O IPEA e os juros

Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), o arrocho monetário promovido pelo Banco Central em 2004 e 2005 causou muito menos mal à atividade econômica do que outros momentos de arrocho.

Qual o critério de comparação? Em 2003 a inflação estava disparando, obrigando a uma política monetária dura. A partir de abril de 2003, a economia estava derretendo. Os desafios da estabilização, em 2004 e 2005, estavam muito longe de outros momentos de arrocho.

E o próprio COPOM (Comitê de Política Monetária) e o Banco Central iniciaram o período de arrocho com uma expectativa de crescimento do PIB que ficou muito acima do PIB real, demonstrando fartamente o erro de calibragem da política monetária.

Mas o Grupo de Conjuntura do IPEA não conta: custo dos juros não é seu departamento.

Há uma boa matéria no caderno de Economia do “Estadao” sobre as razoes das agências de risco em não conceder o “investment grade” ao Brasil. Juros elevados, pressionando a dívida, falta de dinamismo da economia, convivem com outros elementos, como ausência de reformas.

Os analistas das agências de risco já conseguem fazer um diagnóstico abrangente, em vez de recorrer a essa dicotomia simplificadora, que sempre contrapõe às críticas aos juros o argumento da falta de reformas. Em sua coluna no “Estadão” de hoje, Carlos Alberto Sardenberg recorre ao seu refrão predileto: “São as despesas, estúpido”. O artigo deveria ser: “São as despesas e os juros, estúpido”

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