Ladeira abaixo

Republicada às 17:16

Ontem, os gênios do Banco Central conseguiram derrubar o dólar para menos de R$ 2,10 na ponte de venda, nível mais baixo desde maio do ano passado. A queda é resultado direto da redução no ritmo de queda da taxa Selic. Foi como se o BC abrisse a porteira e mandasse a manada dos dólares entrar, porque haverá garantia de ganhos estrondosos com a renda fixa nos próximos meses. E essa queda irá continua.

Com essa maluquice dos juros, o país paga duas contas. A primeira, a conta da dívida pública. 2,5 ponto da taxa Selic equivale a R$ 11 bi por ano – todo o programa da Bolsa Família. A segunda é a compra de dólares para aumentar as reservas, que implica em um enorme custo fiscal, decorrente justamente da diferença entre o custo da dívida pública e o custo de aplicação das reservas. Compra inútil, porque a queda continua.

Caso as previsões de redução da taxa Selic fossem de 2,5 ponto percentual, a economia anual do país seria de R$ 11 bi, pouco mais que o déficit atribído à Previdência Social, com os penduricalhos. Sem contar os ganhos que haveria com o crescimento do PIB, e com a desvalorização do câmbio. Esse custo não costuma ser lembrado pelos que gostam de jogar a conta para aposentados.

Observação

Pessoal, em vez de 0,25 ponto considerem como corrento 2,5 ponto percentual na taxa média Selic.

Luis Nassif

23 Comentários

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  1. Faz parte do PAC vencer
    Faz parte do PAC vencer também as concepções tradicionais da cultura brasileira, a ideologia de Brasil e da brasilidade, como o brasileiro vê o seu país e a sua cultura. Certas brincadeiras precisam ser feitas com mais cuidado, pois, no caminho do desenvolvimento, exige-se muita seriedade, sem abrir mão da espiritualidade. Brincadeira tem hora e ocasião.

    O carnaval é uma coisa bonita, a carnavalização da cultura é uma expressão riquíssima, mas nenhum excesso é bom, especialmente neste momento da polítca. O que me preocupa: reproduz-se rapidamente a dispersão política brasileira dos últimos tempos, o “cada um para si”, “cada um que cuide do seu” e coisas do tipo. As lideranças em vez de cooperarem, começam a querer se lançar apaixonadamente na fogueira das vaidades e das conveniências mais imediatas. Os movimentos da dança continuam revelando alianças muito frágeis, rupturas inexplicáveis, falta de entendimento.

    A administração do novo governo também deu suas vaciladas, por exemplo, em vez de começar com a carga toda e assumir os problemas mais graves, como a educação e a segurança pública -negociar e colaborar com o judiciário para resgatar a “segurança judiciária” brasileira -para os negócios e para os cidadãos. Esta gestão começou em compasso de espera. O presidente tirou férias, nos primeiros dias. Agora está adiando seguidamente a reforma ministerial. Esta novela com o ministro Márcio Thomaz Bastos já está fugindo do sério da política, não é um comportamento adequado.

    Lula acertou no PAC, mas dá apenas o primeiro passo e não dá o segundo. E agora o ministério vai ser anunciado “depois do carnaval”. Que calendário é esse? São esses pontos vagos, essa falta de cumprir riogorosamente o protocolo básico de governo, que dão margem a desentendimentos maiores, e enfraquecem o governo, vão diminuindo a força do presidente. Depois é muito mais difícil recuperar a dinâmica e “entrar no clima” que deveria acompanhar o PAC. A política do BC deu a sua segunda ducha de água fria no PAC, mas o governo também está pecando na reforma ministerial. Gente, isto não é brincadeira!

  2. Médio. Se eles aplicam em
    Médio. Se eles aplicam em reais, mas retiram em dólares, e o dólar se desvalorizar em relaçao ao real, eles ganham muito mais.

  3. A entrada de dolares para
    A entrada de dolares para negócios especulativos está levantando os preços de certos ativos com escassa lógica dentro da economia real, tais como ações de construtoras, corretoras, etc.
    Esse dinheiro é ultra volatil, aumenta extraordinàriamente a vulnerabilidade de nossa economia, como já detectou a Economist Intelligence Unit, que prepara dois relatorios anuais para cada país. Eles apontaram que a economia brasileira é a mais vulnerável dos quatro grandes emergentes exatamente porque está importanto dinheiro especulativo. Enquanto isso a industria textil brasileira recuou 5% e a industria de máquinas 7% no ano passado, o pouco investimento direto estrangeiro que está entrando é para meia duzia de setores, celulares, hotelaria, compra de empresas já existentes, muito pouco para aumento de capacidade produtiva. A receita do BC é completa: o desastre para a economia brasileira a longo prazo está garantido, nada foi esquecido: aumento da vulnerabilidade, diminuição da produção, aumento da especulação, diminuição do emprego em grandes setores, criando a síndrome do vinho importado: este ficou muito mais barato mas a mesma politica que torna o vinho barato mata os empregos , os compradores vão ficar sem renda , vai sobrar vinho nas prateleiras. Se um feiticeiro pensou como travar o crescimento de um país de grande potencial, o BC encontrou a formula perfeita.

  4. Vendo os seus argumentos e de
    Vendo os seus argumentos e de tantos e tantos outros economistas, cá questiono aos meus perplexos botões… em que planeta vive o BC? A quem interessa manter um Bevilacqua? Agora, com a mudança de governo, não deveriam sair alguns diretores do BC? Quem os substituirá?

    Francamente, não dá para acreditar que o presidente Lula, a maior personalidade política do país desde Getúlio, vai deixar seu governo esvair-se por este sumidouro… É inacreditável…

  5. Parabéns NASSIF por mais uma
    Parabéns NASSIF por mais uma boa lebre levantada ! Este teu Blog é leitura obrigatória diária. Obrigado pelas informações aqui postas.

  6. Com a redução no corte do
    Com a redução no corte do juros da selic de 0,5% para 0,25% o COPOM sinalizou uma taxa media anual de 12%. Isto teve um efeito imediato sobre o cambio.

    Creio que isso pode dar mais espaço para o COPOM voltar a cortar os juros em 0,5% na medida que o Banco Central trabalha com o dolar medio a 2,20 reais, e se manter os cortes de 0,25% dificilmente o dolar passara de 2,10 reais, derrubando ainda mais os indices de inflação

  7. Nassif,
    Com uma camorro
    Nassif,
    Com uma camorro dessas no Banco Central: o Brasil, Lula e nós outros não precisamos de inimigos.
    Eles estão todos lá, a começar pelo mais sinistro Beviláqua (ex- colaborador de Daniel Dantas).
    Até quando devemos aguentar…
    Com a palavra Presidente Lula.

  8. Nassif, ontem eu vi o seu
    Nassif, ontem eu vi o seu comentário, bastante inflamado, na tv Cultura sobre a redução tímida da taxa Selic. Imaginemos que o presidente Lula é uma pessoa bem intencionada, com um bom grau de inteligência e discernimento. Certamente ele já escutou os dois lados da moeda: o lado Mantega (que partilha de suas convicções) e o lado Meirelles (que todos sabemos qual é). Eis a dúvida: o que impede o Presidente de exercer seu poder e dar uma guinada em prol do desenvolvimento via política monetária? Será que os argumentos não são fortes o suficiente para convencê-lo? Será que é medo da reação da mídia (patrocinada pelo sistema financeiro)? Ou será medo de ressucitar o bicho feio da inflação? Temos que descobrir onde está o “x” da questão para podermos desmistificá-lo. Porque não podemos colocar o presidente do Banco Central e o Ministro do Tesouro frente a frente, numa discussão franca e pública, sobre este tema. Imagine os jornalões fazendo esta pressão? Veja a manchete: A sociedade cobra debate público sobre o nível das taxas de juros. O meu sonho era ver Vc e o Beluzo de um lado e o Meirelles e o Bevilacqua de outro no Roda Viva. Será uma utopia? Como seria útil para o Brasil!!!

  9. Naasif,sua explicação sobre
    Naasif,sua explicação sobre este assunto é tão clara e fácil de entender,que fica difícil acreditar que seja assim que a coisa daria certo,e somente os CABEÇÕES do BC,ainda não descobriram esta teoria.Ou então tudo leva a crer que eles estão querendo boicotar o plano economico do Governo Federal.

  10. Oi Nassif
    É justamente essa
    Oi Nassif
    É justamente essa conta que precisa ser feita. Todos falam de falta de recursos no orçamento. Todos vemos os serviços públicos em frangalhos. E o grosso do dinheiro dos impostos indo para os rentistas via Selic. Lembro de uma avaliação feita há tempos pela Confederação Nacional dos Transportes de que 10 bilhões de reais seriam necessários para recuperar toda a malha rodoviária federal. Ou seja, alguns décimos de Selic.
    Um abraço

  11. nassif, produzo grãos no sul
    nassif, produzo grãos no sul e estou ficando pessimista quanto ao futuro deste país. Temos alta produtividade , somos altamente competitivos com os americanos em qualquer setor agropecuário e até superamos eles em alguns. Tivemos tres grandes crises geradas não por sermos incompetentes ou gastadores como dizem os “experts” que a toda hora aparecem na grande midia tentando provar que somos “chorões”. Essas crises que tivemos foram nos anos de 94 , 98 e 2005, (coincidentes com as reeleições federais) . Crise para nós é voto para o candidato do dia ,pois descobriram uma fórmula infálivel : desvalorizase o dólar inunda-se o mercado interno de importados, inibe-se as exportações por falta de competividade cambial e se não for ano de copa mundial,inicia-se algum programa “social”. As consequencias virão ( para nós da agropecuária já chegaram) , agora será a indústria e logo chegará à área de serviços. Como se consegue esta proeza : mantendo os juros nas alturas com a desculpa de combater a inflação se não colar , tem o déficit da previdencia, se também não colar temos outras desculpas; crise internacional , preço do petróleo, excesso de exportação de comodities, gasto público , dá para encher uma folha de pretextos, pois arautos destas teorias é o que não falta no brasil.

  12. Mas que brugalheira! Será que
    Mas que brugalheira! Será que nunca se chegará a um consenso sobre o que é melhor para o Brasil? Sempre vamos estar em uma situação de arrependimento, incerteza? Arre! Fico imaginando o pq., de repente, tudo se vira contra o BC. Está certo que não gosto do meireles, mas… Será que certas palavras ditas, dias atrás a respeito, são dígnas de crédito ou é só um joguinho político? Depois disso, todos se esqueceram que houve um cataclismo em SP( o buracão) e poderão acontecer outros, pois as casas continuam rachando. E o povo que se dane!

  13. Nassif,
    não quero defender os
    Nassif,
    não quero defender os irresponsáveis do Banco Central.
    Mas os gênios que lá estão são empregados do Lula. É este cidadão que, em última análise, é responsávelpelo descalabro que a combinação de juros elevados/câmbio desvalorizado/inflação de impostos têm causado.
    Não é correto falar nos cabeções do BC, e sim nos cabeções que o Lula e seus ministros puseram no BC.
    Abraços.

  14. Já ví esse filme antes. Eu
    Já ví esse filme antes. Eu marchava, orgulhoso, para o Banco onde comprava dólares (poucos…) a 0,80 reais para remetê-los para o o meu filho que fazia intercâmbio nos Estados Unidos e estava convicto, então, de que finalmente o Brasil era um país sério, bem administrado, com uma moeda mais forte do que o dólar… Cheguei a escrever para o meu filho dizendo-lhe o quanto ele deveria orgulhar-se da sua pátria por ter sua mesada no valorizado real enquanto os seus pobres amiguinhos americanos tinham que se contentar com suas mesadas em desvalorizados dólares…Em 1998, FHC é reeleito. Em 13 de janeiro de 1999, o real explode. Alguns malucos adeptos de teorias conspiratórias ousam afirmar que as autoridades sabiam da necessidade da desvalorização do real mas, em dúvida quanto ao comportamento do eleitorado, preferiram aguardar o fechamento das urnas. Eu sinceramente não acredito nisso. Está claro para mim que FHC, Malan, Gustavo Franco, etc não sabiam que o real estava sobrevalorizado e foram também surpreendidos, assim como todos nós, pela desvalorização do real… Felizmente, para mim, o meu filho já tinha retornado dos Estados Unidos…

  15. Nossa, Nassif, e ainda tem a
    Nossa, Nassif, e ainda tem a isenção do IR!! Tinha esquecido disso.
    Vou tentar ser claro pela última vez (não é falsa modéstia, é que o comentário ficou mesmo confuso).
    Meu objetivo estava em sublinhar como os comentários e artigos que se debruçam sobre os juros somente apontam os ganhos do investidor tendo em conta a nossa economia. Quis dizer que – principalmente em aplicação de curto e médio prazo – para achar o ganho real do investidor não se deve deduzir a inflação interna (do país receptor da aplicação), mas a inflação do país de origem. E que, feito dessa maneira, o cálculo ou a apreciação do ganho o torna ainda maior.
    Por exemplo: sou americano; invisto 1 milhão de dólares no Brasil por doze meses. Com o câmbio estável e a taxa de juros no mesmo patamar por todo o tempo (como é mais ou menos o que ocorre agora), meu capital não ficou exposto aos efeitos depreciativos da inflação brasileira tempo suficiente para afetar a rentabilidade total de meu investimento. Assim, de fato, meus dólares somente se desvalorizaram segundo a inflação de meu país, os EUA. Supondo uma Selic de dez por cento (e em cálculo grosseiro, só para exemplo), eu levo ao final do ano para casa 1 milhao e cem mil dólares. Nos EUA o que eu comprava com estes 1 milhao e cem mil sofreu apreciação de cerca de hum por cento (ou seja, a inflação anual de lá). Só que, nos comentários dos jornalistas de planilha, eu teria levado como resultado “apenas” uns cinquenta mil dólares, porque eles pensam na inflação daqui.
    E por último, esse raciocínio é válido apenas no curto e médio prazos, em período de baixa turbulência internacional. É isso.

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