O imposto sobre exportações

A proposta não é nova, já foi aventada algumas vezes aqui e integra as preocupações de todos os analistas que estõ observando os estragos que o câmbio está produzindo no parque industrial brasileiro.

Hoje, no “Valor”, Michal Gartenkraut avançou nas propostas: um imposto de exportações sobre commodities que sofreram grandes valorizações, cujos recursos poderiam ser canalizados para projetos do próprio setor, de ampliação de exportações.

Lula está demorando demais em enfrentar essa questão. Quanto mais a situação internacional der folga nas contas externas brasileiras, maior será a destruição das empresas e do emprego interno.

Dia desss, o Otávio de Barros, do Bradesco, apresentou um levantamento junto a 1.200 empresas, demonstrando que todas estão mudando profundamente seu processo produtivo. Não explicou o tipo de mudança. No fundo, para sobreviver, as empresas estão recorrendo maciçamente a insumos importados, caminhando cada vez mais para transformar a economia em uma maquiladora, como no México.

Esses doze anos entrarão para a história com a definição clássica de Rubens Ricúpero, o “suave fracasso”. O país está como o sapo que é colocado em um caldeirão de água que é esquentado gradativamente. Ele nem se dá conta de que vai morrer, porque o aumento do calor é gradativo.

Luis Nassif

24 Comentários

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  1. Nassif,
    acho que já falei
    Nassif,
    acho que já falei sobre o assunto (imposto sobre as exportações de produtos primários) nesta coluna. Está mais do que na hora.
    Mas gostaria de lembrar que há outros dois mecanismos que podem ser utilizados para retirar o excesso de dólares da economia. O entesouramento (como feito pela China, aumentando as reservas), e, o melhor de todos, a exportação deste dinheiro, investindo-os em outro país, como o Japão faz. Nestes casos, os dólares que entram com as exportações não são colocados no mercado, não ajudando a deprimir a cotação desta moeda. Será que não valeria a pena incentivar este tipo de comportamento?

  2. batamos palmas para a
    batamos palmas para a inteligencia brasileira , nós da agricultura estivemos por dois anos com a agua na altura do nariz, sofremos por acreditar neste “paíz” com investimentos em máquinas e equipamentos, (erro primário), aumentamos nossas áreas de plantio , o câmbio quase nos matou e na hora em que estamos começando a respirar , aparece uma das grandes idéias da nossa “inteligentsia” taxar nossas exportações. Sempre achei que quando a crise chegasse a indústria talvez tivessemos uma maior pressão sobre este câmbio doido. Mas nunca me passou pela cabeça que teriámos de arcar com mais essa. Uma doença que só se inocula no brasil (doença holandesa). cadê os outros! Nos taxam de sermos subsidiados (mentira), de vivermos as custas do governo ( todas as nossas crises tem uma variante : câmbio e eleições) somos os maiores cabos eleitorais com o alimento barato . O pessoal da cidade nos mede por uma régua geral e ultrapassada, temos como todos os outros setores deste “paiz” gente que de fato se aproveita da agricultura para “levar vantagem”,mas que são a exceção à regra. Por favor , não culpem toda a classe por: desmatar a amazônia, o cerrado, mamar no governo , sermos chorões , mal acostumados e por aí vai. Para se gerar emprego na agricultura não é dificil, temos cidades e estados que dependem exclusivamente de nós. geramos muitos empregos diretos e indiretos, somos altamente competitivos e competentes. O clima está mudando e vocês da cidade vão precisar de gente que saiba produzir, jejuem por um dia e descobrirão uma das coisas mais importante de suas vidas.

  3. Creio que o fudamental é
    Creio que o fudamental é diminuir o impacto das exportações sobre o cambio. Melhor que um imposto sobre as exportações seria limitar as antecipações das exportações destas com commodities valorizadas e até prolongar a conversão em real de uma parte do faturamento com as exportações(por ex.: 20%).

    Mas antes de quaisquer medidas, reduzir os juros da taxa Selic para os niveis internacionais e só apartir dai tomar medidas para valorizar o cambio.

    Com custo de crédito competitivo e cambio ajustado nossas industrias poderão competir bem melhor.

  4. No Governo FHC, no meio das
    No Governo FHC, no meio das discussões sobre a ALCA, o México era citado como exemplo por 9 entre 10 economistas do cast fixo da Globonews. Tambem era exemplo nas colunas de Miriam Leitão. Citavam a maravilha que ero o NAFTA pois o México conseguia exportar 160 bilhões de dólares de manufaturas para os EUA. Nunca diziam que importava 157 bilhões em componentes da Ásia para montar nas maquiladoras e exportar 160 bilhões. O ganho líquido era mínimo, os empregos que chegaram a 220.000, hoje cairam para 140.000, todo o projeto foi um fracasso social e economico, que está levando o México a ser colega de baixo crescimento com o Brasil, gerando más condições politicas e uma incerteza quanto ao futuro do País. Hoje o México saiu do catecismo dos economistas da Globo, ninguem mais nele. O Brasil caminha para ser uma vasta maquiladora, parceiro do México sem projeto nacional, sem futuro conhecido e sem elite dirigente digna de um grande País.

  5. Aqui em São Paulo foi extinta
    Aqui em São Paulo foi extinta a taxa de lixo pelo prefeito Serra, depois de um grande conflito para implantá-la. Contudo, praticamente não há coleta seletiva de lixo ainda hoje – e coleta seletiva diminui o efeito estufa. Qual foi a vantagem, então? Caso o imposto seja um fator de desenvolvimento, de correção de deformações causadas pela especulação financeira, não há porque ficar contra ele.

  6. Com os problemas de logística
    Com os problemas de logística que temos, gargalos em armazenamento, ferrovias, rodovias e portos, parece-me que o IE é a melhor alternativa que dispomos

  7. Baixar os juros, fazer as
    Baixar os juros, fazer as cotações do dólar cair, com isto iremos reduzir nossa divida, ai poderemos baixar os impostos na mesma proporção reduzindo a carga sobre a população e empresas que pagam o pato. Outra forma de parar a déficit seria aumentar o imposto de importação sobre o superfluo. Poderíamos estar ganhando em várias frentes, desenvolvendo o país sem grandes traumas.

  8. Caro Nassif,.
    Sempre
    Caro Nassif,.
    Sempre acompanho o seu blog e aproveito a oportunidade para parabeniza-lo. Sou advogado e, por esse motivo, os meus conhecimentos sobre economia são restritos. Na verdade escrevo para saber a opinião sua e daqueles que freqüentam o seu blog sobre a taxa Tobin. Posso adiantar, trata-se de um tributo que incidiria sobre a movimentação de capitais que seria, num primeiro momento, utilizado para frear a especulação financeira. Depois de sua idealização por James Tobin, a ATTAC (associação pela instituição da taxa tobin para a ajuda ao cidadão) pensa em utilizar esse tributo para combater as desigualdades sociais mundiais. Não posso negar que, apesar do meu pouco conhecimento técnico sobre o assunto, esse tributo me chamou a atenção e gostaria de saber o que vocês economistas pensam sobre ele.
    Um abraço.
    Mauricio Comin.

  9. Ainda não, Nassif. A
    Ainda não, Nassif. A recuperação nos preços das commodities agrícolas, e o aumento em sua produção, permitirá um crescimento significativo da economia neste ano.

  10. Será que este pessimismo e
    Será que este pessimismo e alarmismo todo tem a ver com o dia 13? Enquanto houver o seu blog e pessoas interessadas em discutir estes temas pode ficar tranquilo.O sapo pode até morrer,mas não morrerá sem saber .

  11. Olá Nassif,
    Acho que uma das
    Olá Nassif,
    Acho que uma das causas de peso deste cenário é a força política dos representantes dos setores primários, alem da cooptação pelo governo das centrais sindicais representativas do setor industrial.
    Este cenário não é nem um pouco animador para mudanças no setor.
    Mas é só minha opinião de 2 centavos.
    [ ]´s

  12. O Brasil com certeza caminha
    O Brasil com certeza caminha para o suave fracasso, porém tem gente lucrando com isso, surfando seu capital na onda dos juros. É gente que não precisa de emprego, de indústria nem de crescimento econômico para viver. São os “Homens de Grossa Ventura” de nossos tempos.

    Quanto aquele spam que leva a sua assinatura Nassif, que textinho sem vergonha! Não passa nem de perto pelo seu estilo. Ele trocou a sua fina ironia por gritos “Kassabianos”.

  13. Raí, o câmbio apertado é um
    Raí, o câmbio apertado é um fator de desestímulo fantástico, porque não há ganho de produtividade que consiga compensar em curto espaço de tempo um encarecimento tão relevante.

  14. Não sou partidário dos que
    Não sou partidário dos que acreditam que o câmbio está valorizado, ao contrário acredito que ainda há muito espaço para queda. Porém a proposta de imposta para exportação é muito boa, sugiro até o fim indiscriminado de isenções de impostos para exportação.
    Hoje os brasileiros pagam impostos para subsidiar os estrangeiros a consumirem produtos brasileiros, com o fim das isenções a alta carga tributária brasileira poderia ser compartilhada com o resto do mundo, o que traria um uma folga a classe média brasileira a maior prejudicada com estes ano de insanidade do BC que consome boa parte da renda nacional com pagamento de juros.

  15. O grande empresário ( o que
    O grande empresário ( o que pensar do micro e pequeno ! ) não está investindo na produção, Nassif !. Como sempre, ele ganha nas aplicações financeiras, especula nas Bolsas e fatura, ainda, na extração da ‘mais-valia’, que já entra imediatamente como lucro na conta dele.
    Dá para entender o motivo pelo qual o governo sacrifica o trabalhador com uma carga volumosa de impostos.

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