Princípios para a gestão universitária

1. Universidades Públicas devem ser centros de excelência, para formar uma elite intelectual, científica e tecnológica para o país.

2. Devem-se buscar formas de inclusão social na Universidade, mas sem prejuízo da busca da excelência.

3. É falsa a dicotomia entre ensino fundamental e ensino universitário. Um grande país tem que ter ensino fundamental e universidades de qualidade e a responsabilidade maior pelo financiamento deve ser do poder público.

4. Mensalidades de alunos não irão garantir o financiamento integral das universidades públicas, como não garantem nem nos EUA. Mas aluno da universidade pública precisa ter a consciência de que foi beneficiado por um esforço conjunto do país. E precisa retribuir durante e após o curso, seja financeiramente, seja prestando serviços na sua especialização. Se é elite, tem que se imbuir do espírito de cidadania muito mais do que quem não pode cursar a Universidade pública.

5. Toda Universidade tem que se submeter a indicadores claros de qualidade e produtividade e prestar contas à sociedade de seus atos e dos recursos que recebe. Tem que se comprometer com metas claras e aferíveis. Uma Universidade não é uma ilha.

6. Universidade não pode ser uma democracia auto-gerida por seus membros: professores, funcionários e alunos. O soberano maior da Universidade é o país e a cidadania. Por isso mesmo, sua gestão precisa ser compartilhada com representantes externos, que ajudem na fiscalização das metas acordadas com a sociedade.

7. Deve-se criar a função do gestor universitário, o gerente com conhecimento das características do setor, que saiba manejar orçamento, otimizar recursos, garantir a manutenção do departamento e facilitar a vida dos professores e pesquisadores. Esses gestores não poderão se imiscuir no conteúdo acadêmico, mas devem ser os avalistas do cumprimento de contratos de gestão e demais compromissos assumidos pela Universidade com a sociedade.

Luis Nassif

64 Comentários

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  1. Olá,
    Em relação aos pontos 5,
    Olá,
    Em relação aos pontos 5, 6 e 7: quero ver se será possível quebrar o corporativismo destes verdadeiros feudos que estão lá instalados.
    Como se dizia: é muita vaca sagrada prá pouco milagre operado.
    [ ]´s

  2. Nassif, os reitores e seus
    Nassif, os reitores e seus seguidores(professores) vão ter um ataque de nervos se esses princípios forem colocados em prática. As universidades federais e seus componentes(professores, alunos, reitores e funcionários) se acham acima do bem e do mal. Realmente esses senhores precisam saber que é com o dinheiro público que eles se mantêm e precisam prestar contas a sociedade.

  3. Yoshiaki, quem define os
    Yoshiaki, quem define os indicadores é a Universidade. Define e presta contas. Isso melhorará o desempenho e não prejudicará em nada o trabalho acadêmico, pelo contrário.

  4. Igor, o que você relatou é
    Igor, o que você relatou é louvável. Mas é a regra? Tenho amigos e parentes acadêmicos. Aprendi que, no modelo atual, os centros de excelência surgiram devido aos pioneiros que implantaram uma cultura que foi seguida pelos sucessores. Mas e os inúmeros departamentos que não são centro de excelência? O que os impele em direção à melhoria? O que separa o professor dedicado do acomodado, a não ser a consciência individual de cada um, ou a cultura de cada departamento?

  5. A origem das
    A origem das especies(Darwin).
    A origem das elites(Nassif)
    Parabens,Nassif.Conciso ,claro ,direto.Lembra-me Seis propostas para o proximo milênio(ItaloCalvino).

  6. Concordo plenamente com todos
    Concordo plenamente com todos os sete itens apresentados sobre os “Princípios para a gestão universitária”.
    Ainda incluiria o oitavo:
    8) Possibilidade da Universidade, do Acadêmico e/ou do Instrutor/Pesquisador GANHAR DINHEIRO (sem hipocrisia) com seu invento ou nova tecnologia apresentados à sociedade.

  7. Assim como o Brasil espera o
    Assim como o Brasil espera o estadista, a universidade pública espera o gestor que tenha coragem de enfrentar o corporativismo. Na USP por exemplo, gestão democrática, entre outras, significaria abrir a caixa preta das fundações, as quais, em tese, são bons institutos; no entanto mantêm-se de forma distorcida.

    E muita gente vai perder dinheiro…

  8. Minhas “provocações: a
    Minhas “provocações: a universidade não é apenas local de formação do conhecimento, mas também de abrigo e interlocução dele. Não deve excluir o discurso de outros interlocutores que possam ter seu conhecimento sistemático provado e reconhecido. Ela deve ser gestora do conhecimento. Essa concepção de que os universitários são “a elite pensante”, aliás, já é um posicionamento ideológico e uma voz do senso comum que muitas vezes não se confirma. Precisa ser provado, caso a caso.

    A busca da excelência não pode ser um mito, ou imagem retórica. Precisa ser concretizada na livre concorrência do mérito acadêmico e dos projetos e iniciativas que são às vezes estimulados, prestigiados ou rejeitados e frustrados.

    O item anterior leva diretamente à estrutura democrática da universidade pública. Como foi dito, a universidade não pode ser uma autocracia, mas estar sujeita a várias formas de avaliação e mesmo de interferência da sociedade civil e do Estado.

    Dever-se-ia pensar, para o futuro próximo, em um concurso público para se efetivar docentes na Universidade, do mesmo modo que é feito em outras instituições federais, como a Receita, o Banco Central, o Bando do Brasil, etc. Isto garante a alimentação pública diretamente através da cidadania, como é o vestibular, sem intervenção direta do poder acadêmico local de cada unidade.

    A universidade pública deveria “publicar” mais o seu conhecimento, como requisito de suas atividades, e não “privatizá-lo”, a não ser em projetos especiais previstos no regulamente, que envolvam financiamento privado, na proporção adequada, mas precisa haver circulação da informação e determinado fator de transferência de conhecimento para o conhecimento público. Mais publicações.

    Fiscalização e gestão são essenciais, mas também alternância de no máximo 2 ou 3 anos nos cargos diretivos, controle para que não se formem cadeias corporativas (cartéis administrativos), garantindo a renovação e o arejamento das políticas institucionais da universidade e das unidades, e a lembrança de que a universidade é um espaço pedagógico e científico, não uma empresa ou uma repartição, e requer filosofias de trabalho e modelos de gestão especialmente desenvolvidos, e não adaptações de outros modelos.

  9. Nassif, o problema de
    Nassif, o problema de “Universidades Públicas devem ser centros de excelência, para formar uma elite intelectual, científica e tecnológica para o país” é que nem todo universidade federal é uma Unicamp. Na verdade, universidades com condições REAIS de formar uma elite intelectual, são um alarga minoria no país.

    Me formei Bacharel em Informática em um universidade federal de um grande capital – um curso bem conceituado, diga-se. E lá, se provava o inverso de tudo que o meio acadêmico achava ideal.

    Existia essa idéia de que “formamos pesquisadores” – um colega meu inclusive foi destratado por um professor por trabalhar durante todo o dia e estudar à noite, com o professor dizendo “você têm de escolher entre estudar ou ganhar seu rico dinheirinho para farra”, sem considerar que ele trabalhava para poder se sustentar na cidade, já que não era daqui. Parece que não existem pessoas que não moram com os pais, ou que vivem de sustento de bolsas…

    Mas estou divergindo. O problema é que, ao menos no meu curso, os melhores professores, disparadamente, eram aqueles que não seguiam a trilha dourada do academicismo: eram os que não tinham dedicação exclusiva, e que não tinham passada a vida toda dentro de uma universidade. pois o problema desse pensamento de “somos pesquisadores” criou uma série de professores que entrou na universidade, emendou com uma pós, aí com um mestrado, aí com um doutorado…e vivem em um mundo teórico, com trabalhos acadêmicos “estado da arte” nunca implementados ou testados. Vivem de textos, para os textos, pelos textos.

    Teoria é bom, mas tem de possuir aplicação, mesmo que em futuro distante. Mas não era o caso das “pesquisas” desenvolvidas na instituição. Tive aula com um professor com mestrado que não sabia usar um editor de texto. Tive aula de Redes com um professor recém chegado com um mestrado feito no Japão, na área, e passava a aula toda corrigindo erros que ele passava para os alunos.

    Pesquisa exige recursos, financeiros e tecnológicos – coisa que a instituição que estudei não tinha, e não têm. O resultado? Se criou uma linhagem de professores que se julgam intelectuais, mas não sabem o básico de sua área, pois vivem em um mundo teórico e cheio de citações bibliográficos. Enfatizo: a maioria das universidades não são uma USP ou uma Unicamp. Elas não podem formar um elite intelectual.

    Mais um detalhe ainda sobre esse academicismo, e que comprova o que falo: na mesma instituição, uma vez levantaram as pesquisas acadêmicas que estavam sendo feitas, com recursos de bolsa. Apareceram coisas como um professor que estava no litoral, com bolsa e moradia pagas, há dois anos, fazendo uma pesquisa sobre como o calçado do pescador influenciava em sua produtividade – se usasse Havaianas pescava x peixes, se usasse tênis pescava y. E é sério,não lenda urbana.

    Que se forme uma elite que SEJA intelectual, não que se ACHE intelectual.

  10. Concordo plenamente com todos
    Concordo plenamente com todos os pontos, a Universidade deve ser pensada dentro de uma idéia de desenvolvimento e não custo.

  11. Sou graduado por uma
    Sou graduado por uma instituicao publica. Tenho orgulho disso, assim como todos os meus colegas. Como forma de retribuicao acho que o geverno deveria instituir alguma forma de contrapartida- imposto mesmo. Por exemplo uma porcentagem do salario depois de formado. Tenho certeza de que, desde que o dinheiro nao fosse desvirtuado, todos os formados em escola publica nao se incomodariam com isso. O que acontece hoje nao me parece certo. De alguma forma poderiamos retribuir. Esse papo que retribuimos com nosso trabalho e furado. muitos formados em escola publica assim que tem a chance mudam para o exterior. Eu mesmo, nao nego, iria se tivesse a oportunidade.
    grato

  12. “Todos aqueles que reunirem
    “Todos aqueles que reunirem condições devem ter acesso aos estudos superiores, sejam quais forem a sua origem social, seus meios econômicos, sua raça ou religião. Enquanto existirem barreiras neste mundo, a democratização do ensino será apenas uma frase oca.” Isto não foi dito por nenhum militante de movimento estudantil ou do sindicalismo universitário, nem por deputados ligados ao ensino superior. Quem o disse foi S. Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei.

  13. Acho também que há distorções
    Acho também que há distorções quando o que é bom em determinados cursos e Universidades é considerado para todas as outras. As considerações que fiz na minha última mensagem, por exemplo, dizem respeito mais a determinadas áreas que outras, claro. Em Medicina ter um professor que divide seu tempo entre suas atividades acadêmicas e de atendimento em sua clínica pode ser até bom, já em Física, é importante geralmente que o pesquisador dê dedicação exclusiva à Universidade. As entidades de avaliação dos cursos, CAPES principalmente, não são muito sensíveis a isso. Não são tão sensíveis a trabalhos de colaboração com empresas também. Só contam papers. MEC e MCT têm aí, muitas vezes, visões opostas. Isso tudo afeta muito a visão que os professores têm de sua vida profissional e a que alguns alunos ( e ex-alunos, alguns postando aqui) acabem tendo da Universidade. De toda forma, para além de distorções que possam pipocar aqui e ali, o ideal das Universidades públicas como sendo pólos geradores da elite intelectual e de C,T&I é o que se deve buscar.
    De uma maneira geral, Nassif, seus seis pontos são essenciais. Eu acrescentaria uma chamada ao princípio de indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão, consagrado na Constituição.

  14. Fui professora universitária
    Fui professora universitária a vida inteira, em vários lugares e estados da federação, e acho perfeitamente sensatas as suas propostas. Algumas enfrentariam resistências enormes por parte do corporativismo acadêmico, mas é assim mesmo. As idéias são excelentes. Um departamento de universidade pública não vive apenas das verbas da Universidade; os tais 10 mil de que fala uma colega acima. Existem também os recursos de convênio que, a meu ver, deveriam fazer parte de um caixa único do Departamento, e não ser a base do poder ridículo dos professores que os obteiveram. Afinal, eles nunca teriam acesso a verbas de instituições nacionais de financiamento ou do exterior para projetos de pesquisa, considerados “propriedades particulares”, se não pertencessem a tal ou qual departamento e não usufruíssem do prestígio e dos benefícios indiretos da universidade a que pertencem.

  15. Temos um parque industrial
    Temos um parque industrial gigantesco, mas parece que a industria está mais interessada em resultado que gerem riquezas do que finamciar as universidade públicas.

  16. Henrique Martins, procure se
    Henrique Martins, procure se informar sobre algo chamado “Lei da Inovação Tecnológica”.

    https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm

    Luis Horacio, quem foi o idiota que lhe falou que os docentes de universidades públicas não são concursados? Procure se informar também sobre a referida “Lei da Inovação Tecnológica”. E até onde eu sei a maior parte, se não todas, as universidades públicas limitam o mandato dos dirigentes.

    Tem de ser tomado cuidado para não ferir a autonomia acadêmica que permite que sejam feitas críticas ao próprio governo, muitos dos defensores de interferência na verdade estão apenas tentando colocar uma mordaça em análises que vão contra seus interesses. É óbvio que a universidade tem de prestar contas à sociedade sobre os seus resultados e sobre a forma como gasta seu dinheiro, e isso via de regra JÁ É feito, mas tem de melhorar. O sistema de avaliação criado pelo governo (federal) atual vai na direção certa ao criar um sistema que conta com a participação da sociedade através de membros de avaliação externos e de um mecanismo que faz a universidade pensar a respeito de sua própria missão como organização financiada pela sociedade.

    Obviamente as universidade públicas precisam avançar em sua capacidade de produção e disseminação do conhecimento, mas isso é completamente impossível se não houver um finaciamento efetivo. Esse financiamento tem de ser garantido independentemente de quem estiver no poder no governo. Isso é feito através da destinação de uma alíquota da arrecadação específicamente para o ensino superior, assim como é no governo de São Paulo. Agora alguém que estiver melhor informado me tire uma dúvida, o Serra estava tentando destruir isso, ele conseguiu?

    Para finalizar é necessário colocar também que realmente existe corporativismo nas universidades, mas isso não é uma regra, e pode ser facilmente coibido criando regras que regulamentem a ascensão funcional dos docentes.

    Meus dois centavos para a discussão.

    Abraços.

  17. A propósito da vossa
    A propósito da vossa assertiva “É falsa a dicotomia entre ensino fundamental e ensino universitário. Um grande país tem que ter ensino fundamental e universidades de qualidade e a responsabilidade maior pelo financiamento deve ser do poder público.”, pergunto eu: é falsa a alegação do governo de que faltam recursos para tal? Será que falta vontade política a esse governo que aí está?

  18. Só para acrescentar, a
    Só para acrescentar, a interação entre Universidades e meio produtivo deve ser incentivada e cobrada dos dois lados. Neste relacionamento não deve haver uma capitulação de um lado e de outro quanto às suas funções e interesses, assim como não deve ser visto como uma forma de os professores ganharem mais dinheiro. Podem até ganhar, mas sua atividade principal deve ser a Universidade. Há fundações por aí que criam uma relação promíscua entre a Universidade e o setor privado, quer na forma de cursos de extensão pagos ou de consultorias que tornam a função de orientação e ensino dos alunos e a pesquisa (funções principais do docente) detalhes que só atrapalham, e a ligação com a Universidade só serve para viabilizar legalmente estas atividades mais rentáveis.

  19. Corretíssimo Nassif, mas
    Corretíssimo Nassif, mas acredito que estas mudanças não acontecerão no atual governo. A preocupação é instalar máquinas para distribuição de camisinhas para alunos do colégio público entre 13 e 19 anos com intuito de com bater a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Também será distribuido uma cartilha com frases com teor “educação sexual”, tais como: “Colocar o preservativo pode ser uma excelente prática a dois. Sexo não é só penetração. Seduza, beije, cheire, experimente!”. A tal cartilha ainda tem espaço para os adolescentes escreverem suas “ficadas”.

  20. Enche-nos de orgulho e
    Enche-nos de orgulho e satisfação saber que a lucidez ainda está presente entre os formadores de opinião.
    Há tempos não via uma defesa tão vigorosa da universidade pública como meio para o desenvolvimento nacional!
    Cabe aos alunos de instituições públicas assumirem o compromisso de estudar, estudar, para serem os melhores e desta forma contribuir para fazer de nosso Brasil, um país desenvolvido e justo.

  21. Um outro ponto importante é
    Um outro ponto importante é lembrar que a universidade não é o “ponto final”, mas sim o trabalho a ser produzido na área de formação, na atividade profissional em qualquer campo.

    A falta dessa “atitude” gestora institucionalizada é que provoca conflitos entre situações pouco claras e muitas vezes impróprias, como o funcioamento de dispositivos compensatórios de ligação entre o rendimento dos cientistas, sua atividade intelectual e a realidade de mercado.

    Para desfazer os hiatos (dicotomia) é preciso preencher esses vazios entre a universidade e os campos de trabalho, ou entre a administração universitária e as fundações e instituições de pesquisa, para que os passos em direção ao mercado profissional ou em direção à projetos avançados possam ser dados sem dramas e sem distorção.

    O cientista pode e deve ganhar dinheiro com seu trabalho, mas não pode e não deve misturar os terrenos e distorcer os dois, tanto a sua “pesquisa de fundo” não pode se render às demandas mercantis ou burocráticas, quanto não se pode prender o pesquisador dentro da universidade, impedindo-o de relacionar-se com o “mundo exterior” e com o mercado.

    Mais uma observação: os professores não devem se dedicar com tanto afinco às atividades administrativas, como foi citado, pois isto toma justamente o tempo e a energia das publicações -artigos e livros e de outras atividades acadêmicas mais avançadas e de relevância.

    É louvável o desprendimento administrativo, especialmente nas universidades federais, que sofreram grandes ataques e arrochos, mas isto foi uma emergência, decorrente da gestão neoliberal do governo, quando não havia dinheiro nem para pagar contas de água e de luz.

    A direção institucional deve ser feita por comitês colegiados, mas as tarefas de gestão podem ser feitas pela “Prefeitura” e suas ramificações, desde que haja alternância frequente dos cargos e também dos grupos que abastecem os cargos. Multiplicidade de pontos de vista e de orientaçào (o debate de Italo Calvino para o milênio).

    É preciso lembrar também que somos todos cidadãos, e todos iguais em nossa dignidade. Não se pode combater as distâncias sociais do Brasil pensando ser “a elite”, ou “os melhores”. Este é um erro básico, cometido várias vezes na história, e não deu certo.

  22. Caro Nassif,

    Ao contrário
    Caro Nassif,

    Ao contrário do que você sugere, acho que “gestores deverão se imiscuir no conteúdo acadêmico”, em certos casos.
    Por exemplo, nos anos 80, os departamentos de engenharia da Universidades públicas eram dominados pelos professores da área de engenharia civil e outras mais tradicionais. Havia mais vagas para estudantes nestas áreas e, portanto, havia mais professores destas especializações. Nesta época já estava claro que a sociedade precisava mais de engenheiros eletrônicos do que civis e, ainda , de reforço em novas especializações como software e computadores. Dominante os cursos de engenharia, os professores de engenharia civil, principalmente, sempre dificultaram a criação de novos cursos com especializações nestas novas tecnologias. E claro, nunca admitiram a necessidade de diminuição de vagas de engenharia civil mesmo quando a procura por estas diminuiu. Na Poli da USP, a quantidade de estudantes de engenharia que completavam o curso básico e que desejavam fazer engenharia civil era inferior à quantidade de vagas oferecidas, enquanto, ao contrário, havia uma feroz competição acadêmica por vagas na ára de elétrica/eletrõnica.
    Resultado, conheci várias pessoas que se formaram em engenharia civil na Poli da USP e que foram trabalhar como profissionais de computação (o mercado aceitava), assim como alguns que também cursaram faculdades privadas a fim de obterem especialização na área de computação ou software.
    Resultado, os ensinamentos de isostática e mecânica dos solos não contribuiram nada na carreira destes profissionais de engenharia, mas seus professores garantiram seus salários e aposentadorias.

    Isto sem falar do domínio que os professores da área de engenharia civil mantiveram sobre o curso básico de engenharia na UFRJ durante os anos 70. Conheci profissionais formados em engenharia elétrica/eletrônica que estudaram isostática, geometria descritiva e desenho de estruturas.

    Concluindo, a Universidade pública deve ter currículos e vagas que atendam à necessidades da sociedade e não aos desejos e direitos dos seus professores. Cursos em que a formação dos alunos seja cara e que visem atender a necessidades do mercado devem ter a quantidade de vagas e currículos definidos em função do planejamento estratégico do desenvolvimento da Nação.
    Liberdade de conteúdo acadêmico só deve existir para cursos baratos e que não visem a “exatamente” uma necessidade de formação profissional demandada pelo mercado.

  23. Caro Nassif,

    A universidade
    Caro Nassif,

    A universidade deveria ser paga pelos que podem pagar. Mas falar disso no Brasi é ofensa. Aí nós fingimos que temos universidade pública de qualidade, professores competentes e alunos brilhantes que competem com qualquer outro a nível mundial. Por isso nossa ciência está entre as de ponta no planeta e nossa tecnologia é imbatível. Para que mexer?

  24. 1. Universidades Públicas
    1. Universidades Públicas devem ser centros de excelência, para formar uma elite intelectual, científica e tecnológica para o país.

    Elas não precisam ser públicas a princípio e nem gratuitas.

    2. Devem-se buscar formas de inclusão social na Universidade, mas sem prejuízo da busca da excelência.

    Inclusão social não é o objetivo da universidade.Universidade tem que ser elitista, pois nem todos tem vocação e disposição para a vida acadêmica.Inclusão social seria no máximo uma externalidade positiva do conhecimento gerado.Uma creche pode gerar mais inclusão social que uma universidade.

    3. É falsa a dicotomia entre ensino fundamental e ensino universitário. Um grande país tem que ter ensino fundamental e universidades de qualidade e a responsabilidade maior pelo financiamento deve ser do poder público.

    Existe dicotomia sim, pois o governo federal tem que arcar com todas as universidades federais e fica com isso sobrecarregado.Uma país continental e pobre como o Brasil certamente não vai conseguir bancar de maneira eficiente uma universidade por unidade da federação.

    4. Mensalidades de alunos não irão garantir o financiamento integral das universidades públicas, como não garantem nem nos EUA. Mas aluno da universidade pública precisa ter a consciência de que foi beneficiado por um esforço conjunto do país. E precisa retribuir durante e após o curso, seja financeiramente, seja prestando serviços na sua especialização. Se é elite, tem que se imbuir do espírito de cidadania muito mais do que quem não pode cursar a Universidade pública.

    Mensalidades podem não garantir o financiamento integral, mas podem garantir uma parcela significativa do dinheiro.Público é bem diferente de gratuito.Nada mais justo que se pagar para estudar numa universidade.

    5. Toda Universidade tem que se submeter a indicadores claros de qualidade e produtividade e prestar contas à sociedade de seus atos e dos recursos que recebe. Tem que se comprometer com metas claras e aferíveis. Uma Universidade não é uma ilha.

    Ainda mais se for estatal.Aliás ser estatal é mais problema que solução.Um governo do MST pode desejar que não se faça mais pesquisa em melhoramento de mudas e a universidade estatal tem que obedecer calada.

    6. Universidade não pode ser uma democracia auto-gerida por seus membros: professores, funcionários e alunos. O soberano maior da Universidade é o país e a cidadania. Por isso mesmo, sua gestão precisa ser compartilhada com representantes externos, que ajudem na fiscalização das metas acordadas com a sociedade.

    Não deve haver democracia numa universidade.Universidade não é soviete.Esse é o problema do esquerdismo burro e tardio tomar conta de todas as universidades brasileiras.

    7. Deve-se criar a função do gestor universitário, o gerente com conhecimento das características do setor, que saiba manejar orçamento, otimizar recursos, garantir a manutenção do departamento e facilitar a vida dos professores e pesquisadores. Esses gestores não poderão se imiscuir no conteúdo acadêmico, mas devem ser os avalistas do cumprimento de contratos de gestão e demais compromissos assumidos pela Universidade com a sociedade.

    Vou além, deve-se desburocratizar a universidade.

  25. Se as contas das
    Se as contas das universidades fossem abertas, seriam verificados que 90% das pesquisas feitas pelos centros de excelencia não geram retorno economico nem social pra sociedade. Mas a pesquisa científica é baseada nessa ótica!!! Como definir os critérios para a produtividade científica e o que vale a pena ser pesquisado? O poder público nem a congregação Jedi ou nenhum orgão mundial conseguiu definir esses parâmetros de produtividade! Daqui a pouco vão querer transformar a universidade em uma empresa!! Sob a ótica capitalista, pesquisas em doenças de terceiro mundo não vale a pena!! Existem muitos pesquisadores que se baseia em apenas 1 artigo publicado e de reconhecimento e não fizeram mais nada!!! Existe até uma estatística onde pesquisadores com mais de 30 anos não produzem tanto quanto um com menos de 30! Daí o lógico é mandar as pessoas com mais de 30 embora??? Quem garante que ele não seja um excelente professor e que motive mais e mais alunos a pesquisar???
    Entrar nessa área é muito complicada! Somente quem está dentro sabe como é complicado separar o departamento cabide de emprego do professor compentente!!!

  26. A universidade pública
    A universidade pública nacional está envolta em um ciclo vicioso terrível.

    Primeiro falta uma estratégia clara de desenvolvimento ao país. Oras, os paises que se desenvolveram, se desenvolveram via educação, investindo em ciência e tecnologia, etc. Olhando para o nosso país, para se fazer pesquisa aqui temos que primeiro sobreviver à burrocracia nacional, temos que sobreviver sem recursos, se sobrar alguma coisa (e quase sempre não sobra) você terá que procurar sobreviver aos problemas puramente científicos, ou seja, tentar descobrir o novo, o útil.

    Segundo, precisamos de uma profunda reforma universitária. Temos que por bala na agulha daqueles pesquisadores/professores que realmente fazem ou têm o que fazer. O que ocorre hoje é incrível. Veja o seguinte exemplo: compramos uns equipamentos caríssimos, eles chegaram. Ao mesmo tempo estavamos tentando preparar um ambiente para receber estes equipamentos. Pois bem, o processo de aquisição dos equipamentos demorou um ano, pois ha um ano estamos tentando que o campus faça uma reforma (constuir uma parede) em um ambiente em nosso prédio. Esta parede não foi construída ainda. Os equipamentos precisam deste laboratório e como não foi feito, estão parados. Não foi feito a reforma porque? Simples: não ocorreu devido ao corporativismo do sistema federal de educação, à ineficiência administrativa do campus, ao fato de os reitores por serem eleitos pelos pares: professores, funcionários e alunos, são amarrados a estes, são promiscuos administrativamente falando.

    Terceiro, falta ao catedrático brasileiro mais dinamismo, deixar de ser conservador (essencialmente temos medo da palavra mercado, iniciativa privada). O nosso pensador caipira acha que a universidade pública nacional tem que ser universal, ou seja, produzir ciência para a humanidade. Esta conduta impede que empresas cooperem com a universidade fazendo uma troca de favores do tipo: banco suas pesquisas, pago suas bolsas, divido as patentes contigo, … em troca vocês nos ajudam a resolver nossos problemas. Esta forma de pensar ainda não passa pela mente de muito professor universitário;

    Quarto, o empresariado nacional é em geral um ser despreparado. Não inventam, não quebram paradigmas, não investem em educação, em pesquisa e desenvolvimento. Vejam o caso Silvio Santos. Temos o SBT, melhor traduzido como sistema brega de televisão. Esta rede de comunicação bem expressa o que penso: não inventam, não produzem. Só repetem ou copiam. A maldita globo pelo menos tem algum grau de invencionismo.

    Quinto, o último, mas não o menos importante. Aliás a cerne de todos os nossos problemas: consumimos pouquíssimos livros de literatura, damos pouquíssimo valor a coisas do tipo de jogar chadrez, à pintura, ao teatro, enfim. Coisas que indicam um certo grau de cultura. Esta conduta abarca ricos e pobres. Somos um povo que não valoriza este tipo de coisa, ao contrário: o BBB7, este antro de luxúria faz o maior sucesso. O resultado é tudo o que sabemos do brasileiro rico ou pobre, catedrático ou leigo, empresário ou funcionário, jornalista ou redator. Somos nós os brasileiros: conservadores, inertes, desorganizados, com lado da razão pífio se comparado ao nosso emocional. Por tudo isto é que conseguimos sobreviver às cidades do caos, da violência urbana, da corrupção banal, do juiz despreparado, enfim todas estas características se realimentam ou são consequência umas das outras.

  27. Caro Nassif,
    Não sou
    Caro Nassif,
    Não sou especialista no assunto, mas acompanhei de perto a vida acadêmica da USP como aluno de graduação e pós-graduação. Um dos principais problemas da universidade pública, a meu ver, é a postura dos professores titulares. Muitos deles, principalmente nas áreas de grande apelo comercial (medicina, engenharia, direito e economia) utilizam o status de professor para aumentar seu valor de mercado ou para conquistar outros cargos. Veja o caso do Prof. Pinotti, o atual secretário do Ensino Superior, o fato de ser professor titular da USP não o impedia de ser deputado federal, ser secretário municipal, e ainda tocar o consultório particular (O Prof. Jatene também fazia o mesmo). Que instituição pode prosperar quando suas principais lideranças simplesmente não aparecem para trabalhar (Alguma empresa permitiria que seu principal executivo fosse deputado e continuasse na liderança?). Logo, com medidas simples do tipo “professor titular tem que ter dedicação integral e exclusiva” muitos problemas já se resolveriam. Agora, o Serra vai alterar isto? Dúvido muito visto que ele mesmo é um professor da UNICAMP que nunca deve ter aparecido por lá. Só usa o título quando interessa.

  28. Aí Kako, imagine se resolvem
    Aí Kako, imagine se resolvem esmiuçar a pesquisa com os calçados dos pescadores por região do Brasil. Será que dá para me arrumar uma boquinha para pesquisar em Noronha ?
    [ ]´s

  29. Endosso! Esta era,
    Endosso! Esta era, aproximadamente, a idéia da Uergs, que está, agora, sendo desmantelada pelo último e atual governos gaúchos. A questão da dicotômia entre ensino superior e básico está perfeitamente colocada. Hoje não temos um corpo técnico qualificado para investimentos exitosos em educação básica. Logo, precisamos formar profissionais superiores para tanto.

  30. O que sei das universidades
    O que sei das universidades federais é que, na maioria dos casos, o aluno é pouco ou nada assistido. Nas pesquisas feitas, professores têm muito espírito corporativo e pouco espírito acadêmico, pelo menos como professor e orientador de um projeto de maiores proporções. No entanto, a matéria-prima, ou seja, os alunos das universidades federais trazem com eles um espírito acadêmico por excelência, que, naturalmente, forçam ainda um elevado nível de discussão. Acho que muitos bons projetos que são desenvolvidos nas universidades, não são absorvidos pelos estados e municípios, o que poderia ampliar e muito, o beneficio do estudo acadêmico para a comunidade. Quanto a jogar a carga da responsabilidade do baixo desenvolvimento do ensino de base nas universidades, é o mesmo que culpar o sofá na história do marido traido.

  31. A Capes tem. Mas precisa ser
    A Capes tem. Mas precisa ser bem aprimorado. O próprio orgão está estudando uma mudança nos seus próprios indicadores. Obviamente não poderão ser meramente quantitativos.

  32. Sobre o item 4, deve-se
    Sobre o item 4, deve-se pensar não no ganho aparente, mas de uma política, Neru e seus seguidores (Índia) fez uma política agressiva de enviar seus estudantes para Universidades estrangeiras, o que ocorre agora com a volta destes devido as melhores condições econômicas: juros acessíveis, política de exportação, entre outros pontos, mesmo com grandes problemas de infra-estrutura, a Índia cresce a taxas gigantescas em grande parte não só pelo baixo salário, mas pela capacidade de seus universitárias.

    Por que não adianta reclamar dos universitários, se o país dificulta ao máximo expor produtos em feiras internacionais, todos os países incentivam, o Brasil cria uma burocracia enorme.

    Além, disso existe uma política desenvolvimentista e criada para exportar serviços ou máquinas, os juros têm que ser baixos, e não uma cultura financeira que atravanca tudo, não é apenas nos juros, mas regras complexas como cofins não cumulativo para o setor de máquinas e partes, é uma loucura, só nisso nota-se os verdadeiros interesses.

    Discutir Universidade sem política de desenvolvimento ou qual o modelo é não querer pensar no elefante, apenas no rabo.

  33. Parece-me que a questão do
    Parece-me que a questão do concurso para docentes da universidade pública não foi bem compreendido pelo leitor Raphael. Deixe-me explicar de outra maneira. Antes, uma observação: ninguém me disse que os professores efetivos da universidade não são concursados, e eu também não afirmei isso. E se alguém tivesse me dito isso, de modo algum tentaria desqualificá-lo, mas apenas iria esclarecê-lo de seu erro. É assim que se procede nas atividades de Educação.

    Exemplos: não são os funcionários do Banco do Brasil que dirigem o processo seletivo dos novos funcionários. Nem os gerentes, nem os diretores, nem o presidente do banco podem opinar neste caso.

    É um concurso impessoal e provê os cargos existentes em todas as unidades que abriram vaga, os candidatos manifestando a sua opção, que serão atendidas em ordem de classificação.

    Nos casos de vagas de curso superior, ainda há outras fases, como passar por uma banca examinadora ou por um curso de formação e um estágio probatório. Mas, em nenhuma dessas fases o quadro de efetivos da própria unidade participa, ou deveria participar. Isto garante que o ingresso na carreira seja de fato democrático, público e estadual, ou público-federal, conforme a instituição.

    Nas Universidades esses processos seletivos são muito restritos e dirigidos pelos efetivos da própria universidade, o que acaba gerando redes de influência e clientelismo, ou de favoritismos, já de início relevando o mérito acadêmico ao segundo plano. Mesmo não sendo a inclinação dos docentes, o problema é da sistemática adotada.

    Outra observação, a “Lei de Inovação Tecnológica” pode ser muito boa, mas não serve de base para dirigir esta discussão, que é muito mais ampla e não aborda apenas os temas lá previstos. Depois, é uma coisa já instituída, e o que se pretende no debate é avançar, ir além. A legislação vigente é uma boa referência para discussão, mas não deve calar o debate.

  34. É preciso cuidar das moradias
    É preciso cuidar das moradias estudantis, dos restaurantes universitários, porque em muitos casos somente essas coisas mantém muitos alunos estudando (os de baixa renda) e é a falta disso que faz os movimentos estudantis. Será que o gestor teria essa visão social ou precisaria ouvir os alunos para enxergar esses problemas. Como ele atuaria? Espero resposta

  35. É problemática a discussão
    É problemática a discussão que o senso comum costuma fazer sobre universidade, resvalando em platitudes como “cobrar mensalidade” ou “cotas”. Na verdade, o grande desafio do ensino superior — falo isso como formado pela USP que fez MBA em uma instituição privada — é formar quadros capacitados para permitir ao país dar um salto tecnológico e científico. Não só nas ciências exatas e biológicas, mas também nas humanidades. Há tempos o Brasil não produz mais Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, gente capaz de pensar a situação social e apontar saídas para o córner em que nos encontramos. O Brasil mudou nos últimos 20 anos, e o conhecimento sobre o Brasil não acompanhou a mudança.

  36. Ainda não está claro pra mim
    Ainda não está claro pra mim como esses gestores atuariam em cada departamento. Mas falando somente de reitoria, por quem seria indicado esse gestor universitário? Será que mesmo se submetendo a indicadores deixaria de haver disputas políticas? Claro que é uma idéia muito interessante, será que é perfeita assim? Existe o risco de nossos governantes usarem o argumento de que a universidade pode captar dinheiro no setor privado ou de ex-alunos para investir, que seja, um pouco menos no ensino superior público. Será que o gestor estaria isento e seria imparcial nas disputas políticas? Nassif, o dinheiro que vem para as escolas públicas não são abertas para a sociedade? Mas mesmo assim acontecem desvios até por falta de fiscalização dos pais em cada escola. Por isso acho que no caso das universidades uma comissão de fiscalização interna também seria eficaz, porque os membros da universidade são os primeiros atingidos pelo planejamento geral.

  37. Olá a todos. Segundo o PMI
    Olá a todos. Segundo o PMI (project mannegement institute) o índice de sucesso dos projetos na iniciativa prvada é da ordem de 30% (sucesso aqui significa atingir o objetico no prazo e no custo estimado ou dentro da margem de erro aceita no escopo do projeto). Mas é importante saber que estes projetos são definidos sobre bases conhecidas, sobre tecnicas bem estabelecidas e com pessoal experimentado. Já quando se fala em pesquisa básica ou exploratória, as bases são menos conhecidas. Há uma máxima em química que diz “se você sabe o resultado de um experimento então não é necessário executá-lo”. Isso significa que um projeto de pesquisa básico/exploratório é sempre um projeto de risco pois se trabalha com o desconhecido. As pesquisas na Universidade são sempre de caráter básico/exploartório e portanto o índice de sucesso deve ser menor do que 30% (índice de sucesso na industria). Portanto, deve-se ter muito cuidado quando se tenta quantificar a pesquisa científica. De fato a Capes continuamente aprimora seus requisitos de avaliacão, os quais tem sido usados como referencia por toda a comunidade.

    Não quero iludir ninguém nem mesmo encobrir fracassos, mas o próprio Prof. Perez quando era diretor científico da Fapesp dizia que é impossível distinguir o que é ciência básica do que é ciência aplicada, e muito menos é possível para qualquer pesquisador avaliar-se a si mesmo. A aplicabilidade de uma nova tecnologia só pode ser avaliada por quem conhece um dado nicho tecnologico, nunca por um especialisa de outra área. Assim como o impacto de um trabalho só pode ser avaliado após algum tempo de maturacão. Não se faz ciência as pressas. Não há sucesso garatido e há grande margem para a manipulacão. Alguém já esqueceu o evento das células tronco na Coréia?

  38. Caro Sergei, caros
    Caro Sergei, caros colegas
    enviado por: Sergei Vieira
    1. Universidades Públicas …
    Elas não precisam ser públicas a princípio e nem gratuitas.
    Concordo!
    2. Devem-se buscar formas de inclusão social ….
    Inclusão social não é o objetivo da universidade.
    Concordo!
    Universidade tem que ser elitista,
    pois nem todos tem vocação e disposição para a vida acadêmica.
    Cuidado!
    A Universidade será necessariamente formada por uma elite, na medida em que
    a meritocracia for critério para o crescimento profissional ou como critério
    numa política geral de RH (contratações de novos quadros e etc.). Mas ela deve
    ser dirigida ao encontro das grandes questões nacionais SEM desprezar os subsídios
    ou avaliar os rumos que as pesquisas e inovações tomam no exterior. Neste sentido
    não deve ser elitista. O “elitismo”
    é o que existe hoje: estudamos o clima em Plutão, mas não temos como por um satélite
    em órbita…até parafusos “tabajara” estão vindo da China…ou seja, uma proposital
    despreocupação com os problemas nacionais, que só funcionam como cimento retórico
    para pesquisas sem pé-nem-cabeça dentro do Brasil real.Exemplo concreto: não temos
    fábricas de semicondutores: não sabemos fazer um transistor. Mas temos craques em
    aplicações de nanotecnologia na eletrônica (?!) So what?
    Inclusão social seria
    no máximo uma externalidade positiva do conhecimento gerado.Uma creche pode gerar mais
    inclusão social que uma universidade.
    OK!
    3. É falsa a dicotomia ….
    Existe dicotomia sim, pois o governo federal tem que arcar com todas as universidades
    federais e fica com isso sobrecarregado.Uma país continental e pobre como o Brasil
    certamente não vai conseguir bancar de maneira eficiente uma universidade por unidade
    da federação.
    É verdade: com recursos escassos, a dicotomia aparece sim e o ensino básico tem sofrido
    com o poder político do lobby acadêmico sobre MCT e MEC. Ignorar isso é manter
    o ensino público fundamental sufocado.
    4. Mensalidades de alunos ….
    Mensalidades podem não garantir o financiamento integral, mas podem garantir uma parcela
    significativa do dinheiro.Público é bem diferente de gratuito.Nada mais justo que se
    pagar para estudar numa universidade.
    Concordo cum granus salis! O custo per capita de um aluno numa universidade estadual paulista é alto.
    mas esta avaliação leva em conta ensino E pesquisa. Quem sabe fosse suficiente estimar uma
    mensalidade baseada unicamente no valor de depreciação dos bens utilizados na área de
    ensino o que daria um valor até mais barato do que uma universidade privada mediana. Neste caso
    o Estado arcaria com as despesas relacionadas com os bens utilizados na pesquisa.Para evitar
    a sacanagem da transformação do dinheiro da tinta de parede em passagem de avião para
    pesquisador ir passear nas Ilhas Canárias, seria bom que fossem criadas rubricas…enfim
    a cobrança da mensalidade não resolve o problema da gestão…sem alteração do modelo de gestão
    não adianta cobrar nada – é melhor não cobrar!
    5. Toda Universidade tem ….
    Ainda mais se for estatal.Aliás ser estatal é mais problema que solução.Um governo do
    MST pode desejar que não se faça mais pesquisa em melhoramento de mudas e a universidade
    estatal tem que obedecer calada.
    Pois é…
    6. Universidade não pode ser ….
    Não deve haver democracia numa universidade.Universidade não é soviete.Esse é o
    problema do esquerdismo burro e tardio tomar conta de todas as universidades brasileiras.
    Além de gerar inversão de demandas e conflitos democráticos óbvios, reduzindo a eficiência do
    Estado a zero…mais ou menos o que temos hoje…
    7. Deve-se criar a função ….
    Vou além, deve-se desburocratizar a universidade.
    O Apolônio introduz o item complicador
    8. Deve ser concebido um método (que ainda não existe) para o gestor conseguir superar a clivagem
    eterna entre Estado e Governo…entre o “ser” e o “devir”…para que se garanta que a universidade
    poderá ser berço da independência intelectual, no qual pode-se aderir (ou Não!) a causas e
    projetos, criticar ou elogiar governos e permanecer imune à força de interesses econômicos, garantia essa que
    se não resguardada, transformará o meio universitário numa espécie de sub-escola técnica que só poderá
    formar beócios, incapazes de explicar a um financista a complexidade e beleza das idéias, pois como
    disse Nietzsche:”É necessário o caos para dar luz a uma estrela.” Imaginem a internet com um gestor
    bem tapado, proibindo isso e aquilo para atingir resultados mais interessantes para a sociedade
    e veriam instantaneamente desaparecer boa parte das idéias, da beleza e criatividade, da inovação e
    da interatividade que existe hoje. O assunto não é trivial…
    Eisntein por exemplo, foi inicialmente convidado pelo projeto Manhattan: mas os gestores muito cedo
    perceberam que ele não dava “resultados”. Não que fosse contra.

    Por fim, uma piadinha:
    Gestão por resultados

    Em uma cidade do interior viviam dois homens
    que tinham o mesmo nome: José da Silva.
    Um era sacerdote e o outro, taxista.
    Quis o destino que morressem no mesmo dia.
    Quando chegaram ao céu, S? Pedro esperava-os.

    –O teu nome?
    –José da Silva.
    — O sacerdote?
    — Não, o taxista.

    São Pedro consulta as suas notas e diz:
    –Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica com fios de ouro.
    Podes entrar.

    A seguir…
    –O teu nome?
    –José da Silva.
    –O sacerdote?
    –Sim, eu mesmo.
    — Bem, ganhastes o paraíso. Leva esta túnica de linho. Podes entrar.

    O sacerdote diz:
    — Desculpe, mas deve haver engano. Eu sou o José da Silva, o sacerdote!

    — Sim, meu filho, ganhastes o para?o. Leva esta túnica de linho e…

    — Não pode ser! Eu conheço o outro senhor. Era taxista, vivia na
    minha cidade e era um desastre! Subia as calçadas, batia com o carro
    todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou,
    apesar das multas e repreensões policiais.

    E quanto a mim, passei 75 anos pregando todos os domingos na Paróquia.
    Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu isto?

    — Não há nenhum engano – diz São Pedro. Aqui no céu, adotamos uma
    gestão mais profissional do que a de você na Terra.

    — Não entendo!

    — Eu explico: agora nos orientamos por objetivos e observamos que
    nos útimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam.
    E cada vez que ele conduzia o táxi, as pessoas rezavam.
    Resultado é o que importa!

  39. Nassif,

    Com a inclusão do
    Nassif,

    Com a inclusão do sistema de cotas, nós temos q começar a discutir se o objetivo da Universidade é formar quantidade ou qualidade, como vc escreve no tópico 1.

    Admitir q alguem entre em um centro de excelência por conta da cor da pele ou do limite do cartão de crédito é, simultanemante, dizer q o q passa a valer é a quantidade, é a democratização do ensino ou outra pérola qq do petismo desvairado.

    Essa discussão tem q ser mais constante nos meios pensantes.

    Efusivos apalusos por tazer o tema, mesmo q em parte, ao diálogo aberto.

    Abs,

    Levi.

  40. Mesmo o sistema de bolsas e
    Mesmo o sistema de bolsas e outros financiamentos a alunos para pagamentos durante ou após a formatura tem de ser muito bem pensados:
    Vejamos -cursos em tempo integral como foi meu caso – e caso seja levado a sério praticamente inviabiliza o trabalho (você conta nos dedos estagiários da Poli, ITA,etc.)
    Após a formatura engana-se quem pensa que os egressos das estreladas tem grandes empregos garantidos. Se realmente for verdade, acontece nos EUA onde bancos, escritórios de advocacia, grandes empresas de pesquisa disputam a tapa esse pessoal.
    Aqui o maior vestibular do Brasil, com gente qualificadíssima, é para agente da Receita Federal (e outros cargos públicos menos cotados) – os fiscais são médicos, dentistas, engenheiros, economistas ,etc.
    Por último, como fariam os formados em cursos acadêmicos ao pé da letra – filosofia, ciências sociais, letras, exatas, biologia, etc?-retirariam parte do “régio” salário de professor para pagar seus estudos?
    Ou iriam ser vendedores, lojista, guia de turismo, ou sei lá o que mais para saldar as promissórias?

  41. Continuo achando que em um
    Continuo achando que em um pais pobre e injusto como o nosso as universidades deveriam ser todas privadas. A maior injustiça do pais na minha opnião é canalizar verbas publicas para universidades aonde so estudam bem nascidos…. eu tiro dinheiro da criança na escola, no momento mais critico da vida dessa criança e coloco esse dinheiro em caixas pretas elitistas, falidos estamos todos, e não existe inovação em universidades publicas ha muito tempo, salvo raras exceções, o Brasil é rabeira no indice de patentes registradas nos US …. quer dizer põe-se muito dinheiro apenas para formar o filho dos ricos… Gostaria que alguem me informasse quais seriam as perdas se privatizássemos todas as universidades publicas ? Acreditar que existirão perdas é dizer que a iniciativa privada é mais incompetente que o estado, contrasenso…

  42. Nassif:
    Nem me fale me Prof.
    Nassif:
    Nem me fale me Prof. Perez, ele que afundou financeiramente a FAPESP com o seu megalomaníaco projeto genoma, onde ocorreu um verdadeiro escândalo nas compras dos sequenciadores, vendidos por uma empresa pertencente a filha de um dos “cabeças do genoma”. Se a FAPESP abrisse as suas contas você veria que existem sequenciadores da mesma marca e modelo com diferença de até 80% no preço em dólares!

  43. Igor:
    Na tua Universidade
    Igor:
    Na tua Universidade vocês tiveram a sorte de ter um nirtão e um barba como reitores! De uma olhada fora do teu campus, principalmente na estrutura de decisões das Estaduais Paulistas!

  44. Nassif, um dos temas do seu
    Nassif, um dos temas do seu blog é a música. Alguém conseguiria imaginar a música brasileira, conceituada no mundo todo, sem a presença e a colaboração direta de, por exemplo, Sinhô, Pixinguinha, Cornélio Pires e os caipiras, Ismael Silva, Donga, Wilson Batista, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Cartola, Candeias, Luiz Gonzaga, Hermeto Pascoal, Sivuca, e vários outros que estão na lista postada por você em 21/01/07, às 11p7min. Enfim, os sambistas do morro e todos os demais que nasceram mais pobres do que os ratos? Se alguém conseguir imaginar, por favor, desapareça com Villa-Lobos. As composições dele não existiriam. Retirem também, por gentileza, a bossa nova e Tom Jobim. Pensem numa música açucarada e afrancesada, talvez com algum frescor. Pois bem, o que quero dizer é que a música brasileira, assim como o esporte brasileiro, dependem, pela vida e pela morte, dos excluídos, a universidade brasileira também deve depender. Não dizem que o povo brasileiro é criativo? A inclusão social, para inaugurar o início das mudanças nas universidades, deve começar pelo escancarar das portas aos excluídos. Um sistema de cotas grande, muito grande e abrangente. Cotas sociais e raciais, sim senhor!
    O modelo de universidade encastelado nas nossas cabeças é fixo, velho, imutável, capenga, etc. Tenho um amigo que é professor do ensino médio em escolas públicas. Olha, se todos fossem como ele! Os alunos, quando chegam às aulas dele, provindos da geração Alckmin de ensino, mal sabem ler. E não é que saem com impressionantes conhecimentos sobre matemática básica e média, capaz de compreenderem matemática avançada. E como são despertados para a leitura e os estudos! Pode-se dizer que estarão a poucos passos da USP. É obvio que o meu estimado amigo sabe tudo sobre pedagogia e possui uma criatividade infinita. Ora! A universidade também deve saber e ter esse dom. Afinal, não formam pedagogos, filósofos, psicólogos, e tantos outros profissionais ligados às crianças, adolescentes e jovens. O mercado os quer!? %!@$&@#se o mercado! Os que são contra o sistema de cotas argumentam: Há o desnível, não conseguirão acompanhar, estão despreparados, é injusto e é injusto com a classe média cujos pais pagaram pela educação dos filhos, etc. Com todo respeito, isso é coisa de gente com excesso de medo, receios, arrepios. Nunca se leva em consideração que a mudança na universidade deve abarcar os náufragos. Quem deve mudar é a universidade! A universidade é mais do que um prédio, não é uma estátua, uma pedra bruta. Que a universidade resolva os problemas educacionais de desnivelamento. O problema deve ser dela! Em pouco tempo, os meninos e meninas pobres estariam acompanhando as aulas. Concordo, evidentemente, com tudo o que você escreveu no post. Abre-te, Sésamo! Alguns de teus filhos precisam de um pouco de descanso!
    (Nassif, estou pensando em aposentar a minha carreira de pugilista.)

  45. A porposta do Nassif é
    A porposta do Nassif é segregacionista !. O modelo de gestão das universidades públicas tem de ser permeado pela radicalidade democrática !, onde alunos, professores e funcionários devem também ser representados em comissões com poder deliberativo. A amplitude da discussão orçamentária, os compromissos contratuais e a distribuição de verbas para os departamentos de excelência, precisam ultrapassar o específico e restrito domínio do campo gerencial-administrativo. Toda produção do conhecimento exige enorme responsabilidade ao estabelecer relações com a vida social. Articular interesses acadêmicos com os dos setores empresariais, por exemplo, pode submeter todo o esforço das descobertas científicas a um trabalho estranhado. É preciso não esquecer que no sistema capitalista tudo se transforma em mercadoria fragmentada, em dinheiro circulante,
    em trabalho mistificado e alienante.

  46. O debate foi ampliado de
    O debate foi ampliado de forma muito positiva. Acredito que há pouca integração (inclusive cooperação financeira em projetos específicos) das empresas e outras entidades privadas nas universidades públicas. O que impede maior cooperação?
    Na área de tecnologia, a cooperação é uma questão de sobrevivência para um futuro Brasil moderno.

  47. Prezado, com raras exceções,
    Prezado, com raras exceções, a universidade compra mal e administra mal, sim. A cabeça dos pesquisadores está em outro lugar, e tem que ser assim. Quando se visitam ambientes universitários, percebe-se a incapacidade sequer de prerservar em boas condições instalações. Há condições de se criar indicadores de produção científica, sim. As pesquisas sobre a AIDs não teriam avançado se não tivessem um foco, ainda que o foco não fosse a criação de produtos específicos.

  48. Nassif,

    Acho que faltaram os
    Nassif,

    Acho que faltaram os conceitos de atividade-meio e atividade-fim. A finalidade da universidade é, desde que foram criadas na Idade Média, o avanço do conhecimento – e elas têm servido bem à humanidade. Aliás, são das poucas instituições mundiais que ainda se guiam por princípios de certa forma alheios ao mundo capitalista contemporâneo.

    A finalidade da universidade _não_ é fornecer um ambiente democrático para que alunos e atividades-meio (isto é, atividades que meramente sustentam a atividade-fim) tenham ali sua igualdade assegurada, ou sua garantia financeira sustentada às custas da excelência e de erário público. Para ser claro: universidade não é para ser refém de sindicato e movimento estudantil.

    Sobre a gestão compartilhada com a sociedade, tenho a dizer que, muitas e muitas vezes, a função da universidade é explicitar para a sociedade verdades que lhe desagradem – ou mesmo choquem. Porque uma universidade busca verdades ocultas no universo, não o senso ou a moralidade comum e vulgar. A atividade é, de certa forma, muitas vezes, distante da sociedade. Seja quando discute a radiação de fundo e a origem do universo e do tempo, ou quando discute evolução, violência, doenças e outros temas dos quais, muitas vezes, a grande massa se encontra distante.

    Portanto, eu tremo de HORROR, HORROR, Ó HORROR, de submeter uma instituição preciosa assim ao julgamento (moral, intelectual) “dos comuns.” “Os comuns”, freqüentemente, quando de face a pesquisa básica perguntarão “para que” serve. “Os comuns”, freqüentemente, terão sua sensibilidade religiosa atingida – veja o caso das células tronco. É perigoso isso. A gente comum confunde tecnologia com ciência, ciência com moralidade; enfim, confunde categorias.

  49. Mesmo o sistema de bolsas e
    Mesmo o sistema de bolsas e outros financiamentos a alunos para pagamentos durante ou após a formatura tem de ser muito bem pensados:
    Vejamos -cursos em tempo integral como foi meu caso – e caso seja levado a sério praticamente inviabiliza o trabalho (você conta nos dedos estagiários da Poli, ITA,etc.)
    Após a formatura engana-se quem pensa que os egressos das estreladas tem grandes empregos garantidos. Se realmente for verdade, acontece nos EUA onde bancos, escritórios de advocacia, grandes empresas de pesquisa disputam a tapa esse pessoal.
    Aqui o maior vestibular do Brasil, com gente qualificadíssima, é para agente da Receita Federal (e outros cargos públicos menos cotados) – os fiscais são médicos, dentistas, engenheiros, economistas ,etc.
    Por último, como fariam os formados em cursos acadêmicos ao pé da letra – filosofia, ciências sociais, letras, exatas, biologia, etc?-retirariam parte do “régio” salário de professor para pagar seus estudos?
    Ou iriam ser vendedores, lojista, guia de turismo, ou sei lá o que mais para saldar as promissórias?

  50. Ah, é verdade que a
    Ah, é verdade que a universidade compra mal e administra mal. Principalmente quando forçavam o sujeito a comprar produtos Made in China, quando a ótica alemã é beeemmmm melhor.

    Administra mal também, quando o governo entrega o dinheiro do experimento com meses de atraso.

    Ou quando queima equipamento importado, porque o governo bloqueou o dinheiro da reforma elétrica e deu um temporal com relâmpagos. Ou quando morreram todos os bichinhos torrados.

    Ou quando o faxineiro da universidade, com estabilidade, fica roubando todo sabonete que aparecer por lá.

    Tudo isso eu já vi com meus zóinho.

    É, há muito ralo.

  51. Seria excelente que
    Seria excelente que Universidades tivessem administradores – aqueles que, sendo atividade-meio, auxiliariam os cientistas a tocarem suas atividades, ao invés da correria costumeira a que são submetidos os cientistas (e outras coisas mais divertidas, como liberar a verba para a viagem um dia depois do avião ter partido).

    O que não pode é administrador achar que vai mandar na atividade científica e querer aplicar suas táticas “cabeça de adminstrador de refrigerante” na área acadêmica. Não é por preconceito, não. É porque já se viu este filme, e ele é ruim pra caramba.

    Em geral, o que acontece é que o “cabeça de administrador” se torna mais um obstáculo para o cientista fazer ciência. Agora, com o governo Lula, oxalá queira que dê tudo certo e tenhamos DOIS obstáculos a mais, tal como o tal ‘representante do povo’ instado a comentar o que acha da semelhança do sistema imunológico do porco e do homem.

    Aqui no Brasil, estão sempre tentando atrapalhar gente séria.

    Aliás, eu não entendo o que está acontecendo com o governo Lula, que está enxergando tantos problemas assim nas melhores instituições, enquanto inaugura Universidades da Selva a torto e a direito. Por falar em Direito, ano passado liberaram 88 cursos novos…

    “Deixa o homem (e mulher) cientista trabalhar!”

  52. Meu ponto sobra a história da
    Meu ponto sobra a história da AIDS na Medicina é precisamente o de que, não fosse a “falta de foco” de certos virologistas e a insistência “acadêmica” em estudar retrovírus (até então, uma obsucura família), não se teria chegado aos diagnósticos tão rápidos.

    Leigos teimam em separar a atividade científica em básica e aplicada.

    Há falhas gigantescas nessa linha de raciocínio. Nassif, você precisa ler mais sobre isso. Aq

  53. olá,

    Luis Horacio, você deu
    olá,

    Luis Horacio, você deu a entender que os docente não eram concursados, isso seria uma grande desinformação. Mas eu fui mal-educado na forma como respondi, peço desculpas.

    Apolonio, não só sabemos como fazer um transistor como temos uma fábrica-laboratório que é capaz de suprir as necessidades atuais do Brasil. Foi uma iniciativa do governo Olívio Dutra no RS que depois foi abraçada pelo governo federal. Se chama CEITEC.

    Antonio Polo, não é exatamente assim a situação, na universidade pública estadual em que eu estudei, e que possuía uma ótima qualidade, metade dos alunos que ingressavam eram oriundos de escolas públicas. E houveram avanços em diversas instituições públicas. Isso não é uma questão de privatizar, mas sim de melhorar a qualidade do ensino público básico.

    Levi Machado, o objetivo do sistema de cotas é corrigir um erro histórico, não é o modelo ideal, entretanto já é um avanço. Acredito que o sistema de cotas não deveria ser racial, mas sócio-econômico.

    Para vários:
    * Dizer que a universidade não deve ser democrática é um absurdo tão grande que Humboldt deve estar se revirando no túmulo. Não quero dizer que a sociedade não deve participar do processo, apenas que deve ter autonomia para escolher os assuntos em que deseja se especializar, assim como é feito nas melhores universidades do mundo.
    * Existem MUITOS docentes sérios e que se dedicam de corpo e alma para o avanço da ciência e tecnologia no Brasil, conheci alguns que tiravam dinheiro do próprio bolso para custear atividades de pesquisa. Mas também existem trambiqueiros que se escondem atrás da estabilidade empregatícia. A grande maioria dos que eu conheci eram sérios, quem sabe eu dei sorte.

    Não entendo como as pessoas insistem em afirmar que as universidades não precisam ser públicas nem gratuitas, e que isso melhoraria o sistema de educação superior do Brasil, tenho algumas colocações quanto a isso:
    * Se você cobrar mensalidades você estará traçando uma linha no chão e dirá: se puder pagar pode passar, senão vá procurar trabalhos menos qualificados. O resultado disso é o agravamento da desigualdade no acesso ao ensino superior. O que seria aceitável é um pagamento posterior sobre um percentual do salário ou a prestação de serviços para o governo, se não estou enganado é assim na frança.
    * Se você privatizar as universidades, você vai incorrer no que é uma regra entre as universidades privadas do Brasil, com poquíssimas exceções, a qualidade acadêmica é deixada de lado em função dos lucros. Há interesse em grupos ligados às universidade e faculdades caça-níquel em disseminar essa visão, hoje o ensino superior fatura mais do que a soja. Sem contar com o fato de que as pesquisas são condicionadas à aprovação dos donos dessas instituições, o que cria um ambiente de censura ao livre exercício da intelectualidade.

    Alguns pontos gerais que esqueci de mencionar antes, e que creio serem relevantes:
    * O dinheiro utilizado no financiamento de ensino superior não deve ser visto como um custo para a sociedade, mas como um investimento. Não é dinheiro jogado fora, é investimento que se traduzirá em ganho de produtividade no futuro.
    * É necessário repensar o modelo de educação superior do Brasil, não devem existir somente universidades que tenham por fim a pesquisa científica, mas também instituições que se dediquem exclusivamente à inovação tecnológica.
    * Deve-se diferenciar as tarefas de pesquisa científica e inovação tecnológica, por mais que sejam interligadas elas possuem condicionantes diferentes. Pesquisa científica em geral produz conhecimento de mais longo prazo, sem necessariamente possuir uma aplicação imediata. E deve sim gerar conhecimento para a humanidade, isso É feito também pelas instituições estrangeiras.
    * Eu sei que a lei de inovação tecnológica já é um fato, mas demora um tempo até que a sociedade aprenda a utilizar esse mecanismo de desenvolvimento. É necessário que tanto o meio acadêmico aprenda a gerar conhecimentos que resultem em ganhos para a sociedade, como o meio empresarial aprenda a se utilizar da capacidade de geração e incorporação de conhecimento criado pelo meio acadêmico, mas isso não ocorre rapidamente, como toda mudança cultural ela é resultado de um processo contínuo. Não é apenas um problema burocrático.
    * As empresas não possuem a cultura de investir em pesquisa e desenvolvimento, o percentual dos dispendios aplicados nisso pelas empresas brasileiras é muito menor do que nos países desenvolvidos. Em geral elas vêem investimento em tecnologia como a simples compra de equipamentos novos. O meio acadêmico NÃO TEM CULPA disso.
    * As universidades tentam se manter em um mesmo nível científico que as universidades de primeiro mundo, mas isso cria uma distância entre a mesma e a sociedade, que ainda faz uso em seus processos produtivos de tecnologias básicas. O meio acadêmico tem de aprender a lidar com isso, quem sabe através da criação das referidas universidades tecnológicas.
    Abraços.

  54. Quanto à Universidade não ter
    Quanto à Universidade não ter como objetivo final ser uma democracia, pode até ser, mas que sendo uma democracia quanto à abertura do processo decisório à verificação INCLUSIVE DOS ALUNOS, eu também não tenho dúvidas.
    Não é o caso de colocar os alunos para gerir a Universidade, mas eles são parte importante inclusive por não terem certos interesses corporativos comuns a professores e funcionários. Na minha época de estudante da UFRJ, apesar da grande desmobilização, vi episódios muito tristes serem denunciados e alguns barrados pela ação fiscalizadora dos estudantes. Deve fazer parte da formação deles como cidadãos a atenção ao bem público do qual eles são serventuários. Afastar a possibilidade dos alunos de participar de decisões que os atinge é tratá-los como alunos do primeiro grau e só favorece a que ações escusas proliferem. Existem problemas relativos à representação estudantil, especialmente os ditos “alunos profissionais”, mas quem crê que a representação discente mais como um problema que um possível aliado, na minha opinião, confunde Universidade (mesmo particular) com empresa fabril, o que é, no mínimo, uma pena.

  55. Tenho um comentário a fazer
    Tenho um comentário a fazer sobre a inclusão e o sistema da cotas. Não acho que o foco do sistema de cotas deva ser corrigir injustiças anteriores, não deve ser encarado como uma reparação, assim fica parecendo até um favor. Não. A Universidade é um local de excelência, devem se buscar os melhores. Para isso a Universidade tem que fazer um esforço de seleção e ampliar o seu universo. Isso inclui a população mais pobre.

    O sistema de seleção por vestibular apenas privilegia uma elite que não necessariamente é a mais capaz. Quem sofre é a própria Universidade.

    Por isso acho que a Universidade deve fazer um esforço para incluir pobres, negros indigênas, judeus, asiáticos (poha aqui a categoria que quiser…) no seu universo de seleção. Mas o foco, o objetivo, deve ser melhorar a qualidade da própria Universidade e não a reparação. Eu acho que se mudar o foco podemos chegar a sistemas de inclusão mais eficazes do que o sistema proposto de cotas. A Unicamp promeve um esforço nesse sentido que me parece louvável.

  56. Excelente de o texto de Mark
    Excelente de o texto de Mark Tarver indicado por Guido furioso. Permito-me sugerir aos reformadores da universidade a leitura de um artigo do George Stigler que está no livro O Intelectual e o Mercado (se me lembro bem do título). Uma sátira impagável: um novo, criativo e moderno reitor de uma universidade latino americana propõe novos métodos de gestão e critérios de avaliação. O artigo é, de certo modo, premonitório. Ele antecipa muito do que foi feito posteriormente – para tornar a universidade mais transparente, democrática, etc. – e os resultados previsíveis (e assinalados pelo Tarver: multiplicação de artigos, autores, etc).
    Nassif, você fala em “recuperação da excelência do ensino superior”. Presume-se que havia essa excelência com antigos métodos de gestão e avaliação e que ela foi perdida. O que teria ocorrido?

  57. Caro rafael,
    conheço o CEITEC
    Caro rafael,
    conheço o CEITEC (que sobrevive a duras penas graças a Lei de Informática…como muitos no país…): ainda bem que a fábrica-laboratório vai fornecer componentes para o Brasil! Só precisa o rafael avisar todo o mercado e as corporações se afinarem com um fornecedor “fábrica-laboratório”…não é disso que falamos Rafael…o fato é que o Brasil não dspõe de fornecedores profissionais de componentes (o que foi um ponto de negociação na TV Digital). Algo que está ENTRE um laboratório e uma fábrica não atende se não ao discurso e a retórica acadêmica. É mera extensão do discurso. O fato é que, conforme você mesmo disse, investindo em pesquisa de nanotecnologia, o máximo que o país vai conseguir (além de subsidiar as inovações no exterior) é, – quem sabe! – fazer uma ou outra brincadeira na área, que vai ser absolutamente desprezível no “business”, em balanças comerciais ou faturamento (do próprio CIETEC). Quando digo que o país não sabe, não me restrinjo (só) ao “saber técnico”, refiro-me também ao “saber business”.

  58. Prezado Jorge:
    Ótima a sua
    Prezado Jorge:
    Ótima a sua avaliação! Uma das principais questões da pós graduação hoje é a questão do tempo fixado pelas agencias de fomento para a apresentação das teses. Porém os PHDEUSES aceitam esta imposição para poderem ter seus projetos aprovados e, junto com a bolsa de seu orientando receber a sua verbinha de bancada.
    Quanto ao critério de avaliação com grande peso em publicações levam ao que você disse, eu conheço um docente famoso na área de educação que é especialista em “pulverizar” obras! Parece roteirista de novela! Isto quando não republica o mesmo trabalho com outro título.
    Se o andor continuar nesta direção já já teremos o Paulo Coelho no MEC.
    Para finalizar, acho que devemos discutir o papel exercido pelo Banco Mundial nesta questão.
    Existe um total disvirtuamento no sistema de pós graduação no país, chegando ao cúmulo de uma faculdade da USP ter mais alunos na pós do que na graduação! Isto leva a distorção da universidade “sem alunos”.

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