Avenida Paulista, a alma de São Paulo

A TV Gazeta me entrevista para um programa sobre a Avenida Paulista. Bom motivo para tentar entender melhor o fenômeno Paulista.

Ao longo do século, o desenvolvimento urbano da cidade promoveu a migração dos centros comerciais e financeiros. Inicialmente na praça da Sé rumo ao Largo São Bento.

Com a construção do Viaduto do Chá, transbordando para a Praça Patriarca, integrando as ruas Direita, São Bento, 24 de Maio.

A partir dos anos 60, mais ainda, nos anos 70, é a vez da Paulista. A avenida dos velhos fazendeiros tinha um amplo estoque de casas com terrenos amplos, propícios aos novos empreendimentos imobiliários.

Para cá vieram os símbolos de poder do período, o poder industrial, com a FIESP, o poder financeiro, com inúmeros bancos, o poder público, com o Banco Central, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, e também o poder jurídico, com tribunais estaduais e federais e o Ministério Público Federal.

A avenida foi se adensando, perdendo o ar de exclusivismo e ganhando vida. O charme anterior foi substituído por vantagens concretas: Metrô, linhas de ônibus, ligação com outras avenidas. Aos poucos, montou-se uma infraestrutura ampla, com restaurantes de quilo somando-se aos restaurantes mais tradicionais, novos shoppings, livrarias. A baixa Augusta foi tomada por bares populares, por institutos culturais. A diversidade avançou pela frei Caneca, Trianon.

O centro financeiro mudou-se para a Vila Olímpia, avenida Juscelino Kubitscheck e Berrini, com seus quarteirões sem povo e sem esquinas, enquanto a Paulista ía se tornando cada vez mais viva.

A melhor definição de São Paulo é o Ibirapuera e a Paulista. No dia a dia, especialmente nos fins de semana, excetuando os dias de passeatas, aqui é o lado moderno, cosmopolita da cidade.

Dia desses fui assistir o grande Toninho Nascimento cantar no Trianon. Nas ruelas, pelos bancos viam-se casais gays, um gari namorando uma mocinha com deficiência, grupo da terceira idade tendo aulas de dança, famílias “normais” encarando com naturalidade toda aquela diversidade.

Depois de um período higienista – em que foi afastado até o carrinho de milho verde que ficava na Paulista com Augusta – a avenida voltou a ter vida. Skatistas misturam-se com músicos de rua e senhores engravatados ou informais e senhoras bem vestidas ou de roupas humildes.

A Avenida Paulista é o símbolo maior da grande aventura civilizatória paulista, na qual a alma do povo, a grande alma paulista, nordestina, mineira, japonesa, libanesa, judia, todos brasileiros, venceu o concreto armado e o bolor enferrujado das mentes preconceituosas.

Redação

9 Comentários

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  1. Nassif, este fenômeno de

    Nassif, este fenômeno de deslocamento da região central é bem explicado por um livro do Prof° Flávio Villaça, “Espaço Intra-Urbano no Brasil”

     

    Abs

  2. Cara, me espanta o quanto

    Cara, me espanta o quanto paulistas no geral e paulistanos em particular são arrogantes e presunçosos, em que pese seu provincianismo. Agora, alguém falar na “aventura civilizatória paulista” me lembra alguns franceses arrogantes que conheci, que se referiam a uma “civilização francesa”, segundo eles, na sua paranóia, em tudo distinta da civilização ocidental, devendo ser tratada como vinda do Monte Olimpo…

    Por isso que quando vejo paulistas com aquele horrível sotaque de “jecas-tatu”, que nem sabiam falar português, o que só aprenderam com escravos vindos da Bahia e do Rio de Janeiro, se referindo aquela cidade fedorenta como se fosse a maravilha do Universo, sinto vontade de rir…

    Paulistas tem mesmo o que merecem, Alckmin, Aécio, Andrea Matarazzo, Marta Suplicy et caterva 

    1. presunçoso é você.

      Cara. Me espanta a SUA presunção. Quem tem sotaque no Brasil? O gaúcho, o Carioca? Horrível? Você veio do Olimpo.

       

       

       

    2. Um dos maiores recalques de

      Um dos maiores recalques de paulistanos e paulistas, é exatamente não ser o aérrrrcio paulista e paulistano!

    3. Roberto,
      Um  adendo que você

      Roberto,

      Um  adendo que você parece não ter percebido, o “alguém falar “aventura civilizatória””, esta  expressão do   Luis Nassif, que é mineiro.  O texto é dele, não sei se percebeu.   Toda as suas demais considerações carregadas  de peconceito vai ao encontro de que você mesmo acha dos paulistas.  Seria por inveja dos paulistas ou porque vc é tudo que de ruim    enxerga neles?   A Medicina não cura preconceito, eu sei, mas um bom psicanalista talvez possa lhe ajudar a ser uma pessoa melhor.

    4. Roberto,
      Um  adendo que você

      Roberto,

      Um  adendo que você parece não ter percebido, o “alguém falar “aventura civilizatória””, esta  expressão do   Luis Nassif, que é mineiro.  O texto é dele, não sei se percebeu.   Toda as suas demais considerações carregadas  de peconceito vai ao encontro de que você mesmo acha dos paulistas.  Seria por inveja dos paulistas ou porque vc é tudo que de ruim    enxerga neles?   A Medicina não cura preconceito, eu sei, mas um bom psicanalista talvez possa lhe ajudar a ser uma pessoa melhor.

      1. Parabéns pelo seu comentário,

        Parabéns pelo seu comentário, Ritinha. O preconceito aliado a inveja são características de pessoas de visão obtusa… Somos todos brasileiros com defeitos e qualidades.

  3. A avenida Paulista, símbolo

    A avenida Paulista, símbolo máximo dos coxinhas paulistas e paulistanos, começa agora a ficar minimamente urbana e humana vai ganhar uma bela ciclovia vermelha! Em tempo: eu prefiro a av São Luís, A São João, e A Ipiranga!

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