O Outlook e o Gmail

Eu uso o Outlook. Falo mal dele, mas o utilizo há anos. É um programa enjoado, que trabalha com arquivos pesadíssimos, com inúmeros problemas de compatibilidade. A partir de certo tamanho começa a dar pepinos no Exchange -o sistema de rede no qual ele está integrado. Mas continuo usando pela única razão de que ele permite à minha secretária anotar meus compromissos a partir do Outlook dela, em rede; eu receber no meu, em rede. E, depois, sincronizar no meu ex-Palm -que estou prestes a trocar depois de seis meses penando feito um condenado com problemas no meu LifeDrive.

Até hoje não consegui quem configurasse adequadamente meu Outlook para atualizá-lo remotamente pela Internet. Vários técnicos pediram água ou então recomendaram a compra de aplicativos caros, que permitissem a sincronização.

Salto do Outlook para o mundo virtual.

Instalei uma extensão no Mozilla Firefox que permite trabalhar minha caixa postal do Gmail como um diretório virtual. É tudo integrado. Em uma janela coloco o diretório do notebook, na outra o Gmail e transfiro arquivos de um lado para o outro como se estivesse na minha rede ou no meu computador, de forma muito mais intuitiva e muito mais barata do que em rede.

Outro dia fui conferir o calendário do Gmail. Simples, leve, funcional como o correio eletrônico dele. Como é web, obviamente terei acesso em qualquer lugar do mundo a qualquer atualização que minha secretária fizer.

Hoje tenho acesso ao webmail do Exchange. Só que, nesse ambiente virtual, ele é mais desajeitado que jogador de basquete americano tentando fazer embaixadas. É desajeitado, feio, disfuncional, um besouro perto da aerodinâmica de beija-flor de um Calendário do Gmail.

Para compensar esse desastre, a Microsoft desenvolveu o Live Messanger que é um sistema bonito e prático. Seu único defeito é que me lembra o nome do LifeDrive, do meu ex-Palm, que me traumatizou.

Tem-se dois mundos, portanto. O das redes, em que predomina a dupla Exchange-Outlook e o da web, em que Google e Yahoo são reais e o MSN é vice.

No dia em que a comunidade Mozilla, ou a comunidade-empresa Google desenvolver um aplicativo que permita portabilidade ao calendário, isto é, eu poder baixá-lo, utilizá-lo off-line e sincronizar no ex-Palm, darei adeus ao Outlook, após muitos anos de convivência não tão pacífica.

Por isso mesmo, a próxima geração do Office encarará o maior desafio da sua vida, que será o compensar as inúmeras facilidades e funcionalidades dos novos aplicativos cem por cento web. No fundo, talvez represente o último suspiro dos sistemas de trabalho em rede, antes de serem engolidos pela rede maior, a web.

A saída de Bill Gates de cena, deixará uma indagação que se seguiu à morte de Ayrton Senna e à ascensão de Schumaker: no mano a mano, quem seria o maior dentro da nova ordem da web, ele ou a rapaziada do Google?

Luis Nassif

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