O Sr. Crise

João Sayad propõe um desafio instigante no seu artigo de segunda-feira na “Folha” (clique aqui). Diz ele que a história é acaso. Às vezes, nos momentos mais imprevistos, surge o fato a marcar o início da nova era. Mostra que às vezes personagens centrais são marionetes, às vezes é a sorte que determinada.

De certo modo, é continuação da bela discussão que tivemos no DNA Brasil, quando expus as conclusões de meu livro “O Cabeça de Planilha”. No dia, o que Sayad propôs para discussão era se os desastres do câmbio no Real, com todas suas implicações posteriores, foi obra de indivíduos, decorrência da história, azar.

Pegando o mote de Sayad, em relação à história recente do país, os anos 80 são considerado a década perdida, e neles se moldou o novo país que deveria nascer nos 90. No auge do desencanto com Collor, estava sendo parido o novo Brasil. No auge do encantamento com o Real, estavam sendo plantadas as raízes para a estagnação da economia na década seguinte.

E hoje? Da crise nascerá um novo país ou um novo caos que levará a um novo país? Digo o seguinte: nenhum país passa incólume pelo volume de discussão gerado pela crise.

Já escrevi várias vezes que o maior estadista do Brasil é o Sr. Crise. Pois ele está presente, com uma intensidade (em termos de discussão) poucas vezes vista.

Que o país não será o mesmo, definitivamente não será. O que vem pela frente, se o que for, será elemento crucial para romper a inércia da estagnação, ou por bem ou por mal.

Luis Nassif

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