cada vez mais distante do poder e da justiça só nos resta mesmo a esperança.

  19. As universidades públicas
    As universidades públicas estão conbalidas, eu só exemplo vivo disso, faço uma universidade pública e uma particular, a pública sem estrutura e professores já, a particular com uma estrutura particular. No entanto o que acontece com as faculdades públicas ? A verba destinadas ao ensino superior sabemos que considerável, o que acontece que e mal gasto e desviado nas esferas mais diversas. O que precisa realmente e se investir no ensino fundamental e médio, o ensino supeiror tem que ser totalmente privatizado. Que pena que os nossos governantes sabem mas não fazem. Fazer o que ? E Brasil !

  20. Nassif

    Achei tudo muito
    Nassif

    Achei tudo muito simples e claro. Então porque complicam o obvio ? Ou será que existem outros interesses alem de nossa compreenção ?

  21. Sem saber corretamente qual o
    Sem saber corretamente qual o custo efetivo e os ganhos de eficiência de cada universidade, como discutir a realocação adequada de recursos? Em princípio sou a favor da regionalização das universidades federais. Mas sem canibalizar as existentes.

  22. A excelência do ensino
    A excelência do ensino público superior já está consumada, basta apenas colocar em prática. Claro que o governo não deve investir só no ensino fudamental, deveria investir melhor no fundamental e deixar de lado a política de cartéis que se estabeleceram no Brasil e querem comandar tudo. (Saúde; Segurança e Educação). Alunos mal preparados no básico tem como resultado, péssimos alunos no superior e por consequência profissionais de quinta categoria. Transparência não existe na execução orçamentária pública. O Serra percebeu desde quando a Universidade de São Paulo negou informações financeiras a um deputado, então ficou clara a intervenção na autonomia financeira da USP. Lembo vetou o aumento no último dia de mandato, LDO. A transparência tem que ser cumprida. Até quando esses governos irão com a disfarçada transparência. Professor por mais inteleigente que seja, a função é lecionar, com algumas exceções, administradores “nota 10”; alguns diretores da FEA-USP e um deles chegou ao Reitorado. No mais, proferssor tem é que dar aulas e só.
    Muitíssimo obrigado,
    Johnny Notariano

  23. Gostei do texto. Expressou o
    Gostei do texto. Expressou o anseio pela eficiência, que é uma demanda da sociedade. Nada de privatizações a qualquer preço e nada de corporativismo nas decisões gerencias. A eleição só gera feudos de contentes e descontentes que desuni a universidade. Eleição tem que ser só a nível de departamentos. O problema é que no Brasil logo vão querer dar o lugar gerencial para políticos…

  24. Por isso mesmo não dá para
    Por isso mesmo não dá para impor indicadores meramente quantitativos. Tem que se pensar em um modelo mais eficiente de indicadores.

  25. Não, não. Ele não vai se
    Não, não. Ele não vai se imiscuir na produção intelectual. Vai ajudar no gerenciamento dos equipamentos universitários, no cumprimento de prazos, no cumprimento de metas que serão definidas pelos especialistas de cada área.

  26. 1) Novamente parabéns. Tocou
    1) Novamente parabéns. Tocou em mais uma ferida. É realmente uma necessidade.
    2) Aparentemente fácil (as universidades federais têm excessos de talentos). O problema é administrativo.

  27. Gostei da proposta. Tenho
    Gostei da proposta. Tenho acompanhado o debate sobre as universidades públicas no seu blog. Tenho motivos para este interesse. A idéia de um gestor administrativo e financeiro retiraria, ou enfraqueceria em parte, o jogo de interesses que acontece nos bastidores acadêmicos.
    Deixo aqui uma questão, que pouco eu vi ser discutida no seu blog. As várias fundações criadas para ajudar as pesquisas, mas que acabaram por se desvirtuando do caminho. Hoje parte delas tem gastos onde a universidade participa, como espaço, água e luz. E nem sempre seus lucros são devolvidos para a universidade. Seus gestores quase sempre são os docentes que trabalham na própria universidade. Como fundação esta instituição não se obriga a prestar contas, quando deveria.

  28. Nassif,
    Eu postei o
    Nassif,
    Eu postei o comentário abaixo na página principal por equívoco. Eu gostaria que ficasse aqui, se for possível:

    Nassif, há um pau de sebo muito alto e muito liso que o aluno da escola pública deve galgar para ascender ao ensino universitário. A escada é frouxa e há degraus inexistentes ou apodrecidos. Pobre garoto, pobre garota, cair das alturas num chão salpicado por pedras pontiagudas! A lua não perfura mais o zinco dele, só à chùvàràdà!
    A Universidade Pública deve cortar o pau, ou, ao menos, diminuir-lhe o tamanho, raspá-lo. Concertar e consertar os degraus. Tem gente nova que quer e precisa subir. Eles querem e precisam penetrar o útero da Universidade. Precisam de um pouco do líquido aminiótico. Um parto às avessas! Entrar por baixo e sair por cima. Depois entrar por cima e sair por baixo. @

  29. Nassif
    V. tocou num ponto
    Nassif
    V. tocou num ponto muito sério. Sou professor,atualmente aposentado (da graduação). Há 40 anos exerço a engenharia em tempo integral e o magistério em tempo parcial.
    Desde a sua fundação, a USP tem mantido uma gestão estilo “acadêmico” em que qualquer prestação de contas: gastos versus resultados, é encarada como uma postura empresarial não compatível com a liberdade de pesquisa e da docência. Como V.. mencionou, a universidade pública tem muito que prestar contas à sociedade já que provem de impostos os seus recursos. Além disso, a universidade deve abrir-se à sociedade,dedicando parte dos seus esforços, por meio de cursos e assessorias em vários níveis em todas as áreas (“inexatas e desumanas”). Nota-se em alguns um verdadeiro pavor de aproximar-se da realidade, como se esta fosse menor em termos de ciência, quando é justamente o contrário. Alguns de nós, em várias faculdades, vem batalhando há décadas, para promover a integração empresa/escola, com ainda bem modesto sucesso. Por outro lado, as Fundações criadas na USP para cumprir esta missão, via cursos de especialização e assessorias, tem sido fortemente antagonizadas pela Administração. A visão empresarial da universidade deixa horrorizados certos setores, que abominam a “universidade de resultados”. A ilustre Prof. Marilena Chauí ao adotar esta posição, não parece perceber que os seus livros, teses orientadas, e cursos dados produzem exatamente aqueles resultados pretendidos.
    A Gerência profissional é essencial em qualquer instituição em particular naquelas em que os recursos são públicos. Sabemos que a grande maioria dos que pagam estes impostos nunca terão acesso às melhores universidades. Acho que em alguns setores governamentais ainda se fala com tranqüilidade, em “financiamento a fundo perdido” ; claro com fundos de outros.
    Para terminar, o óbvio: a universidade profissionalmente gerenciada e prestadora de serviços remunerados, terá um significativo aumento de receita e muito maiores recursos maiores para a pesquisa.

  30. A crítica que se faz à gestão
    A crítica que se faz à gestão da universidade é a mesmo q acomete a administração pública em geral. Não dá para ser pragmático, no sentido de cuidar dos contratos, do mobiliário, dos recursos. Toda a ação do administrador tem de ser amparada por leis, regulamentos etc. A compra de um equipamento específico leva meses. A compra de materiais de consumo sempre encontra os intermináveis recursos das empresas que não ganharam a licitação. Aliás, pensando bem, o administrador público é o bicho mais pragmático que existe. Apesar de tudo, as universidades públicas ainda reunem nossa excelência científica e briga para não ser, infelizmente, agalfinhada pelo interesse privado. Daí a dificuldade também de estabelecer uma relação profícua (público e privado) que, no fim das coisas, poderia trazer mais dinheiro para os cofres universitários e ficar mais independente dos impostos. Em síntese: o desafio, penso, é aproximar a universidade do setor privado sem perder o espírito público.

  31. Prezados debatedores

    Vejo
    Prezados debatedores

    Vejo alguma preocupação quanto a questão da “mercantilização” da atividade de Pesquisa, mas na verdade acho que a preocupação deveria ir no sentido contrário. O sistema científico brasileiro tem um caráter exageradamente purista, o que provavelmente reflete o fato das atividades de pesquisa estarem fortemente concentradas nos laboratórios universitários (públicos, diga-se de passagem), que tem claramente dado preferência à pesquisa de caráter fundamental, ficando a pesquisa de caráter tecnológica relegada ao segundo plano.
    As estatísticas disponíveis para analisar o fenômeno não são lá muito fartas, mas mostram uma tendência: O número de registros de patentes no Brasil cresceu apenas 40% no período entre os anos de 2000 e 2005, enquanto o orçamento de C&T cresceu cerca mais de 75% nesse mesmo período. Em contrapartida, durante a década de 90, o crescimento da produção científica bruta (artigos científicos, apresentações em conferências internacionais, etc) foi de cerca de 200%. A meu ver, o purismo da ciência brasileira fica claro quando esses números são levados em consideração. Parece existir uma clara preferência do acadêmico brasileiro por produzir material de leitura, publicado em revistas estrangeirais, ao invés de tecnologias economicamente viáveis e produtivas. Não é questão de mercantilizar a pesquisa, mas sim de guardar compromisso com a melhoria das condições de nossa sociedade.
    Só pra concluir a idéia, a coisa fica um pouco pior quando percebemos que mesmo o crescimento da produção científica bruta tem uma alavanca pouco sustentável. Durante a década de 90 o número de matrículas em cursos de mestrado e doutorado cresceu em 192%, mantendo uma correlação de “mais ou menos” 1 pra 1 com o crescimento do volume de publicações. Levando em conta que se trata de uma trajetória de expansão nos quadros de pesquisadores, onde a maioria dos que estavam ativos no começo do período continua no exercício de suas atividades, me parece haver alguma queda na produtividade dos cientistas brasileiros. A chave da questão é que o Brasil forma mais doutores do que consegue inserir no mercado de trabalho, restrito ao serviço público para esse nível de qualificação. Atualmente o Brasil forma 10mil doutores por ano, e não chega a contratar 3 mil.
    A raiz de todos esses problemas me parece ser exatamente a falta de competência administrativa que o Nassif apontou. Não existe coordenação em torno de uma agenda de pesquisa que privilegie os interesses nacionais. Ao contrário, a maioria entre os grupos de pesquisa funciona como uma forma de célula autônoma de baixa produtividade que se limita a copiar o que se faz por ai no mundo desenvolvido. Praticamente todo professor da rede pública de ensino superior é chefe do seu próprio grupo de pesquisa e age de maneira completamente independente de qualquer estratégia nacional (que, aliás, não existe). Não é de se estranhar essa falta de compromisso dos cientistas (entenda-se, professores universitários) em uma estrutura onde a estabilidade de seus empregos é um dogma inquestionável.
    Quanto as PPs, elas não saem do papel por que simplesmente não existe interesse. Não existe interesse do setor público em trabalhar com problemas “não acadêmicos”, e não existe o interesse privado de estabelecer parcerias com puristas independentes, não coordenados e pouco habituados ao cumprimento de metas específicas. Isso sem nem sequer levar em conta a estrutura das leis de propriedade intelectual brasileira.

    Abraços a todos

  32. Nassif,

    Falar gestão nas
    Nassif,

    Falar gestão nas Universidades esbarra num problema estrutural sério. O enfoque das universidades em suas atividades fins privilegia a contratação de docentes doutores/PhDs mesmo que ao custo de contratar servidores não docentes com formação precária. Na USP, por exemplo, apenas 22% dos servidores não docentes são enquadrados em funções de nível superior, 45% 2o grau, e 33% em nível de 1o grau.
    http://sistemas.usp.br/anuario/tabelas/T02_17.pdf

    Não creio que nas federais a situação seja diferente, talvez até seja pior.
    Dessa forma, ainda que os docentes fossem gestores eficientes ou houvessem os Gestores propostos aqui, eles enfrentariam dificuldades sérias em virtude da qualificação dos RHs da universidade, do absenteísmo e das dificuldades que o direito administrativo impõe.

  33. Seguramente não é o “mercado”
    Seguramente não é o “mercado” quem deve definir o futuro da universidade pública no Brasil. Nenhum país sério deixa ensino superior e pesquisa de ponta ao sabor da “mão invisível”.

    No entanto, a universidade pública precisa sim, prestar contas a toda a sociedade.

    O que a iniciativa privada precisa fazer é cooperar com a universidade pública e no Brasil, isto ainda acontece de forma tímida.
    A questão fundamental para sonharmos com um Brasil moderno é a da produção de conhecimento científico/tecnologico. E já passou da hora de enterrar esta divisão ultrapassada e rígida entre ciência e tecnologia. Isto é coisa do século XIX.

  34. Tomando por base as palavras
    Tomando por base as palavras de Ney Henrique, discordo deste ao repetir o conhecido “mantra” de que a universidade “não é produtiva para a sociedade” pelo fato de seus pesquisadores serem eminentemente puristas e considerarem academicamente promíscuo o relacionamento com o setor industrial e a sociedade em geral.
    No caso da produção de tecnologia, estou certo de que a demanda pela ação das universidades na produção de tecnologias em conjunto com a indústria deve partir da própria indústria. Não devemos esperar que pesquisadores acadêmicos, como raras exceções, convencerão industriais de que devem investir seus recursos em pesquisa e desenvolvimento das tecnologias X e Y consideradas por tais pesquisadores como relevantes e promissoras do ponto de vista do mercado. Em nenhum lugar do planeta funciona assim. Quem lida com as “idiossincrasias” do mercado é a indústria.
    Esse modelo invertido é exatamente o que eu, como pesquisador, observo no Brasil, especialmente nos departamentos de engenharia e computação. Salvo raros exceções, como o relacionamento das universidade estaduais de São Paulo e grandes indústrias instaladas neste estado, não por acaso o eixo econômico deste país, a indústria brasileira não procura a universidade para atender suas demandas por inovação, ou o faz precariamente e cheio de desconfianças. Não incluo as multinacionais, as quais em sua maioria investem muito dinheiro em P&D em suas sedes.
    Considero que a indústria é que deveria ser capaz de apresentar suas demandas a universidade e convidar os pesquisadores a tomar parte em projetos em conjunto (aguardemos os efeitos práticos da Lei de Inovação). Eu não conheço um só pesquisador que não enxergue com bons olhos a aproximação de uma indústria com seu grupo de pesquisa por este entender que tal grupo possui potencial para desenvolver certa tecnologia que tal indústria demanda. Um caso particular típico da “miopia” da indústria para identificar suas demandas por produção de tecnologia inovadora pode ser verificada ao observar os projetos oriundos de Lei de Informática, entre indústrias desta área e universidades, especialmente no Nordeste. Conheço poucos projetos que não sejam meros desvios de atividades de desenvolvimento das empresas para laboratórios das universidades. Ao final da vigência dos projetos, os pesquisadores esforçam-se para fabricar contribuições inovadoras quaisquer nos relatórios ao CATI. O curioso é que, para os leigos em informática e computação (como muitos tecnocratas do governo e empresas), qualquer projeto que envolva tecnologia computação parece inovador, mas nem sempre é o caso aos olhos de quem conhece estas tecnologias com profundidade.
    Logo após concluir meu doutoramento, estive, apesar de minhas tendências acadêmicas e milhares de alertas de colegas mais experientes, durante seis meses desenvolvendo um trabalho para 19 empresas da área de tecnologia da informação e telecomunicações (TI&T), interessadas na construção de um instituto de pesquisa em conjunto. A verdade é que ao visitar e conhecer a maioria destas, identifiquei várias oportunidades de pesquisa que poderiam ser feitas entre várias destas indústrias e grupos de pesquisa das universidades locais. Comecei a fazer os elos, através da organização de rodadas de parceria entre estas e pesquisadores. Infelizmente, ou felizmente dependendo do ponto de vista, após 6 meses aguardando uma prometida bolsa do CNPq e receber a notícia de que não me pagariam os seis meses retroativos nem mesmo com recursos próprios, preferi voltar ao lugar seguro que ainda é a universidade (federal e pública). Como vêem, não foram capazes de enxergar o trabalho que eu apenas iniciara a realizar em conjunto com outro pesquisador, também recém-doutor. Acho que há questões culturais envolvidas nessa falta de visão da maioria das pessoas que fazem a indústria nacional, as quais tornam os executivos brasileiros “míopes” quando o assunto é a relação entre conhecimento, tecnologia e inovação.

  35. Pois é, não tenho uma posição
    Pois é, não tenho uma posição de desconfiança em relação à Universidade.

    Não acho que seja uma casa silenciosa com pessoas dentro esfregando as mãos e olhando de viés pela fresta da janela para defender seus lucros.

    Há verdadeiros casos de heroismo entre pesquisadores brasileiros. De auto-entrega à pesquisa e à sociedade. Há resultados promissores. E há gerentes muito conscientes de suas responsabilidades.

    Mas vejo aqui contribuições importantes dos debatedores. Principalmente, admito, dos mais desconfiados.

    Parece que a Idéia de Nassif é gerar um forum de debates “de fora para dentro”. Seria isso?

    Parece bom. Geralmente, só a Universidade debate a Universidade.

    É justamente na contramão dessa tendência, que um fórum de “fora para dentro”, ou seja, envolvendo setores não universitários da sociedade, poderia trazer algumas contribuições.

    É evidente que os convites devem ser feitos também aos acadêmicos da máquina, mas suas questões serão confrontadas e também mais bem compreendidas.

    Como síntese, isso abriria o debate para um caminho de mão dupla.

    É lógico que há inúmeras iniciativas extraordinárias. Mas também é lógico que há um certo isolacionismo, herança longínqua dos monastérios – num Brasil que não viveu uma Idade Média, mas também que não viveu a inspiração do modelo alemão (séc. XIX) em que a universidade transformou-se numa causa nacional.

    Talvez porque os portões das nossas jovens universidades viram adentrar em sua maioria meninos sem problemas (de camadas privilegiadas da sociedade) para vê-los sair homens descomprometidos com projetos de nação.

    É evidente que muito de nossa vida é transformada pela produção científica brasileira. Mas é também verdade que isto está longe do ideal. É claro que há falta de recursos. Mas é também claro que a sociedade não está sendo consultada sobre os poucos que chegam.

    Relaciona a esmo alguns temas que poderiam ser pesquisados, debatidos e mais bem conhecidos. Sem pretensão de pautar qualquer coisa. Só mesmo porque são temas de minha curiosidade.

    1. Ciências aplicadas: Existem metas nacionais de produtividade?

    2. O Papel das Humanidades na produção de conhecimento: como anda o diálogo com a sociedade?

    3. Inserção de mestres e doutores em atividades produtivas extra-acadêmicas: sobre isso, os governos (das três esferas) não têm um papel a desempenhar?

    4. Responsabilidade social e formas de participação comunitária: as pesquisas sociais podem transformar a sociedade?

    5. Comunicação e divulgação do trabalho acadêmico e prestação de contas: por que numa sociedade tão midiatizada a universidade é tão pouco conhecida?

    6. A correia interrompida da educação e da saúde: por que as pesquisas da educação não chegam, em sua maioria, na prática da educação? Por que inúmeras pesquisas no campo da saúde não chegam à prática da saúde?

    Assim, Identificar os nós se transformaria numa tarefa conjunta da Universidade e do restante da sociedade.

    Isso pode transformá-la num projeto de nação.

  36. O depoimento de “H” mostra
    O depoimento de “H” mostra que o nó aponta para as duas pontas da corda: a miopia dos agentes econômicos em não procurar a Universidade é absurda.

    E “H” foi o único aqui a apontar esse “pequeno” detalhe.

    Talvez pela visão de curtíssimo prazo que ainda é marca de nossos empresários.

    Daí que uma discussão envolvendo setores diversos mostraria que a culpa é mais da sociedade como um todo do que da Universidade, tão criticada aqui.

    Cobranças críticas sobre a Universidade devem ser seguidas de cobranças críticas a uma cultura que não se dobra ao conhecimento.

  37. H …

    A minha crítica ñão é
    H …

    A minha crítica ñão é aos pesquisadores individualmente, mas ao modelo de gestão que os cria. como vc disse, o CNPq não privilegiou uma oportuinidade de desenvolvimento tecnológico qdo teve oportunidade. O problema é justamente a universiadde ser o único “local seguro”. Eu tenho certeza de que, desde que exista coordenação, é possível desenvolver um modelo saudável de parceria público privada. No mais, ostaria de salientar que o que eu disse foi que a falta de interesse é mútua, mas afirmo que a culpa dessa situação é da parte pública, já que não criam um ambiente que incentive o investimento em pesquisa no Brasil ( a lei de patentes impõe sérias restrições )

  38. Eu penso que as nossas
    Eu penso que as nossas Universidades Públicas agindo e pensando naquele sistema de “autonomia” esquecem de que “autonomia” é diferente de “soberania”. Soberano, somente o Estado, e o direito do Estado (ou estado de direito) é exercido – ideológicamente – pelo povo. Nada mais coerente que a população possa ter mais formas de participar das universidades, diferentes da atual mais comum: formação-de-profissionais-habilitados-para-o-mercado. Li, também, o comentário sobre a “formação” do tal gerente. Não devemos esquecer que essa tal “formação” é teórica e desenvolvida pelas próprias universidades. Mas imagino que um administrador de recursos para um empreendimento deve saber melhor gerir uma empresa que um doutor ou pós-doutor em microbiologia, p. ex. Também não vejo com maus olhos a busca de parcerias com o mercado produtivo-tecnológico. Discordo da mão única apresentada em um comentário, em que a indústria é que deve procurar as universidades. Creio que seria melhor a mão dupla e entender a indústria(ou ambiente empresarial, governamental, não-governamental) como a sociedade como um todo. Também acredito que o estímulo de ideais contidos no aprendizado do empreendedorismo pode beneficiar muito as universidades, pois apresenta uma quebra de paradigmas que envolvem, inclusive, a forma de ensino-aprendizagem consolidade nas nossas universidades.

  39. Prezado Ney ! Obrigado pelo
    Prezado Ney ! Obrigado pelo rebate. Apenas salientando que minhas considerações são baseadas em experiências e observações minhas e de outros colegas. Talvez alguém mais experiente enxergue contexto diferente, mas devo salientar que concordo com você plenamente que políticas públicas adequadas podem mudar essa situação !!! Mas continuo enxergando um enorme potencial latente nas universidades que é pouco explorada pelas indústrias. No meu caso, e acredito que seja a opinião da maioria de meus colegas, ficaria satisfeito de aliar bons projetos com a indústria e pesquisas academicas. Até tenho idéias sobre temas que sei que interessam a indústria, mas é difícil deixar de lado as atividades acadêmicas, para as quais sou remunerado pelo contribuinte, para investir em mil e uma tentativas de aproximação com empresas com a perspectiva de que somente umas poucas tenham real interesse e não olhem para mim apenas como mais um pesquisador mendigando por recursos para financiar seus laboratórios. Acho que as indústrias nacionais deveriam ousar mais, dentro de seus limites de suporte ao risco, e não esperar sempre subvenções econômicas do governo para aproximar-se da pesquisa nas universidade com vistas a aumentar sua capacidade de inovação … comparo com o exercício da medicina: é o paciente que procura o médico para que este estude o seu caso e intervenha de alguma forma; não é o médico que bate a porta de pontenciais pacientes para perguntar se estes precisam de alguma consulta.

  40. Caro Nassif,

    Sou da área de
    Caro Nassif,

    Sou da área de humanidades e tento pensar como seria a questão nessa área:

    Acho que essa idéia de gerente talvez seja aplicável nas áreas que utilizam mais tecnologia e mais investimentos em equipamentos, como biológicas e exatas. Em boa parte da área de humanas, embora as instalações físicas devam ser melhoradas (na USP, por exemplo), o que se precisa é de bons professores em quantidade suficiente, o que, em vários casos, não acontece. E boa biblioteca.

    Nesses casos, o que faria o gerente? Encarregar-se-ia de cobrar o desempenho dos professores? Dos alunos? Dos funcionários? Talvez pudesse se encarregar da compra de livros?

    Um abraço,

    Gustavo

  41. Pois é Heron, o curioso é que
    Pois é Heron, o curioso é que as fundações, que vão atrás da iniciativa privada, são taxadas de “pilantragem”. O docente que presta consultoria ou pesquisa pra a indústria é mal visto por estar “prevaricando a coisa pública”.

    Se não tem fundação e os docentes ficam fechados dentro da acadêmia eles são condenados como preguiçosos, alienados, etc.

    Dessa forma o debate é viciado em posições ideológica inconciliaveis. Se existem indifinições nas políticas e na gestão das Universidades públicas, muito se deve a essa dicotomia.

  42. Heron

    Acho que nossos pontos
    Heron

    Acho que nossos pontos de vista estão convergindo. Eu concordo plenamente que existe um forte potencial produtivo latente nas universidades, e concordo que existem pesquisadores, entre os jovens principalmente, que gostariam de uma cooperação mais estreita com o setor produtivo. O que falta é o incentivo certo.
    A atividade de pesquisa tecnológica não é valorizada pelo sistema científico nacional. Como vc mesmo disse, os pesquisadores são cobrados no sentido de produção acadêmica (i.e. artigos publicados em revistas indexadas), sendo a cooperação com a indústria até mal-vista em alguns casos (como bem salientou o Daniel Coelho). As carreiras dentro da universidade são balizadas através de critérios acadêmicos puristas, que desenvolvem uma cultura científica que privilegia a produção de papel indexado. O errado, em minha opinião, é o contribuinte pagar por tanto trabalho acadêmico, quando suas reais necessidades estão mais voltadas para a tecnologia.
    Nesse sentido, a proposta de gestão feita pelo Nassif viria a calhar, pois melhoraria muito a coordenação das atividades científicas em nível nacional ( inexistente na minha opinião ).
    No mais, volto a insistir que a iniciativa privada não coopera com os centros de pesquisa públicos por falta dos incentivos adequados. As leis de propriedade intelectual impõem um forte empecilho sobre o investimento privado em pesquisa no Brasil, e precisariam ser revistas se o que se desejasse fosse criar uma cultura de produção tecnológica massiva, o que me parece não ser do interesse da “cúpula” nacional de C&T. Quando existe um ambiente adequado, é natural que as empresas procurem os centros de pesquisa. Esses dias mesmo eu estava dando uma olhada em umas chamadas de trabalho para área de espectroscopia molecular (minha especialidade) e química teórica na Dinamarca. Essas duas áreas têm um forte cunho acadêmico, mas para minha surpresa, o dinheiro para o trabalho estava saindo de uma indústria do setor petroleiro, que obviamente está farejando algum dinheiro nisso.
    Sempre é bom debater idéias nesse nível.
    Abraços!
    NH

  43. Concordo quanto a
    Concordo quanto a convergência dos pontos de vista.Também, acho que a pesquisa tecnológica deve ser encarada com tanta importância quanto a científica, como tanto foi debatido por aqui. Ambas as vertentes tem sua importância dentro do sistema, pois o avanço do conhecimento implica no avanço tecnológico em médio e longo prazo, Não é a toa que muitas grandes indústrias com fôlego financeiro para investimentos de alto risco e com retorno a longo prazo investem em também pesquisa básica.

  44. Apenas um dado: em 2004, a
    Apenas um dado: em 2004, a fundação de apoio a pesquisa do meu estado, em conjunto com o CNPq, abriu edital para fixação de “doutores nas empresas” (bolsas de desenvolvimento científico regional no valor de R$3000,00 aproximadamente). Acredito que muitos devam ter conhecido esses editais em vários estados. Eram 20 bolsas a serem concedidas no meu estado. Durante vários meses em que o edital esteve aberto, somente havia uma única empresa (o instituto onde trabalhei) com dois candidatos a bolsa. O presidente da fundação precisou reabrir o edital seguidamente. Não tenho o dado exato, desculpem, mas certamente não mais que 8 bolsas devam ter sido concedidas às empresas interessadas na região.

  45. Me parece importante que os
    Me parece importante que os chefes de departamento sejam profissionais contratados para tal função, ou se seja, gestores profissionais e não professores eleitos por seus pares.

  46. Coelho
    Seria simples acabar
    Coelho
    Seria simples acabar com qualquer desconfiança sobre as Fundações se elas fizessem prestação de contas de forma clara e pública.

  47. Caro Nassif

    O artigo abaixo
    Caro Nassif

    O artigo abaixo consta no JC-emailda SBPC. Fique com um gosto de que assisti este filme antes.
    +++++++++++++++++++++++

    Universidades estaduais paulistas terão liberdade

    USP, Unicamp e Unesp deverão ganhar regras próprias no Siafem, sistema informatizado de controle de gastos públicos

    A informação foi dada, nesta segunda-feira, pelo secretário do Ensino Superior, José Pinotti, aos reitores.

    As Universidades temiam perder autonomia em teoria, teriam de pedir autorização ao governo antes de remanejar as verbas, como todo órgão público.

    Com as regras especiais, as instituições deverão ter total liberdade financeira. Pinotti disse também que ainda não existe um prazo definido para que integrem plenamente o Siafem, ao contrário do que havia dito antes.

    Na semana passada, uma reunião foi feita no Palácio dos Bandeirantes para desfazer a tensão entre o governo e as universidades.

    O governador José Serra (PSDB) recebeu os reitores para explicar que as medidas adotadas nas primeiras semanas de sua gestão não afetariam a autonomia universitária.

    Ele criou a Secretaria do Ensino Superior e proibiu contratações. Além disso, não repassou a verba total destinada às universidades. (Ricardo Westin)
    (O Estado de SP, 13/2)

  48. A Universidade pública no
    A Universidade pública no Brasil é
    menos ruim que a particular(fábrica
    de diplomas).
    As públicas têm certos vícios
    imperdoáveis,como por exemplo
    serem focos de politicagem em
    geral esquerdista/socialista.
    Será que eles ainda não viram (pior
    cego é o que não quer ver) que os
    Países socialistas estão afundados
    na pobreza?

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