Realidade e discurso político

Outro dia fui a um evento em que havia um deputado do PP de Maringá. Não guardei o seu nome, mas registrei o que falou. Reeleição é plebiscito. Não importa quem é o adversário, mas quem é o candidato à reeleição. Por isso mesmo, qualquer campanha de oposição, para ser eficiente, teria que desconstruir o candidato, levantar as promessas e confrontar com o que foi feito. Como a oposição não avançou nessa direção, Lula ficou dono do discurso e sozinho no campo para enfatizar o que fez.

Se se for avaliar ao pé da letra, foi um governo sofrível. Havia bons ministros em algumas áreas. Em outras, houve loteamento amplo, como nas Comunicações, com Hélio Costa, na Saúde, nos Transportes.

Mesmo o trabalho da banda eficiente do ministério foi fundamentalmente comprometido pela administração desastrosa do orçamento, nas mãos de Antonio Palocci e do Ministro do Planejamento Paulo Bernardo. A política ultra-conservadora do Banco Central elevou a dívida pública, obrigou a superávits crescentes. Alma de qualquer governo, a estrutura de gastos foi arrebentada pelo contingenciamento irresponsável, que comprometeu a inclusão digital, a vigilância sanitária, o combate à aftosa, os fundos setoriais e a política tecnológica.

O governo Lula não avançou em pontos essenciais, como na política de saneamento, nos investimentos em infra-estrutura, na agilização das PPPs (Parcerias Público Privadas), na Saúde,.

Houve uma profunda desorganização inicial do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Casa Civil, no tempo de José Dirceu, envolveu-se em dezenas de projetos, e não conseguiu dar seguimento à maioria deles. Embora tenha projetado o país como liderança entre os emergentes, a atuação do Itamarati ainda não mostrou resultados práticos no campo comercial.

Quando se confere os comentários dos blogs, no entanto, percebe-se que os defensores de Lula têm argumentos na ponta da língua em favor de seu governo, quase como se tivessem sido ensaiados, tal a uniformidade deles. Já os adversários não conseguiram avançar nas críticas consistentes à sua gestão. O único discurso uniforme é na questão ética.

Luis Nassif

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