Classes C e D veem debate sobre impeachment como ‘briga da elite’, diz presidente do Data Popular

Da Agência Brasil

As classes C e D enxergam a discussão sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como uma disputa de poder, uma briga da elite, avalia o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles.
 
“As classes C e D são muito menos presentes nas passeatas do que são na população brasileira”, ressalta o especialista sobre a renda e a escolaridade dos que participam dos protestos contra e pró impeachment. “Isso acontece porque ela [essa camada da população] acha que essa é uma briga da elite. Ela não vê as pautas que realmente interessam presentes nessa manifestação”, disse Meirelles em entrevista à Agência Brasil.

Essa parte da sociedade está mais interessada, de acordo com Meirelles, em temas concretos, como a melhoria do acesso à universidade ou da qualidade do sistema público de saúde. “Se algum dos dois lados quiser de fato ganhar a classe C, que hoje corresponde a 54% do eleitorado brasileiro, vai ter que quebrar um pouco a cabeça para mostrar que o que está em discussão vai além do debate da corrupção”, destacou.

Levantamento do Instituto Data Popular, feito no início do ano, indicou que 71% dos brasileiros acreditam que os opositores à presidenta Dilma agem por interesses próprios. Além disso, 92% concordam com a afirmação “Todo político é ladrão”.

As acusações de que um eventual impeachment da presidenta Dilma se trata de um golpe não têm, na análise do presidente do Data Popular, impacto significativo sobre essa parcela da sociedade.

“A narrativa sobre um eventual golpe é para uma parcela mais intelectualizada da população brasileira, para uma elite jurídica. Quando nós vamos ver na classe C e D que, em geral, é muito mais jovem do que a média da população. Eles não sabem o que foi o golpe militar e o impacto que isso teve no Brasil. Eles não entendem a discussão do golpe”, afirmou.

“O discurso sobre o golpe é muito eficiente para uma determinada parcela dos ditos formadores de opinião, mas diz pouca coisa para as classes C e D, que são a grande maioria dos eleitores brasileiros”, destacou Meirelles.

Presença de Lula

Na avaliação de Meirelles, a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode fortalecer o governo. “A presença do presidente Lula no governo Dilma ajuda a relembrar para a maior parte da população qual é o projeto deste governo”, disse.

O ex-presidente foi nomeado como ministro-chefe da Casa Civil, porém a indicação foi contestada e o Supremo Tribunal Federal vai julgar se ele pode assumir o cargo.

De acordo com o especialista, a presença dele no governo fortalece a articulação política. “Como a presidente Dilma tem uma popularidade baixa e não pode ser candidata à reeleição, ela tinha pouco a oferecer como perspectiva de poder para a base aliada. Hoje, caso o presidente Lula consiga assumir o ministério, ele consegue, de alguma forma, oferecer uma perspectiva de poder aos aliados”, analisou.

Pesquisa divulgada no último sábado pelo Instituto Data Folha aponta Lula como um dos favoritos na corrida para as eleições presidenciais de 2018, disputando a liderança com a ex-senadora Marina Silva (Rede).

Para Meirelles, a ausência de Lula do debate político nos últimos anos fez com que o ex-presidente perdesse força. “Acontece que o presidente Lula passou cinco anos sem aparecer, sem falar e sem se posicionar como um projeto de país que criou oportunidades para a população de menor renda do país. É como se o presidente Lula fosse uma poupança da defesa da imagem de um projeto de país que, em cinco anos, só sacou o dinheiro e não fez nenhum depósito”, comparou. “Isso fez com que boa parte da população se sentisse órfã de uma liderança que a defendesse”, acrescentou.

Na avaliação do especialista, os resultados dos dois mandatos à frente da Presidência ainda concedem um capital político considerável a Lula. “Nesse momento de total descrédito sobre quem pode tirar o Brasil da crise, ele é um dos poucos brasileiros capaz de dizer que enfrentou e venceu uma crise econômica como a gente vive hoje.”

 

Redação

13 Comentários

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  1. Classe C

    Se ela endendesse  a “Ponte para o futuro” ela saberia que lado tomar.Aliás li aqui este blog que há mpoças e rapazes que estão indo a periferia de São Paulo explicar o que significa o impeachment.

  2. Classe C

    Aliás foi esta classe a mais beneficiada pelos governos Lula e Dilma.No video do senhor Temer, ele diz que” haverá bolsa família ate se chegar ao ponto de não mais se precisar dela”.Eles não ouviram? Não entenderam?  O maior errro do PT foi beneficiar sem politizar o povo.Ontem a Beth Carvalho propos algo que quem já viveu algum tempo,como eu, acha uma excelente proposta. Formar um rede da legalidade, através de radios comunitários e TVs públicas. Isto já poderia ter sido feito há muito tempo.

  3. concordo

    O povão tem mais que se preocupar não pode perder tempo com as falsos problemas da elite que desde sempre ganhou $$$ e muito. O povão pode ser pobre mas não é burro. Sabe que aconta vai sobrar para ele de novo!

    Ele tem que pensar na conta do supermercado, da agua, da luz, do crediario etc.

    Peguei o trem metropolitano diariamente e as conversas que ouvia nunca se referiram ao sinistro impiti.

    1. Os falsos problemas segundo você.

      Programas sociais, educacionais, aumento real do mínimo, investimentos e financiamentos públicos. Nada de importante para as classes C e D, as mais dependentes disto. 

  4. Um problema é que boa parte

    Um problema é que boa parte da classe C está hipnotizada pelos seus brinquedinhos eletrônicos que ela conseguiu adquirir nos últimos anos. Não consegue tirar os olhos das telas que só exibem fofocas de Facebook e notícias do G1 e da Bobonews. Se um dia conseguir tirar os olhos das telas, vai perceber que é tarde demais.

  5. Lula jamais deveria ter saído de cena

    Lula não deveria jamais ter saído de cena como saiu. Em 2014 mesmo, com a Lava-Jato já anunciando a que veio, ele deveria ter disputado uma cadeira de senador ou mesmo deputado. Estaria eleito com um pé nas costas e aí tudo seria diferente. Participaria do Governo mais ativamente, botaria no bolso Aécio, Cunha e toda essa caterva do Congresso e ainda poderia confrontar esse Judiciário midiático e o MPF golpista no STF.

    Ou melhor, talvez nem precisasse confrontar. Na mídia e com força, eu queria ver o Moro ter bolas pra encher o saco do Lula com pedalinhos e botes de pescaria…

  6. Hoje, fiquei sabendo, que uma

    Hoje, fiquei sabendo, que uma longa cerca de metal com dois metros de altura está sendo instalada no gramado em frente ao Congresso Nacional, dividindo a Esplanada dos Ministérios ao meio. Lembra o Muro de Berlim, fiquei sabendo que foram construída  por presidiários do semiaberto, muito simbólico. Um Pais dividido entre ricos e pobres, cidadães e não cidadães, esquerda e direita. Nesse muro da vergonha percebe-se um o jogo de lideranças nebuloso, com um Governo e uma oposição golpista que não conseguem apresentar perspectivas de futuro. O resto é falacia, uma luta pelo poder. A palavra “Corrupção” ,  somente um Mote publicitário para os desavisados e incautos…

  7. Convicção

    As pessoas das “classes C, D e E” têm suas opiniões como quaisquer outras. Não sao alienadas, não. Já cansei de ver e ouvir. O que ocorre é que não gostam de entrar em discussões em que um chama o outro de burro. Sabem que têm pouca escolaridade e grana e isso sempre se faz presente em bate boca como falacia de autoridade, ad hominem…

    Em termos de pesquisas, as qualitativas captam isso bem melhor que as quantitativas.

    Outro dia mesmo, em plena Rio Branco, no centro do Rio, no trecho da esquina com a ouvidor, no momento em que eu passava ouvi um camelô discutindo com outro a cinco metros de distância:

     – Eles querem pegar o Lula porque o cara deu a maior moral pros mais pobres, é isso! –  disse ele.

     – É isso! –  disse eu também no ato, dando confirmação (não podia deixar passar a oportunidade).

    Continuei no meu passo olhando pro lado e pra trás na direção dele e fizendo sinal com o polegar até ele corresponder o gesto.

    E ele o fez com firmeza, com convicção; satisfeito de ter desempatado a arenga, rsrs.

  8. Exato

    Exato, as classes C e D não são politizadas, e saem à rua apenas por conta de algo que impacte diretamente aos indivíduos ou seus vizinhos. Por isso que eu acho muita graça nessa obsessão que tomou conta dos petistas em culpar a mídia pela queda da popularidade do governo, como se classe C e D lessem editorial de jornal…

    Tanto os “coxinhas” quanto os militantes petistas que saem nas manifestações são integrantes da pequena burguesia, a classe A tem coisa melhor a fazer do que correr da polícia, e as classes C e D estão muito ocupadas ganhando a vida. Elas não se veem como sócias do governo, já que não pagam impostos diretos, e sim como beneficiárias do governo, de quem exigem um papel paternal. Votam no partido que lhes garantebenesses e trocam esse partido por outro quando as benesses acabam.

  9. Já vi muitos mal  informados

    Já vi muitos mal  informados dessa classe detonando o governo.

    Já briguei muito com pessoas dessa classe, principalmente negros, em posto de saúde, mercado, em locais mais simples, por falar um monte de besteira do governo do PT.

    Muitos não passam de massa de manobra

  10. Como todo instituto de pesquisa, Data Popular mente

    Quem está conseguindo levar mais gente às ruas, e conseguiu reverter os movimentos de rua para desapoiar o golpe foram exatamente movimentos sociais, grupos de periferia, movimento de sem tetos, etc.

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