A imigração e o terrorismo cultural na Europa, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Circula no Facebook este vídeo que usa a imigração para amedrontar os europeus:

 

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VIDEO: The most shocking video you will every watch!

Posted by Britain First on Domingo, 23 de agosto de 2015

A tese dos realizadores da obra é singela. Uma cultura somente continua existindo se a taxa de natalidade for capaz de garantir a manutenção ou o crescimento da população. A taxa de natalidade dos europeus é menor que a taxa de natalidade dos imigrantes de origem islâmica. O resultado disto seria a inevitável: em algumas décadas os europeus serão minorias dentro de seus próprios países.

O vídeo confunde três coisas distintas: raça, credo e cultura. Não só isto, o argumento veiculado pelos autores da peça de propaganda pressupõe uma hierarquia entre europeus e não europeus, cristãos e islâmicos, nativos e imigrantes. Somente a pureza racial, cultural e religiosa seria capaz de garantir uma Europa européia.

A cultura e sua pureza, contudo, não podem ser uma razão de Estado. A tolerância racial, religiosa e cultural é uma das principais característica das modernas constituições. Para continuar sendo laico, o Estado não deve promover uma religião e discriminar outra. O desejo de purificação (racial, cultural ou religiosa) é uma das maiores fontes de tensões internas, de guerras externas e até de genocídios e, portanto, não deve ser transformado em política pública.

Aquilo que o vídeo apresenta como sendo um problema da Europa pode muito bem ser visto como uma solução da “questão européia”. Durante séculos, os países europeus se dedicaram ao imperialismo e ao colonialismo, tendo produzido incontáveis e dolorosos genocídios na África, Ásia e América Latina. O nacionalismo também produziu incontáveis vítimas na Europa nos últimos 200 anos.

O vídeo supõe que a cultura européia é uma categoria imutável e/ou defende sua imutabilidade mediante o controle rígido ou a proibição da imigração. O absurdo desta proposição é evidente. Se a Europa não tivesse passado por uma profunda transformação cultural após o fim da II Guerra Mundial, a cultura européia ainda estaria gerando genocidas como Napoleão, Lord Kitchener, Rei Leopoldo II e Hitler.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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