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Quando Zidane era nosso

Do leitor Alexandre Lemos
Lembranças são versões. Seguem as minhas.

1966 – Era criança. Lembro de ouvir pelo rádio jogos transmitidos em inglês, ao lado de meu avô paterno. Ele fez todos os seus estudos na Inglaterra, ficou feliz com a vitória deles.

1974 – Jogador por jogador, tínhamos os melhores defensores e meio-campistas daquela Copa. Não fomos tetra na Alemanha por uma ironia do destino: o país que mais fabricou artilheiros não tinha ataque !!! Jairzinho ficara velho, Edu estava gordo, Leivinha machucado, Zico e Dinamite eram jovens demais pra serem convocados e Pelé e Tostão tinham abandonado o futebol. Mesmo assim jogamos com coragem, sempre ofensivos, ao contrário do que se disse na imprensa daqueles tempos. Em tempo: aquele time não tinha sequer um cabeça-de-área, o meio-campo era toque de bola puro.

1978 – Uma seleção treinada por um oportunista, que virou técnico às custas da ditadura militar. Um pseudo-estudioso, que inventou o Edinho como lateral esquerdo, o Toninho como ponta direita e deixou de levar o Falcão pra convocar o Chicão, um dos brucutus de mais triste memória do futebol brasileiro. Nada funcionou, Zico e Reinaldo fracassaram, Rivelino se machucou logo de início e ainda fomos roubados. Uma Copa pra se esquecer.

1982 – A história brasileira está cheia de “roques santeiros” , cheia “daqueles que foram sem nunca terem sido” . Um bom exemplo, no âmbito esportivo, foi o Telê Santana. Técnico de sofrível capacidade tática, é exaltado por ter sido defensor do futebol sem violência, mas preferia o Vitor ao Andrade, e foi campeão pelo São Paulo escalando botinudos como Dinho e Ronaldão. Na Espanha, “distribuiu camisas” em vez de montar um time. No jogo em que ser bom de bola não bastava, nos fez falta o esquema de jogo que Telê jamais deu àquele time. Perdemos a copa apesar de termos, disparado, os melhores jogadores. O grande culpado: Telê Roque Santeiro Santana.

1986 – Craques envelhecidos treinados pelo mesmo Telê. Perdemos nos pênaltis pro time do Platini. Mas nosso time não venceria aquela Copa mesmo que tivesse passado pela França, não teríamos passado por Maradona.

1990 – Um time ruim, um técnico pior ainda e, paradoxalmente, a desclassificação mais injusta da nossa história. Jogamos infinitamente melhor que a Argentina, mas não fizemos o gol. Talvez tenha sido o presságio dos tempos sombrios de mau futebol da era Dunga.

1998 – Um acidente, nada mais. Dois gols de escanteio, numa final de Copa do Mundo ? Só mesmo em Paris, a terra do “exotique” …

2006 – Jogamos mal sempre, mesmo quando jogamos bem. Contra a França, uma apatia de dopados, impotentes. Mas fica o consolo de podermos assistir ainda a mais dois jogos do Zidane. Aliás, sinto muita falta do tempo em que os “zidanes” jogavam no nosso time.”

Luis Nassif

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