O tal do mercado

Enviado por: arkx

o modo como a mídia em geral se refere ao assim chamado “mercado” dá a entender tratar-se de uma entidade abstrata.

“mercado” em termos de Brasil tem nome e CNPJ: são os bancos e alguns grandes investidores. cerca de 1/3 dos ativos dos bancos estão aplicados em títulos públicos federais. as grandes assets (fundos de investimentos) são ligadas aos bancos. a maior parte dos recursos administrados são de fundos exclusivos.

o mercado de capitais brasileiro, como todo o resto de nossa economia, é altamente concentrado. o volume de negócios operado na Bolsa é pouco relevante frente às aplicações em renda fixa.

as afirmações que todo o “mercado” já esperava um corte de 0,25% na taxa básica dos juros, em nada mais implica do que os negócios efetuados no mercado futuro de contratos de DI trabalharem com esta expectativa. o Copom tem se limitado a atender a preferência dos investidores.

o tão reverenciado “mercado” é o sistema financeiro vivendo de subsídio governamental – a Selic – enquanto seus porta-vozes defendem corte de gastos com previdência, educação, saúde, infra-estrutura.

não se trata de teoria, ortodoxia, econometrias, monetarismo, Smith ou Friedman. são apenas interesses econômicos. manter girando a máquina da arbitragem de juros às custas da estagnação e do desemprego.

existe sim uma grande reforma a ser feita: a do sistema financeiro. para que os bancos voltem a sua atividade fim: financiar a produção e o consumo, fomentando o crescimento econômico.

o Brasil ainda tem a possibilidade de reencontrar seu caminho de forma não traumática. o próprio PAC é um bom exemplo disto.

acabou-se o tempo de tão somente paciência e persistência. sem renegá-las, chegou o momento de ousadia, coragem e criatividade para abrir novos caminhos. chegou a hora de conjugar, em sua forma mais afirmativa, o verbo mudar.

Luis Nassif

30 Comentários

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  1. Me permita ,ainda, mais uma
    Me permita ,ainda, mais uma pergunta :

    A quem , exatamente, está faltando ” ousadia, coragem e criatividade [sic]” ?

  2. A falta de sintonia do Banco
    A falta de sintonia do Banco Central com o restante do Governo – e porque não dizer com restando da sociedade, com as exceções por ti mencionadas -, nos faz pensar o quanto nefasto para o país seria se existisse a tão defendia “autonomia” legal ou constitucional desta instituição. Aqui é justo indagar de quem esta instituição seria autônoma, seda sociedade e do governo, ou das grandes corporações financeiras? Estas dúvdias são também pertinentes com relação às agências reguladoras: servem a quem? Quais os interesses que por ela são preferencialmente atendidos?
    De nada adianta termos estruturas exóticas, importadas, aparentemente “modernas” na aparência, quando o Estado como um todo ainda permanece subserviente aos interesses dos mais poderosos que, desgraçadamente para o Brasil, com rarissímas exceções, historicamente demonstraram um profundo desinteresse com o bem comum.

  3. Me parece claro,para um leigo
    Me parece claro,para um leigo como eu, que juro alto = crescimento menor.
    Eu penso , mas não consigo concluir.
    Não faço parte dos que vivem às custas do copom.
    Também , tenho pouco tempo para dedicar ao intricado mundo da economia.

    Essa política monetária pode garantir , por si, crescimento econômico sem inflação ?

    Quais as variáveis para que isso aconteça?

    4,5 % em 2007? É possível ?

    E se for? O que significa ?

    Me perdoe pelo parco conhecimento em economia.

    Mas como leitor do seu site, me sinto à vontade para perguntar.

  4. O que assusta e’ o governo
    O que assusta e’ o governo nao perceber que tem forca e apoio para promover mudanca na politica monetaria (banco central). A cada dia me surpriende mais este jeito “frouxo” do nosso presidente.

  5. Trechos do artigo do
    Trechos do artigo do competente Luiz Sérgio Guimarães no Valor de ontem:

    A FORMAÇÃO DAS “EXPECTATIVAS DO MERCADO”
    “Os executivos do mercado, que pensam como o BC porque RODAM EM SEUS COMPUTADORES OS MESMOS MODELOS ECONOMÉTRICOS UTILIZADOS PELO BC, já detectaram o surgimento de zonas de perigo na rota da inflação. “.

    A MISSÃO DO BC:
    “Os executivos do mercado financeiro não abandonam o ponto-de-vista, de resto assumido oficialmente pela autoridade monetária, de que a aceleração do crescimento é uma tarefa do Ministério da Fazenda. Ao BC cabe cuidar exclusivamente da inflação.

    O “MANDATO” DO BC:
    “O mandato do BC, cujo presidente tem status de ministro, é o de vigiar para que o IPCA não se desvie das metas de inflação. O BC não atua para cumprir meta de crescimento ou de câmbio. E, se enxergar ameaças ao cumprimento do seu objetivo único, não hesitará em atacá-las, MESMO QUE TAIS ATAQUES SOLAPEM AS METAS PRÓ-CRESCIMENTO”.

    (entretítulos, grifos e uma pequena alteração na ordem dos trechos são meus).

    A declaração do ministro Mantega em Davos, concordando com o “mandato” do BC “para mexer na taxa básica de juros como quiser” (Agência Brasil) deve ser entendido como uma gentileza diplomática – afinal estava em visita às bases dos nobres “mandatários”.

  6. Sobre esse assunto, parece,
    Sobre esse assunto, parece, não há mais o que se comentar. Seria preciso pensar como mobilizar a sociedade para exigir que esse parasitismo chegue ao fim. Um movimento nacional, suprapartidário e interclassista. Mas quem tem coragem?

  7. Gente, o comentário positivo
    Gente, o comentário positivo do Mantega e do Genro ao BC podem significar duas coisas completamente opostas: a otimista: tudo não passa de jogo de cena e estão valorizando o passe do Meirelles para o chute não doer tanto; a pessimista (e trágica): o Lula está mesmo endossando essa política do Bacen.
    No primeiro caso, esperança; no segundo, frustração, decepção, raiva. E lembrar que esse Lula que está aí hoje já defendeu a moratória da dívida e depois (mais light) a sua auditoria… Nem precisava disso, não Lula. Basta só não fazê-la crescer desnecessariamente.
    Será que o presidente em quem depositávamos tanta confiança e esperança não percebe que chegou o momento em que ele deve escolher entre entrar para a história ou simplemente terminar o seu mandato de forma tão melancólica como foi o de seu antecessor? Todas as ferramentas estão na mão de Lula. Será que ele vai dar razão à oposição que insiste em demonstrar que ele não é nada daquilo que acreditávamos? Se aqueles que o apóia desistirem, ele irá contar com quem?
    Sugiro que ao invés de uma campanha para retirar o presidente do BC e seus correligionários, deveríamos começar uma campanha: “Reage, Lula!” ou ainda quem sabe: “Acorda, Lula!”. Que o tempo está passando e não haverá outra oportunidade!!!!

  8. É preciso ter cuidado para
    É preciso ter cuidado para não simplificar demais este novo e decisivo debate. Até agora, a condução de Meirelles, se merece várias críticas, teve também muitas virtudes.

    O foco no primeiro mandato de Lula foi ainda o controle inflacionário, temendo algum tipo de inflação inercial “atávica” e reprimida.
    É a partir de agora que a política do atual condutor do BC fica insustentável, diante da vontade geral do país de implantar de uma vez uma política de desenvolvimento auto-sustentável.

    Mas não é papel do Meirelles mudar isso. É papel do governo. Vejam, o presidente do BC é um quadro técnico de controle da moeda, basicamente. Não um quadro político de gestão de um plano com a abrangência e a importância do PAC.

    É preciso haver uma discussão entre a sociedade, os técnicos do BC e os técnicos do Governo, um debate transparente, para que se estabeleçam as novas proporções, os novos valores dessas duas variáveis: a determinação coletiva do país, de acelerar seu desenvolvimento, de um lado, e a viabilidade do plano, dados os impactos sobre a moeda.

    O que parece claro, mas PRECISA ser referendado por uma discussão formal da sociedade brasileira, no qual o BACEN está incluído, e não à parte, é que o peso da variável desenvolvimento hoje é maior do que há 6 meses ou 1 ano.

    Mas não é papel do BACEN concretizar essa mudança. Ele apenas concorda ou não, dá o aval ou não, à viabilidade do plano, nessa questão das pressões inflacionárias, leia-se, índice de organização ou de desorganização da economia do país.

    Então, a nossa pressão é válida, democrática e necessária, mas precisa cumprir todos os trâmites e etapas da alteração das políticas básicas da Economia, para não desorganizar o sistema produtivo. Feito isso, tudo que se diz aqui está valendo.

  9. Concordo que o núcleo do
    Concordo que o núcleo do mercado tem nome e CGC.

    Mas 30 % da população Brasileira que tem o dinheiro administrados por esse núcleo do mercado também tem seus movimentos próprios, Em relação ao juros da dívida pública e da cardeneta da poupança, quando eles não estão atraentes ocorreum deslocamento do capital para o dolar e ativos reais principalmente imóveis e estoques.

    O Brasil mesmo diante de uma grave crise política conseguiu romper a barreira dos 15% nominais, rompeu agora a barreira dos 13% nominais e caminha para abarreira dos 10% nominais nos juros da selic.
    Considerando as péssimas condições econômicas do inicio do primeiro Governo do Presidente Lula e a grave crise política de 2005 e 2006, os juros terem chegado a esse patamar e com todos os indicadores permitindo novas quedas, creio que tenha sido um grande feito.
    Não tenho como saber se com uma queda mais acentuada dos juros(que eu tambem sou a favor) teria ocorrida um deslocamento do capital em direção aos ativos reais e a formação de estoques,mas reconheço que não esperava chegar aos 13% nominais de juros da selic de forma tão tranquila nos movimentos dos capitais.

  10. EU SO QUERO UM LUGAR PARA
    EU SO QUERO UM LUGAR PARA TRABALHAR NA AREA DE ENGENHARIA CIVIL E CRIAR MEUS FILHOS SEM SUFOCO E ME PRIVAR DE CONFORTO PORQUE GENTE COMO ENTRE HASPAS POLITICOS DISCUTEM SOBRE A PROPRIA ECONOMIA

  11. Afinal, quem são estes
    Afinal, quem são estes senhores que governam de fato o nosso país?

    O poder dos banqueiros é mesmo impressionante. Ameaçar os interesses pecuniários deste grupo não é fácil. Eles jogam duro. E sujo. Não há outro grupo no Brasil, tão bem preparado/organizado para defender, com unhas e dentes, os seus interesses.

    O preço para quem enfrenta o modelo é conhecido: Terrorismo midiático, desqualificação sistemática da opinião, a boataria e mesmo a sabotagem.

    E o problema não é só esse. Os bancos foram simplesmente os maiores financiadores das duas principais campanhas para presidente. Este grupo entende que pagou pelo controle da gestão econômica e não vai abrir mão dos seus lucros escandalosos sem uma luta duríssima.

    O presidente Lula, ao que tudo indica, não quer entrar nesta queda de braço. E agora?
    Só com muito mais pressão no traseiro do nosso estimado presidente…

  12. NASSIF, é simples, pagamos a
    NASSIF, é simples, pagamos a divida da grande midía , aplicamos nêles a “lei de respondabilidade fiscal” e exigiremos dêles honestidade pelo resto da vida.

  13. Se não me engano, o próprio
    Se não me engano, o próprio friedman falou sobre uma reforma no sistema financeiro, de forma que evitasse esses abusos. Esses privilégios.

  14. Oi Nassif
    O Mercado , tem
    Oi Nassif
    O Mercado , tem nome , CGC/CPF, não, Rinocerontes não pussem.
    Agora interesses esses estão cheios. Ah, a racionalidade e sutileza, é mesmo de Rinoceronte ( ferido ) em loja de louça.
    ( )s Paulo

  15. é isso mesmo. Até que enfim
    é isso mesmo. Até que enfim tocam o dedo na ferida! Não é uma questão acadêmica (embora é claro tenha seus condicionantes e reflexos na discussão acadêmica) – é uma questão de INTERESSES ECONÔMICOS. Interesses do tal “mercado” de quem a imprensa tanto fala, “mercado” que, como disse o ARKX (como eu queria ver isso dito na imprensa!) tem nome e CNPJ, e que, como lembrou o fabio, colocou uma grana preta na campanha do Lula. Isso depois de o Lula e seu partido passarem anos atacando-o politicamente. OS DONOS DO PODER de que falava Faoro – os que fazem uma nação inteira trabalhar, em boa medida, para eles. E que, como lembrou o fabio, não hesitam em jogar duro, sujo, para defender seus lucros pornográficos. E uma das armas desse jogo é a imprensa (não toda, é claro, mas parte expressiva). É só questão de “jurisprudência”? Essa “jurisprudência” defende interesses altíssimos e poderosos – é só uma questão de “opinião”, de “ideologia”? pode ser, em parte, mas certamente há muitas outra$ coi$a$ por trás.

  16. Nassif,

    Você acha que esse
    Nassif,

    Você acha que esse pessoal que vive as custas de titulos do tesouro nacional vai largar essa teta?
    O juro oficial do Brasil é alto pra que esse papéis rendam e esse pessoal tenha um bom retorno.
    Desconfio que se o Lula querer abaixar muito o juro oficial ele vai ter problemas. E esse pessoal tem cacife. Pra quem sabe ler um pingo é letra.
    A industria produz, e seus lucros está em fazer um produto bom e barato, garantindo assim o lucro ao empreendedor.
    Agora o mercado financeiro que é o forte no Brasil não produz nada, vive de juros e do juro oficial.
    E agora Nassifão.

  17. Não acho que seja miopia não,
    Não acho que seja miopia não, Nassif.
    É preguiça mesmo.
    Acomodação e
    Vagabundagem.
    E outros adjetivos descabidos mas cabíveis num crescendo de baixo nível….

  18. Só gostaria de fazer um único
    Só gostaria de fazer um único comentário a respeito do Copom: o PAC trabalha com uma meta de taxa de juros nominal de 12,2% ao final de 2007. Se o Copom fizer reduções de 0,25 pp por reunião, chegará a 11,75%, 0,45 pp abaixo da meta do PAC. Ao final, a decisão de quarta-feira não foi tão ruim assim.

  19. Galera,

    A noticia de hj
    Galera,

    A noticia de hj sobre a blindagem sobre o Meirelles me assustou.

    Eu sabia que ele tinha feito um lobby com a banca nacional.

    Mas parece que foi muito além.

    Por isso acho que mudanças pontuais na diretoria, no estilo muda mas não muda. Seria mais eficiente.

    Asta,

  20. Nassif,

    Pelas entrevistas
    Nassif,

    Pelas entrevistas que eu li da ministra Dilma Roussef hoje, parece que nem mesmo ela chama a atenção para o que, no meu entendimento, é o único ponto relevante do programa: metas, avaliações e controles das propostas.
    A análise do Serra, erradamente descartada pela Dilma, parece bem interessante: há confusão entre premissa e resultado – como se dissessem “para o Brasil crescer, precisamos crescer”.

  21. Este ANGELINO que me perdoe,
    Este ANGELINO que me perdoe, mas ele nunca viu falar em FINANCIAMENTO? nunca ouviu falar em Agentes Superavitários e Deficitários da economia? Ele não tem conhecimento da estrutura alavancada das empresas, que tem que obter capital para seus projetos e crescimento? Nunca ouviu falar que o governo brasileiro, durante as últimas 7 décadas, desde Getúlio, promoveu um dos maiores crescimentos econômicos que se tem notícia no mundo? Que este crescimento custou e custa dinheiro? Que o desequilíbrio do governo em pagar suas contas com a própria receita dos impostos e ainda financiar a implantação de emrpresas como a petrobrás, a vale, a CSN e outras tantas, produziu um rombo monstruoso nas contas públicas? ENTÃO, ANGELO, VÁ ESTUDAR UM POUCO PARA DEPOIS DIZER QUE O MERCADO FINANCEIRO NÃO PRODUZ NADA!! PROCURE SABER E NA SUA FAMÍLIA MESMO, PODE SER QUE ATÉ VOCÊ MESMO, TEM APLICAÇÕES EM UM FUNDO DE INVESTIMENTO E QUE FINANCIA O DÉFICIT DO GOVERNO. GRAÇAS À DEUS, SENÃO IRÍAMOS TER UM AUMENTO EXPRESSIVO NOS IMPOSTOS PARA PAGAR A TODOS OS CREDORES DO GOVERNO, O QUE DESESTRUTURARIA TODA A ECONOMIA. VÁ LER UM POUCO SOBRE ISSO, NOBRE CIDADÃO BRASILEIRO!!

  22. Surtou, Luiz. Desde quando
    Surtou, Luiz. Desde quando pedir para minha equipe levantar dados depõe contra a análise. Quanto ao “peleguismo”, explicite um pouco melhor.

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