Prezado Nassif:
Sou técnico do IPEA, e preferi escrever pro teu e-mail, ao invés de comentar no blog, para não me expor.
O tal documento (TD 1234), “Agenda …”, já tinha sido disponibilizado para os técnicos do Ipea há algum tempo. Pensei até em passar pra vc, mas achei que seria anti-ético, e de mais a mais provavelmente vc acabaria topando com ele mais cedo ou mais tarde.
Dentre as várias imposturas presentes no texto (refiro-me especificamente à última parte, de autoria de P. Levy e F. Giambiagi), chamo a atenção para uma, logo no começo, de que o crescimento não pode ser de 5% por causa de “problemas no setor elétrico”. Procure no texto maiores detalhes sobre os tais problemas. Ou melhor, não procure, porque perderá seu tempo. O máximo que existe são referências (na segunda parte) a questões regulatórias (autoria: R. Serôa), junto com uma defesa de reformas “pró-mercado” do judiciário (Castelar).
Nenhuma evidência é apresentada sobre restrições de oferta de energia. Sobre as “simulações”, apresentadas ao final do texto, puxa vida, que piada de mau gosto. Nos anos 70, com régua de cálculo e máquina de calcular se faziam exercícios tecnicamente mais rigorosos…
Não sei bem porque te escrevo. Mas é que às vezes bate uma tristeza muito grande, e a gente precisa desabafar. Esse documento, sua citação no JN e na grande imprensa, a exposição que se deu a ele me encheram de uma vergonha muito, muito grande. Vergonha de dizer que faço parte dessa instituição…
O que não é problema só meu é o fato de uma instituição pública de pesquisa produzir um auto de fé dogmático e ideológico e apresentá-lo à sociedade que lhe paga com ares de ciência pura e rigorosa.
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