O Conselho de Reitores

Elcio Abdalla *

Nos últimos dias o Governo do Estado de São Paulo decidiu que o CRUESP (Conselho de Reitores) seria gerido mais diretamente pelo poder executivo. Alguns colegas comentaram que seria uma intervenção indevida no funcionamento das Universidades.

Nada mais correto, não fosse a monumental incompetência de muitos de nossos professores universitários, meus colegas. Na Universidade de São Paulo, somos, em grande maioria, contratados pelo Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP). Isto garante a excelência do professor, que além de suas atividades didáticas diretas, ou seja, suas aulas, gere pesquisas de estudantes de pós graduação, auxiliares de pesquisa (pós doutores), gere sua própria pesquisa, tem atividades de extensão e cultura, além de participar da gerência da universidade, de bancas de concursos, prestação de serviços gratuitos à comunidade, produção de conhecimentos, entre outras. Nada mais correto em uma grande universidade.

No entanto, uma parcela significativa de nossos docentes dá suas aulas e … nada mais! Uma afronta para um país que necessita de quadros competentes e ativos. Esta terça parte de inativos poderia e deveria ser transferida para o quadro dos docentes contratados em regimes mais tênues, o Turno Completo (20 horas semanais) ou Tempo Parcial (12 horas). No entanto, como parte do igualitarismo vigente, os sindicalistas de plantão se negam a uma avaliação dos membros docentes, e o que ocorre é que, membros altamente competentes, com publicações científicas importantes, prêmios internacionais, orientações variadas contribuindo para o desenvolvimento nacional, convivem com os incompetentes e preguiçosos de plantão, que, bem pagos, têm todo o tempo a seu dispor para a “política do momento”, terminando por vezes em tentar “dar as ordens” aos colegas que trabalham

Mais recentemente o sindicalismo está por trás de outra tentativa de golpe. Propõe a abertura da carreira, de modo que qualquer professor atinja o ápice (professor titular). É proposta da figura do professor pleno. Isto significará, para a universidade de São Paulo, um prêmio ainda maior à incompetência, além de um desembolso extra para os cofres públicos, já que, por detraz desta manobra, está um novo aumento da folha de pagamentos, só para os incompetentes, é claro.

As questões cruciais da Universidade não param por aí. Há um evidente aparelhamento político das comissões, sempre visando uma fatia do poder central, de modo que o mérito, parte essencial do funcionamento de uma universidade, se vê mitigado a condição nenhuma. Sem avaliação, o mau professor só se interessa pela manutenção de seu status e em seu salário. Uma posição a mais significa apenas um poder a mais, quiçá um pequeno aumento na forma de um adicional.

Freqüentemente se esquecem, alguns colegas e maus estudantes que a Universidade nada mais é que uma meritocracia. O estado deve ser democrático, mas a Universidade procura a verdade, que não se consubstancia pelo voto. Planck descobriu a Mecânica Quântica. Se houvesse na época uma .discussão paritária. a descoberta teria sido talvez jogada na lata do lixo. Hoje, a terça parte do PIB americano se baseia nesta singular descoberta científica …

Mas os problemas da Universidade não param por aí, e seria necessário um livro para transcrevê-los. Pressões, encapuzados e rasteiras são lugares comuns. Por isto é que muitos de nossos colegas se vêem enfeitiçados quando se lhes apresentam universidades milenares, como Oxford ou Cambridge, onde não é necessário que se diga o óbvio.

É por esta razão que vejo uma intervenção como muito natural, desde que sirva para interromper os processos viciosos que têm sido observados na universidade pública paulista e que não têm sido devidamente enfrentados desde a implementação da autonomia universitária. Esperamos que um dia se possa dizer que somos adultos, também na Universidade. Então poderemos gerir nosso próprio patrimônio, que está longe de ser pequeno

Elcio Abdalla (Professor Titular Chefe do Departamento de Física Matemática – IF/USP)

Luis Nassif

39 Comentários

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  1. Nossa, que texto mais
    Nossa, que texto mais carregado de preconceitos, com uma ideologia implícita: a do “convivem com os incompetentes e preguiçosos de plantão, que, bem pagos, têm todo o tempo a seu dispor para a “política do momento”, terminando por vezes em tentar “dar as ordens” aos colegas que trabalham”, a mesma que o prefeito de São Paulo, o Kassab prega, onde o manifestante é “vagabundo”, não tem nada melhor para fazer.

  2. Bom, isso todo mundo que
    Bom, isso todo mundo que passou por uma Universidade pública sabe que existe. Mas é preciso saber quem avalia os avaliadores, ou de que forma a avaliação será executada. pois nenhuma avaliação é neutra.

  3. Acredito piamente no que o
    Acredito piamente no que o professor Elcio coloca, entretanto a USP é formada por diversos departamentos. Alguns ainda são de excelencia, apesar de toda política, outros estão em plena decadencia. infelizmente.

  4. A pressão da sociedade é
    A pressão da sociedade é fundamental. A intervenção direta do governo do estado não.

    Digo isso porque o governo do estado não faz idéia dos problemas das universidades, a preocupação do governo é com o controle dos recursos na boca do caixa, ter mais margem para se enquadrar na lei de responsabilidade fiscal e nos percentuais mínimos (que a muito se tornaram máximos) de gasto com o ensino e educação.

    A muito tempo alguns dos secretários de estado fazem parte do CRUESP e a verdade é que eles nunca deram as caras nas reuniões. Talvez agora com o secretário da pasta mais misteriosa (secretaria do ensino superior) se dê ao trabalho de comparecer. Também pudera, alguem faz idéia das atribuições dessa secretaria? Acho que nem o Pinotti sabe ainda.

    Minha visão é que os problemas da universidade só poderão ser resolvidos de dentro. Ou os docentes se mobilizão assim ou vai continuar a pasmasseira, setor público é muito eficiente em barrar mudanças.

    Infelizmente, parece que a ficha só cai quando acontece algo muito grave. A intervenção do Governo do Estado me parece estar longe de ter a gravidade necessária e tem os motivos e métodos errados.

    Os sindicatos nas universidades também são outra coisa lastimável. Chega a ser patética a atitude deles como se os reitores fossem patrões e eles empregados explorados, num discurso marxista de 3a e mofado.

    Mais cômico ainda é essa história dos sindicatos terem manobrado nos bastidores da eleição da Reitora da USP em favor dela. A argumentação deles, nos moldes mais marxistas de butiquim quanto possível, era de que era bom para os sindicatos apoiar a eleição de um reitor fraco. Agora a USP tem uma Reitora inapta que será incapaz de promover qualquer mudança na USP e que ainda por cima morre de medo do Serra e dos sindicatos.

    PS: Caixa preta é a Unicamp onde a relação entre fundação, HC e universidade são para lá de promiscuas.

  5. O que o professor Elcio
    O que o professor Elcio escreveu tem muito de verdade, mas tem alguns equivocos.
    Não penso que o governo tenha mais competência do que já possui os que labutam nas universidades.
    O problema são os métodos de avaliação desta competência.
    Como quem manda nas universidades paulistas são apenas a classe de docentes, fica difícil não ser comporativista.

  6. O texto duro do prof. Elcio
    O texto duro do prof. Elcio chama atenção para um dos riscos que existem nos métodos acadêmicos de gestão, qual seja, o desvio de missões fundamentais da instituição. É realmente trágico ver o
    que ocorreu com a politização extremada que está cada vez mais tomando conta da USP. Mas é assim há muito tempo…hoje o petismo varre o quinto escalão da universidade, mas o partidão dominou muito tempo boa parte da “dona zelite”. Este últimos tempos já foram quase superados: em algumas unidades como o IF, a meritocracia conseguiu “purificar” um pouco o espírito acadêmico (alçando o prof. Élcio, reconhecido internacionalmente) a uma posição acadêmica na qual pode ajudar a influenciar os rumos da instituição. Contudo, não há garantia nenhuma de que a simples intervenção do Estado iria ajudar a “resolver” o problema ou torná-lo insolúvel, condenando de uma vez por todas a USP à mediocridade. O problema é conseguir uma reforma da gestão que implemente entre outras coisas o comportamento ético e a meritocracia genuína. O problema não é simples…muita calma nessa hora…

  7. É verdade. A universidade
    É verdade. A universidade pública brasileira é uma verdadeira bagunça. E os professores não têm lá muita moral prá criticar o governo….

  8. Basear a avaliação dos
    Basear a avaliação dos professores universitários no trinômio “desempenho em sala de aula”-“Condução de pesquisas”-“Publicações acadêmicas” significa a adoção, de forma mecânica e acritica, de políticas de avaliação acadêmicas importadas do “primeiro mundo” – onde salários, condições de exercício docente e estrutura de pesquisa são outros.
    Ao contrário do que seus entusiastas defendem, a adoção de tais “critérios” não gera um sistema justo de avaliação – ao contrário, cria uma série de protocolos-padrão que beneficiam aqueles que se especializam em manipulá-lo a seu favor .
    Esse ser idealizado – o tal super professor com desempenho superlativo em três diferentes práticas acadêmicas é uma quimera – e algo não necessariamente desejável. Há professores que são excepcionais na sala de aula, mas não tem aptidão para pesquisas; há pesquisadores inatos, que têm um desempenho pífio na sala de aula; há aquele que, às vezes mais por laços pessoais que por méritos, publicam muito- mas cuja pesquisa não se traduz em evolução de seu campo acadêmico.
    É preciso buscar modelos de avaliação acadêmica que levem em consideração tais características, e que não descartem, de forma preconceituosa – como o autor do texto, Elcio Abdalla, faz – diferentes formas de desempenho acadêmico – não contemplados pelos métodos avaliativos em voga.

  9. Embora usando um tom áspero e
    Embora usando um tom áspero e mais pessimista do que eu utilizaria, acho que o Prof. Elcio chamou atenção para um quadro típico da maioria dos departamentos da maioria das universidades, inclusive muitas do primeiro mundo. Mas eu não acredito de maneira nenhuma que a intenção do governo paulista seja nobre … de forma mais geral, eu não acredito que pessoas que não conhecem o “modo de produção acadêmico”, sejam quais forem estes tais “produtos acadêmicos”, sejam capazes de melhorar a universidade. Um caso típico é achar que os métodos de controle típicos de empresas/indústrias melhorarão a qualidade da produção das universidades. Meras induções, do tipo: se o método X funciona para aumentar a produtividade dos funcionários de uma indústria de fabricar motos, então X deve funcionar para os professores de uma universidade produzirem mais conhecimento e tecnologia “relevantes para asociedade”. Estes deveriam ler mais história e filosofia da ciência. Como disse um dos leitores, a solução virá de dentro da própria universidade, motivada por estímulos externos. Talvez pela renovação de seus quadros com gente mais compromissada com seus princípios. Um bom estímulo é a aproximação da indústria, de maneira que não seja apenas como forma de obter subvenções econômicas, montar escritórios de desenvolvimento travestidos de laboratórios de pesquisa, ou por serem obrigados por lei. Enfim, eu não acho que o problema esteja com o SISTEMA, pois copiamos modelos de universidade consagrados mundo afora, mas com muitas das pessoas que fazem parte deste, induzidas talvez por questões culturais inerentes ao estágio atual da sociedade onde foram formadas e educadas.

  10. Caro Nassif,
    o comentário do
    Caro Nassif,
    o comentário do Prof. Abdalla caracteriza a realidade nua e crua da Universidade Pública. Todos querem ser Professor Titular (é lógico, porque depois de Titular, ninguém pode mandar em vc!!),
    todos querem cargos de chefia e presidência de comissões (para nao dar mais aula e “fingir”que faz alguma coisa) e no fim, estes mesmos “professores” são os que mais tem perfil para entrar na ratoeira política que se transformou esta tal de “Universidade Pública”

    em tempo: gostaria que cada reitor apresentasse sua visao a longo prazo (10 anos ) sobre o que eles acham que deve acontecer para a melhoria da Universidade, como se fosse um “Forum Brasil”

  11. Olha com se cai numa cilada
    Olha com se cai numa cilada por falta de análise de um contexto histórico mais amplo: no caso da nova configuração do conselho de reitores, a intervenção não é da sociedade (nesse caso, teríamos que convidar notáveis) – é de indicados pelo governo, que, como qualquer outro, tem interesses políticos.

    Ou seja, a proposta da autora do post é imunizar as universidades dos ditos sindicalistas de plantão com um remédio absolutamente inútil: com políticos de plantão.

    Imagina um governo petista. Onde volta e meia sindicalistas (os mesmos objetos de repulsa da professora) compõem o governo.

    Então poderíamos ter sindicalistas (ou seja, professores, educadores, ligados a sindicatos e causas trabalhistas) no conselho de reitores.

    Possivelmente alguns gritariam: “Estão aparelhando o Cruesp”.

    Viu, como se deve olhar para os dois lados, quando se atravessa a rua?

    Porque na história, as vias nunca são de mão única. E as causas não são tão exatas quanto na Física.

    Mas há um erro pior: o que há de mal com professores que “só dão aulas?”

    Imaginemos uma faculdade de música. A formação dos talentos é talvez nesse caso bem mais importante que as descobertas “científicas”.

    Da mesma forma, os critérios aplicados às pesquisas não são os mesmos quando se trata da Física, ou de Letras, por exemplo.

    Não há mal nenhum em professores “que só dão aulas”, em muitos campos teóricos.

    Espera-se de alguns professores que realmente gostem do que fazem, ou é isso é um pecado mortal?

    Pode-se mudar a forma de progressão. Pode-se até criar carreiras distintas, como professores (20 h), pesquisadores (20 h), e professores-pesquisadores (40 h)

    Mas nada autoriza tucanos ou petistas ou qualquer outro a aparelhar o conselho de reitores.

  12. Tenho duas sugestões à
    Tenho duas sugestões à reforma do ensino. A primeira se refere ao custeio do ensino e a segunda sobre a organização das universidades. A primeira é focada na injustiça com o ensino fundamental e aos estudantes universitários que estudam em instituições particulares. Segundo o documento sobre gastos sociais no governo central apresentado no ano passado, o MEC gasta cerca de 65% do orçamento com as universidades federais e parte do restante com o ensino fundamental. Enquanto que os beneficiários das universidades públicas pertencem aos 10% da população abastada. Por outro lado, 90% dos estudantes das universidades particulares são duplamente tributados. Pois além de pagar impostos, também tem que pagar os seus cursos ao preço de mercado. O ideal seria que todos somente pagassem impostos, no entanto isso é quase impossível, visto a situação endividada do Brasil entre outros entraves. Minha sugestão é acabar com essa situação de estudantes de primeira (nas públicas) e segunda classe (nas particulares). Assim, o Governo precisa ter pulso para mudar essa situação vergonhosa. Minha proposta é que o Governo faça um pacto ou ajuste de conduta em que o mesmo garantiria o Ensino Fundamental e Secundário Integral Gratuito e de Qualidade a todas as crianças num prazo estabelecido, como 10 anos. Para o ensino universitário oferecer uma flexibilidade, como uma cesta na maneira de pagamento do curso superior, onde todos contribuem para a manutenção das universidades públicas ou privadas. Por exemplo, essa cesta flexível, os alunos mais abastados poderiam pagar o curso em uma parcela com desconto, pagar mensalmente, pagar posterior ao curso como o Fies, descontar no Imposto de Renda, etc; ou para os menos favorecidos obter bolsas ou pagar com trabalho nas próprias instituições, etc. Nesse contexto o MEC, poderia reverter 70% dos recursos ao ensino fundamental e secundário e os 30% para a manutenção das universidades. Essa estratégia política em médio prazo colocaria todas as estudantes secundaristas num nível competitivo para as universidades, sem esmolas, cotas, etc. Também acabaria com essa distorção e injustiça, onde os abastados desfrutam (10%) das universidades públicas, e a maioria (90%) tem que ser bi-tributados. Acaba com os estudantes de primeira e segunda classe e torna os ingressantes no vestibular ou seleção análoga mais nivelada entre si. Insisto, somente quando tivermos escolas para as crianças e adolescentes em tempo integral, com professores remunerados e infra-estrutura, como material escolar, bibliotecas, etc, podemos mudar alguma coisa nesse cenário devasso dos dias atuais. A segunda proposta se refere à flexibilização da carreira dos docentes em nossas universidades. A missão da universidade é ensino, pesquisa e extensão, no entanto nossos professores são contratados no anseio de cumprir a missão integral, que ao meu ver esta fora da realidade ou um engodo. Explico: quando se faz um concurso para docente, você assume a missão e recebe por ela, mas na prática muitos docentes somente fazem pesquisa e são péssimos como professor e a extensão é nula. Outros são bons professores, mas não fazem pesquisa, e assim por diante. Assim, essa combinatória entre ensino, pesquisa e extensão necessita ser flexibilizada para nossas universidades funcionarem de maneira realista e efetiva. Não dá pra mandar um professor orientar alunos, se ele próprio pouco se orienta na pesquisa, isso vale nas outros situações isoladas. Seria necessária a flexibilidade, onde o docente poderia exercer a missão completa da universidade ou parcial, isto é a múltipla combinação entre ensino, pesquisa e extensão; e obter critérios claros para isso, bem como a remuneração. Porque hoje, muitos fazem essas tarefas parciais ou nulas e recebem seus honorários de maneira integral, na mesma situação do docente que cumpri de forma integral a missão da universidade. Não é punir os funcionários, mas sim dar a eles a oportunidade de desenvolver aquilo que tem mais habilidade nas suas realizações. O docente que tem maior capacidade de que ser reconhecido pelos seus méritos, e não jogar todos no mesmo balaio colocar a universidade numa performance pouco eficiente. Nossas universidades precisam de um choque de eficiência, isso não significa torná-las mercenárias e/ou desumanas.

  13. Acho os comentários do Prof.
    Acho os comentários do Prof. Abdalla pertinentes, no entanto, acreditar que o Prof. Pinotti e o Serra, anti-exemplos de conduta como professores, farão alguma intervenção para melhor, é difícil de engolir.
    O Pinotti é o politiqueiro em pessoa. A única coisa que fez durante sua carreira universitária foi política, política e mais política. Você acha realmente, Prof. Abdalla, que ele quer mudar as coisas para melhor?!

  14. Os docentes aprovados nos
    Os docentes aprovados nos concursos públicos para o curso de Licenciatura em Ciências da Natureza vieram quase todos dos laboratórios de Física Nuclear e das cadeiras de Física Teórica do IF. As bancas de tais concursos estavam ocupadas por professores (orienadores) destes mesmos departamentos. Teria sido mera coincidência? Será que, para um curso de licenciatura, candidatos da linha de pesquisa em ensino de Física, Química ou Matemática não teriam mais valia? Quem avaliou a prova didática destes professores contratados?

  15. Bernardo e Heron fizeram
    Bernardo e Heron fizeram depoimentos fundamentais para nosso entendimento do problema. Parabéns.

    Taí o contraditório bem construído e que enriquece a discussão.

  16. A divulgação do texto dá voz
    A divulgação do texto dá voz a um dos lados envolvidos em dispultas políticas dentro da USP. Se o governo de SP fosse do PT, o primeiro parágrafo seria diferente. Por que as comissões estão políticamente aparelhadas e o CRUESP não? A meritocracia apenas indica posições ou colocações conseguidas por mérito pessoal. Sendo a Universidade
    parte da Sociedade, é a própria Sociedade que tem o direito democrático (parece que alguns não gostam desta palavra) de dizer quais são os objetivos da Universidade. Isto não tem nada a ver com meritocracia. E deixemos o Planck em paz, o método científico também não tem nada a ver com essa conversa toda.

  17. Nassif, o professor diz que
    Nassif, o professor diz que as comissões são dominadas por política, queria q alguém me mostrasse que organização não é assim! Essa discussão desvia do essencial: prioridade na educação e pesquisa. O sindicato é uma instância de representação e discussão. Por que não aproveitar isso? Mas não, o professor prefere que um governo com matizes autoritários venha a interferir naquilo que, apesar dos pesares, caminha bem. Interromper processos viciosos? Acho que sim, mas da voracidade tucana, isso sim.

  18. O que o Dr. Abdalla tem a
    O que o Dr. Abdalla tem a dizer sobre a não homologação do curso de pós em Ensino de Física pelo Instituto de Física? Será que ele é daqueles que mede “produção científica” simplesmente por número de artigos e avalia seus alunos pela escala soft-hard science?

  19. O prof. Abdalla confunde
    O prof. Abdalla confunde autonomia universitária com competência administrativa. Preconceituosamente classifica os professores que dão aula como administrativamente incompetentes. O texto é apenas para canabalizar, não vem somar. Fico com a pergunta do leitor do blog: que tem de mais em só dar aulas? Generalizar é fácil quando o que está acontecendo é uma intervenção do governo de SP. É uma ação política e como tal fere o princípio da autonomia. Uma posição democrática deveria considerar o papel ativo do CRUESP. O que houve foi uma demonstração de força do tornique antidemocrático de Serra. A reação tem sido bem silenciosa até aqui por causa do arranhão político que o governador provocou nos seus próprios apoiadores que são reitores das estaduais paulistas. O interessante é que muitos membros do atual governo criaram um sistema que garantisse os recursos às universidades paulistas justamente por temerem o torniquete de Paulo Maluf. A história se repete. Fazer o que se tem gente que adota um “torniquete” no cérebro?

  20. É muito blá; blá, blá para
    É muito blá; blá, blá para não se resolver nada. O único comentário digno de discussão é do Abdalla, o resto é xérox. O que senti até agora foi uma briga entre colegas com posições diferentes somado ao egoísmo natural de quem quer ser o maior dentro de um departamento e, o notável antagonismo em forma de disfarce ridículo quanto as atividades acadêmicas e administrativas. Não se esqueçam das Fundações, dinheiro nunca faltou, pelo contrário a liquidez imediata das Universidades esteve sempre posicionada entre os maiores índices, criticados pelo Governador Cláudio Lembo ao se manifestar que não sabem gastar. Vejo mais a extremada politização existente e que desconfigura as ações e os objetivos do magistério superior do que a vontade de realizar. A Universidade tem tudo para usufruir da autonomia plena, entretando perdeu nesses anos a oportunidade e parece que também perderam a bússola e corre o risco de se abismar em profundezas perigosas quanto ao futuro do curso superior. O Governador Serra é um dos políticos mais inteligentes que conheci, diante de tanta falação sobre o Orçamento e LDO somado à polêmica da informação financeira negada pela Reitoria a um Parlamentar do PFL, não restou outra alternativa se não a de intervir. Afinal é o dinheiro do povo que está em jogo. Liberdade vigiada, controle dos gastos e das despesas; transparência obediência à Lei Complementar 101; Responsabilidade Fiscal. Por mais que se questione, creio que a intenção do Governador Serra em conjunto com Alberto Goldman, é das mais sérias e nobres. – Dentro de todos os argumentos apresentados, senti também um grau muito elevado de Preconceito, isto é, em momento algum se falou em educação de base; curso fundamental, cuja bandeira é do PT. Concordo também que professor tem que se preocupar com o ensino, mas cabe à ele também, pois tem a vantagem da maior capacidade administrativa, de colaborar para conter equívocos em qualquer tipo de execução orçamentária e financeira. O lamentável é que se ensina a construir a casa pelo telhado, esquecem da fundação, do alicerce, cujo embasamento é necessário para que se possa construir um bom telhado sem goteiras. Quem vive o orçamento público, sabe que a cada dia se torna mais difícil um único órgão gerir tão grande universo acadêmico e financeiro. Imaginem que pelo interior existem inúmeras unidades universitárias. Como controlar isso tudo? Simples, municipalização transfere-se responsabilidade. O Brasil não precisa de tantos doutores e anualmente aparecem mais e mais, em contrapartida, por um mau investimento no fundamental, aparecem mais e mais jovens sem propostas e sem futuros. O que é mais importante ou mais urgente, investir no curso superior como se tem proposto ou deixá-lo um pouco de lado e dar mais atenção ao ensino básico para que tenhamos uma nova geração de jovens com capacidade para realizar aquilo que hoje não conseguimos realizar. A excelência do curso superior. Agora uma Bomba – Por que o governo não transfere para as Universidades a responsabilidade na gestão do curso fundamental? Faria economia com a extinção das Secretarias de Educação e teríamos com certeza alunos de primeiríssima qualidade nos bancos superiores e o futuro \maravilhoso\. Vocês não acham? O Conselho de Reitores teria mais o que discutir; decidir; realizar; responsabilidade e nem se preocupariam com um terceiro olho do governo nas decisões. Para terminar, a Reitora não se amedronta com nada, é outra vítima do sistema. O que ela poderia fazer? Quantos tantos não fizeram? Ela tem trabalhado para melhorar tudo na USP e está conseguindo, precisa de apoio não de críticas destrutivas.

    O docente poderia mudar tudo em um piscar de olho, tem a força para isso e não está usando, use-a para um futuro melhor.

    Quanto aos Sindicatos, merecem todo o meu respeito também, mas parece que só se preocupam com aumento salarial via aumento de verba.
    Comecei agressivo, perdoem-me os demais, pois tenho grande respeito pelos docentes universitários, gostei muito do comentário do Abdalla.
    Abraços Fraternais.

  21. Humberto:
    Autonomia não
    Humberto:
    Autonomia não significa carta branca para bandalheira! Se a santíssima trindade não aceita prestar contas ao SIAFEM é porque tem muito a esconder!

  22. Em resposta ao comentario de
    Em resposta ao comentario de Humberto Nascimento, o que o Prof. Elcio Abdalla disse eh que o professor que estaria somente interessado em ministrar aulas deveria estar contratado em um outro tipo de regime que nao o de dedicacao exclusiva. O regime de dedicacao exclusiva ficaria restrito aos professores que alem de dar aulas tambem estao dispostos a arcar com as outras responsabilidades de ser professor nas melhores universidades do Brasil, cujo modelo de suas fundacoes se baseou no conceito do professor-pesquisador. Retire todos os professores-pesquisadores serios das universidades publicas paulistas e veja como elas estarao nos proximos 10 a 20 anos!
    Desculpe-me pela falta de acentuacao correta.

    Alexandre A. da Silva (Professor Assistente do Departamento de Fisiologia da Universidade do Mississippi – EUA. Ex-aluno de graduacao e pos-graduacao da USP)

  23. OS ESTRANHOS PODERES DOS 3
    OS ESTRANHOS PODERES DOS 3 REIS MAGOS!
    A santíssima trindade provoca esta falsa discussão sobre a autonomia universitária para poder encobrir a infindável podridão de suas administrações! Por questão de espaço estou enviando inicialmente apenas os aspectos constitucionais que demonstram o quanto é falsa a argumentação dos magníficos.

    Constituição do Estado de São Paulo
    Art. 14 par.9.º ” no exercício do mandato o Deputado terá livre acesso às repartições públicas, podendo diligenciarem pessoalmente junto aos orgãos … etc.
    Art. 20 – Compete exclusivamente a Assembléia Legislativa:
    XIV convocar Secretários de Estado. dirigentes, diretores, superintendentes de orgãos publicos da administração pública indireta e fundacional e REITORES das universidades públicas do Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre assuntos previamente determinados, no prazo de trinta dias, importando em crime de responsabilidade a ausência sem justificativa.
    Art. 32 parágrafo único:
    prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste assuma obrigações de natureza pecuniária.
    Como vemos a autonomia existe única e exclusivamente para que o Estado não interfira em assuntos acadêmicos, porém a prestação de contas do dinheiro público é OBRIGATÓRIA e o CRUESP não a aceita para esconder a enorme podridão existente.
    Certa vez o Caio Draco disse que a ciência tem de ser subversiva, neste caso a santíssima trindade revolucionou inventando um estado onde o FHC como Presidente da República teria de prestar contas até da verba gasta com o cafézinho do planalto, como docente nada. Aliás estes reis magos, ungidos sei lá por quem, inovaram até no direito canônico, criando a beatificação em vida através da titulação acadêmica!

  24. Caro Humberto, acho que o
    Caro Humberto, acho que o problema do “o que tem demais em apenas dar aulas” é que o salário dos professores da USP não acompanha o volume de aulas que os professores dão (ou mesmo seu volume de pesquisas). Isto é, bem pode ocorrer que existam professores ministrando 12 horas de aula por semana (e depois se dedicando a atividades “estranhas” às de pesquisa ou aulas) e …mais nada…. A idéia óbvia é que aquele que decidiu por si mesmo não se dedicar à pesquisa, seja contratado apenas para lecionar, o que é absolutamente razoável. O que não pode é perguntar o que é que tem demais. O problema é o que é que tem de menos…

  25. Nassif:
    Há décadas a USP
    Nassif:
    Há décadas a USP recolhe o IPESP de seus servidores e não repassa! Se algum empresário fizer isto com o INSS é preso na mesma hora por crime de apropriação indébita, depositário infiel etc… O Prof. Goldenberg quando reitor recebeu um empréstimo do Estado, que foi uma vedadeira doação, para pagar o IPESP atrasado e não o fez!
    No governo Covas a então presidente do IPESP Dr.ª Berenice abriu uma ação contra a USP e acabou caindo do cargo.
    Como calote ao IPESP não pode ser colocado no orçamento da USP pergunto: qual o controle que se tem sobre este rio de dinheiro? Façam as contas: 7% do salário de cada docente, da ativa ou aposentado, para isso pode se usar um salário médio de R$ 7.000,00.
    Quanto ao SIAFEM criou-se mais uma confusão para encobrir a realidade, o Safem não tem qualquer poder para indicar onde se gasta o dinheiro público, ele apenas vê onde o dinheiro foi gasto e como foi gasto! O problema de se entrar no SIAFEM é que se torna público por exemplo que o M.² de uma obra está custando muito mais que a outra.
    Não responder ao requerimento de um Deputado também é crime.
    Portanto vemos que a impunidade do triunvirato é total!

  26. Li alguém afirmar que não
    Li alguém afirmar que não precisamos de tantos doutores no Brasil ? 🙂 Que formamos mais doutores do que precisamos. Não é isso o que observo na prática, especialmente em se tratando de um país desigual como o Brasil. Nossos candidatos a doutores ainda são pessoas com tendências acadêmicas. Nada mal nisso … mas precisamos atingir o nível onde também existam candidatos a doutores, especialmente em tecnologia, que desejem contribuir no sistema industrial. Sem citar nomes, participei de uma prospecção de doutores para empresas de Tecnologia da Informação em Fortaleza. Em uma área que tem formado muitos doutores no Brasil (ciência da computação). Ficamos a ver navios … até hoje, dois anos e meio depois, esta busca tem sido infrutífera. Contribuem para isso : perfil eminentemente acadêmicos dos doutores (nada errado com isso, apenas ocorre que empreendedores dificilmente querem aprofundar estudos), concursos públicos para universidades públicas (muitas ainda com quadro deficiente) e mesmo instituições privadas. Geralmente quem acha que não precisamos de doutores não sabe o que está por trás de uma formação em nível de doutorado (por exemplo, achar que doutor é formado pra dar aulas), ou achar que estamos condenados a sermos eternamente importadores de conhecimento e tecnologia. Precisamos é incentivar nossos jovens ao estudo, de forma que também aqueles alunos de graduação de perfil mais empreendedor e vocacionado ao mercado, desejem também uma formação de mais elevado nível.

  27. Algumas observações…

    É
    Algumas observações…

    É importante observar na Hístória que há na verdade uma inversão na formação dos níveis de ensino e pesquisa. O alicerce do conhecimento e do ensino não são os níveis fundamentais e médios. O conhecimento sempre se organizou primeiro no nível superior, e só depois ocorreram processos de universalização do ensino e criação dos cursos escolares básicos. Isto ocorreu desde a Grécia, passou pela Idade Média, pelo Renascimento e desembocou no Estado contemporâneo, após a Revolução Francesa. Portanto, o alicerce do ensino e do conhecimento continua sendo a universidade, dos quais os níveis básicos se desdobram.

    Outra observação é a quetão da criação do gestor proposta pelo Nassif. Ela não interrompe nem impede a autonomia universitária e o projeto acadêmico, nos moldes em que foi discutida aqui, mas dá um caráter profissional e dinâmico que hoje está de fato ausente da estrutura universitária. O mesmo se aplica à presença da sociedade civil e de representantes do mercado junto ao gestor, para manter o diálogo com a comunidade científica.

    De fato, é possível dar ênfase aos professores e aos pesquisadores, de acordo com o projeto e a proposta de cada um, mas caberia à universidade organizar muito bem seu quadro de professores e de pesquisadores, e também de outras funções que podem ser desempenhadas além dessas duas, nas ênfases da vida científica e intelectual.

  28. virgilio tamberlini,

    O que
    virgilio tamberlini,

    O que não é pago é o IPESP patronal, o que é recolhido do servidor é pago. A questão do IPESP patronal se deve ao fato do Estado não pagar os aposentados da Universidades, a autonomia foi de porteira fechada.

  29. Daniel:
    Há quando tempo o
    Daniel:
    Há quando tempo o IPESP recolhido é pago? 3 Anos. O Estado não paga a aposentadoria dos docentes pois eles só passaram a contribuir há 3 ou 4 anos!
    IPESP não é previdência!!! É pensão!
    Se um docente falece os herdeiros passam a receber o salário integral.
    Não tente como toda a burocracia da USP confundir a cabeça dos coitados dos contribuintes!
    Outra coisa; autonomia não é território livre! Todos, inclusive a Santíssima Trindade são obrigados a cumprir as leis do PAÍS! Universidade não é território de ninguém!!!!

  30. Douglas:
    No afã de defender a
    Douglas:
    No afã de defender a burocracia Uspiana você confessou outro crime: não pagar o IPESP patronal, a não ser que exista uma lei que permita aos arcanjos do saber tomar este tipo de conduta administrativa.
    Caso existe esta lei suplico que me envie, já que em caso positivo prometo; pagarei uma penitencia indo de joelhos da praça do relógio até o santuário!
    Nassif; agora é com você! Devo fazer uma auto crítica, pois em momento algum defendi a “figura” do gestor pois tenho uma certa alergia à palavras em moda! Porém quando alguém que defende este tipo de gestão universitária confunde aposentadoria com pensão, passo a achar a figura do gestor indispensável.
    Douglas, para ser didático como exige o meio acadêmico: aposentadoria é aquilo que você recebe em vida após trabalhar um certo período, no caso do direito administrativo pode ser compulsória também! Pensão é aquilo que seus herdeiros legais recebem caso você venha falecer!

  31. Preliminarmente, admito ser
    Preliminarmente, admito ser um ignorante, porém com vontade de aprender e participar, e, por isto, talvez seja o pior tipo de ignorante. Dito quem sou, vamos ao que interessa.

    Se bem entendi o post e os comentários (muitos destes feitos claramente por professores universitários), os resultados sociais da USP, assim como os das demais universidades – públicas, privadas e de que mais tipos haja – destinam-se aos seus alunos e à sociedade em geral.

    Resultados sociais: parece razoável que universidades devam produzir resultados para a sociedade. Há, pelo menos, dois motivos para tanto. O primeiro, é ético. Dado que a sociedade é um sistema no qual, para efeitos práticos, todos os componentes sobrevivem uns as custas dos outros, universidades, componentes que são do sistema social, sobrevivem a custa da sociedade, existem porque a sociedade assim deseja. Nada mais natural, portanto, que devolvam à sua mantenedora, a sociedade, ao menos aquilo que receberam. Não ficaria bem, convenhamos, as universidades serem apenas parasitas sociais.

    O segundo, é a sobrevivência das universidades. Uma universidade que não produza os resultados que a sociedade queira dela, ou dos quais a sociedade necessite, torna-se meramente um sumidouro de recursos, um desperdício. No devido tempo, desperdícios acabam sendo identificados e extirpados.

    Mas não basta produzir resultados, é preciso mostrar/provar à sociedade que tais resultados (desejados ou necessários) existem. Por ser instituição sui generis, a academia pode até ter de ensinar à sociedade como avaliá-la, e é conveniente que o faça. O que não pode é se negar a se submeter à avaliação social. É óbvio que se a sociedade desconhece qualitativa e quantitativamente os resultados da academia, tudo se passa como se nenhum resultado houvesse, ou, pior, como se os resultados fossem prejudiciais à coletividade, e isto é perigoso: os acontecimentos de Alexandria, por exemplo, são um alerta. As universidades devem ser autônomas e são vanguarda do conhecimento, mas não são soberanas: para o bem delas e da sociedade, têm de se submeter a controle social.

    Peculiaridade da produção acadêmica é alguns dos seus resultados só virem a ser úteis muito mais tarde, ou talvez nunca: podem beneficiar gerações futuras, ou não beneficiar a quem quer que seja. Assim, a universidade não estaria trabalhando para uma sociedade específica no tempo e no espaço, porém para a humanidade em sentido amplo, e, além disto, seria muito difícil avaliar a sua produção. Esta é uma tese bela e transcendente, mas não justifica, evidentemente, a outorga de soberania pela sociedade a universidades nela insertas (uma contradição, pois a verdadeira soberania não é concedida), enquanto as financia; e, muito menos, a auto-coroação das universidades. Meritocracia acadêmica – necessária, essencial – não é aristocracia política, afinal a utopia social ainda é a democracia, com o que, aliás, parece concordar o professor Elcio Abdalla.

    E que professor! Nunca se louvará suficientemente sua posição corajosa e, ao mesmo tempo, humilde, trazendo para os “clientes” da universidade o debate sobre o controle desta pela sociedade. Submeter-se a controle dificilmente é agradável, mormente quando se é, como mencionado por um dos comentaristas, expoente na área, e os controladores potenciais apenas pessoas médias, possivelmente representantes de um segmento político, aquele que venceu as eleições. Contudo, tais representantes são também, circunstancialmente, representantes da sociedade. Claro que, como insinua um dos comentaristas, tal controle pode prejudicar objetivos acadêmicos de longo prazo em favor de manipulações e objetivos políticos menores. Este é um risco substantivo. Contudo, a solução do problema não é, obviamente, desistir do controle social, como querem alguns comentaristas, mas estabelecer um sistema de controle eficaz e exeqüível.

    A universidade, instituição de fé pública, sabe, melhor do que qualquer outra, como deve ser controlada. Certamente, tem contribuições importantes não só para a determinação das variáveis de eficácia e eficiência acadêmicas, mas, também, para o estabelecimento do processo de controle e, ainda, para a determinação de quais seriam os controladores. Os comentários demonstram este ponto. Talvez fosse interessante, independentemente do sistema de controle, a divulgação periódica a todos, indistintamente, dos resultados circunstanciados obtidos e os recursos consumidos pela universidade – a Internet é uma boa mídia para isto.

    O inconformismo do Professor Elcio Abdalla com o que considera incorreto, próprio das pessoas especiais que colocam os bens éticos acima das próprias conveniências, nos dá a possibilidade de debater publicamente, de fato, o controle externo da universidade. O professor é modelo raro para a nossa cética juventude e para todos nós. Duas rápidas digressões cabem: uma, pena que não haja um Elcio Abdalla no Judiciário. Outra, a Internet possibilita avanços democráticos inimagináveis antes de seu advento e mesmo durante muito tempo depois. A oportunidade especial com que o professor nos presenteou merece ser aproveitada.

  32. De fato a Universidade de São
    De fato a Universidade de São Paulo se tornou palco de disputas por interesses pessoais. Tive aula com o Professor Elcio Abdalla e concordo com o que aqui expôs. Uma universidade surge com dois objetivos básicos, pilares que devem guiá-la por toda a sua existência: geração de conhecimento e transmissão deste. Quando um professor não realiza coerentemente pesquisas científicas, não apresenta novos resultados e não constrói novos conhecimentos para a Humanidade,está ferindo um desses pilares, do mesmo modo que aquele professor que não gosta de transmitir o conhecimento, dando aulas medíocres. Devem conhecimento os docentes à sociedade!
    Mas infelizmente as “briguinhas” políticas são constantes dentro da USP, disperdiçando grande parte do tempo dos docentes com bobagens e bravatas, que não acrescentam nada à sociedade.

  33. As primeiras gerações de
    As primeiras gerações de físicos no Brasil, brlhantes, realmente foram catapultados para uma posição muito alta dentro das universidades. Influenciam decisões importantes dentro dos intitutos pois também se meteram a fazer política, como o maior físico brasileiro e comunista, já falecido Mário Schenberg. Por exemplo, trouxe o primeiro computador do Brasil para a USP, como diretor do extinto departamento de física, fazendo…política universitária. Também foi eleito deputado duas vezes.
    Grupos de pesquisa, mesmo fora da física, sempre competem por verbas, que hoje escasseiam para algumas áreas, principalmente da física, fazendo com que as disputas entre esses grupos se tornem bastante rasteiras. Disputa de verbas tb é política universitária. Apenas os grandes grupos ja formados em outras épocas é que ainda mantém sua chance de sobrevivência e mando. Isto posto onde está a meritocracia? No Instituto de Física da USP???
    Além de não tocar no problema dos recursos financeiros para a pesquisa, destravando a competição tão acirrada dos grupos de pesquisa pelos mesmos recursos, o texto tb não trata do problema dos professores que se dão ao luxo de dar aulas horríveis porque se destacaram em outras esferas dentro da universidade inclusive as de pesquisa. Os que “só dão aula” definitivamente não fazem mal se dão aulas decentes. Coisa muito rara na física. Ao contrário do q afirma, não está em discussão o veto à livre-pesquisa em qq universidade, afinal isso é inerente à autonomia universitária, pra isso é preciso ter garantias de financiamento. Mas é interessante a idéia de estabelecer algumas horas-aula para os que estão em idade de aposentadoria.

  34. Thiago:
    Coloque também nesta
    Thiago:
    Coloque também nesta lista o Prof. Oscar Sala.
    Certa vez o Otavio Ianni disse que a visão da USP não ultrapassa o Rio Pinheiros. O problema é que tornaram a USP em um universo particular e hermético, onde ninguém sabe o que de fato acontece, e, quando acontece ninguém pode saber.
    Para você ter uma idéia há cerca de 2 anos o laboratório da Politécnica que desenvolvia o sistema de TV digital ( mais conhecido como Bat caverna) foi assaltado por vários homens armados, que levaram tudo, computadores, armários, arquivos etc… em um caminhão baú e quase ninguém ficou sabendo, até mesmo vários professores da Poli. Thiago ali é outro mundo!

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