O caso Daslu

Quando personagens ou empresas estão na onda, dificilmente as denúncias prosperam. Quando a Polícia Federal identificou o sistema de fraudes da Daslu e invadiu a loja, em um trabalho profissional exemplar, não faltaram críticas acerbas ao trabalho.

Depois, pouco a pouco a Daslu foi caindo em desgraça, deixou de ser o símbolo dourado de uma elite deslumbrada que ascendeu nos anos 90. Agora, é vítima de atos arbitrários – e me sinto com liberdade para denunciá-los na condição de um dos poucos jornalistas que defendeu a ação conjunta da PF e do Ministério Público no episódio.

A prisão de Piva de Albuquerque, o irmão da Eliana Tranchesi, dona da loja, é de uma arbitrariedade injustificável. Alegou-se que a Daslu estaria importando através de tradings. Ora, esse tipo de importação não pode ser confundido com contrabando. Quase todas as montadoras do país importam através de tradings, como a Coimex. É prática usual.

A Columbia Trading tem 70 anos de idade, importa para grandes empresas, sua contratação pela Daslu foi anunciada, na época, como uma nova alternativa à anterior, de recorrer a a importadores fantasmas.

Alegou-se que o preço declarado na importação estava abaixo do que a Daslu praticava em suas lojas. É óbvio. A trading importa no atacado, a Daslu vende no varejo. Pelos dados divulgados, a importação foi declarada por R$ 1,7 milhões e, nas lojas, os produtos custariam R$ 5 milhões. Trata-se de uma margem normal para quem arca com custos de marketing, de pessoal, de aluguel, de capital de giro.

A Procuradoria alegou também que não foi pago IPI na importação. Ora, se passou pela Alfândega, ela não libera a carga enquanto todos os impostos não forem pagos. A carga teria ficado retida até o pagamento.

A Receita federal e o Fisco paulista têm uma mega conta a receber da Daslu. Se insistir na perseguição à loja, não vai ter como cobrar. A única chance do Fisco receber alguma coisa é a loja continuar funcionando. O prédio é alugado e dificilmente se encontrará algum ativo.

Se continuarem nessa linha, satisfarão a sede de vingança, mas não estarão defendendo a Receita.

Luis Nassif

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