O software brasileiro

Enviado por Ricardo Kurtz

Caro Luis Nassif,

(…) Em alguns segmentos bem específicos, nosso produto serve como referência mundial, e em outros tem todo o petencial para ser. Mas a política trabalhista e tributária brasileira e seus altos encargos o deixa 80% mais caro que nossos concorrentes, como por exemplo,o sempre citado e também destacado software indiano.

E pensando nisso, o setor trabalha incansavelmente não só pela revisão da legislação mas atacando também um ponto basilar da questão : a qualificação.

O exemplo mais recento disso é que em 22 novembro de 2006, no Palácio Piratini, em Porto Alegre (RS), foi assinado convênio para implementação do Programa de Formação de Capital Humano em TI, pelo qual as escolas estaduais de Ensino Médio e Escolas Técnicas passam a contar com cursos pós-médio de qualificação em Tecnologia da Informação e assim revolucionar o setor e a vida destes alunos, com a possibilidade de concorrer no mercado de trabalho e, paralelamente, garantir às empresas de TI, a formação de novos talentos.

Estamos coordenando esforços para que outros Estados realizem ações do mesmo tipo. Além disso, nossa Entidade, em parceria com o Ministério do Trabalho e ABDI, está contribuindo com o PLANSEQ (plano sequencial de formação de capital humano), que visa a formação emergencial e de médio prazo de profissionais na área de TI, que este ano implementará projetos em 10 Estados brasileiros.

Também em nível Federal, a entidade concentra esforços , e com a legitimidade conferida pelos 30 anos de existência e mais de 1200 empresas associadas por intermédio de doze regionais, na luta para que haja a compensação de investimentos em treinamento, qualificação de funcionários e inovações tecnológicas por meio de redução da carga tributária às empresas. Essa é nossa meta : o desenvolvimento de nossas Empresas, do mercado brasileiro e o aumento das contratações. Mais ainda, consideramos fundamental divulgar as ações em prol de nosso setor e contamos com o apoio de formadores de opinião da sua estatura, talento e abrangência.

Ricardo Kurtz
Presidente
ASSESPRO NACIONAL

Luis Nassif

21 Comentários

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  1. Em que setores o Brasil é
    Em que setores o Brasil é referência e em quais tem potencial para sê-lo? Quantos empregos com carteira assinada estão envolvidos? Como se calcula esse salário+encargos em relação aos salários indianos? Fala-se muito deste assunto, mas nunca vi nenhum número provando nada. Tenho o direito de não acreditar nisso tudo. E uma coisinha: que tipo de trabalho o Brasil quer desempenhar, programação?

  2. O que anda em falta na
    O que anda em falta na indústria de software brasileira é INTELIGÊNCIA e FORMAÇÃO CIENTÍFICA aos empreendedores, o que só se consegue nas boas universidades. Vejam, nas entrelinhas, a fórmula de “sucesso” apontada pela ASSESPRO, a qual reflete a mentalidade da indústria nacional de software: (1) precarização das relações trabalhistas dos desenvolvedores, visando reduzir o custo do software; (2) aumento da qualificação através do apoio a formação de mão-de-obra no nível técnico; e (3) subvenção econômica. Em primeiro lugar, comparando com as experiências de sucesso em outros países, falta às empresas de software brasileiras o caráter inovador (talvez hajam exceções), fator que creio ser fundamental para trazer algum diferencial competitivo nos produtos. No entanto, a inovação não se realiza através de profissionais no nível técnico, aqueles formados para saberem usar tecnologias específicas sem conhecer muitos sobre seus fundamentos. Não pretendo extender-me nesta longa discussão, mas um exemplo disso é o Google, fundado por dois doutorandos de Stanford que acharam um modelo de negócios vencedor para tecnologias de computação distribuída que até então restringiam-se a “papers” acadêmicos, inclusive de alguns grupos no Brasil que dominam estas tecnologias. Acrescente ainda o fato de que empresas como a Microsoft, Google, IBM, HP, Sun, dentre outras grandes, têm conseguido bons resultados através da interação direta com centros de pesquisa de universidades e através de seus próprios centros de pesquisa. A interação maior com os centros de pesquisa das universidades seria um caminho viável para as empresas brasileiras. Muitas tecnologias são propostas em dissertações de mestrado e doutorado nos programas de pós-graduação, mas nunca passam do estágio de pesquisa tecnológica para o estágio de viabilização econômica das tecnologias através de produtos, por falta de interesse ou completo desconhecimento das empresas que poderiam viabilizar esta etapa do processo. Quantos gerentes de tecnologia de empresas visitam universidades e informam-se sobre as datas das defesas de teses e dissertações ?? Então, culpam a universidade por serem por demais “fechadas”. Não acho que seja o papel da universidade, especialmente as públicas, passar dos estágio da pesquisa tecnológica para o desenvolvimento de produtos. Esta é uma competência das empresas, as quais conhecem as nuances do mercado !!! Estas deveriam prospectar tecnologia onde ela é produzida no Brasil, já que não produzem, mas falta formação científica aos quadros técnicos de quase todas as empresas no Brasil. Laboratórios de pesquisa próprios, no entanto, ainda considero um sonho distante para as empresas locais, com raras exceções. Porém, apenas para efeito ilustrativo, cito as tecnologias Java e .NET, desenvolvidas nos laboratórios de pesquisa da Sun e Microsoft, respectivamente, onde estão atualmente, especialmente na última, pesquisadores bastante conceituados no cenário da ciência computação. Quem sabe alguém seja bastante ingênuo de acreditar que estas tecnologias tenham sido produto da mente “criativa” de algum hacker sem formação acadêmica. :-)))) Profissionais de nível superior, especialmente em nível de mestrado e doutorado (no Brasil, refiro-me aqueles conceituados pela CAPES), estão preparados não apenas para fazer uso das tecnologias vigentes, mas também ser crítico em relação a estas e desenvolver novas tecnologias, possivelmente até visando novas aplicações. Portanto, profissionais neste nível são bem mais caros do que profissionais com formação técnica e exigem gerentes que entendam os mecanismos de sua produção, o que entra em contradição com a preocupação da ASSESPRO com o custo de pessoal das empresas de software. Não é a toa que mestres e doutores no Brasil ainda estejam batendo as portes das faculdades e universidades, preferencialmente. Acho impressionante que as empresas de alta tecnologia brasileira ainda não tenham aprendido que a melhor maneira de atingir altos patamares de qualidade e inovação é através da valorização dos profissionais, e não da precarização de seu nível de vida. Será que o nosso caminho deve ser mesmo competir através de um software mais barato e de menor qualidade (os melhores profissionais, necessários a qualidade, não se submetem ou não motivam-se a empresas que não os valorizam) ao invés do software de melhor qualidade e com caráter de inovação ??

  3. Que legal, se flexibilizar a
    Que legal, se flexibilizar a política trabalhita poderemos ter profissionais de TI custando próximo aos da Índia. Imaginem poder contar com um Eng. de Sw a 500 dólares por mês. Aí sim o país vai pra frente.

  4. Prezados Haroldo e
    Prezados Haroldo e Alexandre,

    Pelo visto voces tem a mesma percepcao de mercado que eu. Estao tentando transformar os profissionais de TI do brasil nos da india. Pela minha previsao sombria, acredito que daqui uns anos o curso de Ciencia da Computacao (e correlatos) sera um novo direito (um curso a cada esquina) sem uma prova da OAB, ou seja, qualquer cabeca de bagre que faca mais ou menos ta contratado. E os salarios cada vez mais achatados, eh triste mas eh o que acho que vai acontecer.

  5. Por essas e por outras e’ que
    Por essas e por outras e’ que deixei pra tras uma carreira de 10 anos em desenvolvimento de software para telecomunicacoes. Trabalho nos US desde 1995 e ja pensei em voltar varias vezes, mas para que e para onde? Para ganhar um salario aviltado? Para nao ter como sequer conseguir pagar minhas contas? Para ser colocado de lado porque ha profissionais de nivel medio (!) cobrando menos que eu?

  6. Empregado tem que trabalhar
    Empregado tem que trabalhar por casa e comida. De bônus recebe 10 chibatadas no final do mês e estamos conversados!!
    o salário dos favelados mal dá pra comprar a comida, a casa é um sonho.
    É esse o Brasil que queremos?

  7. Acabei de encontrar o Jair
    Acabei de encontrar o Jair Ribeiro (que se tornou controlador da maior empresa de SAP do país) em uma palestra que vim fazer na Amcham. Tem uma baita comitiva de empresários americanos com desenvolvedores brasileiros. Perguntei: encargos? câmbio? E ele: não, quem fale inglês.

  8. Só não podemos ficar na
    Só não podemos ficar na dependencia dos softwers brasileiros, taxando os importados. Aí o Brasil terá um retrocesso. Ainda é muito cedo pra isso.
    Qual a reclamação dos brasileiros? O desenvolvimento de softwes de base que dão sustentação de programação ou simplesmente a programação desenvolvida em cima de softwers importados?
    O Brasil ainda não tem softwers de base. O que supõe que o que estão reclamando e programação em cima de dos importados. Então as escolas por mais simples que sejam já estão ensinando isso.

  9. Trabalho com TI há mais de 10
    Trabalho com TI há mais de 10 anos e na maioria das vezes com relações trabalhistas precárias. O autor do texto (pedido) não citou números e nem criou uma base de comparação válida. Já trabalhei em uma multinacional indiana e sei bem a realidade triste de profissionais indianos que recebem 10 doláres por dia para desenvolver programas complexos. E convenhamos que 10 doláres por dia não pagam nem 10% de um curso de qualidade na área de TI. E acho que as empresas deveriam eram fornecer cursos de inglês, pois na minha opinião é a principal falha dos profissionais de ti brasileiros.

  10. Para fazer trabalho braçal
    Para fazer trabalho braçal como os que as empresas de TI querem, qualquer cabeça de bagre, Ork acefalados com conhecimento da linguagem da programação usada consegue.
    Agora, um software de algoritmo de mapeamento requer um conhecimento de Algebra Linear.
    Um software de criptografia, conhecimento de algoritmos de criptografia, etc, requer um conhecimento que muitas faculdades não dão tanta enfase …
    O que esses empresários querem são escravos.

  11. Vou dar uma dica ao Kurz: vá
    Vou dar uma dica ao Kurz: vá à UFRGS e veja as coisas interessantes que o grupo de Computação Gráfica faz. Certamente podem sair produtos interessantíssimos e caros, que permitem pagar salários de primeiro mundo. E este é um exemplo, há no RS ótimos pesquisadores em todas as áreas.

  12. Nassif, repetirei o que lhe
    Nassif, repetirei o que lhe disse ontem…este post aborda vários assuntos os quais você tem preferência. Tive a pachorra de assistir ontem na tv educativa Paraná o programa semanal do governo do estado, para entender a questão da briga entre o estado e o grupo RPC(gazeta do povo/globo local). Bom, primeiro devo dizer que o nível da briga é baixo, imagine o Requião quando destrata alguém. Mas, a conferir, vários temas relacionados a educação e software livre foram mencionados nesta apresentação. O governo do estado está montando 2.000 laboratórios de informática em escolas estaduais, gerenciados remotamente e com plataforma linux, sendo todo o sistema desenvolvido pela UFPR, e colocado a disposição para quem interessar possa. Não é minha área, mas se não me engano cada laboratório tem um servidor e várias estações(ligadas a internet.(sem cpu). O governo do estado montou uma tv e alugou um canal de satélite para que possam ser transmitido as escolas a programação desta tv, que se chama Paulo freire. Foram compradas, e este é o motivo do litígio entre a gazeta e o Governo, se não me falha a memória., 2.000 tvs 29″ tele plana, com entrada para cartão de memória e entrada USB( em leilão eletrônico através do BB), para que o professor possa levar uma apresentação, ou qualquer ítem relacionado a matéria, em um Pen drive. Confesso que achei interessante. A Gazeta acusa o governo, inclusive com carta do proprietário do jornal, afrimando que tais tvs podem ser encontradas em qualquer magazine, abaixo do preço(se não me engano, 860,00). Então o secretário de governo, junto com a tv educativa deu uma de repórter por um dia e foi conferir in loco, indo a nove lojas. Tal produto não existe, a não ser em algumas tvs de plasma, de 42″. Não é produzido. A mentira corre solta por aqui, e este grupo de mídia era vinculado ao lerner e aos antigos governantes. O governo atual cortou toda a verba publicitária neste veículo. No próprio programa, foram citados mais duas situações em que as notícias foram manipuladas recentemente, uma delas dizendo que o estado não queria armazenar soja trangênica em seus armazéns no porto de paranaguá, sendo que segundo disse o governo, o estado detém apenas 10% da capacidade de armazenagem no porto. Porque não cobrar dos privados..? Bom, para finalizar, como eu disse ontem, aqui você teria um prato cheio. Pena que o brasil seja tão grande, e os interesses, e o que aparece mais, é o que está no eixo Rio/Sp/Mg. Se você tiver paciência e tempo, consiga uma cópia deste programa, com certeza vai achar muito interessante, tanto pela tecnologia, pela educação, como pela briga em si. E também para ver como o Requião administra o estado como se fosse dele. Abraço

  13. Tempos atrás naveguei no
    Tempos atrás naveguei no fórum do site http://www.apinfo.com.br e pude apreciar a grande complexidade atual do mercado de trabalho de TI, do qual fiz parte por quinze anos, até 2002. As empresas reclamam que não encontram gente qualificada, mesmo oferecendo altos salários. Os profissionais reclamam que as empresas exigem mil qualificações, certificados, etc., e pagam pouco. Os profissionais com curso superior em TI reclamam que há muitos concorrentes improvisados, que fazem cursos rápidos e obtêm certificação, sabem pouco, querem ganha muito, mas são incapazes de levar adiante um projeto completo com qualidade ou resolver problemas difíceis. Todos têm razão. Qual a solução? Devo concordar que, para atender aos anseios de qualidade das empresas e de maior respeito à categoria dos profissionais de TI, há que se combater as deficiências no ensino médio e é necessária uma formação mais consistente; mas não há atalhos: para corrigi-las é preciso melhorar também o fundamental, do contrário é remendo. Inglês se ensina desde cedo. Quanto a eliminar os encargos trabalhistas, só tenho uma forma de qualificar isso: transferência de renda da previdência social do trabalhador para o bolso do empresariado.

  14. Como já disseram em um
    Como já disseram em um comentário, o grande buraco no mercado de TI é o inglês. O cara é bom em diversas linguagens de computação, mas, no máximo e em raras exceções, sabe o basic english.

  15. Essas comparações com a Índia
    Essas comparações com a Índia são um absurdo. Temos excelentes universidades, ótimos pesquisadores, excelentes técnicos e engenheiros. Temos que produzir produtos de maior complexidade e valor agregado. Se nossas empresas insistirem em competir com a India para terceirização de programadores, nossos melhores profissionais vão continuar emigrando ou entrando para o setor público. O Canadá certamente não acha que os brasileiros são caros demais.

  16. O Jair Ribeiro pensa grande e
    O Jair Ribeiro pensa grande e tem real acesso ao mercado externo. Para ele o limite realmente hoje é somente o ingles. Ele está certo e o pessoal que busca maior valor agregado também. Lógico que diminuir encarg

  17. A perspectiva do software é
    A perspectiva do software é fascinante. Hoje uma criança ou adolescente pode interagir com “games” – no caso positivo – extremamente complexos, de gestão de cidades e de processos culturais, artísticos, empresariais, ou de fatos comuns da vida, como um simples jogo de televisão ou de um processo eleitoral. Nos simuladores de realidade virtual, experimentam situações inimagináveis para jovens e adultos de há apenas 20 anos passados. Gerenciam o desenvolvimento de cidades, sistemas ferroviários, civilizações inteiras, ou times de futebol e “produtoras” de artistas “pop”. Difícil para a escola medieval que temos incorporar essas possibilidades infinitas, mas os currículos e perfis dos cursos podem mudar. Além disso, existe a objetividade do mercado de trabalho. Uma nova geração brasileira, conhecedora do desenvolvimento de softwares, cria variáveis que nem sequer podem ser calculadas ou projetadas ainda, tal é o potencial delas. Qualquer que seja a área do conhecimento, software para eles!

  18. 1 – O autor não criticou
    1 – O autor não criticou altos salários, mas sim a política trabalhista, tributaria e encargos. Aliás, essa crítica parte de todos os setores!

    2 – O problema maior não é nenhum desses; nem o cambio, nem o inglês e nem educação.
    O objetivo principal é:
    -Mandar pessoal para os EUA?
    -Produzir softwares idealizados pelos EUA, no Brasil?
    -Ou produzir softwares idealizados pelos brasileiros, no Brasil?

    Na minha opinião, o problema maior é a inovação! Temos capacidade de inovar, mas não temos capacidade de investir e arriscar recursos em projetos de inovação!
    Os empresários brasileiros ficam esperando que o governo banque tudo, ou por aqueles financiamentos a perder de vista!

    O google libera 20% do tempo dos funcionários, para que eles pensem em algo inovador. Isso é um exemplo de investimento que não entra na cabeça de nossos empresários.

    Será que algum empresário brasileiro investiria no orkut? Não adianta investirem em similares de orkut, depois que o dito cujo se consolidou! Ou seja, só corremos atrás……..

    Muito boa essa discussão.
    Abraços.

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