IPEA, PIB e deboche

O diretor de Estudos Macro-Econômicos do IPEA, Paulo Levy, é campeão.

Ontem o IPEA soltou sua nova previsão para o crescimento do PIB em 2006: 2,8%. Nas explicações, fica claro que os dois principais fatores de derrubada do crescimento foram a desaceleração das exportações (que cresceram 4,6%, em comparação aos 11,6% do ano passado) e o aumento das importações (que cresceu 16,4%).

Segundo as contas do próprio IPEA, a piora no desempenho externo matou o PIB em 1,3 pontos. Se o desempenho tivesse sido o mesmo do ano passado, o PIB estaria crescendo 4,9%. O consumo cresceu 4,2%, mas esse crescimento não beneficiou a produção local porque ocorreu um enorme aumento das importações (sem se considerar o contrabando).

Ora, maior fator de influência sobre o setor externo, em 2005 e 2006, foi o câmbio. Foi a única variável expressiva que mudou em relação a 2005. Portanto, o câmbio apreciado matou 1,3 pontos da riqueza nacional. Essa constatação é do próprio IPEA. A política monetária provocou uma apreciação do câmbio, que deteriorou as contas externas, provocando uma queda direta de 1,3 ponto do PIB.

Qual a explicação do Levy? “Questões que eram encobertas pelo câmbio desvalorizado estão aparecendo”. Ou seja, os gargalos de infra-estrutura e demais.

É inacreditável! Todas essas questões já existiam em 2005, mantiveram-se em 2006. Se a única coisa que mudou foi o câmbio, é evidente que a razão da queda de 1,3 ponto é do câmbio.

Não adianta! Declarações como a de Levy são o atestado mais rotundo da miséria intelectual em que se transformou a cobertura jornalística.

Já se entrou no campo do deboche.

Luis Nassif

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